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PORTUGUÊS – 10.

º ANO
EDUCAÇÃO LITERÁRIA

Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões


GÉNERO:
Narrativa, geralmente numa estrutura de poema, que traduz as façanhas ou o espírito de um povo e que tem
interesse para esse povo e para a Humanidade. Género narrativo em verso, destinado a “cantar”, celebrar feitos
grandiosos, reais ou fictícios, praticados por heróis fora do comum, em estilo “elevado”.
Com poema narrativo, qualquer poema épico deveria conter aquilo que se designa por categorias narrativas:

- narrador (o Poeta ou diferentes personalidades);


- (grandiosa e solene: a viagem marítima de Vasco da Gama em busca da Índia);
- (Herói: o povo português, representado simbolicamente na
figura do comandante das naus, Vasco da Gama);
- ;
- ;

ESTRUTURA DA OBRA
Número de cantos
Estrutura Estrofes ou estâncias
Os Lusíadas

externa Versos
Esquema rimático
: apresentação do assunto.
: súplica da inspiração.
Estrutura Partes constituintes : oferecimento da obra.
interna : desenvolvimento do assunto.
Ação central
Planos
Ação secundária
estruturais
Plano não narrativo

Partes constituintes d’Os Lusíadas


 Proposição (Canto I, est. 1 a ) – apresentação do assunto da epopeia, enunciando o que se propõe cantar: as
navegações e conquistas no Oriente, assim como as vitórias bélicas e as “memórias gloriosas” do povo português.
 Invocação – 1.ª (Canto I, est. e ): súplica às ninfas do Tejo (as ) para que o
ajudem na organização do poema e o inspirem para conseguir adotar um estilo grandiloquente.
2. ª (Canto III, est. 1 e 2): súplica a Calíope, antes de iniciar a narração da História de Portugal, porque

estão em causa os mais importantes feitos lusíadas.


3. ª (Canto VII, est. 78 a 87): súplica às ninfas do Tejo e do Mondego, queixando-se dos seus

infortúnios. 4.ª (Canto X, est. 8 e 9): nova invocação a Calíope para poder terminar o seu poema.
 Dedicatória (Canto I, est. 6 a ) – oferecimento do poema a .
 Narração (Canto I, est. até ao fim da obra) – relato dos acontecimentos que constituem a matéria da epopeia:
a viagem da descoberta do caminho marítimo para a Índia, que começa in medias res. Associação de diferentes
(da viagem, da História de Portugal e da mitologia) e neles intercalando .
Planos estruturais d’Os Lusíadas

1. Plano da Viagem
Esta é a linha de ação central da epopeia, onde se
incluem os principais eventos que tiveram lugar
durante a viagem de Vasco da Gama à Índia:
 Partida de Belém em 8 de julho de 1497;
 Peripécias da viagem;
 Paragem em (costa
oriental africana) durante 10 dias;
 Chegada a (Índia) em 18
de maio de 1498;
 Regresso a Portugal em 29 de agosto de 1498;
 Chegada a Lisboa da nau de Vasco da Gama, em 29 de agosto de 1499.

2. Plano da História de Portugal


Este plano surge encaixado no plano da viagem, é constituído por momentos em que é narrada a História de Portugal,
através de (acontecimentos anteriores à viagem de Gama) ou de
(acontecimentos posteriores à viagem da armada à Índia).

3. Plano da Mitologia (do maravilhoso, dos deuses)


Este plano aparece em alternância com o plano da viagem e, pontualmente, com a História de Portugal, englobando os
momentos em que os intervêm, assumindo-se como adjuvantes ou como
dos Portugueses: Consílio dos deuses; ciladas e investidas de Baco; o gigante ; a tempestade;
a e a Máquina do Mundo.

4. Plano do Poeta (das reflexões do Poeta)


Consistindo na interrupção da narrativa, este plano surge, normalmente, no fim dos e
engloba as de caráter didático e crítico que o Poeta vai apresentando a propósito dos
factos narrados.
NARRADORES
□ Poeta relata a viagem de Vasco da Gama desde Moçambique até à Índia e toda a viagem de regresso (Cantos
I, II, VI, VII, VIII, IX e X).
□ conta, a pedido do rei de Melinde:
- a História de Portugal, desde Viriato até ao reinado de D. Manuel I (Cantos III e IV);
- a viagem desde Lisboa até Moçambique (Canto V), como narrador homodiegético.
□ Fernão Veloso descreve o episódio dos Doze de Inglaterra (Canto VI).
□ é instado pelo catual de Calecute a explicar o significado das 23 figuras
representadas nas bandeiras das naus, relatando alguns factos da nossa História (Canto VIII).
□ Tétis vaticina o futuro grandioso de Portugal. Como a História posterior a Vasco da Gama não podia ser
contada por ele próprio, nem pelo seu irmão Paulo da Gama, Camões imaginou Tétis a profetizar esse último
troço da História de Portugal – factos que sucederam depois da viagem à Índia.

NOTA: O primeiro e mais importante narrador é o . Mesmo quando Vasco da Gama, Paulo da Gama e
Tétis narram a História de Portugal, a presença do poeta é sempre evidente. Este nunca se despersonaliza: os outros
narradores nada mais fazem do que recitar lindos discursos do poeta, servindo apenas para proporcionar a narração
da
. Portanto, os narradores diferentes do poeta servem para
proporcionar uma habilidosa oportunidade para introduzir, por encaixe, o plano da História, como ação secundária, na
ação central que consiste na viagem de .

Categorias narrativas n’Os Lusíadas


Assim, “a epopeia obedece a um estreito cânone formado por um
conjunto de características que definem bem o género:
- Grandiosidade do assunto (matéria épica);
- Grandeza e majestade da personagem principal (alta estirpe);
- Unidade de ação (que se inicia in medias res);
- Ação concentrada no tempo e no espaço;
- Divisão em partes (Proposição, Invocação, Dedicatória e Narração);
- Divisão em Cantos;
- Intervenção do Maravilhoso (dos deuses);
- Uso de narrações retrospetivas (analepses e profecias);
- Existência de episódios ou micronarrativas, isto é, pequenas unidades poéticas que, sem quebrarem a unidade de
ação, constituem passos independentes (de teor bélico, lírico, mitológico, descritivo e simbólico).
“Os Lusíadas podem considerar-se como a obra literária que melhor sintetiza o Renascimento, dentro da
literatura portuguesa; além do seu interesse literário, apresenta um interesse documental e humano representativo
de uma época.”
BUESCU, Maria Leonor Carvalhão, 1993, Apontamentos de Literatura Portuguesa, Porto, Porto Editora (pp. 75-77).

A professora, Margarida Santos

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