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Letras em dia, Português, 11.

° ano
Questão de aula – Leitura e Gramática

Nome: N.º: Turma:

Avaliação: O(A) professor(a):

Leitura e Gramática 3
Lê o texto que se segue.

Que bem canta Aldina a poesia do verbo viver


Horas depois do concerto no CCB, onde apresentou pela primeira vez num palco maior o seu
celebrado disco Quando Se Ama Loucamente, Aldina Duarte escreveu no Facebook: “Hoje, cantei por
dentro de um verdadeiro conto de fadas, cantando de fado em fado a poesia do verbo viver.” E a
definição é perfeita, até porque essa poesia extrai felicidade mesmo dos momentos trágicos. Foi isso
5 que Aldina quis fazer em disco e em palco: transformar um sofrimento em luminosidade. E essa luz que
ela habitualmente transporta, vinda mais da escuridão que da alegria, faz-se poesia viva quando dela se
ergue no fado, não num pálido lamento mas numa voz vitoriosa e plena. E se há poesia no verbo viver,
que bem a canta Aldina, nessa forte teia emocional onde nos enreda.
O concerto do CCB, assente nas premissas do disco (o fim de uma paixão, espelhado em fados),
10 quis propositadamente atrair a audiência para esse lugar onde é a voz o veículo primordial, a voz e a
palavra. Porque desta vez, como ela disse, mais do que cantar fados cantou factos, coisas que viveu,
lugares e pessoas que conheceu, e isso, mesmo vertido em poesia, muda tudo. Mas a par dessa
dimensão, ela quis explorar outras: a dos seus espaços íntimos de ensaio e a da sua relação com as
escolhas e gostos do seu público. E cenicamente isso foi conseguido, e bem, com zonas demarcadas:
15 um palanque maior, à direita no palco; um palanque mais pequeno, à esquerda; seis cadeiras, três em
cada um deles; e um jogo de luzes cirúrgico, a acentuar essa territorialidade.
A abertura, com a sala cheia, fez-se numa quase penumbra e a capella1. O Conto de fadas inicial do
disco, na voz velada de uma toada infantil («um duende sem querer/ a cantar para esquecer/ a tristeza
do seu fado»). E logo depois os músicos, Paulo Parreira (guitarra portuguesa) e Rogério Ferreira (viola
20 de fado), a acompanhá-la nesse belo tema que ela tem vindo a cantar mas ainda não gravou […]. Aqui,
ainda a voz se lhe ressentia da alergia que a atacara dois dias antes e que ela tentou iludir com todo o
esforço da sua entrega […]. Mas nem a alergia conseguiu vencê-la. Senhora dos meus passos teve
momentos excelentes e a sequência seguinte, com Uma graça antiga, Quem me vê e Beijo enganador,
foi evoluindo num crescendo digno de aplauso. Dois fados de discos anteriores, Antes de quê? e A
25 estação das cerejas, surgiram (por acertada opção) em versões distintas das que lhes conhecemos,
integrando-se assim melhor no espírito da narrativa mais torrencial de Quando Se Ama Loucamente.
[…]
Nos três «andamentos» do concerto, Aldina conseguiu o que queria: a atenção e os silêncios no
primeiro (e houve mesmo uma espécie de suspensão do tempo em Antes de quê? ou em Anjo azul);
30 informalidade no segundo; e celebração e vitalidade no terceiro. E foi aposta ganha. Até ao final,
encore2 incluído, ainda ouviríamos Fora do mundo e No amor do teu nome, ambos do novo disco, e o
sempre muito aplaudido Princesa prometida, mais acelerado e feliz. […]
Surpresa: depois da última vaga de aplausos, desceu uma tela branca sobre o palco […] e sobre ela
foi projetado, com parte do público já a levantar-se por julgar que tinha acabado, o videoclipe de Conto
35 de fadas, precisamente o tema com que abrira o espetáculo e com que abre o disco. Um fechar do
círculo de extremo bom gosto, a coroar mais um espetáculo de onde Aldina terá saído merecidamente
reconfortada e feliz. Voltando ao início, como no CCB: «Hoje», escreveu Aldina, «cantei por dentro de
um verdadeiro conto de fadas, cantando de fado em fado a poesia do verbo viver.» E nós só podemos
agradecer o privilégio.
PACHECO, Nuno, 2018. Público. https://www.publico.pt/2018/04/07/culturaipsilon/critica/que-bem-canta-aldina-a-
poesia-do-verbo-viver-1809522 (Consult. 2021-11-27)

1. a capella: sem acompanhamento instrumental; 2. encore: repetição de um número artístico ou regresso de um artista ao palco, geralmente no final do

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espetáculo, como resposta ao pedido do público.

1. No primeiro parágrafo, a «forte teia emocional» (l. 8) refere-se


(A) ao carácter transformador do fado de Aldina Duarte, que explora as emoções.
(B) àquele espetáculo único e inesquecível, no CCB.
(C) à vida em geral, com os seus momentos trágicos e luminosos.
(D) à natureza emocional da poesia e da música.

2. A partir da leitura do segundo parágrafo, podemos concluir que


(A) o conceito que determinou o cenário esteve ao serviço da luminotecnia.
(B) Quando Se Ama Loucamente não é um disco exclusivamente de fados.
(C) o último álbum de Aldina Duarte foi escrito propositadamente para a audiência do CCB.
(D) o disco Quando Se Ama Loucamente tem um pendor autobiográfico.

3. De acordo com o autor do texto,


(A) algumas debilidades de saúde de Aldina Duarte afetaram a dinâmica do espetáculo.
(B) o espetáculo foi estruturado tendo em conta os seus convidados.
(C) o momento final do concerto foi um verdadeiro privilégio.
(D) alguns temas foram adaptados a fim de se integrarem no contexto daquele concerto.

4. A seguinte afirmação não contém marcas da subjetividade do autor do texto:


(A) «Horas depois do concerto no CCB, onde apresentou pela primeira vez num palco maior o
seu celebrado disco […], Aldina Duarte escreveu no Facebook» (ll. 1-2).
(B) «E a definição é perfeita, até porque essa poesia extrai felicidade mesmo dos momentos
trágicos.» (ll. 3-4).
(C) «E essa luz que ela habitualmente transporta, vinda mais da escuridão que da alegria,
faz--se poesia viva quando dela se ergue no fado, não num pálido lamento mas numa voz
vitoriosa e plena.» (ll. 5-7).
(D) «E se há poesia no verbo viver, que bem a canta Aldina, nessa forte teia emocional onde
nos enreda.» (ll. 7-8).

5. A colocação do pronome «se» em posição anteposta ao verbo na expressão «se ergue no fado»
(l. 6) justifica-se pela sua
(A) inclusão numa estrutura condicional. (C) integração numa oração subordinante.
(B) construção afirmativa. (D) inserção numa oração subordinada.

6. Indica o tempo e o modo das seguintes formas verbais:


a. «tem vindo» (l. 20).
b. «ressentia» (l. 21). c. «atacara» (l. 21). d. «terá saído» (l. 35).
7. Classifica as seguintes orações:
a. «onde apresentou pela primeira vez num palco maior o seu celebrado disco Quando Se Ama

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Loucamente» (ll. 1-2).


b. «quis propositadamente atrair a audiência para esse lugar» (ll. 9-10).
c. «com que abrira o espetáculo» (l. 34).

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Letras em dia, Português, 11.° ano Sugestões de resolução

Leitura e Gramática 3
1. (A)
2. (D)
3. (D)
4. (A)
5. (D)
6. a. pretérito perfeito composto do modo indicativo; b. pretérito imperfeito do modo indicativo; c. pretérito
mais-que-perfeito simples do modo indicativo; d. futuro composto do modo indicativo.
7. a. subordinada adjetiva relativa explicativa; b. subordinante; c. subordinada adjetiva relativa restritiva.

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