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BANCO DE QUESTÕES – PORTUGUÊS 10.

O ANO

Domínio: Educação Literária


Conteúdo: Obras de leitura obrigatória – questionários

Poesia trovadoresca

A. Lê o texto que se segue.


Vaiamos1, irmã a, vaiamos dormir
en nas ribas2 do lago, u3 eu andar vi
a las aves meu amigo.

Vaiamos, irmã a, vaiamos folgar4


en as ribas do lago, u eu vi andar
a las aves meu amigo.

En nas ribas do lago, u eu andar vi,


seu arco na mã ao as aves ferir,
a las aves meu amigo.

En nas ribas do lago, u eu vi andar,


seu arco na mã ao a las aves tirar5,
a las aves meu amigo.

Seu arco na mã ao as aves ferir,


a las que cantavan leixá -las guarir6,
a las aves meu amigo.

Seu arco na mã ao as aves tirar,


a las que cantavan non nas quer matar,
a las aves meu amigo

Fernando Esquio

1. vamos; 2. margens; 3. onde; 4. descansar; 5. atirar; 6. deixá -las sem ferida.

Após uma leitura atenta do poema, responde ao questionário, de uma forma clara
e cuidada.

1. Classifica, justificando, a cantiga de amigo transcrita, no que diz respeito à


estrutura formal utilizada.
1.1 Mostra como essa estrutura se adequa ao propó sito da cantiga.

2. Com base nos elementos que o texto te fornece e sugere, identifica e


caracteriza psicologicamente o sujeito poético.

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3. A açã o do amigo é associada à do caçador.
3.1 Transcreve as expressõ es que referem a sua açã o.
3.2 Mostra que essa açã o é apresentada em gradaçã o.
3.3 Interpreta a simbologia dessa açã o e do espaço onde se realiza.

4. Explica de que forma poderemos associar o sujeito poético à s «aves».



B. Lê, atentamente, o texto apresentado a seguir.

Amigo, pois vos nom vi

Amigo, pois vos nom vi,


nunca folguei nem dormi,
mais ora já  des aqui
que vos vejo, folgarei
e verei prazer de mi,
pois vejo quanto bem hei.

Pois vos nom pudi veer,


jamais nom houvi lezer
e, u vos Deus quis trager,
que vos vejo, folgarei
e verei de mim prazer,
pois vejo quanto bem hei.

Des que vos nom vi, de rem


nom vi prazer e o sem
perdi, mais, pois que mi avém
que vos vejo, folgarei
e verei todo meu bem,
pois vejo quanto bem hei.

De vos veer a mim praz


tanto que muito é assaz,
mais, u m'este bem Deus faz
que vos vejo, folgarei
e haverei gram solaz,
pois vejo quanto bem hei.

Dom Dinis, in: CV 202; CBN 599

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Após uma leitura atenta do poema, responde ao questionário, de uma forma clara
e cuidada.

1. Estabelece a correspondência correta, de modo a obteres afirmaçõ es verdadeiras.

I II
1. Esta cantiga revela o A. um dístico com um verso
contraste... intercalado.
2. O refrã o é constituído por... B. o paralelismo anafó rico e semâ ntico.

3. O verso que intercala o C. entre a tristeza do passado do sujeito


refrã o garante... poético e a alegria que sente no
presente.

2. Transcreve do texto a palavra que identifica o interlocutor do sujeito poético.

3. Seleciona a opçã o correta.


Nesta cantiga, estã o presentes vá rias formas de repetiçã o, como
A. o refrã o em verso ú nico e o paralelismo semâ ntico.
B. o refrã o em dístico intercalado e o paralelismo anafó rico nos versos que
intercalam o refrã o.
C. o leixa-pren.
D. o refrã o em dístico e o leixa-pren em todas as estrofes .

4. Seleciona a opçã o correta.


Na primeira estrofe, o recurso expressivo que identifica o interlocutor é
A. a apó strofe.
B. a metá fora.
C. a personificaçã o.
D. o hipérbato.



D. Lê o texto, com atenção.

Ai flores, ai flores do verde pino

– Ai flores, ai flores do verde pino,


se sabedes novas do meu amigo?
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pô s conmigo?
Ai Deus, e u é?

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Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado?
Ai Deus, e u é?
– Vó s me preguntades polo voss'amigo
e eu bem vos digo que é san'e vivo.
Ai Deus, e u é?
Vó s me preguntades polo voss'amado
e eu bem vos digo que é viv'e sano.
Ai Deus, e u é?
E eu bem vos digo que é san'e vivo
e será vosco ant'o prazo saído.
Ai Deus, e u é?
E eu bem vos digo que é viv'e sano
e será vosc[o] ant'o prazo passado.
Ai Deus, e u é?
Dom Dinis, in: CV 171; CBN 568

Após uma leitura atenta do poema, responde ao questionário, de uma forma clara
e cuidada.

1. Refere o papel desempenhado pelas «flores do verde pino».

2. Como se designa a repetiçã o do verso «Ai Deus, e u é?»?

3. Seleciona a opçã o correta.


No poema, o eu poético
A. é um sujeito feminino que aguarda a chegada do seu amado.
B. é um sujeito masculino que aguarda a chegada da sua amada.
C. é um sujeito feminino que recusa esperar o seu amado.
D. é um sujeito masculino que lamenta a indiferença da mulher amada

Crónica de D. João I, Fernão Lopes

A. Lê o texto apresentado a seguir.

Soaram as vozes do arroido pela cidade, ouvindo todos bradar que matavam o
Mestre; e assi como viú va que rei nom tinha, e como se lhe este ficara em logo1 de
marido, se moveram todos com mã o armada, correndo à pressa pera onde diziam
que se isto fazia, por lhe darem vida e escusar2 morte.
Á lvaro Pais nom quedava3 de ir pera alá , bradando a todos:
– Acorramos ao Mestre, amigos! Acorramos ao Mestre que matam sem porquê!
A gente começou de se juntar a ele e era tanta, que era estranha cousa de ver.
Nom cabiam pelas ruas principais e atravessavam lugares escusos 4, desejando cada

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um de ser o primeiro; e, perguntando uns aos outros quem matava o Mestre, nom
minguava5 quem responder que o matava o conde Joã o Fernandez, per mandado da
rainha.
E, per vontade de Deus, todos feitos de um coraçom, com talente6 de o vingar,
como7 foram à s portas do paço, que eram já cerradas, ante que chegassem, com
espantosas palavras, começaram de dizer:
– U8 matam o Mestre? Que é do Mestre? Quem cerrou estas portas?
Ali eram ouvidos braados de desvairadas9 maneiras. Tais i10 havia que
certificavam que o Mestre era morto, pois as portas estavam cerradas, dizendo que
as britassem11 pera entrar dentro, e veriam que era do Mestre ou que cousa era
aquela.
Deles bradavam por lenha e que viesse lume, pera poerem fogo aos paços e
queimar o tredor12 e a aleivosa13. Outros se aficavam14 pedindo escadas pera subir
acima, pera verem que era do Mestre; e em tudo isto era o arroido atã o grande, que
se nom entendiam uns com os outros, nem determinavam nenhuma cousa. E nom
somente era isto à porta dos Paços, mas ainda arredor deles per u homens e
mulheres podiam estar. Umas vinham com feixes de lenha, outras tragiam carqueija
pera acender o fogo, cuidando queimar o muro dos paços com ela, dizendo muitos
doestos15 contra a rainha.
De cima, nom minguava quem. bradar que o Mestre era vivo e o conde Joã o
Fernandes morto; mas isto nom queria nenhum crer, dizendo:
– Pois se vivo é, mostrai-no-lo e vê-lo-emos.
Entom os do Mestre, vendo tã o grande alvoroço como este, e que cada vez se
acendia mais, disseram que fosse sua mercê 16 de se mostrar à quelas gentes; de outra
guisa17 poderiam quebrar as portas, ou lhes poer fogo; e, entrando assi dentro per
força, nom lhes poderiam depois tolher18 de fazer o que quisessem. Ali se mostrou o
Mestre a uma grande janela que vinha sobre a rua, onde estava Á lvaro Pais e a mais
força de gente, e disse:
– Amigos, apacificai-vos, ca eu vivo e sã o sou, a Deus graças.
E tanta era a turvaçã o deles e assi tinham já em crença que o Mestre era morto,
que tais havia aí que aperfiavam19 que nom era aquele; porém, conhecendo-o todos
claramente, houveram grande prazer quando o viram.
Fernã o Lopes, Crónica de D. João I (ed. Teresa Amado), Comunicaçã o, 1992
(Texto com algumas alteraçõ es ortográ ficas)

1. no lugar; 2. livrar da; 3. deixava; 4. escondidos; 5. faltava; 6. (do francês talan) vontade; 7. quando; 8. onde;
9.diversas; 10. aí; 11. arrombassem; 12. traidor (conde Andeiro); 13. mulher adú ltera (Leonor Teles); 14. teimavam;
15. insultos; 16. fizesse o favor; 17. maneira; 18. impedir; 19. insistiam.

Depois de teres lido atentamente o excerto da Crónica de D. João I, responde ao


questionário, de forma clara e cuidada.

1. No fragmento, delimita três momentos de evoluçã o da açã o, resumindo brevemente


cada um deles.

2. O texto combina narraçã o e descriçã o. Dá exemplos que o confirmem.

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3. Salienta, na descriçã o: a visã o de conjunto e o pormenor, o tempo verbal dominante,
a expressã o de sensaçõ es.

4. As frases em discurso direto sintetizam expressivamente as fases da açã o em que


surgem. Fundamenta a afirmaçã o.

5. O excerto evidencia o protagonismo da personagem coletiva.


5.1 Explica o sentido da comparaçã o estabelecida no primeiro pará grafo.



B. Lê o seguinte capítulo com atenção.

Capítulo XI

Do alvoroço que foi na cidade cuidando que matavom o Mestre, e como aló 1 foi
Alvoro Paez e muitas gentes com ele.

O Page do Mestre que estava aa porta, como lhe disserom que fosse pela vila
segundo já era percebido2, começou d'ir rijamente3 a galope em cima do cavalo em que
estava, dizendo altas vozes, bradando pela rua:
– Matom o Mestre! matom o Mestre nos Paços da Rainha! Acorree ao Mestre que
matam!
E assi chegou a casa d’Alvoro Paez que era dali grande espaço4.
As gentes que esto ouviam, saiam aa rua veer que cousa era; e começando de falar
uus com os outros, alvoraçavom-se nas vontades5, e começavom de tomar armas cada
uu como melhor e mais asinha6 podia. Alvoro Paez que estava prestes7 e armado com ua
coifa8 na cabeça segundo usança daquel tempo, cavalgou logo a pressa em cima duu
cavalo que anos havia que nom cavalgara; e todos seus aliados com ele, bradando a
quaesquer que achava dizendo:
— Acorramos ao Mestre, amigos, acorramos ao Mestre, ca9 filho é del-Rei dom
Pedro.
E assi braadavom el e o Page indo pela rua.
Soarom as vozes do arroido10 pela cidade ouvindo todos bradar que matavom o
Mestre; e assi como viuva que rei nom tiinha, e como se lhe este ficara em logo 11 de
marido, se moverom todos com mã o armada12, correndo a pressa pera u13 deziam que se
esto fazia, por lhe darem vida e escusar14 morte. Alvoro Paez nom quedava15 d’ir pera
alá 16, bradando a todos:
– Acorramos ao Mestre, amigos, acorramos ao Mestre que matam sem por quê!
A gente começou de se juntar a ele, e era tanta que era estranha cousa de veer.
Nom cabiam pelas ruas principaes, e atrevessavom logares escusos17, desejando cada uu
de seer o primeiro; e preguntando uus aos outros quem matava o Mestre, nom
minguava18 quem responder que o matava o Conde Joam Fernandez, per mandado da
Rainha. (…)

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– Ó Senhor! Como vos quiserom matar per treiçom, beento seja Deos que vos
guardou desse treedor! Viinde-vos, dae ao demo esses Paaços, nom sejaes lá mais.
E em dizendo esto, muitos choravom com prazer de o veer vivo. Veendo el estonce
que neuã duvida tiinha em sua segurança, desceo afundo19 e cavalgou com os seus
acompanhado de todolos outros que era maravilha de veer. Os quaes mui ledos arredor
dele, braadavom dizendo:
– Que nos mandaes fazer, Senhor? Que querees que façamos?
E el lhe respondia, aadur20 podendo seer ouvido, que lho gradecia muito, mas que
por estonce nom havia deles mais mester21.
Fernã o Lopes, Crónica de D. João I, (ed. Teresa Amado), Comunicaçã o, 1992
(Texto com algumas alteraçõ es ortográ ficas)

1. entã o; 2. combinado, preparado; 3. depressa; 4. longe; 5. excitavam-se os ânimos; 6. depressa; 7. pronto,


preparado; 8. parte da armadura que protege a cabeça; 9. porque; 10. ruído; 11. em lugar (de); 12. com
armas na mã o faltava; 13. onde; 14. evitar; 15. parava; 16. lá ; 17. escondidos; 18. faltava; 19. abaixo; 20.
dificilmente; 21. necessidade.

Após a leitura do texto, responde ao questionário de uma forma clara e cuidada.

1. Transcreve marcas que atestem o crescendo de dramaticidade ao longo do texto (até


ao clímax).

2. Classifica as seguintes afirmaçõ es como verdadeiras (V) ou falsas (F).


 A. Neste excerto, o narrador apela à s sensaçõ es visuais e auditivas do leitor.
 B. O narrador é homodiegético.
 C. Á lvaro de Pais e o pajem assumem um papel secundá rio no desenrolar da açã o.
 D. O povo é retratado como uma personagem coletiva.

3. Transcreve o excerto em que Fernã o Lopes alude a Deus e ao diabo.

4. Seleciona as opçõ es corretas.


Quais sã o as açõ es do pajem e de Á lvaro Pais que indiciam que havia um plano já
traçado?
A. «O Page do Mestre que estava aa porta, como lhe disserom que fosse pela vila
segundo já era percebido (…)»
B. «Acorree ao Mestre que matam!»
C. «As gentes que esto ouviam, saíam aa rua veer que cousa era»
D. «Alvoro Paez que estava prestes e armado com ua coifa na cabeça segundo usança
daquel tempo (…)»

5. Estabelece uma relaçã o entre o excerto e o título deste capítulo.

6. Explica, por palavras tuas, por que razã o se diz que Fernã o Lopes escreve quase ao
estilo de um repó rter.

7. Seleciona a opçã o correta.


Como é que Á lvaro Pais se refere à s pessoas que aborda nas ruas?

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A. Povo
B. Amigos
C. Camaradas
D. Senhores



C. Lê o seguinte texto, com atenção.

Capítulo CXV

Per que guisa estava a cidade corregida pera se defender, quando el-Rei de
Castela pôs cerco sobre ela.

Nenhum falamento1 deve mais vizinho ser deste capítulo que haveis ouvido, que
poermos logo aqui brevemente de que guisa estava a cidade, jazendo el-rei de Castela
sobre ela; e per que modo punha em si guarda o Mestre e as gentes que dentro eram por
nã o receber dano de seus inimigos; e o esforço e fouteza2 que contra eles mostravam
enquanto assim esteve cercada.
Onde sabei que, como3 o Mestre e os da cidade souberam a vinda del-rei de Castela
e esperaram seu grande e poderoso cerco, logo foi ordenado de recolherem pera a
cidade os mais mantimentos que haver pudessem, assim de pã o e carnes como
quaisquer outras causas. E iam-se muitos à s liziras4 em barcas e batéis, depois que
Santarém esteve por Castela, e dali traziam muitos gados mortos que salgavam em tinas
e outras cousas de que fizeram grande acalmamento5. E colheram-se dentro à cidade
muitos lavradores com as mulheres e filhos e causas que tinham, e doutras pessoas da
comarca de arredor, aqueles a que prougue6 de o fazer; e deles7 passaram o Tejo com
seus gados e bestas e o que levar puderam, e se foram contra 8 Setú bal e pera Palmela. E
outros ficaram na cidade e nã o quiseram dali partir; e tais hi houve, que puseram todo o
seu, e ficaram nas vilas que por Casteia tomaram voz.
Os muros todos da cidade nã o haviam míngua de bom repairamento; e em setenta
e sete torres que ela tem a redor de si, foram feitos fortes caramanchõ es de madeira, os
quais eram bem fornecidos de escudos e lanças e dardos, e bestas de tomo, e doutras
maneiras, com grande avondança de muitos virotõ es. (…)
Oh, que formosa cousa era de ver! Um tã o alto e poderoso senhor como é el-rei de
Castela com tanta multidã o de gentes, assim per mar como per terra, postas em tã o
grande e tã o boa ordenança, ter cercado tã o nobre cidade. E ela, assim guarnecida
contra ele de gentes e de armas, com tais avisamentos 9 por sua guarda e defensã o; em
tanto que diziam os que viram que tã o formoso cerco de cidade nã o era em memó ria de
homens que fosse visto de mui longos anos até aquele tempo.
Fernã o Lopes, Crónica de D. João I, (ed. Teresa Amado), Comunicaçã o, 1992
(Texto com algumas alteraçõ es ortográ ficas)

1. palavras; 2. coragem; 3. logo que; 4. terreno alagado nas margens de um rio; 5. abastecimento; 6. agra-
dou; 7. e alguns; 8. em direçã o a; 9. preparativos.

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Responde ao questionário de uma forma clara e cuidada.

1. Indica a ideia veiculada pelo cronista no primeiro pará grafo deste capítulo.

2. Classifica as seguintes afirmaçõ es como verdadeiras (V) ou falsas (F).


 A. Neste excerto é retratado o cerco de Lisboa.
 B. Nestas linhas, o cronista fala-nos da extrema fome que a populaçã o vivia.
 C. A defesa da cidade apenas se fazia nas portas.
 D. Toda a populaçã o estava empenhada na defesa da sua cidade.

3. Transcreve marcas que evidenciem que o cronista narra como quem fala.

4. Seleciona a(s) opçã o/opçõ es correta(s).


Refere o(s) modo(s) de representaçã o do discurso utilizado(s) ao longo deste
excerto.
A. Narraçã o
B. Diá logo
C. Descriçã o
D. Argumentaçã o

5. Transcreve marcas que atestem os planos de visã o existentes neste texto: visã o de
conjunto e visã o de pormenor.

6. Refere as qualidades que caracterizam o povo ao longo deste excerto.

7. Transcreve a frase que mostra que um cerco como este jamais tinha sido visto.

Farsa de Inês Pereira, Gil Vicente


A. Lê, atentamente, os textos que se seguem.

TEXTO 1 TEXTO 2

Vem a Mãe e diz


Mãe – Pero Marques foi-se já ? Inês – Que pecado foi o meu?
Porque me dais tal prisã o?
Inês – E pera que er’ele aqui?
Escudeiro – Vó s buscastes discriçã o,
Mãe – E nam t’agrada ele a ti? que culpa vos tenho eu?
Inês – Vá -se muit’ieramá Pode ser maior aviso,
que sempre disse e direi: maior discriçã o e siso
mã e, eu me nam casarei que guardar eu meu tisoiro?
senam com homem discreto. Nam sois vó s, molher, meu ouro?
E assi vo-lo prometo Que mal faço em guardar isso?
ou antes o leixarei.
Vó s nam haveis de mandar
Que seja homem mal feito, em casa somente um pêlo
se eu disser isto é novelo
feo, pobre, sem feiçã o
havei-lo de confirmar.
como tiver descriçã o, E mais quando eu vier
de fora, haveis de tremer
e cousa que vó s digais
nam vos há de valer mais
d’aquilo
Português 10.º que eu
ano | Banco quiser.
de questõ es | © Raiz Editora 9
Moço à s partes dalém
nam lhe quero mais proveito.
E saiba tanger viola,
e coma eu pã o e cebola
siquer ua canteguinha
discreto, feito em farinha,
porque isto me degola.
Mãe – Sempre tu há s de bailar,
e sempre ele há de tanger?
Se nam tiveres que comer
o tanger te há de fartar.
Inês – Cada louco com sua teima
com ua borda de boleima
e ua vez d’á gua fria
nam quero mais cada dia.
Mãe – Como à s vezes isso queima.
E qu’é desses escudeiros?
Inês – Eu falei ontem ali
que passaram por aqui
os judeus casamenteiros
e hã o de vir agora aqui.
Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira, Porto Editora, 2014

Apresenta, de forma bem estruturada, as tuas respostas às questões que se


seguem.

TEXTO 1
1. Enuncia o tema de conversa entre mã e e filha.

2. Apresenta o principal ponto de discó rdia entre as duas mulheres.

3. «mã e, eu me nam casarei


senam com homem discreto. » (ll. 7-8)
«Mã e –E qu’é desses escudeiros?» (l. 29)
Explica como sabe a mã e que o «homem», a que a filha se refere, é um escudeiro.

4. «Se nã o tiveres que comer,


o tanger te há de fartar?» (ll. 22-23)
Expõ e que crítica é feita a Inês através desta observaçã o da mã e.

5. Indica como se enuncia, neste excerto da Farsa de Inês Pereira, a saída recente de uma
personagem e a entrada pró xima de outras.

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TEXTO 2
1. Indica a relaçã o que existe entre as duas personagens que protagonizam este excerto.

2. Especifica o indício que nos é dado, neste excerto, sobre o tempo histó rico.

TEXTOS 1 e 2
1. Inês (TEXTO 1) nã o entende a «discriçã o» na mesma perspetiva que o Escudeiro (TEXTO
2). Explica em que diferem os dois pontos de vista.



B. Lê o seguinte texto com atenção.

Entra logo Inês Pereira, e finge que está lavrando só, em casa, e canta esta cantiga:

Canta Inês:
Quien con veros pena y muere
Que hará quando no os viere1?

(Falando)
INÊS Renego deste lavrar
E do primeiro que o usou;
Ó diabo que o eu dou,
Que tã o mau é d'aturar.
Oh Jesu! que enfadamento,
E que raiva, e que tormento,
Que cegueira, e que canseira!
Eu hei-de buscar maneira
D'algum outro aviamento2.

Coitada, assi hei-de estar


Encerrada nesta casa

Como panela sem asa,


Que sempre está num lugar?
E assi hã o-de ser logrados3
Dous dias amargurados,
Que eu possa durar viva?
E assim hei-de estar cativa
Em poder de desfiados4?

Antes o darei ao Diabo


Que lavrar mais nem pontada.

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Já tenho a vida cansada
De fazer sempre dum cabo5.
Todas folgam, e eu nã o,
Todas vem e todas vã o
Onde querem, senã o eu.
Hui! e que pecado é o meu,
Ou que dor de coraçã o?

Esta vida he mais que morta.


Sam eu coruja ou corujo,
Ou sam algum caramujo
Que nã o sai senã o à porta?
E quando me dã o algum dia
Licença, como a bugia6,
Que possa estar à janela,
É já mais que a Madanela
Quando achou a alelluia.

Vem a Mãe, e diz:


MÃE Logo eu adivinhei
Lá́ na missa onde eu estava,
Como a minha Inês lavrava
A tarefa que lhe eu dei...
Acaba esse travesseiro!
Hui! Nasceu-te algum unheiro?
Ou cuidas que é dia sancto?

INÊS Praza a Deos que algum quebranto7?


Me tire do cativeiro.

MÃE Toda tu está s aquella!


Chó rã o-te os filhos por pã o?

INÊS Prouvesse a Deus! Que já é razã o


De eu nã o estar tã o singela.
MÃE Olhade ali o mau pesar8...
Como queres tu casar
Com fama de preguiçosa?
INÊS Mas eu, mã e, sam aguçosa9
E vó s dais-vos de vagar.
MÃE Ora espera assi, vejamos.
INÊS Quem já visse esse prazer!
MÃE Cal’-te, que poderá ser
Qu’ante a Pá scoa vem os Ramos.

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Nã o te apresses tu, Inês.
Maior é o anno co mes:
Quando te nã o precatares,
Virã o maridos a pares,
E filhos de tres em tres.
INÊS Quero-m'ora alevantar.
Folgo mais de falar nisso,
Assi me de Deos o paraíso,
Mil vezes que nã o lavrar
Isto nã o sei que me faz.
MÃE Aqui vem Lianor Vaz.
INÊS E ela vem-se benzendo...

(…)
MÃE Lianor Vaz, que foi isso?
LIANOR Venho eu, mana, amarela10.
MÃE Mais ruiva11 que uma panela!
LIANOR Nã o sei como tenho siso12.
Jesu! Jesu! Que farei?
Nã o sei se me vá a el-rei13,
se me vá ao Cardeal.
MÃE Como? E tamanho é o mal?
LIANOR Tamanho? Eu to direi.
Vinha agora pereli14
ao redor da minha vinha,
e um clérigo, mana minha,
pardeus15, lançou mã o de mi16!
Nã o me podia valer,
diz que havia de saber
se era eu fêmea, se macho.
MÃE Hui! Seria algum muchacho17

(…)
LIANOR Eu vos trago um bom marido,
rico, honrado, conhecido;
diz que em camisa18 vos quer.

INÊS Primeiro, eu hei de saber


se é parvo, se sabido.

(…)
INÊS Si,
venha e veja-me a mi,
quero ver, quando me vir,
se perderá o presumir19

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logo em chegando aqui,
pera me fartar de rir.
Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira, Porto Editora, 2014

1. quem com ver-vos pena e morre, que fará quando vos nã o vir. 2. ocupaçã o. 3. aproveitados. 4.
travesseiros de franjas. 5. de estar sempre no mesmo sítio. 6. macaca. 7. feitiço. 8. que desgraça! 9. ativa.
10. pá lida. 11. corada. 12. discernimento; juízo. 13. D. Joã o III. 14. por ali. 15. por Deus, na verdade. 16.
Lançou mão de mi: quis-me agarrar. 17. rapaz. 18. pobre e sem dote. 19. presunçã o.

Após a leitura do texto, responde ao questionário de uma forma clara e cuidada.

1. Seleciona a opçã o correta.


Na sua primeira fala, Inês queixa-se de
A. nã o ter trabalho e de nã o se divertir como o fazem as raparigas da sua idade.
B. nã o ser amada e de estar constantemente confinada ao espaço da sua casa.
C. estar aborrecida e cansada devido ao trabalho que está a fazer e de estar
constantemente confinada ao espaço da sua casa.
D. ter de estar todos os dias com a sua mã e e de estar aborrecida e enfadada com o
trabalho que está a realizar.

2. Explicita o conflito no primeiro diá logo de Inês Pereira com a mã e.

3. Refere o que, segundo a mã e, poderá ser um impedimento ao casamento de Inês.

4. Refere o conselho que a mã e de Inês lhe dá relativamente ao casamento.

5. Indica o papel desempenhado por Lianor Vaz na peça.


6. Com base no excerto apresentado, caracteriza Inês Pereira.

7. Classifica como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmaçõ es.


 A. Lianor Vaz conta a Inês e à mã e desta que foi atacada por um clérigo e que
conseguiu escapar.
 B. Lianor Vaz lê uma carta de Pero Marques, pretendente de Inês.
 C. Lianor Vaz sugere a Inês que se case com Pero Marques.
 D. Inês concorda em receber Pero Marques para se rir dele.

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A lírica de Luís de Camões

A. Lê, atentamente, o soneto que se segue.


Dizei, Senhora, da Beleza ideia1:
Para fazerdes esse á ureo crino2,
Onde fostes buscar esse ouro fino?
De que escondida mina ou de que veia?

Dos vossos olhos essa luz Febeia3,


Esse respeito, de um império dino4?
Se o alcançastes com saber divino
Se com encantamentos de Medeia5?
De que escondidas conchas escolhestes
As perlas6 preciosas orientais
Que, falando, mostrais no doce riso?

Pois vos formastes tal como quisestes,


Vigiai-vos de vó s, nã o vos vejais;
Fugi das fontes: Lembre-vos Narciso7.

Lírica de Luís de Camões, Maria Vitalina Leal de Matos, Editorial Caminho, 2012

1. paradigma, ideal, 2. cabeleira loura, 3. solar (de Febo, deus romano do Sol), 4. digno, 5. feiticeira da mitologia
grega, 6. pérolas, 7. figura mitoló gica, símbolo da beleza, apaixonou-se por si pró prio, ao olhar o reflexo do seu
rosto nas á guas.

Após a leitura atenta do poema, responde às perguntas com clareza e


correção linguística.

1. Faz a aná lise da estrutura formal do poema.

2. Identifica os elementos físicos que compõ em o retrato e explica de que forma


cada um deles é valorizado, nomeadamente através da utilizaçã o de recursos
expressivos.

3. Transcreve as palavras/expressõ es sugestivas de características psicoló gicas,


explicitando o seu sentido.

4. Transcreve e interpreta a expressã o que, na primeira estrofe, sintetiza o


retrato «pintado».

5. Explicita e interpreta a advertência que, no ú ltimo terceto, o poeta faz à mulher


retratada.

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
B. Lê o seguinte poema, com atenção.

Descalça vai para a fonte


Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e nã o segura.

Leva na cabeça o pote,


O testo nas mã os de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e nã o segura.

Descobre a touca a garganta,


Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tã o linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e nã o segura.
Lírica de Luís de Camões, Maria Vitalina Leal de Matos, Editorial Caminho, 2012

Após a leitura do poema, responde ao questionário de uma forma clara e cuidada.

1. Identifica o tema do poema.

2. O poema é constituído pelo mote e por duas voltas. Refere o conteú do das voltas.

3. Seleciona a opçã o correta.


Esta composiçã o poética é
A. um soneto decassilá bico.
B. uma esparsa hexassilá bica.
C. um vilancete em redondilha maior.
D. uma endecha em redondilha menor.

4. Identifica o esquema rimá tico deste poema.

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5. Estabelece a correspondência correta entre os elementos do retrato de Lianor e as
suas características.

I II
1. Sainho A. de prata.
2. Cinta B. de fina escarlata.
3. Cabelos C. de chamalote.
4. Vasquinha D. de ouro entrançado.
5. Mã os E. mais branca que a neve pura.

6. Transcreve o(s) adjetivo(s) que resume(m) o retrato físico e psicoló gico de Lianor no
refrã o.

7. Seleciona a opçã o correta.


A palavra «vasquinha» significa
A. fita de atar os cabelos.
B. espécie de camisa ou de colete.
C. tecido de lã de camelo ou de lã e seda.
D. saia com muitas pregas.

Os Lusíadas, de Luís de Camões


A. Lê, atentamente, o excerto apresentado de seguida.

78
Um ramo na mã o tinha… Mas, ó cego,
Eu, que cometo1, insano e temerá rio,
Sem vó s, Ninfas do Tejo2 e do Mondego,
Por caminho tã o á rduo, longo e vá rio!
Vosso favor invoco, que navego
Por alto mar, com vento tã o contrá rio,
Que, se nã o me ajudais, hei grande medo
Que o meu fraco batel se alague cedo3.

79
Olhai que há tanto tempo que, cantando
O vosso Tejo e os vossos Lusitanos,
A Fortuna me traz peregrinando,
Novos trabalhos vendo e novos danos:
Agora o mar, agora exprimentando
Os perigos Mavó rcios4 inumanos,
Qual Cá nace5, que à morte se condena,
Nũ a mã o sempre a espada e noutra a pena;

Português 10.º ano | Banco de questõ es | © Raiz Editora 17


80
Agora, com pobreza avorrecida,
Por hospícios6 alheios degradado;
Agora, da esperança já adquirida,
De novo, mais que nunca, derribado;
Agora, à s costas7 escapando a vida,
Que dum fio pendia tã o delgado,
Que nã o menos milagre foi salvar-se
Que pera o Rei judaico8 acrecentar-se.

81
E ainda, Ninfas minhas, nã o bastava
Que tamanhas misérias me cercassem,
Senã o que aqueles que eu cantando andava
Tal prémio de meus versos me tornassem9:
A troco dos descansos que esperava,
Das capelas10 de louro que me honrassem,
Trabalhos nunca usados me inventaram,
Com que em tã o duro estado me deitaram!

82
Vede, Ninfas, que engenhos de senhores11
O vosso Tejo cria valerosos,
Que assi sabem prezar, com tais favores,
A quem os faz, cantando, gloriosos!
Que exemplos a futuros escritores,
Pera espertar engenhos curiosos,
Pera porem as cousas em memó ria,
Que merecerem ter eterna gló ria!

Luís de Camõ es, Os Lusíadas, Porto Editora, 2017

1. me atrevo; 2. Tá gides; 3. metaforicamente, a obra e a vida do poeta; 4. de Marte, da guerra; 5. Câ nace


escreveu ao irmã o uma carta de despedida segurando com a outra mã o a espada com que iria suicidar-se;
6. regiõ es; 7. nas costas (junto das quais o poeta naufragara); 8. Ezequias, a quem Jeová concedeu quinze
dias de vida, apó s o dia em que deveria morrer; 9. dessem; 10. coroas (destinadas a glorificar os
poetas); 11. grandes senhores de Portugal.

Responde às perguntas com clareza e correção, utilizando um discurso coerente e


coeso.

1. Situa o excerto na estrutura externa e interna de Os Lusíadas.

Português 10.º ano | Banco de questõ es | © Raiz Editora 18


2. Explica o sentido do apelo feito pelo sujeito poético, na estrofe 78, explicitando
as razõ es por ele apresentadas.

3. Expõ e sucintamente o conteú do das estrofes 79 e 80, referindo o seu cará ter
autobiográ fico.

4. Explica o sentido dos vv. 5-8 da estrofe 82, relacionando-os com o conteú do da
estrofe anterior.

5. Fazendo apelo à tua experiência de leitura de Os Lusíadas, elabora um texto


expositivo de 80 a 130 palavras, no qual apontes três críticas e consequentes
conselhos que Camõ es dirige aos Portugueses em finais de cantos de Os
Lusíadas.



B. Lê o excerto que se segue, com atenção.

105
(...)
Ó grandes e gravíssimos perigos,
Ó caminho de vida nunca certo,
Que aonde a gente põ e sua esperança
Tenha a vida tã o pouca segurança!

106
No mar tanta tormenta e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida!
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade avorrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que nã o se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tã o pequeno?

Luís de Camõ es, Os Lusíadas, Porto Editora, 2017

Responde às perguntas com clareza e correção, utilizando um discurso coerente e


coeso.

1. Assinala a opçã o correta.


Estas estâ ncias constituem
 A. uma crítica à ganâ ncia dos Portugueses.
 B. uma reflexã o acerca da fragilidade do ser humano.

Português 10.º ano | Banco de questõ es | © Raiz Editora 19


 C. um elogio ao espírito de cruzada dos portugueses.
 D. um apelo ao rei.

2. Estabelece a correspondência entre os elementos apresentados na coluna I e as


expressõ es que os caracterizam.

I II
1. Mar A. «tanta necessidade avorrecida»
B. «tanta guerra»
C. «tanta tormenta»
2. Terra D. «a morte apercebida»
E. «tanto engano»
F. «tanto dano»
3. Identifica o recurso expressivo presente nos versos seguintes.
«Ó grandes e gravíssimos perigos,
Ó caminho de vida nunca certo,»

4. Explica o sentido da expressã o «bicho da terra tã o pequeno« (estâ ncia 106).

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