Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. Seleciona a opção que completa cada uma das frases, de acordo com o texto.
2. Classifica as afirmações que se seguem como verdadeiras (V) ou falsas (F), de acordo com o que é
apresentado no debate, e corrige devidamente as que considerares falsas.
a. Sérgio Dávila discorda de Ana Lourenço.
c. O sentido crítico dos leitores é essencial e deve ser incentivado pelo próprio jornalismo.
d. O debate, ainda que clubístico, por parte dos leitores, é favorável à defesa da democracia.
Letras em dia, Português, 11.° ano Teste de Oralidade 4
Ana Lourenço – Nós, jornalistas, usávamos muitas vezes, em conferências ou sempre que nos
era pedido para falar sobre jornalismo, com muito orgulho, aquela declaração do presidente
15 americano Thomas Jefferson, que foi dita em 1787, antes de ser eleito, e dizia ele: «Se eu tivesse de
escolher entre um governo sem jornais ou jornais sem governo, eu escolhia jornais sem
governo». O que o New York Times me chamou à atenção há um ano ou dois foi para o resto da
história, que vinte anos depois de ter sido eleito ele dizia (e estamos a falar ainda do século
XVIII): «Agora não se pode acreditar em nada do que vem nos jornais, a própria verdade se torna
20 suspeita ao ser colocada naquele veículo poluído». E o papel do jornalismo é este, é manter o
poder sob este incómodo do escrutínio.
António Borga – Sob escrutínio, como, aliás, disse o David há pouco, exato, e como disse o
Sérgio. Não é só esse o papel, mas esse é um papel fundamental. Não é por acaso que nós temos
jornais com títulos como The Guardian, é «o guardião», ou como tínhamos The Sentinel,
25 «sentinela», ou muitos outros títulos que refletem essa atitude perante o jornalismo. O jornalismo
como guardião do interesse público, guardião do bem comum. Mas, além disso, o jornalismo tem de
fazer esse escrutínio e tem de, ao mesmo tempo, fornecer aos cidadãos informação, informação
contextualizada que lhes permita formar, eles próprios, uma opinião fundamentada. Portanto, quando
o jornalismo fica sem espaço e é substituído por uma opinião pré-fornecida aos cidadãos, o que
30 acontece é que eles, o seu espírito crítico não é incentivado. E, portanto, muita gente tende a aceitar
as opiniões que ouve sem ter elementos para saber se elas são bem ou mal fundamentadas. E o
debate torna-se um pouco clubístico: «Isto parece-me melhor do que aquilo. Isto vai mais ao
encontro daquilo que eu acho». E, portanto, nós entramos num terreno que é perigoso para a
democracia e que não é favorável ao aprofundamento da democracia e à defesa da democracia.