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ACADEMIA DE CIÊNCIAS SOCIAIS E TECNOLOGIAS- ACITE

MESTRADO EM GLOBALIZAÇÃO E SEGURANÇA

SÉRGIO ALFREDO MACORE

O SISTEMA POLÍTICO DA ÁFRICA DO SUL

LUANDA, ANGOLA
MAIO 2022
Autor: Sergio Alfredo Macore, 846458829 – Pemba Mozambique Pá gina 1
SÉRGIO ALFREDO MACORE

O SISTEMA POLÍTICO DA ÁFRICA DO SUL

LUANDA, ANGOLA
MAIO 2022
Autor: Sergio Alfredo Macore, 846458829 – Pemba Mozambique Pá gina 2
ÍNDICE

1.Introdução................................................................................................................................3
1.1.Objetivos...........................................................................................................................4
1.1.1.Objectivo geral...........................................................................................................4
1.1.2.Objectivos específicos...............................................................................................4
2.Metodologia.............................................................................................................................4
3.Enquadramento teórico............................................................................................................6
3.1Amostra Representativa das sociedades africanas.............................................................6
3.1.1.Conceitos gerais.........................................................................................................6
3.1.2.Filosofia Política e Ciência Política Comparada.......................................................6
3.1.3.Dois tipos de sistemas políticos estudados................................................................6
3.1.4.Parentesco na organização política............................................................................7
3.1.5.Influência da Demografia..........................................................................................7
3.1.6.Influência dos meios de subsistência.........................................................................8
3.2.Sistemas políticos compostos e a teoria da conquista.......................................................8
3.2.1.Aspecto territorial......................................................................................................9
3.3.Equilíbrio de forças no sistema político............................................................................9
3.4.A África do Sul independente: segregação, Apartheid e transição pactuada (1910-1994)
...............................................................................................................................................10
4.Evolução política interna: de Mandela a Zuma.....................................................................11
5.1.Antecedentes...................................................................................................................14
5.2.Desdobramentos..............................................................................................................15
6.Dados básicos e evolução política da África do Sul..............................................................16
6.1.História............................................................................................................................16
6.2.Evolução política............................................................................................................16
Conclusão..................................................................................................................................18
Bibliografias..............................................................................................................................20

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1.Introdução

Um dos objetivos do estudo sintetizado nessa obra é oferecer ao leitor material de consulta, o
qual contribua diretamente para a política comparada. Os autores afirmam que essa primeira
proposta foi alcançada, devido ao fato de que as sociedades descritas na obra são
representativas, e demonstram os tipos comuns dos sistemas políticos africanos, que em
conjunto demonstram toda sua variedade. O autor reconhece a impossibilidade de abordar
todos os sistemas políticos do continente, entretanto, afirma que foi possível pelo menos se
chegar aos princípios norteadores da organização política africana.

A África do Sul, neste ano de 2022, comemora um século de independência. A pujança


econômica e natural, bem como as contradições sociais do país, impactam os observadores. O
contraste entre, de um lado, os bairros de classe media (predominantemente branca), os
arranha-céus a la Manhattan de Joanesburgo e o charme do turismo e, de outro, as favelas ao
longo das estradas, os informal settlements negros das periferias urbanas e a miséria de certas
regiões rurais é marcante, como outros países

Na verdade, a história e a realidade sociopolítica sul-africana continuam sendo pouco


conhecidas, a primeira devido ao silêncio reinante e a segunda pelos mitos que envolve. A
transição à democracia e a figura emblemática de Nelson Mandela, para a maioria das
pessoas, teria produzido uma mudança tão radical quanto pacífica. O problema seria que o
governo liderado pelo partido hegemônico, o Congresso Nacional Africano (CNA), teria se
revelado incompetente para solucionar os problemas da nação. Reinserida no mundo e na
África, candidata a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e aspirante ao
status de potência média, a África do Sul também desperta esperança e, igualmente,
desconfiança por parte de seus vizinhos.

A secular história de segregação, opressão e exploração da maioria nativa, todavia, está longe
de ser encerrada. A África do Sul possui um caráter único, diferente das demais colônias
tradicionais, e o dilema classe ou raça, que marcou o movimento de libertação, aqui, se revela
decisivo. A transição à democracia foi pactuada porque, se de um lado o regime racista do
Apartheid se encontrava enfraquecido ao final da Guerra Fria, o movimento de oposição
liderado pelo CNA também, devido à radical transformação da ordem internacional.

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1.1.Objetivos

1.1.1.Objectivo geral

Este trabalho buscou realizar um resgate histórico do processo referente o Sistema Politico da
África do Sul, desde a instauração do regime de segregação racial conhecido como apartheid
até a queda do mesmo, para análise da atual situação, barreiras e perspectivas para o
desenvolvimento futuro do país.

1.1.2.Objectivos específicos

De modo a alcançar o objetivo geral, procurou-se:

 Realizar uma revisão histórica da trajetória do sistema político da África do Sul, desde
a época da instauração do regime do apartheid até às mudanças decorrentes de sua
queda;
 Avaliar o papel da África do Sul dentro da SADC e os desafios desta para implantação
em busca do desenvolvimento da região;
 Mostrar a evolução histórica das relações da África do Sul no contexto politica.

2.Metodologia

“Na investigação econômica, os métodos mais utilizados são o observacional, o comparativo,


o estatístico e o monográfico” (GIL, 2002, p.40). A efetivação deste trabalho necessitou da
realização de revisão de literatura associada à pesquisa para a coleta de dados sobre o sistema
politico da África do Sul, especialmente no período a partir de 1994, quando da queda do
regime de segregação racial vigente no país desde 1948. Desta forma, a partir de sua definição
como uma investigação história, a metodologia de trabalho utilizada foi essencialmente de
pesquisa bibliográfica e documental.

Fez-se necessária também a contextualização política e histórica global, quando da ascensão


do regime, bem como quanto da sua queda, para que possa ser entendida a importância dos
atores sociais que se sobressaem, como é o caso de Nelson Mandela, primeiro presidente
negro eleito no país, nas primeiras eleições gerais realizadas após a queda do regime.

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Sendo assim, ainda que a ênfase maior seja no período posterior à queda do regime de
segregação racial, não há como entender a situação do país sem buscar nas raízes do regime a
motivação para sua implementação, que são parte integrante da herança que ainda hoje se
busca combater.

Desta maneira, a presente trabalho buscou fazer um resgate através da compilação de fatos
pesquisados, com o objetivo não de quantificar dados, mas de qualificar o entendimento do
processo histórico como um todo. Importante ressaltar que não foi considerado objetivo desta
pesquisa a realização de minúcias sobre: conflitos políticos ocorridos entre a RAS e outros
países do continente africano. Para que fosse facilitada a leitura, fatos cujo detalhamento não
foi considerado essencial foram mencionados no decorrer do texto, mas não tiveram
prolongada explicação.

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3.Enquadramento teórico

3.1Amostra Representativa das sociedades africanas

3.1.1.Conceitos gerais

Ao longo do livro definem-se oito diferentes sistemas políticos, que estão largamente
difundidos ao longo do território africano. São eles os Zulo, Nwgato, Bemba, Banyankole,
Kede, Banto de Kavirondo, Tallensi e os Nuer. Diante das similaridades encontradas entre
esses povos, os autores ressaltam, que não querem sugerir que sistemas políticos de
sociedades que possuem um alto grau de similaridades são do mesmo tipo. Na verdade,
afirmam que mesmo em uma determinada área cultural e linguística é possível encontrar
sistemas políticos distintos.

Da mesma forma que o inverso também seja possível. Dessa forma, pode haver um conteúdo
cultural totalmente diferente em processos sociais com funções idênticas. O que pode ser
ilustrado claramente na ideologia ritual na organização política africana. Se atribuem valores
místicos aos cargos políticos entre os Bemba, os Banyankole, os Kede e os Tallensi, porém,
os símbolos e instituições expressos são muito diferentes entre sí.

3.1.2.Filosofia Política e Ciência Política Comparada

Nesta parte do texto os autores tecem uma crítica a Filosofia Política, argumentando que a
disciplina pouco contribui para entender as sociedades que tem estudado. A disciplina estaria
mais interessada em como deveria viver a sociedade e que tipo de governo deveria ter, ao
invés de conhecer quais são realmente seus hábitos políticos e institucionais, através de dados
empíricos. Entretanto, eles não desconsideram totalmente as contribuições dos filósofos,
quando propõem que o estudo das instituições políticas deve ser tanto indutivo quanto
comparativo, e seu único fim deve ser de estabelecer e explicar as uniformidades encontradas
entre estas e sua interdependência com outros aspetos da organização social.

3.1.3.Dois tipos de sistemas políticos estudados

Os sistemas políticos descritos no livro, podem se englobar em duas categorias principais. O


primeiro grupo qual foi denominado grupo “A” compreende sociedades em que existe
autoridade centralizada, maquinaria administrativa e instituições judiciárias, e cujas

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distribuições por riqueza, privilégio e status correspondem a distribuição do poder a da
autoridade. Esse grupo compreende os Zulúes, os Ngwato, os Bemba, os Banyankole e os
Kede. No outro grupo denominado de grupo “B” estão as sociedades que não possuem
autoridade centralizada, maquinário administrativo e instituições judiciárias, de forma
resumida, carecem de governo. Estre grupo compreende os Logoli, os Tallensi e os Nuer.
Quem pensa que o Estado deveria definir-se pela presença de instituições governamentais,
considerariam que o primeiro grupo de enquadraria em Estados Primitivos e o segundo, por
uma sociedade sem Estado.

3.1.4.Parentesco na organização política

O papel desempenhado pelo sistema de parentesco e linhagens é o principal fator norteador


das diferenças presentes nos grupos retratados no livro. Sistemas de parentesco é aqui
entendido como o conjunto de relações que une o indivíduo com outras pessoas e com
determinadas unidades sociais mediante a família bilateral transitória. É caracterizado como
sistema de linhagens, um sistema segmentário de grupos permanentes baseados em filiação
unilateral. Sendo este ultimo o único que estabelece unidades corporativas com funções
políticas. O sistema de parentesco em ambos os grupos desempenha um papel importante na
constituição do indivíduo, porém desempenha papel secundário no sistema político.

Nas sociedades do grupo A é a organização administrativa e no grupo B é o sistema de


linhagens segmentários que regulam basicamente as relações políticas entre os segmentos
territoriais. Por fim, os autores afirmam que o sistema de parentesco não pode contar com um
número importante de pessoas em sua organização para que possa defender- se e resolver
conflitos mediante a arbitragem como podem fazer os sistemas de linhagens. Porém, um
sistema de linhagens tampouco pode contar com um número considerável de pessoas para se
formar um sistema administrativo.

3.1.5.Influência da Demografia

Nesta parte do texto os autores iniciam apresentando o fato de que as sociedades que se
organizam ao redor do Estado são numericamente maiores das que não o possuem. Entretanto
afirmam que não é sua intenção estabelecer a relação de que uma unidade política sem Estado
seja propriamente pequena, a exemplo dos Nuer que no período possuíam mais de 45 mil
habitantes. Também não estabelecem que uma unidade estatal seja majoritariamente muito

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grande. Mas concordam que existem um limite de tamanho para que uma sociedade sem
estado se mantenha unida. Salientam também que não se deve confundir população com
densidade demográfica. Admitem que deva existir alguma relação entre a população e a
política, mas que seria incorreto super que as instituições governamentais são encontradas
apenas nas sociedades com maior densidade. Mais uma vez se apoiando nos Nuer para
demostrar uma exceção.

3.1.6.Influência dos meios de subsistência

A densidade e distribuição da população em uma sociedade africana está claramente


relacionada com as condições ecológicas, as quais afetam diretamente os meios de
subsistência. Porém não se pode declarar que os diferentes meios de subsistência por si só,
determinem as diferenças nas estruturas políticas. De forma geral, os meios de subsistência,
junto com as condições ambientais, que impõe limites efetivos aos meios de subsistência,
determinam os valores dominantes de um povo e influenciam fortemente em sua organização
social, incluindo seus sistemas políticos.

3.2.Sistemas políticos compostos e a teoria da conquista

A questão central levantada pelos autores nesse tópico consiste em, até que ponto a
heterogeneidade cultural em uma sociedade se correlaciona com um sistema administrativo e
a autoridade central? Os autores sugerem de acordo com a investigação que é apresentada no
livro, que a heterogeneidade cultural e econômica são associadas a uma estrutura política
semelhante a estatal. A autoridade centralizada e a organização administrativa parecem ser
necessárias para acomodar grupos culturalmente diversos dentro de um mesmo sistema
político, especialmente se eles possuem meios de subsistência diferentes.

Porém a existência de grupos muito diversos pode resultar em um sistema de extratos sociais
e castas. Todavia, mais uma vez utilizando os Nuer como exemplo, os autores demonstram
que um governo altamente centralizado não é obrigatória para comportar grupos diversos,
uma vez que eles absorveram grande parte dos Dinka conquistados, o que não resultou em um
possível sistema de castas. Dessa forma, desse se levar outros fatores em consideração, como
o modo de conquista, como ocorreu o contato entre os povos, as semelhanças e divergências
culturais que existem, etc.

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3.2.1.Aspecto territorial

Nas sociedades descritas nesse livro, os sistemas políticos possuem uma dimensão territorial.
Porém sua função é diferente de acordo com os tipos de organização politica. Sua diferença
de deve a existência de um aparato judicial e administrativo em uma e a inexistência em outra.
Nas sociedades pertencentes ao grupo “A” sua unidade administrativa e uma unidade
territorial. O chefe é a cabeça administrativa e os que estão sobre o seu comando e definido
através das fronteiras. Nas sociedades pertencentes ao grupo “B” não existe uma cabeça
administrativa responsável por um território, são comunidades locais cuja extensão
correspondem aos laços da linhagem e da cooperação direta.

Os autores finalizam ressaltando que as relações políticas não são apenas o reflexo das
relações territoriais. O sistema político, por direito próprio, incorpora as relações territoriais e
lhes aplicam determinado tipo de significação política.

3.3.Equilíbrio de forças no sistema político

Um sistema político africano que seja relativamente estável apresenta um equilíbrio entre as
tendências conflitivas e os interesses divergentes. No grupo “A” se trata de um balanço entre
as diferentes partes da organização administrativa. As foças que mantem o poder do máximo
dirigente se opões as que atuam como freios de seus poderes. O equilíbrio entre a autoridade
central e a autonomia regional é um elemento muito importante na estrutura política. Se um
rei abusa do seu poder, parte dos seus subordinados tomarem medidas separatistas, se um
chefe subordinado se mostra demasiadamente poderoso, cabe ao poder central organizar os
demais chefes para que se volte contra o outro, etc.

Um tipo novo de equilíbrio se encontra nas sociedades pertencentes ao grupo “B”, é um


equilíbrio entre o número de segmentos, espacialmente justapostos e estruturalmente
equivalentes, definidos por localidade e linhagem e não em termos administrativos.

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3.4.A África do Sul independente: segregação, Apartheid e transição pactuada (1910-
1994)

A transição do regime do Apartheid a um regime democrático na África do Sul não foi dos
mais pacíficos, mas pode ser considerado como um grande momento político. O governo
democrático que assumiu o poder em 1994 teve que lidar com uma situação bastante
complexa. Se por um lado herdou a mais desenvolvida das economias africanas, com uma
moderna infraestrutura, por outro, herdou também grandes problemas socioeconômicos,
incluindo um alto nível de desemprego, índices alarmantes de pobreza, alta concentração de
renda, além de intensa violência.

A África do Sul viveu uma relação peculiar entre poder, terra e trabalho. O poder colonial no
país se deu basicamente de três maneiras. Primeiramente, criou estruturas políticas e
econômicas que permitiram a superioridade dos colonizadores em relação às populações
nativas.

Em segundo lugar, os colonizadores restringiram o acesso desses grupos à terra, à água e ao


gado. Por fim, os diversos grupos nativos e, posteriormente, também estrangeiros, foram
transformados em força de trabalho. Esses fatores regeram o colonialismo na África do Sul da
metade do século XVII até o fim do século XX. Assim, o poder político, econômico e militar
da minoria branca determinou o destino da sociedade sul-africana por quase 350 anos.

A economia sul-africana foi sustentada pela escravidão e servidão por 250 anos e pela
discriminação e exploração por outros 100 anos. Os colonizadores holandeses instituíram um
sistema mercantil entre os séculos XVII e XVIII, e os britânicos o sistema capitalista no
século XIX. O novo sistema introduzido pelos britânicos destruiu as bases do sistema
mercantil e os tradicionais padrões dos colonizadores boers. Com a descoberta de ouro (1866)
e de diamantes (1867), o colonialismo britânico passou a ser mais agressivo e abrangente.

A dominação britânica foi sucedida por uma espécie de “colonialismo interno” com o controle
político dos afrikaners, que criou um sistema de opressão institucionalizada contra a maioria
negra e, em menor medida, mestiça e asiática, que foi tolerada pelo Ocidente durante a Guerra
Fria. Dezesseis anos após a transição democrática na África do Sul, o mais importante desafio

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ainda é o aprimoramento do frágil sistema democrático sul-africano para que governo e
sociedade possam agir de maneira efetiva contra os resquícios do Apartheid.
O Partido Nacional venceu as eleições de 1948 com o slogan “Apartheid”. O governo de
Pretória foi conduzido, então, pelos primeiros-ministros Daniel François Malan (1948-1954)
e, posteriormente, por Johannes Gerhardus Strijdom (1954-1958). Nesse momento, ainda não
estava bem claro o que a “separação” poderia significar, mas já poderia ser reconhecida a
ideia da separação de grupos específicos de pessoas. O critério pelo qual essas pessoas seriam
demarcadas não era racial, pelo menos no sentido formal da palavra. Existia, evidentemente,
um tom pejorativo de intenso conteúdo racista dentro do imaginário do Afrikanerdom, que foi
preservado em toda a sua pureza.

Entretanto, o Estado se encarregou de organizar a sociedade sul-africana em categorias


nacionais através da Lei de Registro da População de 1950 (em 1949 já fora instituída a Lei
de Casamentos Mistos), congelando essas categorias com a Lei da Imoralidade, também de
1950, que apenas tratava da imoralidade das relações sexuais heterossexuais através da linha
de cor.

Com a Lei de Registro da População, as famílias poderiam ser dívidas e parentes transferidos
ao serem classificadas em categorias distintas. Foram abertos inúmeros processos com vistas à
“reclassificação”. O sofrimento do povo sul-africano foi subserviente à ordem que o Partido
Nacional pretendia impor sobre a terra e ao objetivo de controlar a grande maioria dos
africanos dentro dos centros urbanos. Em parte, como forma de minimizar a oposição ao
projeto que se estabelecia, em parte, como reação às tendências internacionais dos primeiros
anos da Guerra Fria, o governo também agiu contra o Partido Comunista Sul-Africano
(SACP) e contra uma série de outras organizações ao aprovar a Lei de Repressão ao
Comunismo em 1950.

4.Evolução política interna: de Mandela a Zuma

O final da Guerra Fria gerou mudanças substanciais que incidiram sobre a capacidade de
desenvolvimento de muitos Estados a partir da reorganização econômica mundial, conduzida
pela lógica da globalização. Entretanto, alguns processos políticos altamente positivos foram
gestados, a exemplo da desativação do regime do Apartheid na África do Sul, como
mencionado acima. Curiosamente, o fim da bipolaridade seria o ponto culminante da crise do
Apartheid, abrindo espaço para uma transição negociada, embora extremamente difícil rumo à

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democracia. Em fevereiro de 1990, depois de 27 anos de prisão, Nelson Mandela foi libertado
e assumiu a presidência do Congresso Nacional Africano no lugar de Oliver Tambo. No ano
seguinte, foram iniciadas as negociações com o Partido Nacional, no poder sul-africano desde
1948. Na primeira rodada de negociações o foco esteve na volta de exilados políticos para o
país e na libertação de prisioneiros políticos.

Em setembro de 1991 ocorreu a Convenção Nacional da Paz, que permitiu a criação de um


acordo nacional com vistas a inibir a violência política no país. Apesar deste acordo não ter
obtido os resultados esperados, abriu caminho para novas negociações no âmbito da
CODESA (no ano seguinte ocorreu a CODESA II). A Convenção ocorreu em Johanesburgo e
contou com a presença de 19 grupos políticos. As expectativas de um compromisso logo
foram frustradas, pois pouco se decidiu, fundamentalmente, pela oposição sistemática do
Partido Conservador.

A continuidade das discussões e o lento processo de entendimento acabaram por produzir


certa pressão externa para que se chegasse a um acordo. Após meio ano de pouca evolução,
em novembro de 1992, o presidente De Klerk propôs prazos para determinadas mudanças.

Entre eles, a previsão de eleições gerais em março e abril de 1994. Em junho de 1993, o
conselho de negociação concordou com a realização de eleições nas quais os negros teriam
direito ao voto. Dessa forma, houve a instituição de uma Constituição interina, de um ato
eleitoral e a eliminação das leis do Apartheid.

As eleições de 1994 foram um marco – pela primeira vez, negros, mestiços e indianos teriam
direito ao voto, o que, evidentemente, aumentou consideravelmente o número de eleitores.
Todavia, a nova experiência não se desenvolveu sem problemas. Os eleitores e,
principalmente, a população da área rural, tiveram que passar por um processo educativo para
entender o funcionamento das urnas e para poder acreditar que não haveria mais a intervenção
dos empregadores, que antes manipulavam as eleições em determinadas regiões. Quase 20
milhões de votos foram computados, dando a vitória ao CNA de Nelson Mandela. Concluído
o processo eleitoral, formou-se o Governo de Unidade Nacional (GNU), com a tarefa de
conduzir o processo de reorganização do país, ao qual se aliaram representantes de diversos
partidos.

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De maneira mais ampla, a situação dos negros vinculada ao desemprego, à precariedade da
habitação, a falta de acesso à terra, à educação, à saúde e às condições de desenvolvimento
social, deveria ser redimensionada. Através do Programa de Reconstrução e Desenvolvimento
(RDP) consolidou-se tal perspectiva. As principais políticas do RDP concentravam-se nas
necessidades do povo em torno do trabalho, habitação, saneamento básico, acesso à água,
entre outras. O programa propunha-se, também, a desenvolver recursos humanos, reconstruir
a economia (de forma a propiciar o crescimento, o desenvolvimento, a reconstrução, a
redistribuição e a reconciliação), democratizar o Estado e a sociedade sul-africana, além de
implementar programas de interesse comum.

Apesar das metas ambiciosas desse programa não terem alcançado o sucesso pretendido,
chamaram atenção para a possibilidade de investimentos no país. Em 1996, uma nova
estratégia foi introduzida pelo governo sul-africano – Crescimento, Emprego e Redistribuição
(GEAR) – com a proposta de crescimento econômico de 6% por ano, criação de mais de 1,3
milhões de novos empregos fora da agricultura, crescimento em média de 11% na exportação
de manufaturados e de 12% na taxa de investimento real. A introdução do GEAR foi cheio de
controvérsias e, em 1997, uma conferência do CNA estabeleceu as diretrizes da nova política.

Houve, nesse momento, enorme dificuldade para alterar a estrutura socioeconômica, com suas
formas particulares e impessoais de marginalização, em função dos interesses nacionais e
internacionais a ela vinculados. A mudança nas práticas de emprego, por exemplo, chocou-se
com a resistência do setor de negócios. De qualquer forma, em 1998 foi instituído um ato de
igualdade e empregabilidade cujo objetivo era garantir condições iguais de contratação para
grupos historicamente discriminados. Esse acto proibia discriminações injustas, bem como
definia os critérios de recrutamento e processos de seleção, além de salários, treinamento,
metas de desempenho, promoções e questões disciplinares.

5.Ano de 1994

Em 26 de abril foi realizada, na África do Sul, a primeira eleição presidencial pluri-racial da


história do país. Fergal Keane, correspondente da BBC naquele país, publicou suas
impressões pessoais sobre o dia que representou o nascimento de uma nova África: “O
mandato branco no continente africano chegou ao fim às sete horas da manhã de hoje, horário

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sulafricano. [O fim] Não veio através de uma rebelião violenta. Não houve comemorações
nem fanfarras, apenas os pés dos idosos e dos doentes em um movimento silencioso, à medida
que as filas se formavam nas estações eleitorais ao redor do país. Muitos destes eleitores eram
jovens quando o apartheid – com suas múltiplas crueldades e humilhações – foi introduzido.
Eles eram os milhões, sem nome e sem voz, que foram banidos para terras empobrecidas e
cujos líderes foram aprisionados e assassinados a serviço do sonho da pureza racial”.

Em 10 de maio, Nelson Mandela, primeiro presidente negro da história sul-africana, era


eleito. Seu discurso emocionado de posse vislumbrava o fim da opressão: “Nunca, nunca mais
ocorrerá que esta bela terra novamente sofrerá a experiência de opressão de um por outrem.
Nunca deverá o sol se pôr em tão gloriosa conquista humana. Deixemos a liberdade reinar.
Deus abençoe a África”.

5.1.Antecedentes

A República Sul-Africana tornou-se independente em 1961, após quase dois séculos de


domínio britânico e mais de trezentos anos de contato com holandeses. Apesar de comporem
a minoria da população, os descendentes brancos dos colonizadores europeus mantiveram-se
no poder após a independência, em 1948, e prolongaram sua estada por meio de uma série de
leis de apartheid70, que segregavam o país por critérios raciais.

O sistema de apartheid foi tornando-se cada vez menos aceito pela comunidade internacional
com o passar das décadas, conduzindo a África do Sul à sua paulatina exclusão, muitas vezes
por vontade própria, da participação em foros multilaterais. Dois marcos notáveis desta
tendência sul-africana são os anos de 1961, quando o país se retirou da Commonwealth
Britânica, e 1974, com o encerramento da África do Sul na Assembléia-Geral da ONU. O
início da década de 1990 foi marcado pela abertura da África do Sul.

Frederik Willem de Klerk, durante seu mandato (1989-1994), foi responsável pela abolição do
regime do apartheid ao promulgar uma Constituição (1993) que determinava sufrágio na base
de “uma pessoa, um voto”. De Klerk foi além na abertura política, libertando o líder político
Nelson Mandela, em 1990, e iniciando um diálogo com seu partido, a ANC, no mesmo ano.
Quando das eleições presidenciais, o último presidente da era do apartheid declarou que se
sentia gratificado por ter colocado em operação seu plano de poder compartilhado. “Minha

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política era a de que o mandato do Partido Nacional deveria chegar ao fim e que deveríamos
ter um governo de unidade nacional baseado no compartilhamento de poder”.

5.2.Desdobramentos

As eleições de abril de 1994 abriram um grande leque de novas perspectivas para a África do
Sul, refletidas em um grande otimismo tanto no plano doméstico quanto no âmbito externo: o
novo governo sul-africano era então “saudado em todo o mundo como a vitória da razão sobre
a opressão”.

O país, antes considerado Estado-pária por suas práticas segregacionistas que nadavam contra
a maré mundial, passou a ser cortejado pelos quatro cantos e prontamente estabeleceu uma
linha ativa e inclusiva de política externa – em contraste com os anos de apartheid. Mandela,
portanto, normalizou as relações internacionais do país, fazendo com que a nação sul-africana
fosse readmitida na Assembléia-Geral das Nações Unidas e na Commonwealth Britânica.
Além disso, o presidente recém-eleito conseguiu imediata admissão na Organização da
Unidade Africana (OUA), na Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC,
Southern African Development Community) e retomou relações bilaterais com uma série de
Estados. Tal sucessão de medidas foi essencial para a reinserção da África do Sul nos debates
internacionais, por um lado, e pela tentativa de retorno sul-africano à posição de liderança
regional. O rumo a um Estado plenamente democrático foi igualmente trilhado pela adoção de
uma nova Constituição, em 1997, tida como uma das cartas mais progressistas em vigor e
recebendo enorme reconhecimento internacional.

Todos esses fatos constituem o lado positivo da ascensão de Mandela ao poder. Houve, no
entanto, pontos negativos: os primeiros anos da “nação arco-íris”, conforme denominação do
próprio governo sul-africano, foram marcados pela disseminação da violência política,
refletida no aumento considerável de assaltos pessoais, depredação de táxis, seqüestros e
crimes de colarinho branco. O controlo do desemprego também coloca-se como desafio
premente às autoridades da África do Sul.

Em 1999, Thabo Mbeki é eleito presidente sob uma aura de continuidade das políticas
satisfatórias adotadas pelo governo anterior, do qual o próprio Mbeki foi um dos principais

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nomes. No campo doméstico, perduram os problemas do imediato pós-apartheid, dentre os
quais a alta criminalidade ainda se coloca como principal contratempo. Em termos de política
externa, a África do Sul continua colhendo os frutos de sua postura “ativa e altiva”. Como
ilustra o professor Pio Penna, agora adicionando um novo elemento que orienta o discurso
sul-africano: o African Renaissance, ou renascimento africano, definido sinteticamente nas
palavras de Penna como “o resgate dos valores humanos mais profundos, haja vista o grave
quadro de exclusão social a que os povos africanos estão sendo submetidos. Trata-se, pois, de
um desafio lançado à comunidade internacional para auxiliar as novas lideranças africanas a
encontrarem um rumo para o continente”. O maior expoente de tal pensamento foi a Nova
Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD), lançada em 2002 conjuntamente com o
estabelecimento da União Africana e fruto de ideais pregados por Mbeki e outros líderes
africanos.

6.Dados básicos e evolução política da África do Sul

LOCALIZAÇÃO: A República da África do Sul ocupa o cone sul do continente africano


desde o rio Limpopo (norte) até o Cabo Agulhas (sul). Faz fronteira ao norte com Namíbia,
Botsuana e Zimbábue e ao leste com Moçambique e Suazilândia, assim como com os oceanos
Atlântico e Índico. SUPERFÍCIE: 1.221.038 quilômetros quadrados. POPULAÇÃO: 58,3
milhões de habitantes, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) de 2019.
CAPITAL: Pretória.

IDIOMA: Existem 11 idiomas oficiais: africâner, inglês, ndebele, xhosa, zulu, soto do norte,
soto do sul, tswana, suázi, venda e tsonga. RELIGIÃO: Maiorias cristã, mas também são
professadas religiões tradicionais africanas e existe uma minoria hindu e muçulmana.

6.1.História

A África do Sul alcançou sua independência em 1961 e o Partido Nacional africâner (PN), no
poder desde 1948, exercia uma política de segregação racial durante o regime de Pieter Botha
até a chegada à presidência de Frederik de Klerk em 1989. Esta política de discriminação
levou a ONU a proibir, em 1961, a venda de armas à África do Sul, e em 1971 a condenou de
forma explícita. A Comunidade Europeia se somou em 1986 a este isolamento com sanções
econômicas que se prolongaram até abril de 1991.

Autor: Sergio Alfredo Macore, 846458829 – Pemba Mozambique Pá gina 16


6.2.Evolução política

Em 15 de agosto de 1989, De Klerk substituiu Botha na presidência e iniciou o


desmantelamento do apartheid. Em 1990, foram legalizadas as formações da oposição, entre
elas o Congresso Nacional Africano (CNA), e ordenada a libertação de seu líder mais
emblemático, Nelson Mandela, que saiu da prisão depois de 27 anos. Em 12 de fevereiro de
1991, o governo e o CNA assinaram um acordo graças ao qual o primeiro se comprometia a
libertar os prisioneiros políticos e permitir o regresso de exilados, contanto que o segundo
renunciasse à luta armada.

Em junho do mesmo ano, o parlamento votou o fim da segregação racial e De Klerk anunciou
a abertura de conversas para a transição a uma democracia completa em um fórum
multilateral (CODESA), o que rompeu com o boicote econômico da comunidade
internacional. No entanto, o fim da segregação racial não acabou com as lutas tribais nas
zonas de influência zulu e nos subúrbios das grandes cidades, razão pela qual Mandela e o
chefe do movimento zulu Inkatha, Mangosuthu Buthelezi, se reuniram em 29 de janeiro de
1991 em Durban para abordar a violência nos povoados e bairros negros.

No final das contas, foi De Klerk quem conseguiu, em fevereiro de 1993, um acordo com
Mandela para a realização de eleições em 1994 e a formação de um governo de união
nacional durante cinco anos; conquista pela qual ambos foram agraciados com o Nobel da
Paz. Após intensas negociações, entre 26 e 29 de abril de 1994, foi realizado o primeiro pleito
multirracial - após três séculos de dominação branca -, que terminou com a vitória de
Mandela. Em 1996, começaram os trabalhos da Comissão da Verdade e Reconciliação, que
investigou as violações de direitos humanos cometidos entre 1960 e 1993, e o ex-presidente
Pieter Botha foi um dos indiciados.

Anos depois e com a decisão de Mandela de retirar-se da vida política, o também líder do
CNA e até então vice-presidente, Thabo Mbeki, venceu as segundas eleições democráticas,
em junho de 1999. Cinco anos depois, Mbeki foi reeleito com um apoio ao partido que
somava cerca de 70% dos votos. Em junho de 2005, Jacob Zuma foi afastado da vice-
presidência do governo de Mbeki, após ter se envolvido em um escândalo de corrupção. Em
meio a duras lutas internas, Zuma acabou eleito para ocupar a presidência do CNA, em
dezembro de 2007, derrotando o próprio Mbeki.

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Depois que o Ministério Público retirou todas as acusações contra ele em abril de 2009, Zuma
pôde se apresentar como candidato às eleições gerais daquele ano, as quais venceu facilmente.
Nas eleições de maio de 2014, Zuma se reelegeu como presidente, e mais tarde, envolvido em
múltiplos casos de corrupção, conseguiu superar até oito moções de censura durante seu
mandato. No entanto, em 15 de fevereiro de 2018, se viu obrigado a renunciar devido às
pressões do próprio partido.

Conclusão

Ainda que seja considerado um país periférico, com todas as dificuldades comuns àqueles que
se encontram nesta mesma categoria, a República da África do Sul desponta como uma
potência regional no continente, especialmente na área conhecida como África subsaariana.
Além dos problemas típicos dos países cuja colonização teve caráter de exploração e
pilhagem ao invés de desenvolvimento, o país acabou por absorver uma cultura de
superioridade dos brancos sobre os não-brancos, o que veio a refletir dramaticamente mais
tarde. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo geral a realização de um resgate
histórico do processo politico da República da África do Sul, desde a instauração do regime
de segregação racial conhecido como apartheid até os dias de hoje.

O estabelecimento oficial, que pregava um “desenvolvimento separado”, porém na prática,


apenas separava a população, tendo como critério a cor da pele, deixou marcas profundas. A
discriminação racial do seu povo para com seus próprios pares durou mais de quatro décadas
e ainda hoje, apesar dos mais de quinze anos passados da queda do apartheid, reflete na vida
das pessoas. Fez parte dos objetivos deste trabalho a realização de uma revisão histórica da
trajetória da África do Sul, desde a época da instauração do regime do apartheid até às
mudanças decorrentes de sua queda em 1994.

Apesar dos inúmeros problemas que perfazem a história da África do Sul, há de se destacar o
fato de que, apesar das décadas de conflito interno de grupos contrários ao regime, de todas as
sanções internacionais sofridas como forma de pressão para que este fosse encerrado e do fato
de que a parte oprimida consistia na maioria absoluta da população, a transição do regime
para a democracia deu-se de forma espantosamente pacífica. Tal fato não surpreendeu
somente os sul-africanos, mas a comunidade internacional como um todo, dados os anos
anteriores de dura repressão sofrida por aqueles contrários ao regime.

Autor: Sergio Alfredo Macore, 846458829 – Pemba Mozambique Pá gina 18


Com a abolição do regime pelo então presidente De Klerk em 1990, o caminho natural
tornou-se a realização de novas eleições, as primeiras multirraciais, em 1994, aclamando
recém libertado líder de oposição ao regime, Nelson Mandela, como presidente. Mandela
havia passado preso por quase trinta anos, condenado à prisão perpétua pelo crime de
sabotagem e traição, com o agravante de conspiração comunista para derrubar o governo.
Certamente o ator social de maior importância no país, Mandela liderou, juntamente com De
Klerk, as negociações para a aprovação de uma Constituição interina que, na prática, encerrou
o apartheid. Tal feito, dado o caráter inovador de dispensar a participação de mediadores
estrangeiros e realização do processo de forma pacífica, fez como que ambos fossem inclusive
Homenageados com o Prêmio Nobel da Paz em 1993.

Em comemoração à sua primeira década democrática, o governo sul-africano lançou um


ambicioso programa de metas para a década seguinte. Lançado em 2004, o AsgiSA identifica
carências e estabelece ações de investimento que visam o crescimento econômico do país em
tempo recorde. E, ainda que sejam objetivos ambiciosos, o governo sul-africano afirma que a
possibilidade de comemorar seu sucesso em 2022 é bastante grande, desde que trabalhados
pela nação como um todo. E assim caminha o plano do governo, com o estabelecimento de
metas para incluir oficialmente a República da África do Sul no mapa dos países
desenvolvidos ainda durante o século XXI.

Autor: Sergio Alfredo Macore, 846458829 – Pemba Mozambique Pá gina 19


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Autor: Sergio Alfredo Macore, 846458829 – Pemba Mozambique Pá gina 21

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