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TESTE

DE ESCOLA:______________________________________________ DATA: _____/_____/______


VALIAÇ NOME:_______________________________________________ N.o: ______ TURMA: ______

ÃO II
GRUPO I

PARTE A
Leia com atenção o texto.

Ondados fios d’ouro reluzente

Ondados fios d’ouro reluzente,


que agora da mão bela recolhidos,
agora sobre as rosas estendidos,
fazeis que sua graça s’ acrecente;

5 olhos, que vos moveis tão docemente,


em mil divinos raios encendidos,
se de cá me levais alma e sentidos,
que fôra, se de vós não fôra ausente?

Honesto riso, que entre a mor fineza


10 de perlas e corais nasce e parece,
se n’alma em doces ecos não o ouvisse!

S’ imaginando só tanta beleza


de si, em nova glória, a alma s’ esquece,
que fará quando a vir? Ah! quem a visse!

Luís de Camões, Rimas (texto estabelecido e prefaciado por


Álvaro J. da Costa Pimpão), Coimbra, Almedina, 2005 [1994], p. 164.

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.
1
Apresente três traços do retrato feminino, fundamentando com expressões textuais.

2
Analise as relações de sentido que as três primeiras estrofes estabelecem entre si.

3
Comente a importância do último terceto na construção do sentido global do poema.

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TESTE DE AVALIAÇÃO II

PARTE B
Leia, agora, o excerto apresentado. Se necessário, consulte as notas de vocabulário.
Vai Lianor Vaz por Pero Marques, e fica Inês (Não lhe quero mais saber,
Inês Pereira só, dizendo: já me quero contentar...)

Andar1! Pero Marques seja. Lia. Ora dai-me essa mão cá.
Quero tomar por esposo 20 Sabeis as palavras, si?
quem se tenha por ditoso Pero Ensinaram-mas a mi,
de cada vez que me veja. perém esquecem-me já...
5 Por usar de siso mero,2 Lia. Ora dizei como digo.
asno que me leve quero, Pero E tendes vós aqui trigo
e não cavalo folão3. 25
pera nos jeitar por cima5?
Antes lebre que leão, Lia. Inda é cedo... Como rima6!
antes lavrador que Nero. Pero Soma, vós casais comigo,

Vem Lianor Vaz com Pero Marques e diz e eu com vosco, pardelhas7!
Lianor Vaz: Não compre aqui mais falar.
E quando vos eu negar
30
Lia. No mais cerimónias agora; que me cortem as orelhas.
10
abraçai Inês Pereira Lia. Vou-me, ficai-vos embora.
por mulher e por parceira.
Pero Há homem empacho, má ora,4
quant’a dizer abraçar…
Depois que a eu usar
15 entonces poderá ser.

Gil Vicente, Farsa de Inês Pereira, in António José Saraiva (apresentação e leitura),
Teatro de Gil Vicente, ed. revista, Lisboa, Dinalivro, 1988, pp. 198-199.

1
Andar: adiante!; 2 Por usar de siso mero: para proceder com todo o juízo; 3 folão: fogoso; 4 Há homem empacho, má ora:
sente-se um homem atrapalhado, que diabo!; 5 pera nos jeitar por cima: alusão a um antigo costume de lançar grãos de trigo
sobre os noivos; 6 Como rima: que disparate; 7 pardelhas: (o mesmo que pardeos) interjeição “por Deus!”.

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem.


4
Indique três aspetos que levam Inês Pereira a aceitar Pero Marques como marido,
fundamentando a sua resposta com citações textuais pertinentes.

5
Relacione o conteúdo dos versos parentéticos (vv. 17-18) com a réplica de Pero Marques
que os antecede.

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TESTE DE AVALIAÇÃO II
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GRUPO II
Leia atentamente o texto.

A vitória de Murilo
A obra vencedora da primeira edição do Prémio LeYa é um tomo ambicioso e
universalista, que parte da pequena história para chegar à grande História.
E foi um romance histórico que venceu a primeira edição do Prémio LeYa, galardão
associado à mega-editora-de-muitas-editoras que, através de um júri presidido por
5 Manuel Alegre, recompensou com 100 mil euros a obra do jornalista e documentarista
brasileiro Murilo Carvalho – agora regressado à paixão da literatura, depois de duas
experiências dedicadas ao género do conto na juventude. O Rastro do Jaguar (LeYa), 600
páginas editadas em duas versões – de capa dura amarela, com o perfil de um jaguar, e
com capa mole, com um olho-aguarela felino a espreitar – lê-se, surpreendentemente, a
10 um ritmo veloz e ávido. Ajuda a essa missão o pendor cinematográfico, resultado de uma
confessa experiência em “vida de estrada” da palavra, a escrever guiões de cinema e a
realizar filmes e documentários sobre os índios e os proprietários, pelos brasis de que
não se fala muito, rodapés antropológicos numa era de informação global. Ajuda
igualmente uma vontade de vocabulário próprio e desenvolto, uma cadência narrativa de
15 passada larga e vigorosa, um colorido produzido por horas e anos de pesquisa assumida.
Murilo Carvalho quis, como um qualquer primeiro romancista que admira a grande
literatura, produzir um romance épico, marcante, ambicioso, universalista, capaz de
migrar entre a pequena biografia e o gigantesco mosaico da humanidade; de inserir o
pequeno soldado na guerra de mundos; de pressentir nas aventuras e desventuras
20 singulares (ou minoritárias, melhor dizendo) uma revelação metafísica e uma solução
existencialista.
O mote veio da leitura das pesquisas do naturalista francês Auguste Saint’Hilaire, que
andarilhou pelo Brasil do século XIX, mapeando a flora tropical e que quis levar para a
Europa, à guisa de oferta para um seguidor de Napoleão, um índio guarani infante. O
25 bom senso frustrou-lhe as intenções, a História perdeu o rasto ao “presente”. Murilo
Carvalho ficcionou o “depois” dessa figura, supondo que chegava a França.
A partir daí, segue o rastro do jaguar (o guarani Pierre), atravessando os paradigmas
literários e musicais europeus, a cultura dos índios guarani, as guerras que levaram à
constituição de uma parte da América do Sul – Brasil e Paraguai incluídos. Esta é uma
30 reflexão sobre a história brasileira e as perdas de identidade e inocência, que deixa
protagonistas e leitores a sonhar com uma Terra Sem Males.
Sílvia Souto Cunha, in Visão, n.o 841, 16 a 22 de abril de 2009, p. 110.
1
Para completar cada um dos itens de 1.1 a 1.7, selecione a opção correta.

1.1 O autor da obra literária analisada

A. tem-se dedicado exclusivamente à escrita de romances.


B. revela alguma experiência na poesia.
C. revela experiência cinematográfica.
D. escreveu o seu romance baseado num documentário.

1.2 No parágrafo introdutório, o segmento “um tomo ambicioso e universalista” (ll. 1-2)
corresponde ao
A. sujeito. B. complemento direto.

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C. complemento do nome. D. predicativo do sujeito.

1.3 A palavra “tomo” (l. 1) é sinónima de

A. romance.
B. conto.
C. volume.
D. coleção.

1.4 Com o uso do travessão duplo, nas linhas 8-9, a autora

A. especifica a informação apresentada anteriormente.


B. generaliza a informação apresentada anteriormente.
C. especifica a informação apresentada posteriormente.
D. generaliza a informação apresentada posteriormente.

1.5 O segmento sublinhado na frase “Ajuda a essa missão o pendor cinematográfico” (l.
10) desempenha a função sintática de

A. complemento direto.
B. sujeito.
C. modificador do nome restritivo.
D. complemento indireto.

1.6 O antecedente do pronome pessoal presente na frase “O bom senso frustrou-lhe as


intenções” (ll. 23-24) é

A. “Brasil” (l. 22).


B. “Auguste Saint’Hilaire” (l. 21).
C. ”Napoleão” (l. 23).
D. “um índio guarani” (l. 23).

1.7 No constituinte “os paradigmas literários e musicais europeus” (ll. 26-27), podemos
encontrar

A. três adjetivos qualificativos.


B. dois adjetivos qualificativos e um nome.
C. dois adjetivos qualificativos e dois nomes.
D. três nomes e um adjetivo qualificativo.
2
Responda de forma correta aos itens apresentados.
2.1 Construa um campo lexical, com três palavras, partindo do vocábulo sublinhado em
“guerra de mundos” (l. 19).
2.2 Identifique o referente da expressão “dessa figura” (l. 25).

2.3 Classifique a oração “que chegava a França” (l. 25).

GRUPO III

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Redija a síntese da apreciação crítica apresentada no grupo II, num texto com 80 a 100
palavras.

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