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ÍNDICE

1.INTRODUÇÃO..............................................................................................................4
1.1.Objectivos do Trabalho............................................................................................5
1.1.1.Objectivo Geral.................................................................................................5
1.1.2.Objectivos específicos.......................................................................................5
1.2.Metodologias...........................................................................................................5
2.Revisão de Literatura......................................................................................................6
2.1.Renovação Literária.................................................................................................6
2.2.Mia Couto................................................................................................................7
2.2.1.A extensa obra literária de Mia couto...............................................................7
2.3.Considerações sobre a historiografia literária..........................................................8
2.4.Breve história da literatura moçambicana.............................................................10
2.5.Reflexões sobre a historiografia literária moçambicana........................................10
2.6.Consolidação da carreira literária..........................................................................11
3.Renovação Literária Luandino Vieira..........................................................................12
3.1.José Luandino vieira..............................................................................................12
3.2.Literatura Angolana – Luanda...............................................................................12
3.2.1.Breve Historial................................................................................................13
3.2.2.Origem da literatura em Angola......................................................................13
3.2.3.Literatura e imprensa.......................................................................................14
3.2.4.Influência brasileira na literatura angolana.....................................................15
Conclusão........................................................................................................................16
Bibliografias....................................................................................................................17

Autor: Sergio A. Macore sergio.macore@gmail.com 846458829 - Pemba


1.INTRODUÇÃO

O presente trabalho de pesquisa tem como tema ‘’A Renovação Literária: Mia Couto
e Renovação Literária: José Luandino Vieira’’. As obras de ficção são, em vasta
medida, responsáveis pela formação da imaginação moral de um povo. Hoje, em todo
mundo, é recorrente ouvirmos que as crises económicas e política provém de uma crise
moral generalizada. Isso tem uma boa dose de verdade. Devemos observar, portanto, o
que tem alimentado o imaginário do mundo para que tenha se acostumado a um padrão
moral tão baixo: novelas e programas de TV que, quando não seguem a linha
politicamente correcta, caem num barbarismo grotesco.

Mas o problema não para por aí: de repente, escritores capazes de produzir alta
literatura sumiram do cenário cultural. Se entre aqueles que deveriam honrar o idioma
de Camões – tecendo palavras que nos sirvam como uma janela para o mundo, vasto
mundo – só encontramos papagaios ideológicos que sequer dominam o português culto,
o que se poderá esperar dos autores de folhetins? A literatura da língua portuguesa
precisa ressurgir para que o ambiente cultural e moral do país seja reconstruído.

Contudo, o modernismo é um movimento estético, em que a literatura surge associada


às artes plásticas e por elas influenciada, empreendido pela geração de vários escritores,
em uníssono com a arte e a literatura mais avançadas na Europa, sem prejuízo, porém,
da sua originalidade nacional.

Em Moçambique e Angola o modernismo surgiu a poucos anos atrás. A primeira atitude


dos novos escritores foi de esquecer o passado, desprezar o sentimentalismo falso dos
românticos e adoptar uma participação activa e dentro primar pela originalidade de
ideias e, na poesia, não deveriam se prender à rima e à métrica.

Os autores modernos não fundaram propriamente uma nova escola literária, com regras
rígidas. Pelo contrário, desvincularam-se das teorias das escolas anteriores e procuraram
transmitir as suas emoções, os factos da vida actual e a realidade do país de uma forma
livre e descomprometida. No resto do mundo a literatura tinha acompanhado, desde o
princípio do século. Mas foi principalmente a partir da 1º Guerra Mundial que se
verifica a grande revolução da poesia, especialmente no romance: a criação literária
volta-se para a exploração de mim, isto é para as vivências e impressões possuais do
autor.

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1.1.Objectivos do Trabalho

1.1.1.Objectivo Geral

 Analisar a renovação Literária: Mia Couto e Renovação Literária Luandino:


Vieira.

1.1.2.Objectivos específicos

 Descrever as etapas da renovação literária do escritor Moçambicano Mia Couto;


 Descrever as etapas da renovação literária do escritor Luandino Vieira;
 Falar da renovação literária no contexto actual;
 Estudar sobre a literatura africana em Língua portuguesa.

1.2.Metodologias

Para elaboração deste trabalho foi feito uma revisão bibliográfica. Onde foi usado o
método indutivo, que é um método responsável pela generalização, isto é, partimos de
algo particular para uma questão mais ampla, mais geral.

Para Lakatos e Marconi (2007), Indução é um processo mental por intermédio do qual,
partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral
ou universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objectivo dos argumentos
indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das
premissas nas quais nos baseia-mos.

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2.Revisão de Literatura

2.1.Renovação Literária

A literatura é vista como um dos elementos de construção do pensamento social, já que


almeja uma direcção para os verdadeiros valores da nacionalidade ao evidenciar crenças
e percepções pessoais, possibilitando que os seres humanos possam reflectir no seu
modo de ver a vida e de estar no mundo. Nesse sentido a literatura ganhou espaço entre
os brasileiros desde o período colonial. No entanto, só a partir de meados do século XIX
que se consolidou, pois passou a ter uma maior interacção entre o autor e o público, Hall
(2005).

Os autores modernos não fundaram propriamente uma nova escola literária, com regras
rígidas. Pelo contrário, desvincularam-se das teorias das escolas anteriores e procuraram
transmitir as suas emoções, os factos da vida actual e a realidade do país de uma forma
livre e descomprometida, Hall (2005).

No resto do mundo a literatura tinha acompanhado, desde o princípio do século. Mas foi
principalmente a partir da 1º Guerra Mundial que se verifica a grande revolução da
poesia, especialmente no romance: a criação literária volta-se para a exploração de eu,
isto é para as vivências e impressões possuais do autor, (Laranjeira, 2019).

Na poesia, marcada inicialmente pelo simbolismo, destacaram-se Rilke, T.S.Eliot,


Fernando Pessoa surrealista como Paulo Éluard. No romance, dois autores abrirão uma
ruptura profunda: James Joyce e Marcel Proust. Afastando-se do naturalismo, as suas
obras caracterizam-se por uma subtil análise de sentimentos e recordações e por uma
complexa construção narrativa, (Fonseca, 2008).

Outros autores seguiram rumos semelhantes, como Virgínia Woolf, uma novelista de
profunda sensibilidade, Kalka cuja obra é marcada pela angústia e pelo absurdo, ou
Thomas Mann, que abordou os grandes dramas da condição humana. O romance realista
também se desenvolveu quer na URSS. Onde se impôs, a partir de Gorky, o realismo
socialistas – quer nos Estados Unidos da América, com as obras de Faulkner e da
Heming Way, (Hall, 2005).

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2.2.Mia Couto

António Emílio Leite Couto, mais conhecido por Mia Couto, nasceu a 5 de Julho de
1955 na cidade da Beira, cidade capital da província de Sofala em Moçambique, onde
fez os estudos primários. É filho de uma família de emigrantes portugueses. O pai,
Fernando Couto, natural de Rio Tinto, foi jornalista e poeta, pertencendo a círculos
intelectuais, tipo cineclubes, onde se faziam debates, (Appiah, 1997).

Chegou a escrever dois livros que demonstraram preocupação social em relação à


situação de conflito existente em Moçambique. Mia Couto publicou os seus primeiros
poemas no jornal Notícias da Beira, com 14 anos. Iniciava assim o seu percurso literário
dentro de uma área específica da literatura, a poesia, mas posteriormente viria a escrever
as suas obras em prosa. Em 1972 deixou a Beira e foi para Lourenço Marques (hoje
Maputo) para estudar medicina. A partir de 1974, com a revolução dos cravos do 25 de
Abril, enveredou pelo jornalismo, tornando-se, com a independência, repórter e director
da Agência de Informação de Moçambique (AIM), de 1976 a 1979; da revista semanal
Tempo, de 1979 a 1981, e do jornal Notícias, de 1981 a 1985. Em 1985 abandonou a
carreira, (Bhabha, 1998).

2.2.1.A extensa obra literária de Mia couto

Mia Couto tem uma obra literária extensa e diversificada, incluindo poesia, contos,
romance e crónicas, e é considerado como um dos escritores mais importante de
Moçambique, junto com Craveirinha (ao qual já dedicamos um depoimento da série
lusófona). As suas obras foram publicadas em mais de 22 países, e traduzidas em
alemão, francês, castelhano, catalão, inglês e italiano, Macedo, (2013).

Em muitas das suas obras dá um contributo significativo recriando a nossa língua


portuguesa internacional. Estilisticamente, a sua escrita está influenciada pelo realismo
mágico, um movimento popular nas literaturas latino-americanas modernas. Porém, por
ser africana a sua literatura, o termo “mágico” não aplica, sendo classificada como
Realismo Animista. O seu uso da linguagem faz lembrar o escritor João Guimarães
Rosa (de que tanto gostava o nosso Paz Andrade), mas também é influenciado pelo
grande escritor brasileiro Jorge Amado, a quem no seu dia também dedicámos um nosso
depoimento da série, (Chabai, 1994).

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Em meados dos anos oitenta Mia Couto estreou-se nos contos e numa nova maneira de
falar, ou “falinventar”, português, que continua a ser o seu “ex-libris”. Entre seus livros
de contos destacam Cada homem é uma raça (Caminho, 1990, e nona edição em 2005);
Estórias abensonhadas (Caminho, 1994, e sétima edição em 2003); Contos de nascer da
Terra (Caminho, 1997, e quinta edição em 2002) e O fio das Missangas (Caminho,
2004, e quarta edição em 2004).

Publicou também em livros algumas das suas crónicas, que continuam a ser coluna num
dos semanários publicados na capital moçambicana Maputo. Entre eles, Cronicando
(1988, e sétima edição em 2003) e O País de Queixa Andar (2003). Em 2009, a
Caminho publicou-lhe o intitulado E se Obama fosse Africano? E outras Intervenções.

Os seus romances são realmente lindos e interessantes. Terra Sonâmbula (Caminho,


1992, e oitava edição em 2004), está considerado como um dos doze melhores livros
africanos do século XX, (Chabai, 1994).

Mia Couto recebeu pela sua obra numerosos prémios, todos eles muito merecidos. Entre
eles, temos que destacar os seguintes: Nacional de Ficção da Associação de Escritores
Moçambicanos (1995), Vergílio Ferreira, pelo conjunto da sua obra (1999), Mário
António, por O último voo do flamingo (2001), União Latina de Literaturas Românicas
(2007), Passo Fundo Zaffari e Bourbon de Literatura (2007), Eduardo Lourenço (2012),
Camões (2013) e Neustadt International Prize for Literature (2014).

2.3.Considerações sobre a historiografia literária

Segundo Fonseca (2008), a historiografia literária teve início no ano de 1815, com a
publicação de História da literatura antiga e moderna, de Friedrich Schlegel. A
literatura, então, devia ser estudada no seu desenvolvimento orgânico, nas suas várias
épocas, procurando-se reconstituir a complexa interacção existente entre a herança e a
criatividade individual e relacionar os autores e as obras com os grandes movimentos
espirituais e culturais da sua época, com os acontecimentos políticos do seu tempo, com
a sociedade de que faziam parte, etc. (ibidem)

Ainda no século XIX, a historiografia literária avançou mantendo laços estreitos com a
filologia e com a história, principalmente com a disseminação dos ideais positivistas,
que apresentavam os fatos como garantia de objectividade para o estudo histórico da
literatura (Hall, 2005).

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No início do século XX, o conceito de história construído durante o romantismo entrou
em crise – e, com ele, também a historiografia literária. Novos movimentos, tais como o
formalismo russo, o new criticism norte-americano e a estilística “subestimaram a
diacronia, isto é, a perspectiva histórico - evolutiva na análise dos textos literários, [...]
valorizando a sincronia [...] [e] o estudo imanente dos textos, ou seja, o estudo dos
textos na sua estrutura formal e semântica [...]” (Macedo, 2013).

O estudo dos textos passou a prescindir, então, da biografia, da intenção do autor e da


investigação de suas fontes e influências, transcendendo as determinações históricas.
“Com efeito, o historiador literário trabalha com textos que, produzidos num dado
tempo histórico e marcados por esse mesmo tempo, transcendem, enquanto
monumentos artísticos, os limites e as características desse tempo histórico”. (ibidem,
grifo do autor)

Mais tarde, o aparecimento dos estudos semióticos, relevando a importância dos


sistemas e códigos na produção/recepção do texto literário, demarcaria um novo campo
de estudos imprescindível para a historiografia literária: Como se constituem esses
sistemas e códigos, que são entidades históricas? Como se modificam estas entidades no
fluir da história? Qual a origem e qual a evolução dos processos literários que, numa
determinada época, configuram a literariedade? Quais as articulações da semiose
literária com os sistemas de valores ideológicos e com o sistema social? (ibidem)

Essas são as perguntas que devem ser respondidas pela historiografia literária. Silva
(1990, p.28-9) lembra, porém, que os novos rumos da história literária não podem
deixar de considerar, também, a literatura como instituição, ou seja, como um fenómeno
composto de agentes (escritores, editores, divulgadores) e mecanismos de produção e
recepção (Bhabha, 1998).

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2.4.Breve história da literatura moçambicana

Os primeiros manuais de literaturas africanas de língua portuguesa tratavam da história


dessas literaturas sem considerar suas especificidades nacionais. É nesse sentido
generalizante, a fim de localizarmos a literatura moçambicana no contexto mais amplo
das literaturas africanas de língua portuguesa, que observaremos, inicialmente, a
proposta do escritor e crítico português Manuel Ferreira (1987), em Literaturas africanas
de expressão portuguesa (Fonseca, 2008).

Em seguida, examinaremos os trabalhos de autores que se voltam exclusivamente para a


literatura moçambicana. Dentre os poucos textos existentes no Brasil sobre a
historiografia literária de Moçambique, escolhemos fazer uma leitura comparativa das
propostas de Fátima Mendonça (1988), em Literatura moçambicana: a história e as
escritas; Manoel de Souza e Silva (1996), no seu livro Do alheio ao próprio: a poesia em
Moçambique; e de Pires Laranjeira (1995a e 2001), respectivamente, primeiro, no
capítulo intitulado “Moçambique: periodização”, em Literaturas africanas de língua
portuguesa, e, depois, no artigo “Mia Couto e as literaturas africanas de língua
portuguesa”.

É de notar que os textos são de natureza diversa: trata-se do livro de ensaios de Fátima
Mendonça; da tese de doutorado de Manuel de Souza e Silva; de um capítulo do manual
didáctico de Pires Laranjeira e de um artigo científico também de sua autoria. Todos os
textos, porém, tratam do mesmo problema: apresentar em linhas gerais a produção
literária de Moçambique.

2.5.Reflexões sobre a historiografia literária Moçambicana

Diante das colaborações dos diferentes pesquisadores para a construção de uma história
da literatura moçambicana, perguntamo-nos acerca da natureza da historiografia
literária: que conceitos ela deve desenvolver? Appiah (1997) colocam-se essa pergunta
em termos ainda mais essenciais:

Será possível escrever história literária, isto é, uma coisa que seja simultaneamente
literária e uma história? A maior parte das histórias da literatura [...] são ou histórias
sociais, ou histórias do pensamento enformado em literatura, ou impressões e juízos
acerca de obras específicas dispostas em ordem mais ou menos cronológica.

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As marcas recorrentes para delimitação dos períodos da literatura moçambicana, nos
autores estudados, são fatos de ordem histórica: a colonização, o assimilacionismo, a
negritude, a luta de libertação nacional, a independência; isso fica explícito nas
tentativas de nomear os diferentes períodos.

Termos como literatura colonial, literatura de combate/contestação/protesto, literatura


em liberdade ou “A pátria parida”, tal como os usam Manuel Ferreira, Frantz Fanon,
Mário Pinto de Andrade, Orlando Mendes e Manoel de Souza e Silva, pertencem ao
campo dos estudos sociais; embora esses influam directamente nas estruturas literárias,
pensamos que seria mais adequado nomear os períodos a partir de elementos internos da
literatura, Appiah (1997).

2.6.Consolidação da carreira literária

O romance Terra sonâmbulo (1992) foi eleito um dos melhores romances africanos do
século XX, numa votação de representantes do continente na Feira Internacional do
Livro de Zimbabwe. O livro, um dos mais conhecidos até hoje, alcançou a 7ª edição em
língua portuguesa logo no primeiro ano de lançamento e foi traduzido em várias línguas.
Esse romance revela sua qualidade literária, bem como projecta sua carreira de escritor
para outros países, dando visibilidade e afirmação às literaturas africanas. E, ainda, abre
espaço para novas construções que passam pelas situações ocorridas com a população
moçambicana e suas consequências aos habitantes.

Fonseca e Cury (2008), estudiosas da temática do autor, ressaltam que em Terra


Sonâmbula se privilegia tanto a oralidade quanto a palavra escrita e, pela memória, a
escrita pode ressignificar o local de pertença, factor determinante para que o sujeito
encontre suas origens:

(...) uma escrita transgressora, o diálogo com o universo da oralidade, a palavra escrita
ocupando papel de mediação e conservação das tradições e dos rituais das falas. Num
mundo que se fragmenta, palco de guerras e deslocamentos, descaracterizações, a
palavra escrita assume-se como local privilegiado de conservação e reinvenção da
memória. Além disso, ela, escrita, se converte em possibilidade de retomada do espaço
de pertença, de um espaço em que o homem possa se reconhecer (FONSECA; CURY,
2008).

Autor: Sergio A. Macore sergio.macore@gmail.com 846458829 - Pemba


3.Renovação Literária Luandino Vieira

3.1.José Luandino vieira

José Vieira Mateus da Graça, nome literário José Luandino Vieira, nasceu em 4 de Maio
de 1935, na Lagoa do Furadouro, em Ourém, Portugal. Passou a infância e a juventude
em Luanda, Angola, onde fez os estudos primários e secundários. É cidadão angolano
por sua militância pela independência de Angola, Fonseca (2008).

Como membro do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), Luandino


Vieira participou da luta armada de resistência contra Portugal, o que fez com que fosse
preso várias vezes pela PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado), a polícia
portuguesa, e condenado a 14 anos de prisão. Em 1964, foi transferido para o Campo de
Concentração do Tarrafal, na ilha de Santiago, arquipélago de Cabo Verde, onde passou
8 anos. Lá escreveu muitos de seus livros, dentre eles o Nós, os do Makusulu, publicado
só em 1974.

Regressou a Angola em 1975, após a Independência do país, agora denominado


República Popular de Angola. De 1975 a 1979, foi Director do Departamento de
Orientação Revolucionária do MPLA. Foi responsável pelo Instituto Angolano de
Cinema (1979-1984). É co - fundador da União dos Escritores Angolanos, de que foi
secretário-geral (1975-1980 e 1985-1992). Foi secretário-geral adjunto da Associação
dos Escritores Afro-Asiáticos (1979-1984) e é membro da Academia Angolana de
Letras. Actualmente, vive em Portugal, para onde retornou em 1992.

3.2.Literatura Angolana – Luanda

A literatura de Angola nasceu antes da Independência de Angola em 1975, mas o


projecto de uma ficção que conferisse ao homem africano o estatuto de soberania surge
por volta de 1950 gerando o movimento Novos Intelectuais de Angola. Depois de
passado a alegria dos primeiros anos da independência e depois do fracasso da
experiência socialista e de guerras civis devastadoras, acontece às injustiças do presente.
Tanto, porque, não havia competência para levar adiante a independência com certa
modernidade, Hall (2005).

Autor: Sergio A. Macore sergio.macore@gmail.com 846458829 - Pemba


A literatura de Angola muitas vezes versa temas como o preconceito, da dor causada
pelos castigos corporais, do sofrimento pela morte dos entes queridos, da exclusão
social. A palavra literária desempenhou em Angola um importante papel na superação
do estatuto de colónia. Presente nas campanhas libertadoras foi responsável por ecoar o
grito de liberdade de uma nação por muito tempo silenciado, mas nunca esquecido. O
angolano vive, por algum tempo, entre duas realidades, a sociedade colonial europeia e
a sociedade africana; os seus escritos são, por isso, os resultados dessa tensão existente
entre os dois mundos, um com escritos na nascente da realidade dialéctica, o outro com
traços de ruptura, Laranjeira (2019).

3.2.1.Breve Historial

A literatura angolana surgiu nos finais da primeira metade do século XX quando um


grupo de intelectuais decidiu rejeitar a influência europeia e ir à busca dos elementos
culturais africanos que servissem de base para essa nova literatura. Numa época em se
intensificava o regime colonial português em Angola, um grupo de jovens lançou-se ao
desafio de “descobrir Angola”.

Essa tomada de consciência por parte dos africanos acerca da sua própria identidade,
originou um novo movimento intelectual literário que teve como modelo a literatura
brasileira. Sendo uma literatura de contestação feita na clandestinidade e na guerrilha, as
obras literárias expressavam o desejo de liberdade, denunciavam os maus-tratos sofridos
e a discriminação, incentivando os africanos a lutarem contra o regime colonial.

3.2.2.Origem da literatura em Angola

Foi na primeira metade do século XIX que surgiram as primeiras publicações


“angolanas” que proporcionaram as condições necessárias para a manifestação do
fenómeno literário que teria lugar em Angola durante os últimos anos do século XIX.
Uma das publicações pertencentes a este período é o livro de poemas de José da Silva
Maia Ferreira, Espontaneidades da Minha Alma, que foi impresso em Luanda em 1849
e possivelmente constitui até hoje o primeiro volume de poemas publicados em todos os
países africanos de língua oficial portuguesa [cf.Hall, 2005].

1. O Almanach de Lembranças foi fundado em 1850, em Lisboa, e a sua


publicação estendeu-se até à década (...)

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2. José da Silva Maia Ferreira é, sem sombra de dúvida, elemento importante no
estudo do surgimento da literatura em Angola. Ele foi o primeiro poeta
“angolano” a publicar uma obra lírica em verso e, ao mesmo tempo, a primeira
obra impressa em Angola. Segundo alguns autores, as obras de Maia Ferreira
constituem o ponto de partida do estudo e desenvolvimento da literatura em
Angola [cf. Bhabha 1998].

Além de publicar Espontaneidades da Minha Alma, livro que ele dedicava a todas as
mulheres africanas, Carlos Ervedosa [1979: 19] considera que José da Silva Maia
Ferreira terá deixado vasta colaboração no Almanach de Lembranças Luso-Brasileiro,
que terá sido naquela altura a publicação periódica mais lida e espalhada entre os
portugueses, seus descendentes e nativos letrados das colónias, pelo mundo fora.

Segundo HALL [2005], José da Silva Maia Ferreira constitui um dos fenómenos típicos
de assimilação cultural do século XIX. Filho de comerciantes “angolanos” ligados ao
negócio de escravos, Maia Ferreira teria recebido influências da sociedade brasileira
onde viveu alguns anos até 1845, altura em que regressou para Angola. Da vasta leitura
que fazia, figuravam sobretudo obras de origem brasileira e portuguesa. Assim, ao
contribuir para a formação da literatura em Angola, fê-lo trazendo consigo elementos
tanto da literatura portuguesa como da brasileira.

3.2.3.Literatura e imprensa

Em Angola, a literatura esteve estreitamente ligada à imprensa; logo, não se pode falar
de literatura sem se falar também da imprensa e vice-versa. Estas (literatura e a
imprensa) caminharam juntas até ao século XX. Pedro Alexandrino da Cunha é
considerado o fundador da imprensa em Angola, pois sete dias depois da sua tomada de
posse no cargo de Governador-geral da província de Angola (6 de Setembro de 1845),
mandou imprimir o primeiro número do Boletim Oficial, no quadro da aplicação do
Decreto de 7 de Dezembro de 1836, que era considerado a Carta Orgânica para as
Colónias Portuguesas em África, FONSECA (2008).

O Boletim Oficial desempenhava as funções de um jornal rudimentar e a sua publicação


marcou o ponto de partida para o desenvolvimento do jornalismo em Angola. Segundo
Pepetela, foi também o primeiro difusor da literatura que se fazia, sobretudo em Luanda
e Benguela. Nesse jornal, publicavam-se “reportagens e anúncios, artigos e estudos

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tratando da política colonial ou religiosa, da economia da colónia, descrições das
viagens dos exploradores e textos em prosa e verso, mais propriamente literários”
[FONSECA, 2008

Segundo Júlio de Castro Lopo, podem considerar-se três períodos distintos do


jornalismo de Angola. O primeiro período começou a 13 de Setembro de 1845, com a
publicação do primeiro número do Boletim Oficial. O segundo período teve inicio com
o aparecimento da revista A Civilização da África Portuguesa (a 6 de Dezembro de
1866) e o terceiro período teve início a 16 de Agosto de 1923, com o início da edição do
diário A Província de Angola, por Adolfo Pina [HALL 2005].

3.2.4.Influência brasileira na literatura angolana

Nos anos 1950 e 1960, os poetas angolanos passaram por um processo de crescimento e
amadurecimento literário. Como já foi referenciado anteriormente, nessa época
começam a perder a influência da literatura europeia, ao mesmo tempo que passaram a
ser mais influenciados pela arte e letras brasileiras. Segundo Arlindo Barbeitos, “a
literatura brasileira desempenhou um papel importante na recusa da cultura portuguesa,
na medida que o Brasil sempre representou uma referência importante para os
angolanos de certa camada social” [HALL 2005].

As publicações brasileiras vinham normalmente do Brasil para Angola e muitos


angolanos preferiam a literatura brasileira à literatura portuguesa, como era o caso de
Arlindo Barbeitos, Mário Pinto de Andrade, Mário António, entre outros.

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Conclusão

É inegável que, na actualidade, Mia Couto e Luandino Vieira estão se destacado como
um dos principais nomes da literatura da língua portuguesa, com uma grande quantidade
de publicações e traduções e, principalmente, com aceitação de suas obras pelo público
leitor em diversos lugares do mundo. Mesmo que no início eles tenham enfrentado
algumas resistências, conseguiram consolidar suas carreiras como um escritor inovador
e versátil que transita entre diversos géneros narrativos com uma variedade ampla de
temáticas.

A proposta literária de Mia Couto, ao dar voz aos personagens, possibilita que sejam
ouvidas vozes que durante muito tempo em África foram reprimidas pela história,
porém, hoje, essas mesmas vozes ganham lugar de destaque na ficção. Conforme
evidenciam Fonseca e Cury, “o discurso da história, pois, ficcionalizado, faz emergir os
discursos de memórias que foram silenciadas, que permanecem sem registo factual, mas
que recebem vida e brilho no espaço da ficção”.

Como um autor contemporâneo e inserido nesse universo cultural e social, Luandino


Vieira trata de temas relevantes e actuais, tocando, em alguns momentos, na fragilidade
e deficiências da reestruturação de um país marcado pela dominação e pela exclusão.
Porém, mesmo dentro desse contexto da crítica pós-colonial, ele contempla tanto
questões locais quanto universais, como salientam as pesquisadoras: “profundamente
local africana, do Terceiro Mundo, profundamente universal no tratamento dos temas,
dos sempre mesclados espaços de produção de cultura”.

Na contemporaneidade, percebe-se que as literaturas de língua portuguesa pós-coloniais


ganharam destaque e ampliaram no Brasil e em outros países a diversidade de autores
africanos. A partir das últimas décadas, foi possível verificar que a ficção trouxe
diferentes questões que envolvem aspectos relevantes no campo histórico, político,
social e cultural, aproximando-se mais ainda de países que também passaram pelo
processo de colonização.

Esses factores podem ser observados na literatura moçambicana e Angola, que tem seu
expoente maior no escritor Mia Couto e Luandino Vieira.

Autor: Sergio A. Macore sergio.macore@gmail.com 846458829 - Pemba


Bibliografias

APPIAH, Kwame Anthony (1997). Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura.
Rio de Janeiro.

BHABHA, Homi K, (1998). O local da cultura. Belo Horizonte – Brasil.

MÂCEDO, Tania (2013). Mia Couto: um convite à diferença. São Paulo – Brasil.

CHABAL, Patrick (1994). Vozes moçambicanas: literatura e nacionalidade. Lisboa –


Portugal.

FONSECA, (2008) Maria Nazareth; CURY, Maria Zilda. F. Mia Couto: espaços
ficcionais. São Paulo – Brasil.

HALL, Stuart (2005). A identidade cultural na pós-modernidade. 10.ed. Rio de Janeiro:


DP&A Editora – Brasil.

LARANJEIRA, José Pires. Mia Couto, o escritor improvável. Disponível em: <
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Acesso em 28 de jul. de 2019.

Autor: Sergio A. Macore sergio.macore@gmail.com 846458829 - Pemba

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