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LUANDA, ANGOLA
MAIO 2022
Autor: Sergio Alfredo Macore, 846458829 – Pemba Mozambique Pá gina 1
SÉRGIO ALFREDO MACORE
LUANDA, ANGOLA
MAIO 2022
Autor: Sergio Alfredo Macore, 846458829 – Pemba Mozambique Pá gina 2
ÍNDICE
1.Introdução................................................................................................................................3
1.1.Objetivos...........................................................................................................................4
1.1.1.Objectivo geral...........................................................................................................4
1.1.2.Objectivos específicos...............................................................................................4
2.Metodologia.............................................................................................................................4
3.Enquadramento teórico............................................................................................................6
3.1Amostra Representativa das sociedades africanas.............................................................6
3.1.1.Conceitos gerais.........................................................................................................6
3.1.2.Filosofia Política e Ciência Política Comparada.......................................................6
3.1.3.Dois tipos de sistemas políticos estudados................................................................6
3.1.4.Parentesco na organização política............................................................................7
3.1.5.Influência da Demografia..........................................................................................7
3.1.6.Influência dos meios de subsistência.........................................................................8
3.2.Sistemas políticos compostos e a teoria da conquista.......................................................8
3.2.1.Aspecto territorial......................................................................................................9
3.3.Equilíbrio de forças no sistema político............................................................................9
3.4.A África do Sul independente: segregação, Apartheid e transição pactuada (1910-1994)
...............................................................................................................................................10
4.Evolução política interna: de Mandela a Zuma.....................................................................11
5.1.Antecedentes...................................................................................................................14
5.2.Desdobramentos..............................................................................................................15
6.Dados básicos e evolução política da África do Sul..............................................................16
6.1.História............................................................................................................................16
6.2.Evolução política............................................................................................................16
Conclusão..................................................................................................................................18
Bibliografias..............................................................................................................................20
Um dos objetivos do estudo sintetizado nessa obra é oferecer ao leitor material de consulta, o
qual contribua diretamente para a política comparada. Os autores afirmam que essa primeira
proposta foi alcançada, devido ao fato de que as sociedades descritas na obra são
representativas, e demonstram os tipos comuns dos sistemas políticos africanos, que em
conjunto demonstram toda sua variedade. O autor reconhece a impossibilidade de abordar
todos os sistemas políticos do continente, entretanto, afirma que foi possível pelo menos se
chegar aos princípios norteadores da organização política africana.
A secular história de segregação, opressão e exploração da maioria nativa, todavia, está longe
de ser encerrada. A África do Sul possui um caráter único, diferente das demais colônias
tradicionais, e o dilema classe ou raça, que marcou o movimento de libertação, aqui, se revela
decisivo. A transição à democracia foi pactuada porque, se de um lado o regime racista do
Apartheid se encontrava enfraquecido ao final da Guerra Fria, o movimento de oposição
liderado pelo CNA também, devido à radical transformação da ordem internacional.
1.1.1.Objectivo geral
Este trabalho buscou realizar um resgate histórico do processo referente o Sistema Politico da
África do Sul, desde a instauração do regime de segregação racial conhecido como apartheid
até a queda do mesmo, para análise da atual situação, barreiras e perspectivas para o
desenvolvimento futuro do país.
1.1.2.Objectivos específicos
Realizar uma revisão histórica da trajetória do sistema político da África do Sul, desde
a época da instauração do regime do apartheid até às mudanças decorrentes de sua
queda;
Avaliar o papel da África do Sul dentro da SADC e os desafios desta para implantação
em busca do desenvolvimento da região;
Mostrar a evolução histórica das relações da África do Sul no contexto politica.
2.Metodologia
Desta maneira, a presente trabalho buscou fazer um resgate através da compilação de fatos
pesquisados, com o objetivo não de quantificar dados, mas de qualificar o entendimento do
processo histórico como um todo. Importante ressaltar que não foi considerado objetivo desta
pesquisa a realização de minúcias sobre: conflitos políticos ocorridos entre a RAS e outros
países do continente africano. Para que fosse facilitada a leitura, fatos cujo detalhamento não
foi considerado essencial foram mencionados no decorrer do texto, mas não tiveram
prolongada explicação.
3.1.1.Conceitos gerais
Ao longo do livro definem-se oito diferentes sistemas políticos, que estão largamente
difundidos ao longo do território africano. São eles os Zulo, Nwgato, Bemba, Banyankole,
Kede, Banto de Kavirondo, Tallensi e os Nuer. Diante das similaridades encontradas entre
esses povos, os autores ressaltam, que não querem sugerir que sistemas políticos de
sociedades que possuem um alto grau de similaridades são do mesmo tipo. Na verdade,
afirmam que mesmo em uma determinada área cultural e linguística é possível encontrar
sistemas políticos distintos.
Da mesma forma que o inverso também seja possível. Dessa forma, pode haver um conteúdo
cultural totalmente diferente em processos sociais com funções idênticas. O que pode ser
ilustrado claramente na ideologia ritual na organização política africana. Se atribuem valores
místicos aos cargos políticos entre os Bemba, os Banyankole, os Kede e os Tallensi, porém,
os símbolos e instituições expressos são muito diferentes entre sí.
Nesta parte do texto os autores tecem uma crítica a Filosofia Política, argumentando que a
disciplina pouco contribui para entender as sociedades que tem estudado. A disciplina estaria
mais interessada em como deveria viver a sociedade e que tipo de governo deveria ter, ao
invés de conhecer quais são realmente seus hábitos políticos e institucionais, através de dados
empíricos. Entretanto, eles não desconsideram totalmente as contribuições dos filósofos,
quando propõem que o estudo das instituições políticas deve ser tanto indutivo quanto
comparativo, e seu único fim deve ser de estabelecer e explicar as uniformidades encontradas
entre estas e sua interdependência com outros aspetos da organização social.
3.1.5.Influência da Demografia
Nesta parte do texto os autores iniciam apresentando o fato de que as sociedades que se
organizam ao redor do Estado são numericamente maiores das que não o possuem. Entretanto
afirmam que não é sua intenção estabelecer a relação de que uma unidade política sem Estado
seja propriamente pequena, a exemplo dos Nuer que no período possuíam mais de 45 mil
habitantes. Também não estabelecem que uma unidade estatal seja majoritariamente muito
A questão central levantada pelos autores nesse tópico consiste em, até que ponto a
heterogeneidade cultural em uma sociedade se correlaciona com um sistema administrativo e
a autoridade central? Os autores sugerem de acordo com a investigação que é apresentada no
livro, que a heterogeneidade cultural e econômica são associadas a uma estrutura política
semelhante a estatal. A autoridade centralizada e a organização administrativa parecem ser
necessárias para acomodar grupos culturalmente diversos dentro de um mesmo sistema
político, especialmente se eles possuem meios de subsistência diferentes.
Porém a existência de grupos muito diversos pode resultar em um sistema de extratos sociais
e castas. Todavia, mais uma vez utilizando os Nuer como exemplo, os autores demonstram
que um governo altamente centralizado não é obrigatória para comportar grupos diversos,
uma vez que eles absorveram grande parte dos Dinka conquistados, o que não resultou em um
possível sistema de castas. Dessa forma, desse se levar outros fatores em consideração, como
o modo de conquista, como ocorreu o contato entre os povos, as semelhanças e divergências
culturais que existem, etc.
Nas sociedades descritas nesse livro, os sistemas políticos possuem uma dimensão territorial.
Porém sua função é diferente de acordo com os tipos de organização politica. Sua diferença
de deve a existência de um aparato judicial e administrativo em uma e a inexistência em outra.
Nas sociedades pertencentes ao grupo “A” sua unidade administrativa e uma unidade
territorial. O chefe é a cabeça administrativa e os que estão sobre o seu comando e definido
através das fronteiras. Nas sociedades pertencentes ao grupo “B” não existe uma cabeça
administrativa responsável por um território, são comunidades locais cuja extensão
correspondem aos laços da linhagem e da cooperação direta.
Os autores finalizam ressaltando que as relações políticas não são apenas o reflexo das
relações territoriais. O sistema político, por direito próprio, incorpora as relações territoriais e
lhes aplicam determinado tipo de significação política.
Um sistema político africano que seja relativamente estável apresenta um equilíbrio entre as
tendências conflitivas e os interesses divergentes. No grupo “A” se trata de um balanço entre
as diferentes partes da organização administrativa. As foças que mantem o poder do máximo
dirigente se opões as que atuam como freios de seus poderes. O equilíbrio entre a autoridade
central e a autonomia regional é um elemento muito importante na estrutura política. Se um
rei abusa do seu poder, parte dos seus subordinados tomarem medidas separatistas, se um
chefe subordinado se mostra demasiadamente poderoso, cabe ao poder central organizar os
demais chefes para que se volte contra o outro, etc.
A transição do regime do Apartheid a um regime democrático na África do Sul não foi dos
mais pacíficos, mas pode ser considerado como um grande momento político. O governo
democrático que assumiu o poder em 1994 teve que lidar com uma situação bastante
complexa. Se por um lado herdou a mais desenvolvida das economias africanas, com uma
moderna infraestrutura, por outro, herdou também grandes problemas socioeconômicos,
incluindo um alto nível de desemprego, índices alarmantes de pobreza, alta concentração de
renda, além de intensa violência.
A África do Sul viveu uma relação peculiar entre poder, terra e trabalho. O poder colonial no
país se deu basicamente de três maneiras. Primeiramente, criou estruturas políticas e
econômicas que permitiram a superioridade dos colonizadores em relação às populações
nativas.
A economia sul-africana foi sustentada pela escravidão e servidão por 250 anos e pela
discriminação e exploração por outros 100 anos. Os colonizadores holandeses instituíram um
sistema mercantil entre os séculos XVII e XVIII, e os britânicos o sistema capitalista no
século XIX. O novo sistema introduzido pelos britânicos destruiu as bases do sistema
mercantil e os tradicionais padrões dos colonizadores boers. Com a descoberta de ouro (1866)
e de diamantes (1867), o colonialismo britânico passou a ser mais agressivo e abrangente.
A dominação britânica foi sucedida por uma espécie de “colonialismo interno” com o controle
político dos afrikaners, que criou um sistema de opressão institucionalizada contra a maioria
negra e, em menor medida, mestiça e asiática, que foi tolerada pelo Ocidente durante a Guerra
Fria. Dezesseis anos após a transição democrática na África do Sul, o mais importante desafio
Com a Lei de Registro da População, as famílias poderiam ser dívidas e parentes transferidos
ao serem classificadas em categorias distintas. Foram abertos inúmeros processos com vistas à
“reclassificação”. O sofrimento do povo sul-africano foi subserviente à ordem que o Partido
Nacional pretendia impor sobre a terra e ao objetivo de controlar a grande maioria dos
africanos dentro dos centros urbanos. Em parte, como forma de minimizar a oposição ao
projeto que se estabelecia, em parte, como reação às tendências internacionais dos primeiros
anos da Guerra Fria, o governo também agiu contra o Partido Comunista Sul-Africano
(SACP) e contra uma série de outras organizações ao aprovar a Lei de Repressão ao
Comunismo em 1950.
O final da Guerra Fria gerou mudanças substanciais que incidiram sobre a capacidade de
desenvolvimento de muitos Estados a partir da reorganização econômica mundial, conduzida
pela lógica da globalização. Entretanto, alguns processos políticos altamente positivos foram
gestados, a exemplo da desativação do regime do Apartheid na África do Sul, como
mencionado acima. Curiosamente, o fim da bipolaridade seria o ponto culminante da crise do
Apartheid, abrindo espaço para uma transição negociada, embora extremamente difícil rumo à
Entre eles, a previsão de eleições gerais em março e abril de 1994. Em junho de 1993, o
conselho de negociação concordou com a realização de eleições nas quais os negros teriam
direito ao voto. Dessa forma, houve a instituição de uma Constituição interina, de um ato
eleitoral e a eliminação das leis do Apartheid.
As eleições de 1994 foram um marco – pela primeira vez, negros, mestiços e indianos teriam
direito ao voto, o que, evidentemente, aumentou consideravelmente o número de eleitores.
Todavia, a nova experiência não se desenvolveu sem problemas. Os eleitores e,
principalmente, a população da área rural, tiveram que passar por um processo educativo para
entender o funcionamento das urnas e para poder acreditar que não haveria mais a intervenção
dos empregadores, que antes manipulavam as eleições em determinadas regiões. Quase 20
milhões de votos foram computados, dando a vitória ao CNA de Nelson Mandela. Concluído
o processo eleitoral, formou-se o Governo de Unidade Nacional (GNU), com a tarefa de
conduzir o processo de reorganização do país, ao qual se aliaram representantes de diversos
partidos.
Apesar das metas ambiciosas desse programa não terem alcançado o sucesso pretendido,
chamaram atenção para a possibilidade de investimentos no país. Em 1996, uma nova
estratégia foi introduzida pelo governo sul-africano – Crescimento, Emprego e Redistribuição
(GEAR) – com a proposta de crescimento econômico de 6% por ano, criação de mais de 1,3
milhões de novos empregos fora da agricultura, crescimento em média de 11% na exportação
de manufaturados e de 12% na taxa de investimento real. A introdução do GEAR foi cheio de
controvérsias e, em 1997, uma conferência do CNA estabeleceu as diretrizes da nova política.
Houve, nesse momento, enorme dificuldade para alterar a estrutura socioeconômica, com suas
formas particulares e impessoais de marginalização, em função dos interesses nacionais e
internacionais a ela vinculados. A mudança nas práticas de emprego, por exemplo, chocou-se
com a resistência do setor de negócios. De qualquer forma, em 1998 foi instituído um ato de
igualdade e empregabilidade cujo objetivo era garantir condições iguais de contratação para
grupos historicamente discriminados. Esse acto proibia discriminações injustas, bem como
definia os critérios de recrutamento e processos de seleção, além de salários, treinamento,
metas de desempenho, promoções e questões disciplinares.
5.Ano de 1994
5.1.Antecedentes
O sistema de apartheid foi tornando-se cada vez menos aceito pela comunidade internacional
com o passar das décadas, conduzindo a África do Sul à sua paulatina exclusão, muitas vezes
por vontade própria, da participação em foros multilaterais. Dois marcos notáveis desta
tendência sul-africana são os anos de 1961, quando o país se retirou da Commonwealth
Britânica, e 1974, com o encerramento da África do Sul na Assembléia-Geral da ONU. O
início da década de 1990 foi marcado pela abertura da África do Sul.
Frederik Willem de Klerk, durante seu mandato (1989-1994), foi responsável pela abolição do
regime do apartheid ao promulgar uma Constituição (1993) que determinava sufrágio na base
de “uma pessoa, um voto”. De Klerk foi além na abertura política, libertando o líder político
Nelson Mandela, em 1990, e iniciando um diálogo com seu partido, a ANC, no mesmo ano.
Quando das eleições presidenciais, o último presidente da era do apartheid declarou que se
sentia gratificado por ter colocado em operação seu plano de poder compartilhado. “Minha
5.2.Desdobramentos
As eleições de abril de 1994 abriram um grande leque de novas perspectivas para a África do
Sul, refletidas em um grande otimismo tanto no plano doméstico quanto no âmbito externo: o
novo governo sul-africano era então “saudado em todo o mundo como a vitória da razão sobre
a opressão”.
O país, antes considerado Estado-pária por suas práticas segregacionistas que nadavam contra
a maré mundial, passou a ser cortejado pelos quatro cantos e prontamente estabeleceu uma
linha ativa e inclusiva de política externa – em contraste com os anos de apartheid. Mandela,
portanto, normalizou as relações internacionais do país, fazendo com que a nação sul-africana
fosse readmitida na Assembléia-Geral das Nações Unidas e na Commonwealth Britânica.
Além disso, o presidente recém-eleito conseguiu imediata admissão na Organização da
Unidade Africana (OUA), na Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC,
Southern African Development Community) e retomou relações bilaterais com uma série de
Estados. Tal sucessão de medidas foi essencial para a reinserção da África do Sul nos debates
internacionais, por um lado, e pela tentativa de retorno sul-africano à posição de liderança
regional. O rumo a um Estado plenamente democrático foi igualmente trilhado pela adoção de
uma nova Constituição, em 1997, tida como uma das cartas mais progressistas em vigor e
recebendo enorme reconhecimento internacional.
Todos esses fatos constituem o lado positivo da ascensão de Mandela ao poder. Houve, no
entanto, pontos negativos: os primeiros anos da “nação arco-íris”, conforme denominação do
próprio governo sul-africano, foram marcados pela disseminação da violência política,
refletida no aumento considerável de assaltos pessoais, depredação de táxis, seqüestros e
crimes de colarinho branco. O controlo do desemprego também coloca-se como desafio
premente às autoridades da África do Sul.
Em 1999, Thabo Mbeki é eleito presidente sob uma aura de continuidade das políticas
satisfatórias adotadas pelo governo anterior, do qual o próprio Mbeki foi um dos principais
IDIOMA: Existem 11 idiomas oficiais: africâner, inglês, ndebele, xhosa, zulu, soto do norte,
soto do sul, tswana, suázi, venda e tsonga. RELIGIÃO: Maiorias cristã, mas também são
professadas religiões tradicionais africanas e existe uma minoria hindu e muçulmana.
6.1.História
A África do Sul alcançou sua independência em 1961 e o Partido Nacional africâner (PN), no
poder desde 1948, exercia uma política de segregação racial durante o regime de Pieter Botha
até a chegada à presidência de Frederik de Klerk em 1989. Esta política de discriminação
levou a ONU a proibir, em 1961, a venda de armas à África do Sul, e em 1971 a condenou de
forma explícita. A Comunidade Europeia se somou em 1986 a este isolamento com sanções
econômicas que se prolongaram até abril de 1991.
Em junho do mesmo ano, o parlamento votou o fim da segregação racial e De Klerk anunciou
a abertura de conversas para a transição a uma democracia completa em um fórum
multilateral (CODESA), o que rompeu com o boicote econômico da comunidade
internacional. No entanto, o fim da segregação racial não acabou com as lutas tribais nas
zonas de influência zulu e nos subúrbios das grandes cidades, razão pela qual Mandela e o
chefe do movimento zulu Inkatha, Mangosuthu Buthelezi, se reuniram em 29 de janeiro de
1991 em Durban para abordar a violência nos povoados e bairros negros.
No final das contas, foi De Klerk quem conseguiu, em fevereiro de 1993, um acordo com
Mandela para a realização de eleições em 1994 e a formação de um governo de união
nacional durante cinco anos; conquista pela qual ambos foram agraciados com o Nobel da
Paz. Após intensas negociações, entre 26 e 29 de abril de 1994, foi realizado o primeiro pleito
multirracial - após três séculos de dominação branca -, que terminou com a vitória de
Mandela. Em 1996, começaram os trabalhos da Comissão da Verdade e Reconciliação, que
investigou as violações de direitos humanos cometidos entre 1960 e 1993, e o ex-presidente
Pieter Botha foi um dos indiciados.
Anos depois e com a decisão de Mandela de retirar-se da vida política, o também líder do
CNA e até então vice-presidente, Thabo Mbeki, venceu as segundas eleições democráticas,
em junho de 1999. Cinco anos depois, Mbeki foi reeleito com um apoio ao partido que
somava cerca de 70% dos votos. Em junho de 2005, Jacob Zuma foi afastado da vice-
presidência do governo de Mbeki, após ter se envolvido em um escândalo de corrupção. Em
meio a duras lutas internas, Zuma acabou eleito para ocupar a presidência do CNA, em
dezembro de 2007, derrotando o próprio Mbeki.
Conclusão
Ainda que seja considerado um país periférico, com todas as dificuldades comuns àqueles que
se encontram nesta mesma categoria, a República da África do Sul desponta como uma
potência regional no continente, especialmente na área conhecida como África subsaariana.
Além dos problemas típicos dos países cuja colonização teve caráter de exploração e
pilhagem ao invés de desenvolvimento, o país acabou por absorver uma cultura de
superioridade dos brancos sobre os não-brancos, o que veio a refletir dramaticamente mais
tarde. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo geral a realização de um resgate
histórico do processo politico da República da África do Sul, desde a instauração do regime
de segregação racial conhecido como apartheid até os dias de hoje.
Apesar dos inúmeros problemas que perfazem a história da África do Sul, há de se destacar o
fato de que, apesar das décadas de conflito interno de grupos contrários ao regime, de todas as
sanções internacionais sofridas como forma de pressão para que este fosse encerrado e do fato
de que a parte oprimida consistia na maioria absoluta da população, a transição do regime
para a democracia deu-se de forma espantosamente pacífica. Tal fato não surpreendeu
somente os sul-africanos, mas a comunidade internacional como um todo, dados os anos
anteriores de dura repressão sofrida por aqueles contrários ao regime.
ALEXANDER, Neville. Brown vs. board of education: a South African perspective. Praesa
Occasional Paper, n. 20. Cidade do Cabo, Praesa, University of Cape Town, 2004.
BROWN, S. Two roads to power. Mail and Guardian, 2-8 out, 2004.
BUNTING, Brian. The Rise of the South African Reich. Penguin African Library, Middlesex.
1969. 552 p.
CARVALHO, Paula Gonçalves de Carvalho; PINHEIRO, Teresa Gil; SOUSA, João Vítor.