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SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

“SAGA” – O QUE É?

 SAGA: designação dada nos países do norte


da Europa às narrativas que relatam
aventuras e sucessões de feitos
grandiosos, nomeadamente feitos de
heróis. Caracterizam-se também por relatar
a história de várias gerações de uma
mesma família.
1ª PARTE DO CONTO EM ANÁLISE

1. O mar que rodeia a ilha de Vig é..

 a. … azul cristalino e transparente.


 b. … verde e cinzento.

 c. … verde escuro e branco.


1ª PARTE DO CONTO EM ANÁLISE
2. Nessa tarde, era possível adivinhar a
chegada de uma tempestade, porque…
 a. … os navios estavam todos
ancorados no porto.
 b. ….o mar estava agitado.

 c. … as aves marítimas esvoaçavam,


as águas engrossavam e o vento
empurrava as nuvens.
1ª PARTE DO CONTO EM ANÁLISE
3. Perante a chegada da tempestade,
Hans…
 a. … não sentia medo.

 b. … ficou muito assutado.

 c. … fugiu e refugiou-se no farol.


1ª PARTE DO CONTO EM ANÁLISE

4. A tempestade fazia lembrar a Hans…

 a. … as histórias que o pai contava.


 b. … os filmes que tinha visto.

 c. … o cântico do órgão da igreja


luterana.
1ª PARTE DO CONTO EM ANÁLISE

5. Para resistir ao vento, Hans…


 a. … estendeu-se ao comprido no
extremo do promontório.
 b. … estendeu-se ao comprido no
chão do navio.
 c. … estendeu-se ao comprido no alto
do farol.
1ª PARTE DO CONTO EM ANÁLISE

6. Depois de grande agitação, …

 a. … formou-se uma onda gigante.


 b. … começou a chover.

 c. … começou a trovejar.
1ª PARTE DO CONTO EM ANÁLISE

7. Nesse dia, Hans regressou a casa…

 a. … de madrugada.
 b. … ao início da tarde.

 c. … ao cair da noite.
1ª PARTE DO CONTO EM ANÁLISE

8. Hans tinha a altura de um homem,


mas…

 a. … tinha apenas 15 anos.


 b. … tinha apenas 14 anos.

 c. … tinha apenas 16 anos.


1ª PARTE DO CONTO EM ANÁLISE

9. Ao entrar em casa, Hans curvou a


cabeça, porque…
 a. … estava com medo da reação do
pai.
 b. … era um hábito da família. c. … as
portas de entrada eram baixas.
 c. … as portas de entrada eram
baixas.
1ª PARTE DO CONTO EM ANÁLISE

10. Em Vig, as portas da entrada são


baixas para…
 a. … obrigar os vencedores a baixar a
cabeça.
 b. … impedir a entrada dos inimigos.

 c. …assinalar o respeito.
1ª PARTE DO CONTO EM ANÁLISE

11. Completa a frase de acordo com a


história narrada:
 “Hans ________________ que se estava
formando a tempestade(…) e com os fatos
inchados de vento, _________________ até ao
extremo do promontório.”
11.1 Indica qual é o modo de
representação do discurso presente na
frase anterior.
1ª PARTE DO CONTO EM ANÁLISE

12. Completa a frase:


 “O voo das gaivotas _________________ cada
vez mais inquieto e apertado, o ímpeto e o
tumulto cada vez mais violentos e os
longínquos espaços __________________.”

12.1 Indica qual é o modo de


representação do discurso presente na
frase anterior.
1ª PARTE DO CONTO EM ANÁLISE

12. Em que tempo e modo estão os verbos


da frase?

“O voo das gaivotas ERA cada vez mais inquieto e


apertado, o ímpeto e o tumulto cada vez mais violentos
e os longínquos espaços __________________.”
1ª PARTE DO CONTO EM ANÁLISE

13. «A tempestade, como uma boa


orquestra, afinava os seus instrumentos.»

13.1 Identifica os recursos expressivos


presentes na frase.
1ª PARTE DO CONTO EM ANÁLISE

14. Atenta na frase:


“ A família de Hans morava no interior da
ilha”.
14.1 Classifica as palavras quanto à classe
e subclasse.
14.2 Coloca o verbo no pretérito perfeito
composto do modo indicativo.
 No conto temos dois espaços que se apresentam como
os pólos centralizadores da acção: a ilha de Vig e uma
“cidade carregada de memórias”. Esta cidade pode ser
associada à cidade do Porto.

 A «Saga», sendo um conto de ficção, tem alguns


aspectos biográficos da autora.
Na obra «Saga» encontramos várias
expressões que nos remetem para a
cidade do Porto, sem nunca ser
mencionado o nome Porto.
(…) penetraram sob o arco das gaivotas, na barra
estreita de um rio esverdeado e turvo (…). À
esquerda, subindo a vertente, erguia-se o casario
branco, amarelo e vermelho…
Na estrada que corria junto às margens viam-se
bois enfeitados e vermelhos, puxando carros de
madeira que chiavam sob o peso de pipas, pedra e
areias.
(…) à porta das adegas respirou a frescura sombria e o
cheiro do vinho entornado.
Caminhou ao longo do rio, na margem onde as
mulheres, descalças, carregavam cestos de areia...
Penetrou nas igrejas de azulejo e talha que não
eram claras e frias como as igrejas do seu país, mas
doiradas e sombrias…
Depois destes pequenos excertos que retirámos
da «Saga» e que nos permitem concluir que se trata
da cidade do Porto, vamos estabelecer um paralelismo
entre a história de ficção e a história verídica da
autora e dos seus antepassados.

Para isso, baseámo-nos em dois documentos:


O barco dos Andresen da Dinamarca ancorou em
Portugal, por Rita Roby Gonçalves;
Uma Vida Vertical, por Luís Miguel Queirós.
Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no
Porto (…). O seu pai, João Henrique Andresen, era
neto de um dinamarquês, Jan Henrik, que se fixou
no Porto e que ali fez fortuna, primeiro no sector
da cabotagem, depois no negócio dos vinhos. A
mãe, Maria Amélia de Mello Breyner (…) pertencia
a uma família aristocrática de fortes tradições
liberais.

Uma Vida Vertical


Por LUÍS MIGUEL QUEIRÓS
Hans também se fixou no Porto e ali fez fortuna.
Também trabalhou no negócio dos vinhos com Hoyle.
Hoyle era armador e negociava no transporte de
vinho para os países do Norte… («Saga»)
Hans casou com a filha de um general liberal
que desembarcou no Mindelo… («Saga»)
Os antepassados de Sophia de Mello Breyner
chegaram a Portugal em meados do século XIX,
vindos da ilha de Föhr, no arquipélago das Frísias.
Tudo começou com um adolescente de
espírito aventureiro que viria a introduziu o nome
Andresen no nosso país.
Estávamos no século XIX e na altura o isolamento
da vida numa ilha era ainda mais constrangedor. Foi
neste cenário que certo dia, em 1840, Jann Andresen
pediu aos pais - Thomaz Andresen e Thunke Poppen -
autorização para embarcar num veleiro.

O barco dos Andresen da Dinamarca ancorou em Portugal, por


Rita Roby Gonçalves
Hans vivia na ilha de Vig e queria ser um grande
marinheiro. Certo dia, sem a autorização do pai, fugiu
num cargueiro inglês que seguia para o Sul.
Após semanas a viajar pelos mares da Europa, o
barco ancorou no Porto numa manhã quente, e os
marinheiros dinamarqueses tomaram conta da cidade.
A bordo manteve-se o mais novo tripulante, o jovem
Andresen, com a incumbência de tomar conta da
embarcação. Às tantas, aborrecido, encontrou uma
pele de um urso-polar e resolveu estendê-la na coberta
do barco, com o objectivo de atrair transeuntes.

O barco dos Andresen da Dinamarca ancorou em Portugal,


por Rita Roby Gonçalves
Por meio de gestos, contava aos curiosos a história
da caça ao urso-polar e cobrava 10 réis a quem quisesse
entrar no barco para apreciar de perto a pele do animal.
O negócio corria-lhe bem até que o comandante,
regressado de terra, se deparou com aquele cenário.
Irado com a ousadia do rapaz, o comandante
perseguiu-o até onde pôde com o intuito de o sovar.
Mais rápido e mais jovem, Andresen refugiou-se em
terra e nunca mais os seus companheiros lhe puseram a
vista em cima.

O barco dos Andresen da Dinamarca ancorou em Portugal,


por Rita Roby Gonçalves
Maria Alice Rios contou esta aventura no livro
Famílias Tradicionais do Porto. Do resto da vida de
Jann Hinrich Andresen, o que se sabe é que as
coisas lhe correram de feição. Ficou em terra e
nunca mais pensou voltar à gelada ilha de Föhr.

O barco dos Andresen da Dinamarca ancorou em Portugal,


por Rita Roby Gonçalves

Vemos claramente este episódio retratado no


conto «Saga», aquando da querela entre Hans e o
capitão.
Podia não saber falar uma única palavra de
português, mas tinha jeito para os negócios. Primeiro,
empregou-se numa loja de candeeiros. Deu-se bem.
Mais tarde, seguiu a sua paixão: os vinhos. Trabalhou
afincadamente e era obstinado nos negócios. Em poucos
anos, criou uma verdadeira fortuna com base no vinho
do Porto.

O barco dos Andresen da Dinamarca ancorou em Portugal, por


Rita Roby Gonçalves
Hans também fez fortuna…
Associado ao inglês, Hans começou a construir uma
fortuna pessoal que nunca tinha projectado. Era um homem
de negócios hábil porque se apercebia da natureza das
coisas… (“Saga”)
Em 1854, com a anexação das Frísias pelo imperador
alemão, durante a Guerra dos Ducados, Jann Hinrich reagiu
violentamente e pediu a naturalização portuguesa. D.
Fernando II, príncipe regente, concedeu-lha, no Paço de
Sintra. A partir de então, o dinamarquês, que na altura já
era um respeitado homem de negócios, passou a chamar-se
João Henrique Andresen. E assim ficou conhecido para
sempre.

O barco dos Andresen da Dinamarca ancorou em Portugal,


por Rita Roby Gonçalves
Nas gerações que se seguiram, a fortuna da família foi
consolidada e os negócios floresceram. João Henrique
júnior comprou a Quinta de Campo Alegre, onde a família
viveu muitos anos. Foi na Quinta de Campo Alegre que a
escritora Sophia de Mello Breyner - 4.ª geração dos
Andresen - passou a infância.

O barco dos Andresen da Dinamarca ancorou em Portugal,


por Rita Roby Gonçalves
QUINTA DO CAMPO ALEGRE

Hans, depois de Hoyle


morrer, compra uma quinta
com características
semelhantes à Quinta do
Campo Alegre onde a autora
cresceu. Por sua vez esta
quinta fica muito próximo
do cemitério de Agramonte
onde podemos encontrar um
túmulo cuja inscrição
pertence à família
Andresen.
CASA DA QUINTA DO CAMPO ALEGRE
Algumas fotografias do túmulo da família
Andresen, no cemitério de Agramonte, no Porto.
Em pedra e em bronze, com
mastros quebrados e velas rasgadas,
o navio foi construído sobre a campa
de Hans. Este estranho jazigo que
entre lápides, bustos, anjos de pedra,
canteiros e piedosas cruzes tinha
algo de arrebatado e selvático …
«Saga»

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