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O ANO – TESTE DE
AVALIAÇÃO N.O 3
GRUPO I
Lê o texto. Se necessário, consulta o vocabulário.
Texto A
Gil Vicente foi casado duas vezes. Da sua primeira mulher, a quem se atribui,
numa hipótese pouco consistente, o nome de Branca Bezerra, teve dois filhos: Gaspar e
Belchior Vicente. Viúvo, Gil Vicente voltou a casar-se com Melícia Rodrigues, de quem
teve três filhos: Paula Vicente, Luís Vicente e Valéria Borges. A partir de 1537 Paula
5 Vicente foi “moça de câmara” da infanta Dona Maria. Juntamente com seu irmão Luís,
teve papel importante na publicação, em 1562, da Copilação1 das obras paternas.
O autor dos autos esteve por muito tempo – como esteve Gil Vicente ourives,
sendo essa coincidência um dos argumentos a favor da identificação – ao serviço da
“Rainha Velha” Dona Leonor. Esta encontrava-se presente na câmara da rainha Dona
1 Maria, na terça-feira, 7 de junho de 1502, quando foi ali recitado o Monólogo do Vaqueiro,
0 primeira obra conhecida do autor. Para ela foram escritos o Auto em Pastoril Castelhano
e o Auto dos Reis Magos. Foi perante ela que se representou em 1504, na igreja das
Caldas, o pequeno Auto de S. Martinho. Para ela foi feito em 1506 o “sermão” de
Abrantes. E foi ainda na sua presença que se representou em Almada, em 1509, o Auto
da Índia. Se o nome da rainha Dona Leonor já não é citado a propósito do Auto da Fé
1 (1510) e de Velho da Horta (1512), reaparece no Auto da Sibila Cassandra, que foi à cena
5 na sua presença em 1513. Sabe-se também, pela rubrica da edição de Madrid, que a
Barca do Inferno (1517) foi escrita “por contemplação da sereníssima e muito católica
rainha Dona Lianor”. Ainda para Dona Leonor foram representados o Auto da Alma (1 de
abril de 1518), a Barca do Purgatório (Natal do mesmo ano) e o Auto dos Quatro Tempos
(data incerta, mas anterior a 1521). Assim, até cerca de 1518 ou talvez mesmo para além
2 dessa data, a obra de Gil Vicente desenrola-se sob a proteção e na presença da Rainha
0 Velha. É o que ele próprio confirma no prólogo em espanhol de Dom Duardos (1522?),
quando, dirigindo-se a D. João III, fala das “comédias, farças 2 y moralidades que he
compuesto en servicio de la reina vuestra tia”. Gil Vicente passou em seguida diretamente
para o serviço do rei. Foi encarregado de organizar as festas que se realizaram em 20 e
21 de janeiro de 1521, quando da entrada em Lisboa da terceira mulher de D. Manuel.
2 Continuou a gozar da mesma confiança sob o reinado de D. João III, que lhe concedeu
5 diversas “mercês” financeiras.
Deste modo, Gil Vicente fez toda a sua carreira como personagem oficial da corte,
na roda imediata da rainha Dona Leonor, de D. Manuel I e de D. João III. Para a corte fora
concebida a sua obra; perante a corte, no essencial, foi ela representada, quer em Lisboa
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AVALIAÇÃO N.O 3
quer nas várias residências reais de Évora, Almeirim, Tomar e Coimbra. Muitas das peças
3 que escreveu foram encomendadas para celebrar determinados acontecimentos
0 importantes – nascimentos, casamentos, entradas solenes – ou para acompanhar certas
festas religiosas. O teatro de Gil Vicente é, por conseguinte, um teatro de corte,
subordinado às exigências e ao cerimonial da vida cortesã.
Considera-se geralmente que Gil Vicente era ao mesmo tempo organizador de
espetáculos, autor, músico e ator. Tendo o encargo da organização dos espetáculos da
3 corte, Gil Vicente era decerto um homem muito ocupado. Cumulado de encomendas,
5 responsável pelo texto, pela encenação e pela preparação dos atores, sempre na
obrigação de encontrar ideias novas, o nosso poeta devia estar constantemente
sobrecarregado. Era forçado, por isso, a trabalhar depressa – e esta circunstância
explica, talvez, algumas características específicas da arte vicentina: a repetição de
certos processos de uma peça para outra, uma atitude livre e desembaraçada
4 relativamente às regras de versificação e, em suma, um andamento criativo de relativa
0 improvisação. A sua aptidão para inventar, para progredir e renovar-se é,
consequentemente, ainda mais notável.
4
5
In Gil Vicente – O Autor e a Obra, Paul Teyssier, Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, 1982
(texto com supressões)
VOCABULÁRIO
1
coletânea, antologia.
2
género teatral cujo objetivo é fazer uma caricatura e crítica à sociedade, geralmente num só ato.
2. Seleciona, em cada item, a alínea que completa cada frase de forma adequada,
de acordo com o sentido do texto.
2.1. No texto transcrito, linhas 7-9, levanta-se a hipótese de Gil Vicente dramaturgo
a) ter estado ao serviço de Dona Leonor durante muito tempo.
b) e Gil Vicente ourives terem estado ao serviço de Dona Leonor.
c) e Gil Vicente ourives serem a mesma pessoa.
d) se identificar com o ofício de ourives.
2.2. A expressão “foi à cena” (linha 16) pode ser substituída por
a) “foi protagonizada”.
b) “foi organizada”.
c) “foi apresentada”.
d) “foi representada”.
2.3. Na linha 23, o ponto de interrogação em “(1522?)” quer dizer que não se sabe
ao certo
a) o ano de representação de Dom Duardos.
b) o ano de publicação de Dom Duardos.
c) o título nobiliárquico atribuído a Dom Duardos.
d) o título da peça de Gil Vicente.
2.4. O teatro de Gil Vicente é considerado “um teatro de corte” (linha 36) porque
a) dividia as opiniões.
b) respeitava os preceitos da corte.
c) retratava as cerimónias da corte.
d) era representado por cortesãos.
Texto B
VOCABULÁRIO
1
bem arranjado. 9
vaidade, presunção.
2
quanto a isto. 10
categoria, distinção.
3
jericos, asnos. 11
aparelhagem relacionada com a prancha.
4
com o devido respeito. 12
cauda do manto.
5
ave pernalta. 13
vaidosa.
6
inesperadamente. 14
pensando.
7
fidalgo de nobre e antiga linhagem. 15
de ascendência nobre.
8
tratamento dado a pessoas de uma classe 16
menos digno do Paraíso.
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AVALIAÇÃO N.O 3
social elevada.
4. Justifica o facto de os quatro últimos versos da primeira fala do Fidalgo se
encontrarem entre parêntesis.
6. Usando palavras tuas, indica dois (2) argumentos usados pelo Anjo para recusar a
entrada do Fidalgo na sua barca.
7. Indica o motivo pelo qual os argumentos de defesa usados pelo Fidalgo não
concorreram para a sua salvação.
9.2. Identifica o recurso retórico no segundo verso dessa estrofe e comenta o seu
valor expressivo.
GRUPO II
1. Classifica as orações sublinhadas nas seguintes frases.
a) O Fidalgo exigiu ao Anjo que o levasse para o paraíso.
b) O Fidalgo era tão ingénuo que fez exigências ao Anjo.
c) O comportamento que o Fidalgo teve em vida impediu a viagem na barca do Anjo.
d) O Fidalgo não dava o devido valor a quem o merecia.
GRUPO III
O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e
uma parte de conclusão.
Antes de redigires o teu texto, planifica-o de modo a estrutures as ideias gerais
que queres apresentar.
No final, relê com atenção o texto, verifica se respeitaste a planificação e
procede a ajustes e/ou correções que consideres necessários.