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Ficha de treino de Português

10.º ANO
OUT/23

Depois de realizar a ficha, confronte as suas respostas com os tópicos disponibilizados no Moodle da
disciplina.

Ficha de treino – Português - outubro Página 1


Ficha de trabalho 1
GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Leia o texto. Se necessário, consulte as notas.

1 Madre velida1, meu amigo vi,


nom lhi falei e com el me perdi,
e moiro agora, querendo-lhi bem;
nom lhi falei, ca2 o tiv'em desdém;
5 moiro eu, madre, querendo-lhi bem!

Se lh'eu fiz torto3, lazerar-mi-o-ei4


com gram dereito5, ca lhi nom falei,
e moir'agora, querendo-lhi bem;
nom lhi falei, ca o tiv'em desdém;
10 moiro eu, madre, querendo-lhi bem!

Madre velida, ide-lhi dizer


que faça bem e me venha veer,
e moir'agora, querendo-lhi bem;
nom lhi falei, ca o tiv'em desdém;
15 moiro eu, madre, querendo-lhi bem!
Airas Carpancho

NOTAS
1. Velida (versos 1 e 11) – bela, formosa; 2. Ca (versos 4, 7, 9 e 14) – pois, porque; 3. Fazer torto (verso 6) –
agir mal, fazer-lhe mal; 4. Lazerar (verso 6) – sofrer, penar; 5. Com gram dereito (verso 7) – muito justamente.

1. Explicite dois traços psicológicos da donzela, comprovando a sua resposta com elementos textuais
pertinentes.

2. Explique o papel desempenhado pela “Madre velida” (v. 1) ao longo da cantiga.

3. Clarifique a expressividade da exclamação presente no refrão.

4. Comente as ações da donzela considerando a oposição passado-presente.

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B
Leia a cantiga. Se necessário, consulte as notas.

1 Nom chegou, madre, o meu amigo,


e hoj'est' o prazo saído;1
ai madre, moiro d'amor!

Nom chegou, madr', o meu amado,


5 e hoj'est o prazo passado;
ai madre, moiro d'amor!

E hoj'est o prazo saído;


por que mentiu o desmentido2?
ai madre, moiro d'amor!

10 E hoj'est o prazo passado;


por que mentiu o perjurado3?
ai madre, moiro d'amor!

Por que mentiu o desmentido,


pesa-mi, pois per si é falido4;
15 ai madre, moiro d'amor!

Por que mentiu o perjurado,


pesa-mi, pois mentiu a seu grado5;
ai madre, moiro d'amor!.

D. Dinis

in http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=590&pv=sim,
consultado em 10 de abril de 2015.

Notas:
1. hoj'est' o prazo saído: hoje chegou o dia do encontro.
2. desmentido: mentiroso.
3. perjurado: mentiroso.
4. per si é falido: mentiu porque quis.
5. a seu grado: por sua vontade.

Selecione a opção incorreta.

1. Numa perspetiva formal,


(A) a cantiga é constituída por três pares de dísticos seguidos de um refrão.
(B) cada par de estrofes organiza-se segundo o processo do leixa-pren.
(C) a composição apresenta o esquema rimático aab//ccb//aab//ccb//aab//ccb.
(D) A cantiga não é paralelística perfeita.

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Responda, de forma direta, aos itens que se seguem.

2. Identifique o sujeito poético desta cantiga e o seu interlocutor.

3. Indique a função da figura materna nesta composição.

Responda, de forma clara e completa, ao item que se segue.

4. Relacione o estado de espírito do sujeito lírico que se faz sentir com o crescendo de
intensidade dramática da cantiga.

C
1. Atendendo ao que aprendeu sobre a Poesia Trovadoresca, indique se as afirmações que se
seguem são verdadeiras (V) ou falsas (F). Corrija as falsas.

A. A poesia trovadoresca é uma manifestação literária do século XV.


B. O conjunto dos textos da poesia trovadoresca apenas visa temas profanos.
C. A primeira manifestação literária em português é em verso, uma vez que a
transmissão da obra literária era, maioritariamente, através da escrita.
D. O trovador é de origem nobre e compõe as cantigas para obter um pagamento com
o seu serviço.
E. Os jograis, apesar de serem cantores e músicos de condição popular, foram também
compositores.
F. O Cancioneiro da Ajuda é o mais completo, uma vez que, para além das iluminuras,
apresenta cantigas dos três géneros.
G. Os três Cancioneiros conhecidos são contemporâneos dos trovadores.
H. As cantigas de amor têm origem provençal e as cantigas de amigo têm origem
autóctone.
I. Nas cantigas de amigo, é frequente o sujeito lírico tomar como confidente a
Natureza.
J. Nas cantigas de amigo, a mãe surge sempre como oponente da relação da donzela
com o amigo.
K. A donzela das cantigas de amigo apresenta, geralmente, um estatuto social elevado.
L. Tradicionalmente, as cantigas de amigo são paralelísticas, isto é, constituídas por
pares de dísticos, que se repetem integral ou parcialmente.
M. É característico das cantigas de amigo a personificação da Natureza.
N. As cantigas de amor mantêm um sujeito poético feminino, tal como as cantigas de
amigo.
O. A diferença entre as cantigas de escárnio e as de maldizer reside no facto de, nas
primeiras, a crítica estar encoberta e, nas segundas, a crítica ser direta.

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GRUPO II

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.

Leia o texto.

Verdades e mitos de uma época que faz sonhar

1 Feiras inspiradas nos mercados medievais, ou tentando reconstituir a vida quotidiana na


Idade Média, proliferam todos os verões de norte a sul do país. Está na moda uma espécie de
Idade Média de faz de conta. Depois do sucesso global de O Senhor dos Anéis, fantasias
inspiradas num ambiente medieval eivado de magia enchem páginas de livros com um público
5 fiel. E as histórias de fadas, príncipes encantados e anões de gorros pontiagudos pertencem à
infância de todos nós. […]
Porém, delírios à parte, a verdadeira Idade Média contém em si mesma todos os
ingredientes da evasão. Mesmo que nos compenetremos de que, ao contrário do que os
sonhos sugerem, viver naqueles tempos não devia ser muito agradável…
10 […]
Quase sempre desenvolvidas à volta do castelo do senhor, as cidades da Idade Média […]
são exatamente o cenário que as feiras medievais de hoje pretendem reproduzir. Vielas
tortuosas, vendas de rua, animação, colorido – tudo isto associamos à Idade Média tal como
a idealizamos. Normalmente falta, porém, o elemento realista: as casas escuras e
15 desconfortáveis, os maus cheiros, a promiscuidade extrema, a total falta de higiene com
ausência de casas de banho e esgotos, a miséria física e moral, a reduzidíssima esperança de
vida (aos 40 anos, quando lá se chegava, era-se um velho), a tremenda injustiça social e a
dureza do quotidiano como um todo tornam esta época bastante sombria.
A arbitrariedade e a crueza da recolha dos impostos é um aspeto que não deve ser
20 esquecido. Os impostos […] tinham por finalidade alimentar a nobreza e o clero, que, sem
nada produzirem, viviam assim à larga. […]
MARTINS, Luís Almeida, 2012. “Verdades e mitos de uma época que faz sonhar”.
Visão, n.º 1014, 9 de agosto de 2012 (pp. 70-74)

1. No contexto em que surge, a alínea que melhor traduz o significado da palavra “eivado” (linha
4) é
(A) repleto.
(B) contaminado.
(C) manchado.
(D) corrompido.

2. Relativamente à informação apresentada no parágrafo anterior, o advérbio conetivo


“Porém” (linha 7) estabelece uma relação de
(A) adição.
(B) tempo.
(C) conclusão.
(D) contraste.

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3. A locução conjuncional “Mesmo que” presente na linha 8 introduz uma oração
(A) subordinada adverbial consecutiva.
(B) subordinada adverbial temporal.
(C) subordinada adverbial concessiva.
(D) coordenada adversativa.

4. Na frase “as cidades da Idade Média […] são exatamente o cenário que as feiras medievais
de hoje pretendem reproduzir.” (linhas 11 e 12), o constituinte frásico “o cenário que as feiras
medievais de hoje pretendem reproduzir” desempenha a função sintática de
(A) sujeito.
(B) complemento direto.
(C) modificador do grupo verbal.
(D) predicativo do sujeito.

5. Na linha 14, o pronome “a” tem como antecedente


(A) “Vielas tortuosas, vendas de rua, animação, colorido” (linhas 12 e 13).
(B) “(à) Idade Média” (linha 13).
(C) “as feiras medievais de hoje” (linha 12).
(D) “esta época bastante sombria” (linha 18).

6. Na linha 14, o recurso aos dois pontos prende-se com


(A) a enumeração da realidade medieval excluída das feiras medievais.
(B) a caracterização idealizada da época medieval.
(C) a intenção de contrapor a realidade medieval.
(D) a enumeração dos elementos que podemos encontrar numa feira medieval.

7. Tendo em conta o processo de formação que lhe deu origem, a palavra “arbitrariedade”
(linha 19) classifica-se como
(A) composto morfológico.
(B) palavra derivada por prefixação.
(C) palavra derivada por sufixação.
(D) composto morfossintático.

8. Indique a função sintática desempenhada pelo sintagma “de gorros pontiagudos” (linha 5).

9. Reescreva a frase “a verdadeira Idade Média contém em si mesma todos os ingredientes da


evasão” (linhas 7 e 8), substituindo o complemento direto pelo respetivo pronome pessoal.

GRUPO III

Elabore um texto expositivo, devidamente estruturado, de cento e cinquenta a duzentas e cinquenta


palavras, sobre a temática da natureza nas cantigas de amigo.
Fundamente a sua exposição recorrendo, no mínimo, a dois aspetos, ilustrando cada um deles com
um exemplo significativo.

A sua exposição deve incluir:


• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual apresente dois aspetos relacionados com a temática da
natureza nas cantigas de amigo, ilustrando cada um deles com um exemplo significativo;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

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Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco,
mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única
palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2018/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
− um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.

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Ficha de trabalho 2
GRUPO I

Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

A
Leia o poema.

1 Vaiamos, irmana, vaiamos dormir


nas ribas1 do lago u 2 eu andar vi
a las aves meu amigo.

Vaiamos, irmana, vaiamos folgar 3


5 nas ribas do lago u eu vi andar
a las aves meu amigo.

Nas ribas do lago u eu andar vi,


seu arco na mãao as aves ferir,
a las aves meu amigo.

10 Nas ribas do lago u eu vi andar,


seu arco na mãao a las aves tirar 4,
a las aves meu amigo.

Seu arco na mano as aves ferir


e las que cantavam leixa 5-las guarir 6,
15 a las aves meu amigo.

Seu arco na mano a las aves tirar


e las que cantavam non' as quer matar
a las aves meu amigo.
Fernando Esquio,
in https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1327&pv=sim
(consultado em 28/09/2021)

Glossário:
1 – margem;
2 – onde;
3 – divertir;
4 – atirar;
5 – deixar;
6 – viver.

Nota: Na Poesia Trovadoresca, as aves podem simbolizar o enamoramento, por estarem associadas à beleza do
canto.

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Apresente as suas respostas de forma desenvolvida e bem estruturada, com correção
linguística.

1. Indique o género a que pertence esta cantiga, justificando com base em duas
características temáticas devidamente documentadas.

2. Relacione a ação descrita nas últimas estrofes do poema com o estado de espírito do
sujeito poético.

3. Identifique o recurso expressivo presente no primeiro verso deste poema, explicando a


sua expressividade.

Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta. Escreva, na folha
de respostas, o grupo, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

4. Do ponto de vista formal, a cantiga apresenta


(A) seis tercetos sem refrão.
(B) seis dísticos com refrão.
(C) seis coblas com refrão intercalado.
(D) um refrão intercalado e sem rima.

5. Quanto à estrutura formal, o poema apresenta


(A) refrão e leixa-pren, portanto, paralelismo perfeito.
(B) paralelismo imperfeito.
(C) paralelismo perfeito sem leixa-pren.
(D) paralelismo perfeito sem refrão.

6. Nesta cantiga, predomina a rima


(A) interpolada.
(B) cruzada.
(C) emparelhada.
(D) solta.

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B

Mobilize os seus conhecimentos sobre a Lírica Trovadoresca e responda aos itens que
se seguem.

1. Faça a correspondência adequada entre os elementos da coluna A e os elementos da


coluna B, de forma a obter a definição correta. Na folha de respostas, registe apenas os
números – de 1) a 6) – e, para cada um deles, a letra que corresponde à opção
selecionada em cada um dos casos.

1. Paralelismo (A) Repetição, no início de uma nova


estrofe, do primeiro verso da
anterior.

2. Refrão (B) Repetição da mesma estrutura frásica


com maior ou menor variação lexical
ou semântica, facilitando a
memorização.

3. Leixa-pren (C) Um ou mais versos que se repetem


no fim ou no meio de cada copla ou
estrofe.

4. Jogral (D) Cantadeira ou dançarina, a soldo, que


acompanhava o jogral.

5. Trovador (E) Executor (geralmente de baixa


condição social) que vivia do lucro da
arte de cantar ou tanger.

6. Soldadeira (F) Compositor, quase sempre, plebeu,


da poesia e da música.

(G) Repetição dos segundos versos de


um par de estrofes como primeiros
do par seguinte.

(H) Compositor das suas próprias


cantigas, de origem nobre.

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2. Complete as afirmações seguintes, selecionando a opção adequada a cada espaço. Na
folha de respostas, registe apenas as letras – de a) a h) – e, para cada uma delas, o
número que corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.

Cantigas de amigo

Num registo bem mais popular ou burguês, a cantiga de amigo é um género


_______a)_______, cujas origens parecem remontar a uma vasta e
_____b)____tradição da canção em voz feminina, tradição que os trovadores
e jograis galego-portugueses terão seguido. Desta forma, a voz feminina que
os trovadores e jograis fazem cantar nestas composições é de uma jovem
enamorada, que ______c)_________ de formas várias, enquadradas numa
vivência quotidiana e ______d)_______, os sentimentos amorosos que a
animam: de alegria pela vinda próxima do seu amigo, de tristeza ou de
_______e)______ pela sua partida, de ira pelos seus enganos. Compostas e
geralmente cantadas por ______f)_____se bem que possa ter havido
igualmente vozes femininas a cantá-las, as cantigas de amigo põem em cena
um universo feminino _____g)____, do qual ainda fazem parte como
interlocutoras da donzela, a mãe, as irmãs ou as amigas e até por vezes a
própria Natureza. Formalmente, as cantigas recorrem frequentemente à
técnica do paralelismo e são _____h)______ de refrão.

in cantigas medievais galego-portuguesas, Projeto Littera, FCSH-UNL

a) b) c) d) e) f) g) h)
1. 1. 1. 1. 1. 1. 1. 1.
autóctone interioriza e popular desprendimento uma mulher nobre e palaciano raramente
vanguardista materializa
2. 2. 2. 2. 2. 2.
2.
provençal 2. aristocrata saudade rural e doméstico esporadicamente
arcaica uma donzela
exterioriza e
3. espiritualiza 3. 3. 3. 3.
3. 3.
moderno cortês vassalagem religioso e conventual quase sempre
contemporânea um homem
3.
expressa e
materializa

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GRUPO II

Leia o texto.

1 Códices inacessíveis do rei Afonso X de Castela vão ser abertos ao público


Os manuscritos das Cantigas do rei Afonso X de Castela, guardados no palácio do Escorial e os únicos
inacessíveis ao público e aos investigadores até agora, vão ser disponibilizados online pelo Património
Nacional Espanhol. A partir do final do mês, os manuscritos estarão disponíveis para todo o mundo
5 através do website www.patrimonionacional.es.
Os dois códices das “Cantigas de Santa Maria” — uma coleção de mais de 400 canções em galego,
elaboradas no século XIII pelo rei Afonso X, o Sábio — até agora inacessíveis vão ser revelados ao mundo
antes de julho, confirmou ao El País a presidente do Património Nacional, Llanos Castellanos. Segundo o
jornal espanhol, o “Códice Rico” e o “Códice de los Músicos” dormiram um sono de séculos, guardados
10 na Real Biblioteca de San Lorenzo de El Escorial, em Madrid.
O organismo estatal que conserva e preserva os bens históricos ligados à Coroa espanhola atrasou a
exposição online destes documentos, ao passo que os outros dois manuscritos das mesmas Cantigas,
mantidos pela Biblioteca Nacional de Espanha (“Códice de Toledo”) e a Biblioteca Nacional Central de
Florença (“Códice de Florença”), estavam à disposição do público e dos investigadores através de “um
15 simples clique”.
A impossibilidade de aceder aos manuscritos mantidos em El Escorial gerou mal-estar em algumas
instituições, ao ponto de, em janeiro último, a Academia Real Galega (RAG) ter enviado uma carta ao
presidente do Património Nacional exigindo o acesso online aos manuscritos.
“O Património Nacional deve-o à cultura galega, hispânica, europeia e universal.”, afirmou a
20 instituição galega, depois de destacar que as bibliotecas de todo o mundo que possuem coleções
significativas as divulgam através da Internet, como é o caso da Biblioteca Nacional de Portugal, com o
cancioneiro trovadoresco galego-português que guarda, e da Biblioteca Apostólica Vaticana, com outros
dois livros de cantigas trovadorescas galego-portuguesas mais importantes.
(…)
25 As “Cantigas de Santa Maria” são um conjunto de 427 composições em galego-português, que no
século XIII era a língua fundamental da lírica culta em Castela, que se encontram repartidas em quatro
manuscritos: “Códice de Toledo”, “Códice de los Músicos”, “Códice Rico” e “Códice de Florença”. Embora
persistam algumas dúvidas sobre a autoria direta do rei Afonso X, há pouca dúvida acerca da sua
participação direta como compositor em muitas delas.
30 Afonso X, cognominado o Sábio ou o Astrólogo, foi rei de Castela e Leão de 1252 até à sua morte.
Teve vários filhos, entre os quais Beatriz de Castela, que casaria, em 1253, com o rei Afonso III de
Portugal. Deste matrimónio, nasceu aquele que viria a ser o rei de Portugal e do Algarve de 1279 até
1325, D. Dinis de Portugal, conhecido como o Lavrador.

https://observador.pt/2021/06/14/codices-inacessiveis-do-rei-afonso-x-de-castela-vao-ser-abertos-ao-
publico/
(texto adaptado e com supressões, consultado em 29/09/2021)

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Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
Escreva, na folha de resposta, a letra que identifica a opção escolhida.

1. Com o recurso à expressão “dormiram um sono de séculos” (linha 9), o autor deste
texto utiliza
(A) uma antítese que contrapõe o valor dos “manuscritos das Cantigas do rei Afonso X
de Castela” e o valor das “Cantigas de Santa Maria”.
(B) uma personificação que reforça a inutilidade destes manuscritos, o que explica o
desinteresse geral por eles.
(C) uma hipérbole para acentuar que o pouco tempo em que estes manuscritos
permaneceram inacessíveis pareceu uma eternidade.
(D) uma metáfora que salienta o facto de alguns manuscritos das Cantigas do rei Afonso X de
Castela terem estado inacessíveis ao público até ao presente.

2. O vocábulo “todo”, presente na linha 4, é


(A) um quantificador existencial.
(B) um pronome indefinido.
(C) um quantificador universal.
(D) um determinante indefinido.

3. O referente do pronome relativo presente na expressão “que guarda” (linha 22) é


(A) “o caso da Biblioteca Nacional de Portugal” (linha 21).
(B) “o cancioneiro trovadoresco galego-português” (linhas 21-22).
(C) “Biblioteca Apostólica Vaticana” (linha 22).
(D) “Internet” (linha 21).

4. O recurso aos dois pontos, na linha 27, introduz


(A) uma explicação.
(B) uma enumeração.
(C) o pensamento de D. Afonso X.
(D) uma citação.

5. No texto apresentado, Portugal surge


(A) como um exemplo a seguir no que respeita à facilidade de acesso a acervos
importantes de manuscritos com composições poéticas em galego-português.
(B) na retaguarda do Património Nacional Espanhol, apoiando a recente decisão de
abertura ao público dos manuscritos das cantigas do rei D. Afonso X, até então
inacessíveis.
(C) na vanguarda da conservação de manuscritos das cantigas, por ter um dos mais
inacessíveis cancioneiros trovadorescos galego-portugueses.
(D) à frente do movimento de contestação responsável pelo envio de uma carta ao
presidente do Património Nacional Espanhol, exigindo o acesso online aos
manuscritos.

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Responda de forma direta aos itens que se seguem, com correção linguística e rigor
terminológico.

6. Classifique a oração:
6.1. “que no século XIII era a língua fundamental da lírica culta em Castela” (linhas 25 e 26).
6.2. introduzida pelo vocábulo “Embora”, presente na linha 27.

7. Identifique a função sintática desempenhada:


7.1. pelo pronome pessoal “as” presente na linha 21.
7.2. pela oração “que possuem coleções significativas” (linhas 20 e 21).

8. Reescreva a frase “O Património Nacional deve-o à cultura galega, hispânica, europeia


e universal.” (linha 19), substituindo o complemento indireto por um pronome pessoal.

9. Indique a classe e a subclasse do vocábulo destacado na expressão “que as bibliotecas


de todo o mundo” (linha 20).

GRUPO III

Redija um texto expositivo, de cento e cinquenta a duzentas e cinquenta palavras, sobre a


representação da figura masculina nas cantigas de amigo.
A sua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual apresente um aspeto relacionado com a
representação da figura masculina nas cantigas de amigo, ilustrando cada um
deles com um exemplo significativo;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

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Ficha de trabalho 3
GRUPO I

A
Apresente as suas respostas de forma bem estruturada.

Leia o texto.

1 Que coita tamanha hei a sofrer


por amar amig’e non’o veer!
e pousarei sô lo avelanal.

Que coita tamanha hei endurar,


5 por amar amig’e nom lhi falar!
e pousarei sô lo avelanal.

Por amar amig’e non’o veer,


nem lh’ousar a coita que hei dizer:
e pousarei sô lo avelanal.

10 Por amar amig’e nom lhi falar,


nem lh’ousar a coita que hei mostrar:
e pousarei sô lo avelanal.

Nem lh’ousar a coita que hei dizer


e nom mi dam seus amores lezer:
15 e pousarei sô lo avelanal.

Nem lh’ousar a coita que hei mostrar


e nom mi dam seus amores vagar:
e pousarei sô lo avelanal.
Nuno Fernandes Torneol
GLOSSÁRIO:
Pousarei (versos 3, 6, 9, 12, 15 e 18) – dormir
Sô (versos 3, 6, 9, 12, 15 e 18) – sob, por debaixo de.
Endurar (verso 4) – suportar, sofrer.
Lezer (verso 14) – descanso.
Vagar (verso 17) – descanso, sossego.

1. Classifique a composição poética quanto ao género literário, explicitando, para o efeito, duas
características temáticas.

2. Apresente duas características psicológicas do sujeito poético, comprovando cada uma delas
com um elemento textual pertinente.

3. Comente a expressividade do refrão.

4. Esclareça o sentido do recurso ao advérbio de negação ao longo da cantiga.

Ficha de treino – Português - outubro Página 15


B
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
Escreva, na folha de resposta, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

Leia o texto.

Lutando com a linguagem do amor

1 O homem que eu amava era um médico iraquiano. Jovem como eu, ele tinha sido
forçado a sair do seu país devido à guerra e tinha vindo para a Síria para trabalhar num
campo de refugiados. Eu estava na Síria para estudar árabe. Conhecemo-nos nesse
campo.
5 Nós não nos preocupávamos se eu o achava eloquente, pois o árabe era a sua
língua materna. Ainda não tínhamos aprendido a lição de que os limites do
vocabulário não estão apenas no bem que se fala, mas também no bem que se escuta.
Aprendemos as palavras de que mais precisamos. Eu tinha crescido numa cidade
pequena e protegida, por isso o meu vocabulário de guerra era limitado. Mas a guerra
10 tinha afetado o trabalho do médico, a sua casa, o seu primeiro amor (que não eu) e o
sentido da sua existência.
"Lembro-me das bombas que caíam quando estava nas urgências...", disse ele, e
eu compreendi que tinha havido uma bomba, mas não como tinha caído perto do
hospital ou como, apesar do terror, ele tinha continuado a trabalhar com as mãos a
15 tremer.
Os nossos problemas pioraram quando o médico ligou e me contou qualquer coisa
enquanto eu estava a trabalhar, mas eu não percebi o que ele disse e, como estava
no meio de uma coisa, respondi-lhe que estava ocupada e perguntei-lhe se ele poderia
voltar a ligar depois. Mais tarde, quando voltámos a falar, ele disse: "Tu não tens
20 coração. Eu disse-te que houve um incêndio no campo. Várias pessoas ficaram feridas.
Duas perderam as suas casas...”. E tu respondeste: "Liga mais tarde, estou ocupada!”.
Depois disso continuámos a ver-nos, mas já não era a mesma coisa. Passado pouco
tempo a minha bolsa terminou e eu regressei a casa.
Achei que não devia ter sido realmente amor. Como é que o médico me poderia
25 amar quando eu não o entendia? E se eu não conseguia entendê-lo ou conhecê-lo
completamente, como o poderia amar?
Ao longo dos anos continuei a estudar árabe e a minha fluência aumentou. Armada
com o meu novo vocabulário, voltei aos poemas do médico. Tirei-os da caixa antiga
onde os guardara, um por um. Voltei à sua história sobre o bombardeamento e
30 compreendi então como no meio da cirurgia as suas mãos tremiam tanto que ele não
sabia se conseguiria terminar. Mas tinha um paciente diante dele, por isso fez das
tripas coração, continuou a cirurgia e o paciente sobreviveu. A coragem de tudo
aquilo.
E, finalmente, depois de tantos anos, fiquei a conhecer o seu sentido da beleza.
35 Ele escreveu um poema sobre uma flor de jasmim que floresceu encravada entre a
poeira e o gelo de um deserto invernoso. Se ele tinha pretendido que essa flor nos
Ficha de treino – Português - outubro Página 16
representasse, já não era importante. O que importava era que as suas palavras
durassem, tão bonitas agora como tinham sido antes. As suas palavras tinham
perdurado até que eu as conseguisse ouvir e entender. Anos depois de o médico e eu
40 termos terminado, eu conhecia-o finalmente.

https://www.dn.pt/sociedade/interior/lutando-com-a-linguagem-do-amor-5507575.html
(20/11/2016; consultado a 02/10/2017. Texto adaptado, com supressões)

5. De acordo com o segundo parágrafo do texto, no início do relacionamento amoroso, a


jovem e o médico iraquiano
(A) ainda não sabiam que o vocabulário também é importante para escutar bem.
(B) comunicavam muito bem entre si, apesar dos limites do vocabulário.
(C) ainda não se preocupavam em comunicar bem um com o outro.
(D) falavam bem entre si em árabe e escutavam-se também muito bem.

6. A certa altura, o médico iraquiano ficou magoado com a narradora porque


(A) ela, depois de tanto tempo, ainda não dominava a língua árabe.
(B) a sua bolsa terminou e ela teve de regressar para o seu país.
(C) sentiu que ela foi insensível face ao relato do incêndio no campo de refugiados.
(D) ela estava sempre ocupada e não lhe dava a atenção que ele queria.

7. A expressão “fez das tripas coração” (linhas 31 e 32) remete para a ideia de que o médico
(A) ficou chocado com a situação daquele paciente.
(B) estava cheio de medo daquele bombardeamento.
(C) estava inseguro relativamente àquela cirurgia.
(D) se esforçou muito para superar as dificuldades daquele momento.

8. A narradora sugere que a “flor do jasmim” (linha 35), no poema do médico, poderia ser
uma
(A) personificação do sentimento forte que ele nutria por ela.
(B) metáfora para o relacionamento entre os dois num lugar como aquele.
(C) hipérbole para criticar a dificuldade dela em aprender a língua árabe.
(D) antítese para expressar o sentimento que os unia naquele lugar.

Ficha de treino – Português - outubro Página 17


GRUPO II
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
Escreva, na folha de resposta, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

Releia o texto da parte B do Grupo I.

1. A palavra destacada na frase “O homem que eu amava era um médico iraquiano.”


(linha 1) é
(A) um advérbio relativo.
(B) uma conjunção coordenativa explicativa.
(C) uma conjunção subordinativa completiva.
(D) um pronome relativo.

2. Os parêntesis curvos utilizados na linha 10


(A) isolam uma explicação adicional.
(B) indicam uma supressão de texto.
(C) identificam uma enumeração.
(D) apresentam uma ideia alternativa.

3. Na frase “Achei que não devia ter sido realmente amor." (linha 24), está presente uma
oração
(A) subordinada adjetiva relativa explicativa.
(B) coordenada explicativa.
(C) subordinada adverbial causal.
(D) subordinada substantiva completiva.

4. Os três processos fonológicos ocorridos nos segmentos destacados em


tripalium>trabalho são
(A) palatalização do /p/, metátese do /li/ e apócope do /m/.
(B) palatalização do /p/, assimilação do /li/ e aférese do /m/.
(C) sonorização do /p/, palatalização do /li/ e apócope do /m/.
(D) sonorização do /p/, palatalização do /li/ e aférese do /m/.

5. A oração introduzida pelo advérbio relativo na frase “Tirei-os da caixa antiga onde os
guardara, um por um.” (linhas 28 e 29) desempenha a função sintática de
(A) modificador restritivo do nome.
(B) modificador do grupo verbal.
(C) modificador apositivo do nome.
(D) modificador de frase.

6. As palavras destacadas na frase “A coragem de tudo aquilo.” (linhas 32 e 33) são


(A) um pronome e um determinante, respetivamente.
(B) um quantificador e um pronome, respetivamente.
(C) um determinante e um pronome, respetivamente.
(D) um advérbio e um quantificador, respetivamente.

Ficha de treino – Português - outubro Página 18


7. A forma verbal “tinham perdurado” (linhas 38 e 39) corresponde ao verbo perdurar
no
(A) pretérito perfeito composto do indicativo.
(B) pretérito imperfeito do indicativo.
(C) pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo.
(D) pretérito mais-que-perfeito composto do conjuntivo.

8. Indique a função sintática de “no meio de uma coisa” (linha 18).

9. Reescreva a frase “Aprendemos as palavras de que mais precisamos.” (linha 8),


substituindo o complemento direto pelo respetivo pronome pessoal.

10. Classifique a oração “enquanto eu estava a trabalhar.” (linha 17).

GRUPO III

Considerando a sua experiência de leitura, elabore um texto expositivo, devidamente


estruturado, de cento e vinte a duzentas e vinte palavras, sobre a forma como o sujeito
poético vive o amor nas cantigas de amigo.
A sua exposição deve incluir:
• uma introdução ao tema;
• um desenvolvimento no qual apresente dois aspetos distintos relativamente
ao modo como o amor é vivido pelo sujeito poético nas cantigas de amigo,
ilustrando cada um deles com um exemplo significativo;
• uma conclusão adequada ao desenvolvimento do tema.

Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em
branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta
como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2018/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados, há que atender ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto
produzido;
− um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.

FIM

Ficha de treino – Português - outubro Página 19


Ficha de treino – Português - outubro Página 20

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