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Domingos Jardo
Teste de Português
GRUPO I
Dois dias depois de ter recolhido Hans, Hoyle levou-o ao centro da cidade e comprou-lhe as
roupas de que precisava e também papel e caneta.
Hans ficou a viver nessa casa, em parte como empregado, em parte como filho adotivo.
A sua adolescência cresceu entre os cais, os armazéns e os barcos; em conversa com
5 marinheiros embarcadiços e comerciantes. De um barco ele sabia tudo desde o porão até ao cimo
do mais alto mastro. E, ora a bordo ora em terra, ora debruçado nos bancos da escola sobre
mapas e cálculos, ora mergulhado em narrações de viagens, estudando, sonhando e praticando,
ele preparava-se para cumprir o seu projeto: regressar a Vig como capitão de um navio, ser
perdoado pelo Pai e acolhido na casa.
10 Os anos passaram e Hans aprendeu a arte de navegar e a arte de comerciar.
Hoyle nunca casara e, numa terra para ele estrangeira, não tinha família e as suas raras
amizades eram pouco íntimas. No adolescente evadido ele via agora um reflexo da sua própria
juventude aventurosa que, há muito tempo, naquela cidade ancorara. Para ele, Hans era a sua
nova possibilidade, o destino outra vez oferecido, aquele que iria viver por ele a verdadeira vida,
15 que nele, Hoyle, estava já perdida como se o destino, tendo falhado seus propósitos, fizesse, com
uma nova mocidade, uma nova tentativa. Assim, Hans era para ele não o herdeiro daquilo que
possuía e fizera mas antes o herdeiro daquilo que perdera. Por isso seguiu passo a passo os
estudos e a aprendizagem do adolescente, controlando a qualidade do ensino nas escolas onde o
inscrevera e vigiando a competência dos superiores sob suas ordens a bordo o colocava. Aos 21
20 anos, já Hans era capitão de um navio de Hoyle e homem de confiança nos seus negócios.
Quando estava já passada a sua primeira mocidade, um dia, à volta de uma das suas viagens,
Hans encontrou o inglês doente. O mal atacara os seus olhos e a cegueira avançava rápida.
- Hans - disse ele -, estou velho e cego, já não posso tratar dos meus barcos, dos meus
armazéns, dos meus negócios. Fica comigo.
25 Hans ficou. Deixou de ser empregado de Hoyle e tornou-se seu sócio. Sentado em frente da
pesada mesa de carvalho recebia os comerciantes, os chefes dos armazéns e os capitães de
navio. As suas narinas tremiam quando no gabinete entravam gentes vindas de bordo. Porque
deles se desprendia cheiro a mar. A renúncia endurecia os seus músculos. À noite relatava a
Hoyle as conversas que tivera, as decisões que tomara. Depois bebiam juntos um copo de vinho.
30 A vida de Hans mais uma vez tinha virado. Já não eram as longas navegações até aos confins
dos continentes, o avançar aventuroso ao longo de costas luxuriantes e de costas desérticas, de
povo em povo, de baía em baía. Agora verificava a ordem dos armazéns, o bom estado dos
navios, a competência das equipagens, controlava as cargas e descargas, discutia negócios e
contratos. As suas viagens iam-se tornando rápidas e espaçadas.
GRUPO II
Fernão de Magalhães
Foi um marinheiro português que idealizou, organizou e morreu a realizar a primeira viagem de
circum-navegação do planeta. Fê-lo com os conhecimentos científicos dos navegadores portugueses,
mas em nome de Espanha, porque Portugal o rejeitou.
(…) Em 20 de setembro de 1519, Fernão de Magalhães partiu do porto de Sanlúcar de Barrameda,
5 perto de Cádiz, ao comando da nau Trinidad, seguido por outras quatro: San Antonio, Concepción,
Victoria e Santiago. A primeira escala foi em Tenerife, nas Canárias.(…)
Navegando para sudoeste, chegaram ao Rio de Janeiro a 13 de dezembro. Juan de Cartagena,
capitão da nau de San Antonio, foi destituído e preso por se opor às decisões de Magalhães.
Em 11 de janeiro de 1520, chegaram à atual Punta del Este, no Uruguai, e exploraram o Rio da
10 Prata, em águas que hoje pertencem à Argentina. A 31 de março, a expedição chegou ao porto de S.
Julião, à entrada do estreito que veio a chamar-se de Magalhães, onde o comandante decidiu passar o
inverno. A sua autoridade voltou a ser posta em causa, agora com violência. Magalhães conseguiu
dominar os amotinados, quando executou dois dos cabecilhas (incluindo Gaspar de Quezada, capitão
da Concepción) e abandonou outros dois numa praia (um deles era o ex-capitão da nau San Antonio,
15 Juan de Cartagena). Depois da nau Santiago se ter afundado durante a exploração do estreito, em
outubro, a tripulação da San Antonio amotinou-se, prendeu o capitão Álvaro de Mesquita e regressou a
Espanha.
Ao fim de cinco meses de tempestades, no labirinto da Terra do Fogo, na ponta sul da América, em
27 de novembro, Magalhães encontrou a saída do estreito a que chamou de Todos os Santos e entrou
20 no Oceano que batizou como Pacífico – devido à calmaria encontrada. Em documentos de 1525, já
aparece a designação de Estreito de Magalhães.
Com grande parte da tripulação dizimada pela fome, pela sede e pelo escorbuto, a 6 de março de
1521, os navegadores chegaram à ilha dos Ladrões, no arquipélago das Marianas. No dia 17 desse
mês desembarcaram para se abastecer de água no arquipélago a que Magalhães deu o nome de S.
25 Lázaro. Estavam em Malhon e o nome foi mais tarde mudado para Filipinas, em homenagem ao filho e
sucessor de Carlos V, Filipe II.
O fim da viagem iniciada por Fernão de Magalhães piorou o combate diplomático conhecido como a
“questão das Molucas”. Em causa estava a localização das ilhas e a determinação do hemisfério a que
29 pertenciam, segundo a divisão do Tratado de Tordesilhas: a Portugal ou a Espanha?
Gramática
Coluna A Coluna B
a) um marinheiro português (l. 1) 1 – complemento oblíquo
b) o (l.3) 2 – completo indireto
c) do porto de Sanlúcar de Barrameda (l.4) 3 – sujeito
d) às decisões de Magalhães (l.8) 4 – modificador apositivo do nome
e) no Uruguai (l.9) 5 – complemento direto
GRUPO III
Hans tinha uma relação muito próxima com Joana, que lhe fazia companhia na torre.
Imagina o avô com a neta ao colo, contando-lhe uma das suas viagens e redige essa aventura num
texto correto de 100 a 150 palavras.