OS LUISÍADAS

Estrutura da obra:
- De acordo com as regras do género, a epopeia clássica estrutura-se em 3 partes obrigatórias:

- A Preposição – apresentação do assunto;

- A Invocação – pedido de inspiração;

- A Narração – desenvolvimento do assunto, por vezes começado a meio da ação (in media res).

- Pode, ou não, incluir uma Dedicatória (oferecimento da obra).

- Na narração, é possível encontrar o Epílogo (fechamento da epopeia) com a consagração dos heróis.

Na Preposição, Camões propõe-se a cantar:

- As navegações e as conquistas no Oriente nos reinados de D. Manuel a D. João III;

Preposição
- As vitórias em África de D. João I a D. Manuel I;

- A organização do País durante a 1ª dinastia.

Há várias invocações:

1ª- Súplica às ninfas do Tejo (às Tágides) para que o ajudem na organização do
poema;
Invocação
2ª- Súplica a Calíope, porque estão em causa os mais importantes feitos lusíadas;

Estrutura interna 3ª- Súplica às ninfas do Tejo e do Mondego, queixando-se dos seus infortúnios;

4ª- Nova invocação a Calíope para que o inspire para terminar a obra.
Na Dedicatória:
Dedicatória
(oferecimento da obra - Oferecimento do poema a D. Sebastião (esta atitude reflete a esperança do povo
a D. Sebastião) português no novo monarca e, sobretudo, na possibilidade de retomar a expansão no
Norte de África).
(
Na Narração:

- A Narração, iniciada in media res (quando a frota se encontra no Canal de

Narração
Moçambique, em rota para Melinde), apresenta momentos retrospetivos (da história
(in media res)
de Portugal e da viagem), momentos prospetivos (sonhos, presságios, profecias…) e
Epílogo (regresso dos nautas incluindo o episódio da Ilha dos Amores).

- Forma narrativa;
- Versos decassilábicos (geralmente heroicos, com acento rítmico na 6ª e 10ª sílabas);
Estrutura externa - Rimas com esquema abababcc (rima cruzada nos primeiros 6 versos e emparelhada nos últimos 2);
- Estâncias – oitavas;
- Poema dividido em 10 cantos (11º2 estâncias, sendo o canto mais longo o X com 156 estrofes e o mais pequeno o VII com 87).
 Os elementos da epopeia:

- Em Os Lusíadas, e em obediência aos quatro elementos da epopeia, encontramos os seguintes elementos:

- Ação: viagem marítima de Vasco da Gama à Índia;

- Herói: o Povo Português, representado na figura do comandante das naus, Vasco da Gama;

- Maravilhoso:

- Cristão – intervenção do Deus dos Cristãos;

- Pagão – intervenção das divindades da mitologia;

- Céltico ou mágico – intervenção da feitiçaria, da magia, de crenças populares.

- Forma: Narrativa.

Os planos:

- Na epopeia, há quatro planos que se vão entrelaçando ao longo da obra:

Plano da A narração dos acontecimentos ocorridos durante a viagem realizada entre Lisboa e Calecut: Encontra-se sobretudo nos
Viagem - Partida em 8 de julho de 1497; cantos I, II, IV, V, VI, VII e VIII.
(Plano central) - Peripécias da viagem (destaque para a grande coragem e valor guerreiro dos marinheiros
portugueses: A tempestade; O escorbuto; vitórias sobre traições, etc.).
- Paragem em Melinde durante dez dias;
- Chegada a Calecut a 18 de maio de 1498;
- Regresso a 29 de agosto de 1498;
- Chegada da nau de Vasco da Gama a Lisboa, em 29 de agosto de 1499.

Plano da Relato dos factos marcantes da História de Portugal: Aparece, nomeadamente, nos
História de - Em Melinde, Vasco da Gama narra ao rei os acontecimentos de toda a nossa História, desde cantos III, IV e VIII.
Portugal Viriato até ao reinado de D. Manuel I, enaltecendo os feitos dos portugueses: a batalha de
(plano Ourique, a batalha de Aljubarrota, etc.
encaixado) - Em Calecut, Paulo da Gama apresenta ao Catual episódios e personagens representados nas
bandeiras;
- A história posterior à viagem do Gama é-nos narrada, em prolepse, através de profecias.
Plano da A mitologia permite e favorece a evolução da ação (os deuses assumem-se, uns como Ocorre sobretudo nos cantos I,
Mitologia adjuvantes, outros comos oponentes dos portugueses) e constitui, por isso, a intriga da obra. II, VI, IX e X.
(plano paralelo) - Os deuses apoiam os portugueses: Consílio dos Deuses no Olimpo; Consílio dos Deuses
Marinhos; A Ilha dos Amores; etc.
Plano do Poeta Considerações e opiniões do autor expressas, nomeadamente, no início e no fim dos Cantos. Surge, especialmente, no canto
(Plano III e no fim dos cantos I, V, VI,
ocasional) VII (início e fim), VIII, IX e X

Os narradores:

- Podemos distinguir na obra os seguintes narradores:

- Camões: Relata a viagem de Vasco da Gama desde Moçambique até à Índia e toda a viagem de regresso.

- Vasco da Gama: Conta ao rei de Melinde:

- A viagem desde Lisboa até Moçambique;

- A história de Portugal.

- Paulo da Gama: Relata, em Calecut, ao Catual alguns factos da nossa História e explica o significado das
23 figuras representadas nas bandeiras.

-Fernão Veloso: Descreve o episódio dos Doze de Inglaterra.