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ESCOLA SECUNDÁRIA MATIAS AIRES

TESTE DE PORTUGUÊS
GRUPO I

Ai madr,'o que eu quero bem Vocabulário


nom lh'ous'eu ante vós falar end(e) – disso
e há end'el tam gram pesar por en – por isso
que dizem que morre por en; i – nisso
Gram sazon há – há muito tempo
e se assi morrer por mi,
al – outra coisa
ai madre, perderei eu i.
guarir – melhorar, salvar-se
Gram sazom há que me serviu per bõa fé = por Deus
e nom mi o leixastes veer,
e veerom-mi ora dizer
ca morre porque me nom viu;
e se assi morrer por mi,
ai madre, perderei eu i.

Se por mi morrer, perda mi é,


Questionário
e pesar-mi-á, se o nom vir,
pois per al nom pode guarir, 1. Explicita a intenção da donzela ao dirigir-se à mãe.
bem vos juro, per bõa fé: 2. Apresenta por palavras tuas os argumentos da donzela.
e se assi morrer por mi, 3. Interpreta a função do refrão.
ai madre, perderei eu i.

A mia senhor que eu por mal de mi Vocabulário


vi e por mal daquestes olhos meus daquestes – destes
e por que muitas vezes maldezi des – desde
mi e o mund'e muitas vezes Deus, er – mais
des que a nom vi, nom er vi pesar pesar - sofrer
d'al, ca nunca me d'al pudi nembrar. pudi nembrar – podia lembrar
mi medês – a mim mesmo
A que mi faz querer mal mi medês soía – costumava
e quantos amigos soía haver que mi pês – ainda que me custe (pese)
e de[s]asperar de Deus, que mi pês, sem – juízo, senso
pero – ainda que
pero mi tod'este mal faz sofrer,
des que a nom vi, nom ar vi pesar
d'al, ca nunca me d'al pudi nembrar.

A por que mi quer este coraçom


Questionário
sair de seu logar, e por que já
moir'e perdi o sem e a razom,
pero m'este mal fez e mais fará, 4. Identifica, no poema, três aspetos das cantigas de amor.
des que a nom vi, nom ar vi pesar 5. Indica as consequências do poder da “senhor”.
6. Explica por tuas palavras o sentido do refrão.
d'al, ca nunca me d'al pudi nembrar.

Nome ____________________________________________________________________________________________ Turma _____________


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TESTE DE PORTUGUÊS
GRUPO II
Catarina de Bragança – A Influencer maldita

Catarina de Bragança estava destinada a ser rainha de Inglaterra. Mas não sabia ainda que iria ser pouco feliz
durante a sua longa estadia de três décadas, na Grã-Bretanha, que teria grandes problemas, que se defrontaria
com enormes obstáculos e que haveriam de acusá-la de coisas que ela nunca fez. Mas, sobretudo, ignorava até
que ponto ela mesma iria influenciar os usos e costumes dos ingleses. É que, por mais discreta, reservada e tímida
que fosse, esta rapariga que não dava especialmente nas vistas iria tornar-se naquilo que hoje chamamos – na
língua do seu novo país, transformada atualmente em idioma global – uma influencer.
Catarina era filha do rei de Portugal, D. João IV, e de D.ª Catarina de Gusmão, uma dama espanhola. O facto
de se ter casado com o rei de Inglaterra sem nunca o ter visto não espanta, pois era essa a prática corrente entre
famílias reais. Podemos considerar que o matrimónio nestas circunstâncias era uma espécie de lotaria, mas, em
boa verdade, acaba por sê-lo em qualquer contexto. O que se passava é que se tratava de contratos de aliança
entre os países e uma forma de assegurar a continuidade do trono, através dos descendentes. O amor estava fora
da equação. (…)
Catarina era infeliz, porque quase não entendia uma palavra do que lhe diziam, batia o queixo com frio, tinha
saudades do céu azul e arriscava-se a apanhar grandes chuvadas quando saía para cavalgar. (…)
Mas se os suspiros que saíam do peito de Catarina não paravam de se fazer ouvir nos penumbrosos corredores
do Palácio de Whitehall, nem por isso ela deixou de desempenhar um papel afirmativo naquela Corte do Norte.
A sua ação fez-se sentir sobretudo ao nível dos costumes. Os ingleses tornaram-se loucos por chá. Ora reza a
lenda que foi a nossa Catarina que levou o chá para Inglaterra. Também por lá divulgou o uso do tabaco para
introduzir nas narinas (o rapé), trazido no século anterior para Portugal pelo embaixador francês Jean Nicot, de
cujo apelido deriva a palavra “nicotina”. E, como se não bastasse, conta-se que foi ela que levou o uso de talheres
para a grande e verde ilha de além-Mancha. (…) Agora sabe-se que já se vendia chá em Inglaterra alguns anos
antes de Catarina lá ter chegado. Mesmo assim, do que não há dúvida é que foi ela que generalizou o seu uso.
Por isso, podemos considerar Catarina uma influencer. Porém, como nunca foi bem vista na Corte de Whitehall,
foi uma influencer maldita.
Luís Almeida Martins, Visão, 2020
1. Nos dois parágrafos iniciais, coexistem as intencionalidades de
(A) informar e explicar. (C) exprimir sentimentos e narrar.
(B) descrever e convencer. (D) informar e comentar.
2. O casamento de Catarina com o rei de Inglaterra constituiu
(A) um exemplo raro de falta de amor.
(B) a confirmação dum procedimento comum na realeza.
(C) um episódio histórico banal para as duas coroas.
(D) um exemplo de paixão entre príncipes e princesas.
3. D.ª Catarina é considerada uma influencer por
(A) ter apresentado hábitos desconhecidos dos ingleses.
(B) ter tornado comum o que era exceção.
(C) ter implementado hábitos exclusivos dos portugueses.
(D) ter apresentado modas inovadoras.
4. No contexto em que surge, a expressão “estar fora da equação” significa
(A) estar ausente do contrato de casamento.
(B) situar-se fora da corte.
(C) ser um aspeto que não merecia atenção.
(D) ser algo perseguido.
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TESTE DE PORTUGUÊS

5. No contexto em que ocorre, a expressão “grande e verde ilha de além-Mancha” é um exemplo de


(A) metáfora. (C) perífrase.
(B) comparação. (D) hipérbole.
6. A utilização dos travessões no primeiro parágrafo serve para
(A) assinalar o discurso direto. (C) acrescentar uma explicação.
(B) apresentar uma oração intercalada. (D) apresentar um comentário subjetivo.
7. Os complexos verbais “ter casado” e “ter visto” estão no
(A) Infinitivo pessoal da voz passiva dos verbos casar e ver, respetivamente.
(B) Infinitivo impessoal da voz passiva dos verbos casar e ver, respetivamente.
(C) Infinitivo pessoal composto dos verbos casar e ver, respetivamente.
(D) Infinitivo impessoal composto dos verbos casar e ver, respetivamente.
8. Nas orações “acaba por sê-lo em qualquer contexto.” e “não entendia uma palavra do que lhe diziam”, os
pronomes desempenham as funções sintáticas de
(A) Complemento direto nas duas situações.
(B) Complemento indireto nas duas situações.
(C) Complemento direto na primeira situação e complemento indireto na segunda.
(D) Complemento indireto na primeira situação e complemento direto na segunda.
9. Identifica o referente do pronome na oração “acaba por sê-lo em qualquer contexto.”
10. Classifica a oração sublinhada na frase
“Ora reza a lenda que foi a nossa Catarina que levou o chá para Inglaterra.”

GRUPO III

Os influencers ditam a moda, partilham conhecimentos, lançam hábitos e opiniões, e envolvem o seu
público de diversas formas, nem sempre positivas ou fundamentadas.

A partir da frase anterior, redige uma exposição bem estruturada, com um mínimo de cento e cinquenta
e um máximo de duzentas palavras, na qual apresentes a tua opinião.

O teu texto deve incluir:


 uma introdução ao tema;
 um desenvolvimento com a exposição e respetiva fundamentação;
 uma conclusão adequada à exposição apresentada.

Nome ____________________________________________________________________________________________ Turma _____________

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