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Português
9 páginas
10.º ANO
Nome:________________________________________________________________________
Não é permitido o uso de corretor. Em caso de engano, deve riscar aquilo que pretende que não seja classificado.
Ao responder, diferencie corretamente as maiúsculas das minúsculas. Se escrever alguma resposta integralmente em
maiúsculas, a classificação da prova é sujeita a uma desvalorização de cinco pontos.
Ficha de preparação para o Teste de Português | 10.º ano |outubro de 2022 | página 1/9
GRUPO I
PARTE A
15
NOTAS
1
louçana – bonita.
2
grado – vontade, gosto.
3
oimais – de hoje em dia.
4
partir – separa-se, afastar-se.
5
por en – por isso.
2. Explicite o sentido da expressão «nunca já mais» (versos 2, 4, 9 e 14), tendo em conta o papel
desempenhado pelo amigo.
Na folha de respostas, registe apenas as letras – a), b) e c) – e, para cada uma delas, o número
que corresponde à opção selecionada em cada um dos casos.
Do ponto de vista formal, esta cantiga não se classifica como paralelística, já que ____a)_____ .
Quanto ao desenvolvimento temático, é de assinalar, por um lado, o facto de o sujeito lírico, em
todas as estrofes, se dirigir ____b)____; por outro lado, constata-se que o refrão evidencia ____c)____.
a) b) c)
1. os versos do refrão têm o 1. às amigas que a 1. a ideia de proximidade do
mesmo número de sílabas acompanham naquele amigo.
métricas. momento
Ficha de preparação para o Teste de Português | 10.º ano |outubro de 2022 | página 3/9
PARTE B
Leia o texto.
As cantigas trovadorescas galego-portuguesas são um dos patrimónios mais ricos da Idade Média
peninsular. Produzidas durante o período, de cerca de 150 anos, que vai, genericamente, de finais do
século XII a meados do século XIV, as cantigas medievais situam-se, historicamente, nas alvores das
nacionalidades ibéricas, sendo, em grande parte contemporâneas da chamada Reconquista cristã, que
nelas deixa, aliás, numerosas marcas. Tendo em conta a geografia política peninsular da época, que se
5
caracterizava pela existência de entidades políticas diversas, muitas vezes com fronteiras voláteis e
frequentemente em luta entre si, a área geográfica e cultural onde se desenvolve a arte trovadoresca
galego-portuguesa (ou seja, em língua galego-portuguesa) corresponde, aproximadamente, aos reinos de
Leão e Galiza, ao reino de Portugal, e ao reino de Castela (a partir de 1230 unificado com Leão). [...]
Num registo bem mais popular ou burguês, a cantiga de amigo é um género autóctone, cujas
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origens parecem remontar a uma vasta e arcaica tradição da canção em voz feminina, tradição que os
trovadores e jograis galego-portugueses terão seguido, muito embora adaptando-a ao universo cortês e
palaciano que era o seu. Desta forma, a voz feminina que os trovadores e jograis fazem cantar nestas
composições remete para um universo definido pela mulher, uma jovem enamorada, que canta, por vezes
num espaço aberto e natural. Desta forma a velida (bela), a bem-talhada (de corpo bem feito) exterioriza e
15 materializa de formas várias, formas essas enquadradas numa vivência quotidiana e popular, os
sentimentos amorosos que a animam. Compostas e geralmente cantadas por um homem (se bem que
possa ter havido igualmente vozes femininas a cantá-las), as cantigas de amigo põem em cena um
universo feminino alargado, do qual fazem ainda parte, como interlocutoras da donzela, a mãe, as irmãs
ou as amigas.
Lopes, Graça Videira; Ferreira, Manuel Pedro et al. (2011-), Cantigas Medievais Galego Portuguesas [base de dados online]. Lisboa:
Instituto de Estudos Medievais, FCSH/NOVA. [Consultada em 27 de setembro 2021]
Disponível em: <http://cantigas.fcsh.unl.pt>
(Adaptado)
4. Explique o sentido da frase «As cantigas trovadorescas galego-portuguesas são um dos patrimónios
mais ricos da Idade Média peninsular.» (linhas 1 e 2), tendo em conta o contexto em que surge.
5. Explicite a origem das cantigas de amigo, ilustrando a resposta com elementos textuais pertinentes.
b) das linhas 15 a 19, a expressão que evidencia o ambiente retratado nas cantigas de
amigo.
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GRUPO II
O que mais me vem interessando na literatura de hoje é a poesia das novas poetas. A mulher é
uma equação que o mundo nunca permitiu ser resolvida. Adiada pela História, mormente 1 pela História
dos homens, à mulher nunca lhe foi dada verdadeiramente a oportunidade. As mais das vezes, a
cultura ocidental dá a mulher como tolerada ou sacralizada 2. Está constantemente colocada na posição
de visita no mundo, mais do que sua proprietária, seu padrão natural.
5
Parece-me, contudo, que com tantas limitações, hipocrisia e paternalismo, a mulher chega ao
seu século, depois das primeiras gerações académicas, depois das conquistas inestimáveis das
sufragistas3. A mulher culta de hoje, sem mais paciência para a expectativa dos homens, parece-me
chegar a uma poesia profundamente própria que contrasta com uma mais linear poesia dos homens.
[...]
10
Esta geração de mulheres poetas é sem precedentes. O passado preserva as mais magníficas
poetas, mas quero crer que nunca como agora se assistiu a uma geração que revelasse tão vasta
quantidade de autoras, tão grande qualidade, tão entusiasmante universo discutido. [...]
Gosto de ver estas poetas nos antípodas 4 do que as cantigas d’amigo sonharam para as
mulheres. Deixaram de ser medidas pela espera do cavaleiro encantado. Deixaram de temer. A vida da
15 mulher não pode mais justificar-se pela conquista ou, sequer, pela presença do homem. A voz das
poetas deixou-se disso.
São muitos os exemplos que podemos evocar em Portugal. Contudo, com maior ou menor
distância, em todos os exemplos podemos sentir a marca de Adília Lopes. [...] De Filipa Leal a Renata
Correia Botelho, de Andreia C. Faria a Tatiana Faia, de Cláudia R. Sampaio a Sandra Andrade, de
Rosalina Marshal a Matilde Campilho, e mais Margarida Vale de Gato, Margarida Ferra ou Golgona
20
Anghel, entre tantas outras. [...] Não encontro na História momento algum que se lhe compare. Faz-me
acreditar que se levante um século das mulheres.
Sem ingenuidade, o futuro não está para graças. Regredimos em quase todos os índices no que
respeita à paridade entre géneros, no entanto, a paridade que os homens podem não querer
reconhecer já não pode impedir que as mulheres se assumam. O que espero deste século é isso. Que
25 não deixem de ser livres por mais que o mundo que continua a ser dos homens, e a tender ser para
homens, as queira disciplinar. Isto não é um apelo a um feminismo desenfreado que opere por ódio
aos homens. É um sonho de ver o padrão feminino livre, sem preconceito nem submissão. Livre.
Escreve assim Andreia C. Faria: “Haveria árvores em vez de homens/no sentido em que os
homens crescem/no lugar das árvores, ao invés das árvores”. E também: “Não desejes nada puro
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30 -/compaixão, água fresca, incidências vegetais./Não te queiras fímbria , orla/humilde de substâncias
imortais”.
Valter Hugo Mãe, https://visao.sapo.pt/jornaldeletras/letras/2018-03-29-O-seculo-das-Mulheres/
Teste de Português | 10.º ano |outubro de 2021 | página 6/9
NOTAS
1
mormente – sobretudo, especialmente.
2
sacralizada – sagrada, divinizada.
3
sufragistas – mulheres que reclamam o direito de voto em assembleias políticas
4
antípodas – do lado oposto.
5
fímbria – borda.
3. Ao afirmar que «Esta geração de mulheres poetas é sem precedentes.» (linha 10), Valter Hugo Mãe
(A) apresenta uma opinião sobre a geração atual das poetas portuguesas.
(B) revela a sua predileção por poetisas do passado.
(C) explicita a importância da voz dos poetas atuais.
(D) comprova que o grupo atual de poetas femininas é ainda diminuto.
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5. Os vocábulos «dos homens» (linha 15) e «das poetas» (linha 15) desempenham a função sintática de
(A) complemento do nome, nos dois casos.
(B) complemento do adjetivo, nos dois casos.
(C) complemento do nome e complemento do adjetivo, respetivamente.
(D) complemento do adjetivo e complemento do nome, respetivamente.
Num texto bem estruturado, com um mínimo de 160 e um máximo de 260 palavras,
comente a questão apresentada.
No seu texto:
Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em branco, mesmo quando
esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /dir-se-ia/). Qualquer número conta como uma única palavra,
independentemente do número de algarismos que o constituam (ex.: /2022/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – entre 160 e 260 palavras –, há que atender ao seguinte:
− um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto produzido;
− um texto com extensão inferior a 55 é classificado com zero pontos.
COTAÇÕES
Item
Grupo
Cotação
1. 2. 3. 4. 5. 6.
I
20 20 10 20 20 10 100
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
II
8 8 8 8 8 8 8 56
Item único
III 44
Total 200
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