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Caros(as) alunos(as), nesta semana daremos continuação ao nosso percurso pela história da
Literatura Portuguesa passando do Humanismo (Lembram-se do Gil Vicente? Do Auto da Barca do
Inferno?) para o Classicismo. Neste período literário o nosso enfoque será num dos maiores autores de nossa
língua, Luís Vaz de Camões, e sua maior obra, o poema épico Os Lusíadas.
Classicismo
Como o próprio nome já nos sugere, o Classicismo tem tudo a ver com a arte clássica, isto é, com a
arte produzida na chamada “Antiguidade Clássica” (período da história centrado nas civilizações grega e
romana). De acordo com Massaud Moisés:
O Classicismo consistia, antes de tudo, numa concepção de arte baseada na imitação dos
clássicos gregos e latinos, considerados modelos de suma perfeição estética. Imitar não significa
copiar, mas, sim, a procura de criar obras de arte segundo as fórmulas, as medidas, empregadas
pelos antigos (MOISÉS, 1990, p. 51).
Lembrem-se de que ainda estamos sob influência da Renascença e todas aquelas características que
aprendemos sobre o Humanismo (revise o material passado!) também são válidas para o Classicismo que, na
verdade, mais as intensifica do que as contrapõem. Ou seja, o Classicismo desenvolve os aspectos do
Humanismo, tais como o antropocentrismo, o racionalismo e a influência da cultura greco-romana,
juntando a isso os ideais de universalismo (mais do que a um sujeito específico, as obras devem servir à
Humanidade), da harmonia (obras com partes bem divididas segundo as regras clássicas) e equilíbrio (a
busca pelo Belo sem exageros e/ou contradições).
Na literatura portuguesa, o classicismo corresponde ao período entre 1527 e 1580. Teve início com a
chegada do poeta português Sá de Miranda da Itália. Quando ele retornou do berço do renascimento, trouxe
consigo um novo modelo que ficou conhecido como “dolce stil nuevo” (Doce estilo novo). Sem dúvida,
o soneto, criado pelo poeta italiano humanista Francesco Petrarca, foi a principal contribuição trazida para
Portugal. Além dessa forma fixa, formada por dois quartetos e dois tercetos, merecem destaques: a ode, a
elegia, e écloga e a epopeia. Outra característica muito importante e que faz parte da produção literária
classicista foi o uso dos versos decassílabos. Decerto que Luís de Camões (1524-1580) foi o maior
representante do classicismo e sua obra Os Lusíadas (1572), a mais importante.
Camões venceu a dificuldade pela limitação: não pretendeu interessar senão à pequena nação
portuguesa, mas naquele momento em que a história de Portugal se confundiu com a maior
transição do mundo moderno. O símbolo dessa coincidência é que em Os Lusíadas a história
portuguesa inteira aparece como preparação do grande momento histórico das descobertas, assim
como o pequeno rio Mondego desemboca no grande Oceano (CARPEAUX, 2008, p. 434).
1 Texto conjunto dos professores Thiago de Melo, Safira Macedo e Núbia Régia.
Os Lusíadas (1556)
Em mais de uma vez já falamos aqui que Os Lusíadas é uma epopeia, mas você sabe o que isso
significa? Caso não saiba, antes de prosseguirmos, leia a definição de epopeia abaixo:
Epopeia: designação de origem grega para o gênero literário também chamado poesia épica, ou
poesia heroica, ou ainda simplesmente épica (como substantivo), que denota um texto poético,
predominantemente narrativo, dedicado a fenómenos históricos, lendários ou míticos
considerados representativos duma cultura.2É dividida em cantos, em vez de capítulos, e seu
protagonista é um herói cheio de virtudes e capaz de superar grandes obstáculos para cumprir a
sua missão. Esse tipo de obra começa com um prólogo, em que o nome do herói e a temática são
revelados, apresenta invocação a uma divindade capaz de inspirar o autor, narra os feitos
heroicos do protagonista e, por fim, apresenta o epílogo, o final da história. São exemplos de
epopeias: Ilíada e Odisseia, de Homero; Eneida, de Virgílio (70 a. C.-19 a. C.); e Os lusíadas,
de Luís Vaz de Camões (1524-1580).
No classicismo também se utilizava da lírica composta por Soneto que é um poema de forma fixa
que se apresenta com 14 versos e quatro estrofes, sendo dois quartetos e dois tercetos. De acordo com
pesquisadores, o soneto foi criado pelo poeta e humanista italiano Francesco Petrarca (1304-1374)
Seguindo o conceito de epopeia acima, podemos dizer que o texto de Camões é um poema épico,
pois é um texto poético predominantemente narrativo (conta uma história), dedicado a um fenômeno
histórico (no caso, a viagem do navegador português Vasco da Gama até as Índias), que muito representa, ou
simboliza, a cultura de um povo (de um modo geral, a dos europeus da renascença, mas especialmente a do
povo português na época das grandes navegações).
O termo “lusíada” significa “acerca do luso”, luso, é como como se denomina o povo português,
desta forma, Os Lusíadas é o poema do povo português. Resumidamente, este poema narra a história de
Vasco da Gama e sua descoberta de uma nova rota marítima para a índia, fato histórico que ocorreu em
1498. O poema de Camões, publicado em 1572, transformando este feito do navegador português em algo
simbólico da capacidade de um povo e do homem renascentista, agora, senhor do seu destino, desbravador
de novos mundos. Para isso, vale-se de toda técnica classicista e dota seu texto de grandes episódios
heroicos e mitológicos.
Formalmente Os Lusíadas possuem 10 cantos, 1102 estrofes (ou seja, 8816 versos) organizadas em
oitava-rima (oito versos com o seguinte esquema métrico: abababcc). Todos os versos são escritos em
decassílabos heroicos (versos de 10 sílabas com acentos na 6ª e na 10ª). É comum ainda que se divida o
texto nas seguintes partes:
Proposição: essa é considerada a introdução da obra, onde o autor apresenta o tema da narrativa
e seus personagens. Nessa parte, Camões reforça os feitos conquistados pelos navegadores de
Portugal, com atenção especial à esquadra de Vasco da Gama. A história do povo português
começa a ser apresentada ao leitor.
Invocação: nessa parte, o poeta fala sobre as ninfas do Tejo, que são a inspiração da narrativa.
Camões mostra como as ninfas do rio, chamadas de Tágides, influenciam a trama.
Dedicatória: nesse trecho, Camões dedica a obra ao rei Dom Sebastião, que é um homem que
simboliza a esperança, a fé católica e a continuação das grandes conquistas marítimas de
Portugal.
Narração: na narração, o poeta fala sobre a viagem de Vasco da Gama e sobre todos os grandes
feitos conquistados. É a parte principal da obra, pois concentra a ação e mostra como Vasco da
Gama e sua frota seguiram para o Cabo da Boa Esperança, com a missão de chegar à Índia.
Essa é uma importante personificação da obra de Camões, o Gigante Adamastor nada mais é do
que o temido Cabo das Tormentas, local que amedrontava a maior parte dos navegadores
portugueses que naquela época estavam explorando os mares com bravura. Na épica Adamastor
é um filho da terra que acaba completamente envolvido por Tétis, uma ninfa que ao contrário do
gigante não está apaixonada. Para fazer com que o Gigante consiga o que quer, a mãe da ninfa
diz que oferece sua filha nua ao Gigante, que acaba por descobrir que na verdade o que está a
sua frente nada mais é do que um penedo.
Com o ódio que o domina, o Gigante promete se vingar e ameaça destruir qualquer navio que
por ali atravessar, por isso o local era representada por uma nuvem negra e uma grande
tempestade.
Este episódio mostra a natureza mitológica presente na obra, além de sua composição simbólica
a sua estrutura lírica e por isso, é uma das passagens mais importantes da obra de Camões. Ela
representa o medo dos portugueses em atravessar o Índico e o Atlântico, que é representada por
monstros, gigantes, penhascos e outros seres sobrenaturais. Essa representação é também da
impossibilidade do amor, do amante que é rejeitado.4
Agora que você já conhece o episódio, leia alguns trechos da obra para compreender como a história
acontece poeticamente:
Manifestações Literárias
As duas principais manifestações literárias do Quinhentismo no Brasil são:
1. Literatura de Informação
A Literatura de Informação é representada, em especial, pela Carta de Pero Vaz de Caminha. Nesse
documento em forma de diário, ele relatava o acervo material, a paisagem e o povo.
Escrita para o rei de Portugal Dom Manuel, Caminha apresenta um relato histórico sobre o encontro
dos portugueses com os indígenas.
Responsáveis pelo processo de catequização dos índios, essa produção é carregada pelos escritos
catequéticos dos padres da Companhia de Jesus. Portanto, todas possuem forte expressão religiosa e
pedagógica refletindo a Contrarreforma Católica.
Sem dúvida, o Padre José de Anchieta foi o principal representante da literatura jesuítica.
Como teve grande aproximação com os índios, produziu uma gramática da língua que era falada por
eles: Arte de Gramática da Língua mais Usada na Costa do Brasil (1595). Escreveu também
algumas peças de teatro e poemas do qual se destaca Poema à virgem.
Padre Manuel da Nóbrega e sua obra Diálogo sobre a conversão do gentio (1557);
Fernão Cardim com o Tratado das terras e das gentes do Brasil (1583).