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TESTES DE AVALIAÇÃO

TESTE DE AVALIAÇÃO 6

GRUPO I
A. Lê o seguinte excerto de Os Lusíadas e consulta as notas apresentadas.

93 95
E ponde na cobiça um freio duro, E fareis claro6 o Rei que tanto amais,
E na ambição também, que indignamente Agora cos conselhos bem cuidados,
Tomais mil vezes, e no torpe1 e escuro Agora co as espadas, que imortais
Vício da tirania infame e urgente2; 20 Vos farão, como os vossos já passados7.
5
Porque essas honras vãs, esse ouro puro, Impossibilidades não façais8,
Verdadeiro valor não dão à gente: Que quem quis, sempre pôde; e numerados9
Milhor é merecê-los sem os ter, Sereis entre os Heróis esclarecidos10
Que possuí-los sem os merecer. E nesta ”Ilha de Vénus” recebidos.

94 Luís de Camões, Os Lusíadas, [Canto IX], Porto:


Porto Editora, 2019.
Ou dai na paz as leis iguais, constantes,
10
Que aos grandes não deem o dos pequenos3,
Ou vos vesti nas armas rutilantes4,
Contra a lei dos imigos Sarracenos:
Fareis os Reinos grandes e possantes5,
E todos tereis mais e nenhum menos:
15
Possuireis riquezas merecidas,
Com as honras que ilustram tanto as vidas.

Responde de forma completa às seguintes questões.

1. Com base nas estâncias 93 e 94, refere três características que permitem atingir o estatuto de herói,
fundamentando a tua resposta com citações textuais pertinentes.
2. Esclarece o significado dos dois últimos versos da estância 93.
3. Explicita o valor simbólico da “Ilha dos Amores”, referida na estância 95.

1
torpe: desonesto.
2
urgente: opressiva.
3
pequenos: humildes.
4
rutilantes: brilhantes.
5
possantes: fortes.
6
claro: ilustre.
7
passados: antepassados.
8
impossibilidades não façais: não digais que é impossível.
9
numerados: mencionados.
10
esclarecidos: nobres, ilustres.

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TESTES DE AVALIAÇÃO

B.

Lê os seguintes excertos de Os Lusíadas e consulta as notas.

Texto 1 Texto 2
84 147
Nem creiais, Ninfas, não, que a fama desse Olhai que ledos vão, por várias vias,
A quem ao bem comum e do seu Rei Quais rompentes1 liões e bravos touros,
Antepuser seu próprio interesse, Dando os corpos a fomes e vigias2,
Imigo da divina e humana Lei. A ferro, a fogo, a setas e pelouros,
Nenhum ambicioso, que quisesse A quentes regiões, a plagas3 frias,
Subir a grandes cargos, cantarei, A golpes de Idolátras4 e de Mouros,
Só por poder com torpes exercícios A perigos incógnitos do mundo,
Usar mais largamente de seus vícios; A naufrágios, a pexes, ao profundo5.

85 148
Nenhum que use de seu poder bastante Por vos servir, a tudo aparelhados6;
Pera servir a seu desejo feio, De vós tão longe, sempre obedientes;
E que, por comprazer ao vulgo errante1, A quaisquer vossos ásperos mandados,
Se muda em mais figuras que Proteio2. Sem dar reposta, prontos e contentes.
Nem, Camenas3, também cuideis que cante Só com saber que são de vós olhados,
Quem, com hábito honesto e grave, veio, Demónios infernais, negros e ardentes,
Por contentar o Rei, no ofício novo, Cometerão7 convosco, e não duvido
A despir e roubar o pobre povo! Que vencedor vos façam, não vencido.

Luís de Camões, Os Lusíadas [Canto VII], Luís de Camões, Os Lusíadas [Canto X], Porto:
Porto: Porto Editora, 2019. Porto Editora, 2019.

Responde de forma completa às seguintes questões.


4. Explica em que medida os dois excertos referem atitudes opostas por parte dos Portugueses.
5. Interpreta o verso 8 da estância 148 tendo em conta o contexto histórico.
6. Completa as afirmações abaixo apresentadas, selecionando a opção adequada a cada espaço.
Nos estâncias transcritas, é possível encontrar exemplos dos recursos expressivos que integram Os Lusíadas,
nomeadamente a apóstrofe, presente em ……a)……, bem como a hipérbole, que, como em ……b)……,
pretende dar destaque aos sacrifícios a que os Portugueses se submetem por amor à Pátria. Do mesmo modo, o
recurso à enumeração ……c)…… acentua o sofrimento dos vassalos do rei.

a) b) c)

1. “Nem creiais, Ninfas, não, 1. “A despir e roubar o pobre povo!” 1. “Nenhum ambicioso, que quisesse/Subir a
que a fama desse” (texto 1, (texto 1, est. 85, v. 8). grandes cargos, cantarei,” (texto 1, est. 84, vv.
est. 84, v.1). 5-6).
2. “Olhai que ledos vão, por várias
2. “Nem, Camenas, também vias, / Quais rompentes liões e bravos 2. “Quem, com hábito honesto e grave, veio, /
cuideis que cante” (texto 1, touros,” (texto 2, est. 147, vv. 1-2). Por contentar o Rei, no ofício novo,” (texto 1,
est. 85, v. 5). est. 85, vv. 6-7).
3. “Dando os corpos a fomes e vigias, /
3. “Por vos servir, a tudo A ferro, a fogo, a setas e pelouros,” 3. “A perigos incógnitos do mundo, /
aparelhados” (texto 2, est. (texto 2, est. 147, vv. 3-4). A naufrágios, a pexes, ao profundo” (texto 2,
148, v.1). est. 147, vv. 7-8).

C. Texto 1 Texto 2
1
errante: inconstante; 2 Proteio: Proteu, guardador do gado 1
rompentes: que investem; 2 vigias: vigílias; 3 plagas: praias;
de Neptuno, célebre pelas suas metamorfoses; 3 Camenas: 4
Idolátras: adoradores de ídolos; 5 profundo: abismo da morte;
6
Musas aparelhados: preparados; 7 cometerão: acometerão, atacarão.
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7. A partir da tua experiência de leitura, redige uma exposição, entre cem e duzentas palavras, sobre o valor das
reflexões do Poeta presentes n’ Os Lusíadas.

GRUPO II
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, seleciona a opção correta.

Escreve, na folha de respostas, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

O Camões pacifista
Um educador inglês, o professor H. Hayward, de Londres, teve a ideia de levar a cabo todos os anos,
perante jovens do seu país, a celebração de um povo. O seu objetivo é despertar sentimentos de estima
mútua entre as nações, pondo em destaque a contribuição de cada povo para o progresso geral da
humanidade. A comemoração deste ano terá lugar no dia 29 de junho, no Alexandra Palace, em Londres,
5 em ligação com a festa da União para a Sociedade das Nações, e terá como tema Portugal e o seu papel
nos desenvolvimentos geográficos. (...)
Há muito tempo que todos os verdadeiros educadores pedem que a história da civilização tome o lugar
da “história-batalha”. No entanto, é necessário acrescentar que deveríamos insistir sobretudo na história
das ideias morais e do esforço moral da humanidade. (...)
10 O nosso grande poeta nacional, Camões, mereceria um lugar de honra entre os mais notáveis
defensores da ideia pacifista. Na sua obra lírica (talvez mais bela ainda do que a obra épica), encontramos
passagens contra a guerra de uma grande elevação de pensamento e de forma. Vemos um Camões tão
superior aos ódios nacionais que faz o elogio dos inimigos de Portugal, e mesmo daqueles que combateu
pessoalmente. É o caso, por exemplo, de uma carta em verso escrita nas Índias na qual narra um combate
15 com os indígenas em que tomou parte e da famosa descrição da batalha de Aljubarrota entre os
Portugueses e os Espanhóis. “A sublime bandeira castelhana foi derribada aos pés da lusitana”. Este
“sublime” é uma homenagem muito sincera ao inimigo. De resto, aquela que é talvez a passagem mais
bela de Os Lusíadas, esse poema épico e guerreiro, é o célebre discurso do Velho do Restelo, isto é, um
protesto contra a ambição e contra a guerra. Camões faz o elogio da bravura e do espírito de abnegação de
20 que alguns guerreiros deram prova, mas condena sempre a própria guerra. Os Lusíadas são o único poema
nacional, no sentido mais amplo da palavra, porque o herói é a nação inteira, e não este ou aquele
indivíduo, como no caso de Aquiles, de Ulisses ou de Eneias; e a passagem mais bela deste poema é uma
crítica ao que o poeta se propõe cantar, feita do ponto de vista de uma moral perfeitamente humana e
absoluta, para assim dizer.
António Sérgio, Jornal de Letras, 9 a 22 de outubro de 2019, p. 4 (JL Educação).

1. O professor H. Hayward incentivou

(A) a igualdade de género.

(B) a harmonia entre os Portugueses.

(C) o apreço de vários povos pelas descobertas de Portugal.

(D) o reconhecimento e a valorização de todos os povos.

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2. O autor do texto destaca Camões

(A) enquanto poeta lírico.

(B) pelos seus ideais humanistas.

(C) por ter escrito Os Lusíadas.

(D) porque aliou a escrita e a defesa da pátria.

3. O discurso do Velho do Restelo

(A) comprova a excecionalidade dos portugueses.

(B) serve como exemplo da tese apresentada no texto.

(C) veicula ideais belicistas.

(D) acentua o seu caráter guerreiro.

4. Segundo o autor do texto, Os Lusíadas

(A) elevam-se no panorama das epopeias.

(B) equiparam-se às epopeias clássicas.

(C) apenas apresentam elogios.

(D) servem os propósitos dos descobrimentos.

5. O referente do pronome demonstrativo presente em “e mesmo daqueles que combateu pessoalmente” (l. 13) é

(A) “inimigos”.

(B) “ódios nacionais”.

(C) “inimigos de Portugal”.

(D) “ódios”.

6. Indica a função sintática dos seguintes segmentos:

a) “que a história da civilização tome o lugar da ‘história-batalha’” (linhas 7-8).

b) “esse poema épico e guerreiro” (linha 18).

7. Divide e classifica as orações de “Vemos um Camões tão superior aos ódios nacionais que faz o elogio dos
inimigos de Portugal,” (linhas 12-13).

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GRUPO III
Num texto bem estruturado, com um mínimo de cento e cinquenta e um máximo de duzentas palavras, faz a
apreciação crítica do cartoon abaixo apresentado.

O teu texto deve incluir:


• a descrição da imagem apresentada, destacando elementos significativos da sua composição;
• um comentário crítico, fundamentando devidamente a tua apreciação e utilizando um discurso valorativo;
• uma conclusão adequada aos pontos de vista desenvolvidos.

Mona Greta, Bernd Pohlenz, in “Cartoons for Future”: Artists react to the climate crisis | Arts | DW | 07/06/2019
(consultado em 06/12/2020).

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