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ÃO II
GRUPO I
PARTE A
Leia com atenção o texto.
Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
1
Apresente três traços do retrato feminino, fundamentando com expressões textuais.
2
Analise as relações de sentido que as três primeiras estrofes estabelecem entre si.
3
Comente a importância do último terceto na construção do sentido global do poema.
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TESTE DE AVALIAÇÃO II
PARTE B
Leia, agora, o excerto apresentado. Se necessário, consulte as notas de vocabulário.
Vai Lianor Vaz por Pero Marques, e fica Inês (Não lhe quero mais saber,
Inês Pereira só, dizendo: já me quero contentar...)
Andar1! Pero Marques seja. Lia. Ora dai-me essa mão cá.
Quero tomar por esposo 20 Sabeis as palavras, si?
quem se tenha por ditoso Pero Ensinaram-mas a mi,
de cada vez que me veja. perém esquecem-me já...
5 Por usar de siso mero,2 Lia. Ora dizei como digo.
asno que me leve quero, Pero E tendes vós aqui trigo
e não cavalo folão3. 25
pera nos jeitar por cima5?
Antes lebre que leão, Lia. Inda é cedo... Como rima6!
antes lavrador que Nero. Pero Soma, vós casais comigo,
Vem Lianor Vaz com Pero Marques e diz e eu com vosco, pardelhas7!
Lianor Vaz: Não compre aqui mais falar.
E quando vos eu negar
30
Lia. No mais cerimónias agora; que me cortem as orelhas.
10
abraçai Inês Pereira Lia. Vou-me, ficai-vos embora.
por mulher e por parceira.
Pero Há homem empacho, má ora,4
quant’a dizer abraçar…
Depois que a eu usar
15 entonces poderá ser.
Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira, in António José Saraiva (apresentação e leitura),
Teatro de Gil Vicente, ed. revista, Lisboa, Dinalivro, 1988, pp. 198-199.
1
Andar: adiante!; 2 Por usar de siso mero: para proceder com todo o juízo; 3 folão: fogoso; 4 Há homem empacho, má ora:
sente-se um homem atrapalhado, que diabo!; 5 pera nos jeitar por cima: alusão a um antigo costume de lançar grãos de trigo
sobre os noivos; 6 Como rima: que disparate; 7 pardelhas: (o mesmo que pardeos) interjeição “por Deus!”.
5
Relacione o conteúdo dos versos parentéticos (vv. 17-18) com a réplica de Pero Marques
que os antecede.
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TESTE DE AVALIAÇÃO II
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GRUPO II
Leia atentamente o texto.
A vitória de Murilo
A obra vencedora da primeira edição do Prémio LeYa é um tomo ambicioso e
universalista, que parte da pequena história para chegar à grande História.
E foi um romance histórico que venceu a primeira edição do Prémio LeYa, galardão
associado à mega-editora-de-muitas-editoras que, através de um júri presidido por
5 Manuel Alegre, recompensou com 100 mil euros a obra do jornalista e documentarista
brasileiro Murilo Carvalho – agora regressado à paixão da literatura, depois de duas
experiências dedicadas ao género do conto na juventude. O Rastro do Jaguar (LeYa), 600
páginas editadas em duas versões – de capa dura amarela, com o perfil de um jaguar, e
com capa mole, com um olho-aguarela felino a espreitar – lê-se, surpreendentemente, a
10 um ritmo veloz e ávido. Ajuda a essa missão o pendor cinematográfico, resultado de uma
confessa experiência em “vida de estrada” da palavra, a escrever guiões de cinema e a
realizar filmes e documentários sobre os índios e os proprietários, pelos brasis de que
não se fala muito, rodapés antropológicos numa era de informação global. Ajuda
igualmente uma vontade de vocabulário próprio e desenvolto, uma cadência narrativa de
15 passada larga e vigorosa, um colorido produzido por horas e anos de pesquisa assumida.
Murilo Carvalho quis, como um qualquer primeiro romancista que admira a grande
literatura, produzir um romance épico, marcante, ambicioso, universalista, capaz de
migrar entre a pequena biografia e o gigantesco mosaico da humanidade; de inserir o
pequeno soldado na guerra de mundos; de pressentir nas aventuras e desventuras
20 singulares (ou minoritárias, melhor dizendo) uma revelação metafísica e uma solução
existencialista.
O mote veio da leitura das pesquisas do naturalista francês Auguste Saint’Hilaire, que
andarilhou pelo Brasil do século XIX, mapeando a flora tropical e que quis levar para a
Europa, à guisa de oferta para um seguidor de Napoleão, um índio guarani infante. O
25 bom senso frustrou-lhe as intenções, a História perdeu o rasto ao “presente”. Murilo
Carvalho ficcionou o “depois” dessa figura, supondo que chegava a França.
A partir daí, segue o rastro do jaguar (o guarani Pierre), atravessando os paradigmas
literários e musicais europeus, a cultura dos índios guarani, as guerras que levaram à
constituição de uma parte da América do Sul – Brasil e Paraguai incluídos. Esta é uma
30 reflexão sobre a história brasileira e as perdas de identidade e inocência, que deixa
protagonistas e leitores a sonhar com uma Terra Sem Males.
Sílvia Souto Cunha, in Visão, n.o 841, 16 a 22 de abril de 2009, p. 110.
1
Para completar cada um dos itens de 1.1 a 1.7, selecione a opção correta.
1.2 No parágrafo introdutório, o segmento “um tomo ambicioso e universalista” (ll. 1-2)
corresponde ao
A. sujeito. B. complemento direto.
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A. romance.
B. conto.
C. volume.
D. coleção.
1.5 O segmento sublinhado na frase “Ajuda a essa missão o pendor cinematográfico” (l.
10) desempenha a função sintática de
A. complemento direto.
B. sujeito.
C. modificador do nome restritivo.
D. complemento indireto.
1.7 No constituinte “os paradigmas literários e musicais europeus” (ll. 26-27), podemos
encontrar
GRUPO III
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Redija a síntese da apreciação crítica apresentada no grupo II, num texto com 80 a 100
palavras.
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