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1.INTRODUÇÃO..............................................................................................................4
1.1.Objectivos do Trabalho............................................................................................5
1.1.1.Objectivo Geral.................................................................................................5
1.1.2.Objectivos específicos.......................................................................................5
1.2.Metodologias...........................................................................................................5
2.Revisão de Literatura......................................................................................................6
2.1.Renovação Literária.................................................................................................6
2.2.Mia Couto................................................................................................................7
2.2.1.A extensa obra literária de Mia couto...............................................................7
2.3.Considerações sobre a historiografia literária..........................................................8
2.4.Breve história da literatura moçambicana.............................................................10
2.5.Reflexões sobre a historiografia literária moçambicana........................................10
2.6.Consolidação da carreira literária..........................................................................11
3.Renovação Literária Luandino Vieira..........................................................................12
3.1.José Luandino vieira..............................................................................................12
3.2.Literatura Angolana – Luanda...............................................................................12
3.2.1.Breve Historial................................................................................................13
3.2.2.Origem da literatura em Angola......................................................................13
3.2.3.Literatura e imprensa.......................................................................................14
3.2.4.Influência brasileira na literatura angolana.....................................................15
Conclusão........................................................................................................................16
Bibliografias....................................................................................................................17
O presente trabalho de pesquisa tem como tema ‘’A Renovação Literária: Mia Couto
e Renovação Literária: José Luandino Vieira’’. As obras de ficção são, em vasta
medida, responsáveis pela formação da imaginação moral de um povo. Hoje, em todo
mundo, é recorrente ouvirmos que as crises económicas e política provém de uma crise
moral generalizada. Isso tem uma boa dose de verdade. Devemos observar, portanto, o
que tem alimentado o imaginário do mundo para que tenha se acostumado a um padrão
moral tão baixo: novelas e programas de TV que, quando não seguem a linha
politicamente correcta, caem num barbarismo grotesco.
Mas o problema não para por aí: de repente, escritores capazes de produzir alta
literatura sumiram do cenário cultural. Se entre aqueles que deveriam honrar o idioma
de Camões – tecendo palavras que nos sirvam como uma janela para o mundo, vasto
mundo – só encontramos papagaios ideológicos que sequer dominam o português culto,
o que se poderá esperar dos autores de folhetins? A literatura da língua portuguesa
precisa ressurgir para que o ambiente cultural e moral do país seja reconstruído.
Os autores modernos não fundaram propriamente uma nova escola literária, com regras
rígidas. Pelo contrário, desvincularam-se das teorias das escolas anteriores e procuraram
transmitir as suas emoções, os factos da vida actual e a realidade do país de uma forma
livre e descomprometida. No resto do mundo a literatura tinha acompanhado, desde o
princípio do século. Mas foi principalmente a partir da 1º Guerra Mundial que se
verifica a grande revolução da poesia, especialmente no romance: a criação literária
volta-se para a exploração de mim, isto é para as vivências e impressões possuais do
autor.
1.1.1.Objectivo Geral
1.1.2.Objectivos específicos
1.2.Metodologias
Para elaboração deste trabalho foi feito uma revisão bibliográfica. Onde foi usado o
método indutivo, que é um método responsável pela generalização, isto é, partimos de
algo particular para uma questão mais ampla, mais geral.
Para Lakatos e Marconi (2007), Indução é um processo mental por intermédio do qual,
partindo de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral
ou universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objectivo dos argumentos
indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das
premissas nas quais nos baseia-mos.
2.1.Renovação Literária
Os autores modernos não fundaram propriamente uma nova escola literária, com regras
rígidas. Pelo contrário, desvincularam-se das teorias das escolas anteriores e procuraram
transmitir as suas emoções, os factos da vida actual e a realidade do país de uma forma
livre e descomprometida, Hall (2005).
No resto do mundo a literatura tinha acompanhado, desde o princípio do século. Mas foi
principalmente a partir da 1º Guerra Mundial que se verifica a grande revolução da
poesia, especialmente no romance: a criação literária volta-se para a exploração de eu,
isto é para as vivências e impressões possuais do autor, (Laranjeira, 2019).
Outros autores seguiram rumos semelhantes, como Virgínia Woolf, uma novelista de
profunda sensibilidade, Kalka cuja obra é marcada pela angústia e pelo absurdo, ou
Thomas Mann, que abordou os grandes dramas da condição humana. O romance realista
também se desenvolveu quer na URSS. Onde se impôs, a partir de Gorky, o realismo
socialistas – quer nos Estados Unidos da América, com as obras de Faulkner e da
Heming Way, (Hall, 2005).
António Emílio Leite Couto, mais conhecido por Mia Couto, nasceu a 5 de Julho de
1955 na cidade da Beira, cidade capital da província de Sofala em Moçambique, onde
fez os estudos primários. É filho de uma família de emigrantes portugueses. O pai,
Fernando Couto, natural de Rio Tinto, foi jornalista e poeta, pertencendo a círculos
intelectuais, tipo cineclubes, onde se faziam debates, (Appiah, 1997).
Mia Couto tem uma obra literária extensa e diversificada, incluindo poesia, contos,
romance e crónicas, e é considerado como um dos escritores mais importante de
Moçambique, junto com Craveirinha (ao qual já dedicamos um depoimento da série
lusófona). As suas obras foram publicadas em mais de 22 países, e traduzidas em
alemão, francês, castelhano, catalão, inglês e italiano, Macedo, (2013).
Publicou também em livros algumas das suas crónicas, que continuam a ser coluna num
dos semanários publicados na capital moçambicana Maputo. Entre eles, Cronicando
(1988, e sétima edição em 2003) e O País de Queixa Andar (2003). Em 2009, a
Caminho publicou-lhe o intitulado E se Obama fosse Africano? E outras Intervenções.
Mia Couto recebeu pela sua obra numerosos prémios, todos eles muito merecidos. Entre
eles, temos que destacar os seguintes: Nacional de Ficção da Associação de Escritores
Moçambicanos (1995), Vergílio Ferreira, pelo conjunto da sua obra (1999), Mário
António, por O último voo do flamingo (2001), União Latina de Literaturas Românicas
(2007), Passo Fundo Zaffari e Bourbon de Literatura (2007), Eduardo Lourenço (2012),
Camões (2013) e Neustadt International Prize for Literature (2014).
Segundo Fonseca (2008), a historiografia literária teve início no ano de 1815, com a
publicação de História da literatura antiga e moderna, de Friedrich Schlegel. A
literatura, então, devia ser estudada no seu desenvolvimento orgânico, nas suas várias
épocas, procurando-se reconstituir a complexa interacção existente entre a herança e a
criatividade individual e relacionar os autores e as obras com os grandes movimentos
espirituais e culturais da sua época, com os acontecimentos políticos do seu tempo, com
a sociedade de que faziam parte, etc. (ibidem)
Ainda no século XIX, a historiografia literária avançou mantendo laços estreitos com a
filologia e com a história, principalmente com a disseminação dos ideais positivistas,
que apresentavam os fatos como garantia de objectividade para o estudo histórico da
literatura (Hall, 2005).
Essas são as perguntas que devem ser respondidas pela historiografia literária. Silva
(1990, p.28-9) lembra, porém, que os novos rumos da história literária não podem
deixar de considerar, também, a literatura como instituição, ou seja, como um fenómeno
composto de agentes (escritores, editores, divulgadores) e mecanismos de produção e
recepção (Bhabha, 1998).
É de notar que os textos são de natureza diversa: trata-se do livro de ensaios de Fátima
Mendonça; da tese de doutorado de Manuel de Souza e Silva; de um capítulo do manual
didáctico de Pires Laranjeira e de um artigo científico também de sua autoria. Todos os
textos, porém, tratam do mesmo problema: apresentar em linhas gerais a produção
literária de Moçambique.
Diante das colaborações dos diferentes pesquisadores para a construção de uma história
da literatura moçambicana, perguntamo-nos acerca da natureza da historiografia
literária: que conceitos ela deve desenvolver? Appiah (1997) colocam-se essa pergunta
em termos ainda mais essenciais:
Será possível escrever história literária, isto é, uma coisa que seja simultaneamente
literária e uma história? A maior parte das histórias da literatura [...] são ou histórias
sociais, ou histórias do pensamento enformado em literatura, ou impressões e juízos
acerca de obras específicas dispostas em ordem mais ou menos cronológica.
O romance Terra sonâmbulo (1992) foi eleito um dos melhores romances africanos do
século XX, numa votação de representantes do continente na Feira Internacional do
Livro de Zimbabwe. O livro, um dos mais conhecidos até hoje, alcançou a 7ª edição em
língua portuguesa logo no primeiro ano de lançamento e foi traduzido em várias línguas.
Esse romance revela sua qualidade literária, bem como projecta sua carreira de escritor
para outros países, dando visibilidade e afirmação às literaturas africanas. E, ainda, abre
espaço para novas construções que passam pelas situações ocorridas com a população
moçambicana e suas consequências aos habitantes.
(...) uma escrita transgressora, o diálogo com o universo da oralidade, a palavra escrita
ocupando papel de mediação e conservação das tradições e dos rituais das falas. Num
mundo que se fragmenta, palco de guerras e deslocamentos, descaracterizações, a
palavra escrita assume-se como local privilegiado de conservação e reinvenção da
memória. Além disso, ela, escrita, se converte em possibilidade de retomada do espaço
de pertença, de um espaço em que o homem possa se reconhecer (FONSECA; CURY,
2008).
José Vieira Mateus da Graça, nome literário José Luandino Vieira, nasceu em 4 de Maio
de 1935, na Lagoa do Furadouro, em Ourém, Portugal. Passou a infância e a juventude
em Luanda, Angola, onde fez os estudos primários e secundários. É cidadão angolano
por sua militância pela independência de Angola, Fonseca (2008).
3.2.1.Breve Historial
Essa tomada de consciência por parte dos africanos acerca da sua própria identidade,
originou um novo movimento intelectual literário que teve como modelo a literatura
brasileira. Sendo uma literatura de contestação feita na clandestinidade e na guerrilha, as
obras literárias expressavam o desejo de liberdade, denunciavam os maus-tratos sofridos
e a discriminação, incentivando os africanos a lutarem contra o regime colonial.
Além de publicar Espontaneidades da Minha Alma, livro que ele dedicava a todas as
mulheres africanas, Carlos Ervedosa [1979: 19] considera que José da Silva Maia
Ferreira terá deixado vasta colaboração no Almanach de Lembranças Luso-Brasileiro,
que terá sido naquela altura a publicação periódica mais lida e espalhada entre os
portugueses, seus descendentes e nativos letrados das colónias, pelo mundo fora.
Segundo HALL [2005], José da Silva Maia Ferreira constitui um dos fenómenos típicos
de assimilação cultural do século XIX. Filho de comerciantes “angolanos” ligados ao
negócio de escravos, Maia Ferreira teria recebido influências da sociedade brasileira
onde viveu alguns anos até 1845, altura em que regressou para Angola. Da vasta leitura
que fazia, figuravam sobretudo obras de origem brasileira e portuguesa. Assim, ao
contribuir para a formação da literatura em Angola, fê-lo trazendo consigo elementos
tanto da literatura portuguesa como da brasileira.
3.2.3.Literatura e imprensa
Em Angola, a literatura esteve estreitamente ligada à imprensa; logo, não se pode falar
de literatura sem se falar também da imprensa e vice-versa. Estas (literatura e a
imprensa) caminharam juntas até ao século XX. Pedro Alexandrino da Cunha é
considerado o fundador da imprensa em Angola, pois sete dias depois da sua tomada de
posse no cargo de Governador-geral da província de Angola (6 de Setembro de 1845),
mandou imprimir o primeiro número do Boletim Oficial, no quadro da aplicação do
Decreto de 7 de Dezembro de 1836, que era considerado a Carta Orgânica para as
Colónias Portuguesas em África, FONSECA (2008).
Nos anos 1950 e 1960, os poetas angolanos passaram por um processo de crescimento e
amadurecimento literário. Como já foi referenciado anteriormente, nessa época
começam a perder a influência da literatura europeia, ao mesmo tempo que passaram a
ser mais influenciados pela arte e letras brasileiras. Segundo Arlindo Barbeitos, “a
literatura brasileira desempenhou um papel importante na recusa da cultura portuguesa,
na medida que o Brasil sempre representou uma referência importante para os
angolanos de certa camada social” [HALL 2005].
É inegável que, na actualidade, Mia Couto e Luandino Vieira estão se destacado como
um dos principais nomes da literatura da língua portuguesa, com uma grande quantidade
de publicações e traduções e, principalmente, com aceitação de suas obras pelo público
leitor em diversos lugares do mundo. Mesmo que no início eles tenham enfrentado
algumas resistências, conseguiram consolidar suas carreiras como um escritor inovador
e versátil que transita entre diversos géneros narrativos com uma variedade ampla de
temáticas.
A proposta literária de Mia Couto, ao dar voz aos personagens, possibilita que sejam
ouvidas vozes que durante muito tempo em África foram reprimidas pela história,
porém, hoje, essas mesmas vozes ganham lugar de destaque na ficção. Conforme
evidenciam Fonseca e Cury, “o discurso da história, pois, ficcionalizado, faz emergir os
discursos de memórias que foram silenciadas, que permanecem sem registo factual, mas
que recebem vida e brilho no espaço da ficção”.
Esses factores podem ser observados na literatura moçambicana e Angola, que tem seu
expoente maior no escritor Mia Couto e Luandino Vieira.
APPIAH, Kwame Anthony (1997). Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura.
Rio de Janeiro.
MÂCEDO, Tania (2013). Mia Couto: um convite à diferença. São Paulo – Brasil.
FONSECA, (2008) Maria Nazareth; CURY, Maria Zilda. F. Mia Couto: espaços
ficcionais. São Paulo – Brasil.
LARANJEIRA, José Pires. Mia Couto, o escritor improvável. Disponível em: <
http://www.revistas2.uepg.br/index.php/muitasvozes/article/view/3601>.
Acesso em 28 de jul. de 2019.