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Teste de avaliação escrita 3

Frei Luís de Sousa e Poesia trovadoresca

Nome __________________________________________________ N.o ____ 11.o ____ Data ____/____/_____


Avaliação ___________________ E. de Educação ____________________ Professor ____________________

Grupo I

PARTE A

Lê o texto, um excerto da cena II do ato I de Frei Luís de Sousa, e consulta as notas.

TELMO (ajoelhando e beijando-lhe a mão) – Senhora… Senhora D. Madalena, minha ama, minha
senhora… Castigai-me... Mandai-me já castigar, mandai-me cortar esta língua perra1 que não toma
ensino – Oh! Senhora, senhora!... É vossa filha, é a filha do senhor Manuel de Sousa Coutinho,
fidalgo de tanto primor e de tão boa linhagem como os que se têm por melhores neste reino, em
5 toda a Espanha. A senhora D. Maria… a minha querida D. Maria é sangue de Vilhenas e de Sousas;
não precisa mais nada, mais nada, minha senhora, para ser… para ser…
MADALENA – Calai-vos, calai-vos, pelas dores de Jesus Cristo, homem.
TELMO (soluçando) – Minha rica senhora!...
MADALENA (enxuga os olhos e toma uma atitude grave e firme) – Levantai-vos, Telmo, e ouvi-me.
10 (Telmo levanta-se). Ouvi-me com atenção. É a primeira vez e será a última vez que vos falo deste
modo e em tal assunto. Vós fostes o aio e o amigo do meu senhor… de meu primeiro marido, o
senhor D. João de Portugal; tínheis sido o companheiro de trabalhos e de glória de seu ilustre pai,
aquele nobre conde de Vimioso, que eu de tamanhinha2 me acostumei a reverenciar como pai.
Entrei depois nesta família de tanto respeito; achei-vos parte dela, e quase que vos tomei a mesma
15 amizade que aos outros… chegastes a alcançar um poder no meu espírito, quase maior… – decerto,
maior – que nenhum deles. O que sabeis da vida e do mundo, o que tendes adquirido na
conversação dos homens e dos livros – porém, mais que tudo, o que de vosso coração fui vendo e
admirando cada vez mais – me fizeram ter-vos numa conta, deixar-vos tomar, entregar-vos eu
mesma tal autoridade nesta casa e sobre minha pessoa… que outros poderão estranhar…

Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa, texto fixado por Maria João Brilhante,
3.a edição, Lisboa, Editorial Comunicação, 1994, pp. 111-112.

1
perra: teimosa, obstinada.
2
tamanhinha: pequena.

1. Refere um dos efeitos de sentido produzidos pelo uso das reticências na primeira réplica de
Telmo.

2. Explica por que motivo D. Madalena assume uma «atitude grave e firme» (linha 9).

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3. Completa as afirmações abaixo apresentadas, selecionando a opção adequada a cada espaço.

Na folha de respostas, regista apenas as letras – a), b) e c) – e, para cada uma delas,
o número que corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.
Neste excerto do ato I de Frei Luís de Sousa, denota-se a presença de marcas da linguagem e
estilo garrettianas, nomeadamente a utilização de vocábulos e expressões do século XVII, como,
por exemplo, a) ____________. Por outro lado, a repetição da palavra «senhora», na primeira
réplica de Telmo, b) ____________ perante a figura de D. Madalena. Já o recurso às reticiências,
no discurso final de D. Madalena, demonstra a sua c) ____________, uma vez que teme
recordar-se de um passado que não pretende recuperar.

a) b) c)

1. «perra» (linha 2) 1. revela o seu constrangimento e o seu arrependimento 1. inflexibilidade

2. «primor» (linha 4) 2. evidencia a sua determinação e certeza 2. hesitação

3. «tamanhinha» (linha 13) 3. mostra o seu receio e o terror que o assola 3. revolta

PARTE B

Lê a cantiga de João de Requeixo e as notas.


Far[o]1 um dia irei, madre, se vos prouguer2,
rogar se verria3 meu amigo, que mi bem quer,
e direi-lh'eu entom
a coita do meu coraçom.

5 Muito per4 desej'eu que veesse meu amigo


que m'estas penas deu e que falasse comigo,
e direi-lh'eu entom
a coita do meu coraçom.

Se s'el nembrar quiser como fiquei namorada,


10 e se cedo veer e o vir eu, bem talhada5,
e direi-lh'eu entom
a coita do meu coraçom.
João de Requeixo, CBN 1290, CV 895, Base de dados da lírica profana
galego-portuguesa (in https://cantigas.fcsh.unl.pt, consultado em 30/09/2021).

1 Far[o]: Ermida de Santa Maria de Faro, possivelmente um


santuário galego, na serra de Faro, na província de Lugo, na Galiza.
2 prouguer: agradar.
3 verria: viria.
4 per: advérbio de reforço do verbo, com valor semelhante ao atual «de facto».
5 bem talhada: bem-feita, elegante.

4. Clarifica um dos papéis que a mãe assume nesta composição poética, justificando com
elementos textuais pertinentes.

5. Relaciona o refrão com o desejo manifestado pelo sujeito poético no verso 1.

6. Refere dois traços caracterizadores do sujeito poético presentes ao longo da cantiga.

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Grupo II

Lê o texto.

Amores do passado: voltar ou não a um amor antigo?


O amor é algo, efetivamente, difícil de definir e de compreender. Claramente tem razões que a
razão desconhece. O amor é exatamente o oposto à razão, uma vez que é uma emoção. O desafio é
tentarmos equilibrar estes dois pratos da balança, o que, por vezes, se torna difícil. Há momentos em
que temos de ser emocionais e deixarmos o sentimento falar. Por sua vez, há outros em que é
5 importante pensar «com a cabeça», avaliar de forma prática e racional, já que o amor, o sentimento,
nos tolda muitas vezes a visão. O amor é também uma idealização e nem sempre aquilo que amamos
é real, mas sim uma construção nossa.
Por vezes, surge a oportunidade de regressar a um antigo amor, e questionamo-nos se o devemos
fazer, e em que condições. No amor, não há regras, há emoções e vontade de ser feliz. Podemos
10 perfeitamente voltar a um antigo amor, sobretudo quando foi bom, quando deixou em nós um
sentimento positivo, quando continua a fazer sentido ou quando voltou a fazer sentido. É mais
perigoso voltar a um ex-amor quando o mesmo terminou por incompatibilidades, deslealdade ou
desrespeito. É importante avaliar as razões pelas quais não deu certo na altura e tentar entender se as
mesmas continuam presentes e farão as coisas não resultar novamente.
15 As razões para voltar a um antigo amor podem ser muitas, por exemplo, o conforto daquilo que
já conhecemos pode ser um grande motivo, assim como o desconforto em abraçar novas relações
por medo do desconhecido. Há ainda o perseguir de um projeto de vida, de um sonho, de algo que
um dia idealizámos com aquela pessoa. Assumir que se falhou num projeto (mesmo que amoroso) a
que nos propomos é algo com que temos dificuldade em lidar. Por vezes, continuamos a tentar apenas
20 por «teimosia e orgulho». Há ainda outra razão de peso. É que os amores não concretizados tornam-
-se eternos. A ideia do que poderia ter sido se tivessem ficado juntos pode permanecer uma vida
inteira e é capaz de nos levar a cometer as maiores loucuras. Esta ideia faz-nos criar sentimentos de
grande expectativa e desejo de reencontrar a pessoa. Contudo, o reencontro, por vezes, pode ser uma
desilusão.
25 Quase sempre voltar ao passado implica perdoar velhas mágoas, pois, habitualmente, as relações
terminam por algum tipo de desentendimento ou incompatibilidade. Pode também terminar por
deixarmos de amar, mas nestes casos é mais difícil voltarmos a equacionar um regresso. É muito
importante avaliar as razões pelas quais se terminou, pois em alguns casos poderão ditar um novo
término ou dificuldades no ajustamento.
Catarina Lucas, «Amores do passado: voltar ou não voltar a um amor antigo?», in https://visao.sapo.pt
(texto adaptado e com supressões, consultado em 11/12/2021).

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1. O grande «desafio» (linha 2) que o amor nos coloca é
A. sabermos harmonizar a emotividade com o domínio intelectual.
B. termos a capacidade de escolher aquilo que é melhor para nós.
C. concretizarmos todas as expectativas que criamos à sua volta.
D. empreendermos uma tarefa que, inicialmente, parece inatingível.

2. De acordo com o terceiro parágrafo, as motivações para se reviver uma experiência amorosa
podem ser consideradas
A. complementares, pois todas dependem umas das outras.
B. inexplicáveis devido à ausência de racionalidade no amor.
C. idênticas, já que todas têm por base o bem-estar emocional.
D. antagónicas e associadas principalmente ao domínio racional.

3. Com a expressão «Os amores não concretizados tornam-se eternos» (linhas 20 e 21), a cronista
A. demonstra que as relações amorosas são alvo de constantes contradições.
B. evidencia que a expectativa consegue superar as adversidades da realidade.
C. realça que a eternidade anula a possibilidade de materializar as relações.
D. mostra que o amor só tem validade quando não é colocado em prática.

4. No segmento «questionamo-nos se o devemos fazer» (linhas 8 e 9), há a presença de deíticos


A. temporais e pessoais.
B. espaciais e pessoais.
C. pessoais.
D. espaciais.

5. Na expressão «nos tolda muitas vezes a visão» (linha 6), o pronome encontra-se anteposto ao
verbo, porque está
A. integrado numa oração subordinante.
B. integrado numa oração subordinada.
C. dependente da expressão «forma prática e racional» (linha 5).
D. dependente de uma oração coordenada.

6. Identifica a função sintática desempenhada pelas expressões:


a) «que a razão desconhece» (linhas 1 e 2);
b) «uma desilusão» (linhas 23 e 24).

7. Classifica a oração «quando deixou em nós um sentimento positivo» (linhas 10 e 11).

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Grupo III

Num texto bem estruturado, com um mínimo de duzentas e um máximo de trezentas e


cinquenta palavras, faz a apreciação crítica do cartoon abaixo apresentado, da autoria de Alireza
Pakdel.

Alireza Pakdel, in www.oanoe.com


(consultado em 10/12/2021).

O teu texto deve incluir:


● a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos da sua
composição;
● um comentário crítico, fundamentando a tua apreciação em, pelo menos, três aspetos
relevantes e utilizando um discurso valorativo.

Observações:

1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando esta
integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra, independentemente do
número de algarismos que o constituam (ex.: /2022/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 200 e 350 palavras –, há que atender ao seguinte:
- um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
- um texto com extensão inferior a 80 palavras é classificado com 0 pontos.

FIM

Grupo Itens/Cotação (em pontos)


1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
I 104
16 16 12 16 16 12 16
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
II 56
8 8 8 8 8 8 8
III Item único 40
Total 200

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