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DIREITO ADMINISTRATIVO

1) Conceito
Direito Administrativo é o ramo do direito público que estuda princípios e
normas reguladores do exercício da função administrativa. (Mazza)

2) Natureza Jurídica
Ramo do direito público – princípios e normas regulam a atividade estatal,
especial a função administrativa.

3) Características principais do Direito Administrativo


a) Ramo recente (século XIX)
b) Não está codificado – legislação esparsa;
c) Baseia-se diretamente na lei (administrador só pode fazer o que a lei
autoriza);
d) Autônomo didática e cientificamente – objeto e princípios próprios, embora
mantenha relação com os demais ramos.

PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS

1) Importância dos princípios no Direito Administrativo


 Direito Administrativo não é codificado
 Princípios exercem função sistematizadora e unificadora das leis
 Informam: comunicam o núcleo valorativo essencial da ordem
jurídica
 Enformam: dão forma, definem a feição de determinado ramo.
 Violar um princípio é pior que violar uma norma, porque ao violar o
princípio você viola todo o sistema, todos os seus valores
fundamentais.
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2) Dupla funcionalidade dos princípios


a) Função hermenêutica (interpretação): princípios utilizados para sanar
dúvida sobre o significado de determinada norma;
b) Função integrativa: suprir lacunas em caso de ausência de regramento
acerca de determinado tema.

3) Supraprincípios ou Superprincípios do Direito Administrativo


 Núcleo central do qual derivam todos os demais princípios e normas do
Direito Administrativo;
 Dualidade: poderes da Administração X direitos dos administrados
 Supremacia do interesse público sobre o privado X Indisponibilidade do
interesse público.
3.1) Supremacia do interesse público sobre o privado
 Princípio implícito no ordenamento (não está positivado)
 Interesses da coletividade são mais importante que os individuais;
 Administração recebe poderes especiais para defender os interesses
públicos, não extensivos aos particulares;
 Posição de superioridade diante do particular;
 Desigualdade jurídica entre Administração e administrados;
 Desdobramentos: imperatividade, exigibilidade, executoriedade, poder
de autotulela.

3.2) Indisponibilidade do interesse público


 Agentes públicos não são donos do interesse que defendem;
 Atuam de acordo com a legislação e não de acordo com sua vontade;
 Impossibilidade de renúncia de poderes e competências;
 Impossibilidade de transacionar em juízo, em regra.

4) Princípios Constitucionais do Direito Administrativo


 Princípios diretamente expressos na Constituição Federal, artigo 37.
 Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
(LIMPE).
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4.1) Princípio da Legalidade


 O exercício da função administrativa deve ser pautado na vontade
popular, expressa por meio da Lei.
 Lei é um poder-dever da administração.
 A Administração só pode fazer o que está expresso na Lei.

4.1.1) Legalidade: sentido negativo e sentido positivo


a) Primazia da lei (negativo): atos administrativos não podem contrariar a lei.
b) Reserva legal (positivo): atos administrativos só podem ser praticados
mediante autorização legal.
 Não basta não contrariar a lei, os atos devem ser de acordo com a Lei,
ou seja, secundum legem.

4.1.2) Legalidade privada e legalidade pública


 Particular pode fazer tudo que a lei não proíbe, enquanto a
Administração só pode fazer o que a lei autoriza.
 Particular: relação de autonomia de vontade. Silêncio é permissão.
 Norma geral permissiva implícita.
 Administração pública: relação de subordinação
 Norma geral proibitiva implícita.

4.2) Princípio da Impessoalidade


 Dever de imparcialidade na defesa do interesse público
 Impede discriminações e privilégios a particulares, no exercício na
função administrativa
 Objetividade no atendimento do interesse público
 Outro aspecto: a responsabilidade pela prática de atos é da
Administração e não do agente que realizou a conduta

4.2.1) Subprincípio da vedação da promoção pessoal


 Impossibilidade de associar a imagem pessoal de agente público a uma
realização governamental;
 Art. 37, §1º, CF
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4.3) Princípio da moralidade


 Moralidade constitui requisito de validade do ato administrativo;
 Respeito a padrões éticos, de boa-fé, decoro, lealdade, honestidade e
probidade;
 Na esfera administrativa importa a boa-fé objetiva, não importando a
intenção do agente que praticou o ato (boa-fé subjetiva)

4.3.1) Súmula 13 do STF (antinepotismo)


 Nomeação de parente para ocupar cargo de confiança
 Vedação não se estende para nomeação de agentes políticos
(Secretários Estaduais, Distritais e Municipais, Ministros de Estado);
 Até o terceiro grau: não inclui primos;
 Modalidade cruzada
 Está relacionado também aos princípios da impessoalidade e da
eficiência;

4.4) Princípio da publicidade


 Divulgação oficial de atos administrativos
 Transparência na atuação administrativa
 Dois subprincípios:
a) Princípio da Transparência: dever de prestar informações e vedação a
condutas sigilosas;
b) Princípio da divulgação oficial: em casos expressos, deve a
administração divulgar o ato em meio de publicidade próprio;
4.4.1) Objetivos da publicidade:
a) Exteriorizar a vontade da administração: para conhecimento público;
b) Tornar exigível o conteúdo;
c) Desencadear a produção de efeitos do ato;
d) Permitir o controle de legalidade do ato.

4.4.2) Forma de publicidade


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a) Comunicação do interessado: quando só ele for interessado na


divulgação
b) Publicação no Diário Oficial: destinatários indeterminados;

4.4.3) Exceções à publicidade


 Situações em que é permitido o sigilo (art. 5º, X e XXXIII, CF):
a) Segurança do Estado.
b) Segurança da sociedade.
c) Intimidade dos envolvidos.

4.5) Princípio da Eficiência


 Economicidade, redução de desperdício, qualidade, rapidez,
produtividade e rendimento funcional;
 Buscar os melhores resultados, mas de acordo com a Lei;

5) Princípios Infraconstitucionais do Direito Administrativo


5.1) Princípio da Autotutela
 Controle Interno que a administração pública exerce sobre seus próprios
atos;
 Não há necessidade de recorrer ao judiciário para anular ou revogar
seus atos;
 Art. 53, Lei 9.784/99
 Anular: atos eivados de vício de legalidade
 Revogar: motivo de conveniência e oportunidade
 Tutela administrativa ou tutela ministerial: poder de supervisão exercido
pela administração direita sobre as entidades da administração indireta;

5.2) Princípio da obrigatória motivação


 Dever de indicação dos pressupostos de fato e de direito que
determinaram a prática do ato
1º) Motivo: o fato concreto que autoriza o ato.

2º) Ato: decisão administrativa praticada como resposta ao fato.


3º) Motivação: justificativa escrita apontando os fundamentos que
levaram à prática do ato.
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 Tanto os atos vinculados como os discricionários devem ser


motivados (corrente majoritária)

5.3) Princípio da finalidade


 Dever de atendimento a fins de interesse geral;
 Proíbe a utilização de prerrogativas para alcançar objetivo diverso do
definido na legislação.

5.4) Princípio da responsabilidade


 Dever de indenizar particulares por ação ou omissão de agentes
públicos que acarretem danos;
 Deve ser no exercício da função administrativa;
 Responsabilidade do Estado é objetiva: independe de dolo ou culpa;
 Cabe ação de regresso contra o agente, se comprovado dolo ou culpa
do mesmo;

5.5) Princípio da boa administração


 Dever de escolher a melhor solução para defesa do interesse público,
dentre as diversas opções definidas pela lei para prática de atos
discricionários;

5.6) Princípio da continuidade do serviço público


 Veda a interrupção da prestação dos serviços públicos
 Estende-se às concessionárias e aos permissionários de serviço público
 STJ autoriza o corte de fornecimento de serviço após prévio aviso, nos
casos de:
a) Razões de ordem técnica ou de segurança das instalações;
b) Inadimplemento do usuário.
 Alguns desdobramentos do princípio da continuidade:
a) Direito de greve de servidores públicos deve ser exercido nos limites
definidos em lei;
b) Restrição na aplicação da “exceção de contrato não cumprido: 90 dias
para interrupção
5.7) Princípio da presunção de legitimidade
 Atos administrativos gozam de presunção relativa de que foram
praticados de acordo com o ordenamento jurídico
 Até prova em contrário, são considerados válidos, cabendo ao particular
o ônus de provar possível irregularidade
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5.8) Princípio da isonomia


 Tratamento igual a administrados que encontram-se em situação
equivalente;
 Não fere a isonomia: vagas reservadas a portadores de deficiência,
pontuação especial para vestibulando advindos de escolas públicas,
menor tempo para aposentadoria de mulheres, prioridade na tramitação
de processos de idosos, cotas para afrodescendentes.
 Tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de
suas desigualdades.
 Deve haver coerência entre a distinção e o tratamento diferenciado
decorrente.

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
 Estuda a estrutura interna da Administração Pública, os órgãos e
pessoas jurídicas que a compõem.

1) Desconcentração e descentralização
1.1) Desconcentração
 Distribuição de competências repartidas entre órgãos públicos
pertencentes a uma única pessoa jurídica
 Há vinculação hierárquica
 Os órgãos não são pessoas jurídicas
 Existem tanto na administração direta como na indireta
 Não podem ser acionados judicialmente para responder pelos danos
causados por seus agentes
 Ação dirigida a órgão público deve ser extinta sem resolução do mérito,
por ilegitimidade passiva
 Pessoa Jurídica a que o órgão pertence é que deve ser acionada
judicialmente
 Conjunto de todos os órgãos públicos que integram a estrutura de cada
ente federativo: Administração Pública Direta ou Centralizada

1.2) Descentralização
 Competências administrativas distribuídas a pessoas jurídicas
autônomas, criadas pelo Estado, para tal finalidade.
 Pessoas Jurídicas: Entidades
 Não há relação de subordinação entre a entidade e o ente federativo
que a criou
 Independência administrativa e financeira e patrimônio próprio
 Respondem judicialmente pelos prejuízos causados a terceiros
 Conjunto de entidades forma a chamada Administração Pública Indireta
ou Descentralizada
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 Diferente de entes federativos: União estados, Distrito Federal e


Municípios.

2) Teoria da imputação volitiva de Otto Gierke (jurista alemão)


 O agente público atua em nome do Estado
 A atuação do agente no exercício da função pública, deve ser atribuída
ao Estado
 Gierke compara o Estado ao corpo humano: cada repartição estatal
funciona como uma parte do corpo
 A personalidade, tanto no corpo como no Estado, é um atributo do todo,
não das partes.
 As funções também são parecidas no corpo e no Estado: especialização
de funções que faz o todo funcionar.
2.1) Previsão Constitucional da teoria da imputação volitiva de Otto Gierke
 Art. 37, §6º, CF
 § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras
de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa.

2.2) Desdobramentos da teoria da imputação volitiva


a) Impede propositura de ação indenizatória contra a pessoa física do agente
se a ação foi praticada no exercício da função
b) Impede a responsabilização do Estado se o dano foi causado fora do
exercício da função
c) Autoriza a utilização das prerrogativas do cargo somente no exercício da
função pública
3) Administração Pública Direta
 Entes federativos: União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
4) Administração Pública Indireta
4.1) Autarquias
 Pessoas Jurídicas de direito público interno
 Criadas e extintas por lei específica para exercício de atividades típicas
da administração (vedadas leis multitemáticas) – a lei cria a
personalidade jurídica dessas entidades
 Ex.: INSS, DMAE, IPSEMG, IPREMU, etc
 Personalidade Jurídica, patrimônio e receitas próprios
 Autonomia gerencial, orçamentária e patrimonial
 Não são subordinadas à Administração Pública Direta
 Sofre controle finalístico: supervisão ou tutela ministerial
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 Nunca vão exercer atividade econômica, somente vão desempenhar


atividades típicas da administração.
 São imunes a impostos
 Os bens são públicos: impenhorabilidade, inalienabilidade e
imprescritibilidade.
 Agentes praticam atos administrativos: presunção de legitimidade,
exigibilidade, imperatividade e autoexecutoriedade.
 Celebram contratos administrativos: prerrogativas e licitação
 Vinculação estatutária (em regra).
 Têm todas as prerrogativas processuais das Fazenda Pública. Ex.:
prazos processuais, sistema de precatórios
 Responsabilidade objetiva e direta (a entidade que responde pelos atos
dos agentes)
 Sofrem controle dos Tribunais de Contas.

4.2) Fundações Públicas


 Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno
 Criadas por lei específica mediante afetação de um acervo
patrimonial do Estado a uma dada finalidade pública
 Ex.: FUNAI, FUNASA, IBGE, UFU
 São espécies de autarquia: usufruem das mesmas características
jurídicas das autarquias
 Exercem funções estatais de ordem social, auxiliando o Estado na
consecução de seus objetivos.
 Capacidade de autoadministração
 Sujeição à tutela ministerial

4.3) Empresas Estatais


 Pessoas Jurídicas de Direito Privado pertencentes à Administração
Pública Indireta.
 Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista
 Sofrem Controle dos Tribunais de Contas, Poder Legislativo e Judiciário
 Devem licitar pra contratar.
 As empresas estatais exploradoras de atividade econômica não
precisam licitar para contratar serviços relacionados diretamente com suas
atividades finalísticas
 Obrigatória a realização de concurso público
 Proibição de acumulação de cargos, empregos ou funções públicas
 Contratação de pessoal pelo regime celetista

4.3.1) Empresas Públicas


 Ex.: CORREIOS, CEF, etc.
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 Exploração de atividade econômica por força de contingência ou de


conveniência administrativa
 Criação autorizada por Lei: promulgação da lei, expedição de decreto
regulamentando a Lei e registro dos atos constitutivos em cartório e na junta
comercial.
 A personalidade jurídica surge com o registro e não com a promulgação
da lei
 Todo o capital é público: inexiste dinheiro privado integrando o capital
social.

4.3.2) Sociedades de Economia Mista


 Ex.: Petrobras, Banco do Brasil, etc
 Criação autorizada por Lei: promulgação da lei, expedição de decreto
regulamentando a Lei e registro dos atos constitutivos em cartório e na junta
comercial
 A personalidade jurídica surge com o registro e não com a promulgação
da lei
 Maioria do capital social é público: pelo menos 50% mais uma das ações
com direito a voto devem pertencer ao Estado.
 Obrigatória a presença de capital particular votante (senão é empresa
pública)

4.3.3) Outras características das empresas estatais


1) Prestadoras de Serviços Públicos (Ex.: CORREIOS)
 Imunes a impostos
 Os bens são públicos (imprescritíveis, impenhoráveis e inalienáveis)
 Respondem objetivamente pelos prejuízos causados
 Estado é responsável subsidiário pelos prejuízos causados e pagamento
da indenização.
2) Exploradora de atividade econômica (BB, CEF e Petrobras)
 Não tem imunidade tributária;
 Bens privados (podem ser penhorados, usucapidos)
 Respondem subjetivamente pelos prejuízos causados (comprovação de
dolo ou culpa)
 Estado não é responsável por garantir o pagamento dos prejuízos
causados.
 Dispensada a licitação para bens e serviços relacionados com suas
atividades finalísticas.

ATOS ADMINISTRATIVOS

1) Conceito
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“Toda manifestação expedida no exercício da função administrativa, com


caráter infralegal, consistente na emissão de comandos complementares à
Lei, com a finalidade de produzir efeitos jurídicos.” (Mazza)
 Efeitos jurídicos: criação, preservação, modificação ou extinção de
direitos e deveres para a administração e administrados.

2) Atributos do ato administrativo


2.1) Presunção de legitimidade (veracidade, legalidade)
 Até prova em contrário, é válido para o Direito.
 Presunção relativa: pode ser afastada caso provada a ilegalidade do
ato. (inversão do ônus da prova – não é o agente público que prova).
2.2) Imperatividade ou coercibilidade
 Cria, unilateralmente, obrigações aos administrados, independente da
anuência deles.

2.3) Exigibilidade
 Aplicação de punições sem necessidade de ordem judicial.

2.4) Autoexecutoriedade
 Execução material de atos, utilizando força física se for preciso, para
desconstituir situação violadora da ordem jurídica.
 Dispensada autorização judicial.
 Diferente de exigibilidade: esta aplica uma punição, sem desconstituir a
irregularidade.
 Princípios da razoabilidade e proporcionalidade.
2.5) Tipicidade
 Respeito à finalidade específica definida em lei para cada ato
administrativo.
 Garantia para o administrado – sujeição da Administração à Lei
 Resguarda o administrado de abuso na exigibilidade e
autoexecutoriedade do ato.
3) Mérito do ato administrativo
 Margem de liberdade que os atos discricionários recebem da lei.
 Juízo de conveniência e oportunidade;
 Vedado ao poder judiciário controlar o mérito;

4) Revogação do ato administrativo


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 É a extinção do ato administrativo perfeito e eficaz


 Eficácia ex nunc
 Razões de interesse público (conveniência e oportunidade)
 Causa superveniente que enseja a reavaliação da conveniência e
oprtunidade
 Ato revogatório para anular o outro (simetria das formas)
 Deve ter a mesma forma do ato a ser revogado
4.1) Competência para revogar
 Administração e não do judiciário, porque envolve mérito
 Mesma autoridade que praticou o ato a ser revogado
5) Invalidação ou anulação
 Extinção de ato ilegal
 Determinada pela administração ou pelo judiciário
 Eficácia retroativa ex tunc (desde a data da prática do ato)
 Deve ter a mesma forma do ato a ser anulado
 Em regra anulação não gera dever de indenizar, somente se
comprovados prejuízos ao prejudicado.
5.1) Competência para anular
 Administração ou poder judiciário
 Princípios da autotutela e da legalidade

6) Cassação
 Extinção do ato quando o administrado deixa de preencher condição
necessária à permanência da vantagem. Ex.: habilitação cassada
porque o condutor ficou cego.
7) Caducidade ou decaimento
 Extinção do ato em decorrência de norma posterior que proíbe a
situação que o ato autorizava. Ex: perda do direito de utilizar imóvel com
fins comerciais, em virtude de lei que limita a região a fins residenciais.
8) Contraposição
 Expedição de segundo ato, cujos efeitos são contrapostos aos do ato
inicial. Ex.: ato de nomeação de um funcionário público, extinto com sua
exoneração.
9) Convalidação
 Suprir defeitos leves para preservar a eficácia do ato
 Segundo ato chamado ato convalidatório
 Eficácia ex tunc
 Preservação da segurança jurídica e economia processual
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 Atos inexistentes, nulos ou irregulares não podem ser convalidados


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LICITAÇÃO

1) Finalidade

 Procedimento obrigatório que antecede a celebração de contratos pela


Administração.

 Administração não pode escolher livremente seus fornecedores e


prestadores de serviço.

 Selecionar a melhor proposta, estimulando a competitividade, a fim de


atingir o negócio mais vantajoso para a Administração.

 Condições iguais a todos os participantes – isonomia.

 Procedimento regulado pela Lei 8666/93.

 Atenção! LEI Nº 14.133, DE 1º DE ABRIL DE 2021 (Nova lei de Licitações)

2) Natureza jurídica

 Procedimento administrativo.

3) Fundamento constitucional

 Art. 37, XXI - XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as


obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante
processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a
todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de
pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e
econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

4) Extensão material do dever de licitar: objeto.

 Art. 2º da Lei 8666/93: obras, serviços, inclusive de publicidade, compras


alienações, concessões, permissões e locações.

5. Nova lei de Licitações e aplicabilidade da Lei 8666/93

 Art 193, Lei 14133/21 - revogou os arts. 89 a 108 

 Toda a Lei 8666/93 e a Lei do Pregão - Lei 10520/02, serão revogadas


somente 2 anos após a publicação. (permanecem em vigor até 01/04/2023)

 Até o decurso do prazo de 2 anos, a administração pública pode optar


pela aplicação de uma ou outra lei - art 191, lei 14133/21 - desde que
indicado no edital de forma e expressa, vedada a combinação das duas
lei
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 Os contratos assinados na vigência da lei antiga, continuam por ela


regidos - segurança jurídica - art 190, lei 14133/21

6. Tipos de licitação (critérios de julgamento)

 Art. 45, Lei 8666/93 – prevê quatro tipos

 Art 35 da Lei 14133/21 incluiu mais 2

1. Menor preço: critério de seleção da proposta mais vantajosa é o menor


preço

2. Maior desconto (introduzido pela 14133/21): tem como referência o preço


global fixado no edital de licitação, devendo o desconto ser estendido ao
aditivos contratuais;

3. Melhor técnica (ou conteúdo artístico - conforme lei 14133/21): utilizado


para a contratação de projetos e trabalhos de natureza técnica, científica
ou artística.

4. Técnica e preço: ponderação das notas atribuídas aos aspectos de


técnica e preço. 

Os critérios são objetivos e dispostos no edital. (art. 37, lei 14133/21)

5. Maior lance ou oferta: exclusivamente na modalidade leilão.

6. Maior retorno econômico (introduzido pela 14133/21): exclusivamente


para celebração de contrato de eficiência.

Leva em consideração a maior economia à administração

Remuneração (da empresa) será fixada de forma proporcional à economia


efetivamente obtida na execução do contrato

Caso não seja gerada a economia prevista, o valor excedente será descontado
da remuneração (art. 39, §4º)

5. Modalidades licitatórias

Lei 8666/93: art. 22

Lei 14133/21: art. 28

1. Concorrência;
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2. Tomada de preços; (não contemplada pela lei 14133/21)

3. Convite; (não contemplada pela lei 14133/21)

4. Concurso;

5. Leilão;

6. Pregão (Lei 10.520/02)

7. Diálogo competitivo (introduzido pela Lei 14133/21)

 Art. 22, §8º, Lei 8666/93 e art. 28, §2º, Lei 14133/21 – proíbe a criação de
outras modalidades de licitação ou a combinação das modalidades
existentes.

 A Lei 8666/93 utilizava como fator determinante da modalidade, o valor da


contratação. A Nova Lei de Licitações leva em consideração o tipo de
contratação (bens e serviços especiais ou comuns, obras, etc)

6.1) Concorrência

 De acordo com a Lei 8666/93: objetos de grande vulto

 Obrigatória em caso de:

1. Obras e serviços de engenharia com valor acima de R$3.300.000,00

2. Demais objetos: acima de  R$ 1.430.000,00 (valores - Lei 8666/93 - Decreto


9412/18)

 Formalmente mais rigorosa

 Intervalo mínimo entre a publicação do edital e a abertura dos envelopes:

1. 45 dias corrido quando técnica ou técnica e preço

2. 30 dias quando menor preço

 Independente do valor, a Concorrência é obrigatória nos casos de:

1. Compras e alienações de imóveis;

2. Concessões de direito real de uso;

3. Licitações internacionais;

4. Contratos de empreitada integral;


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5. Concessões de serviço público;

6. Registro de preços;

 De acordo com a Lei 14133/21: contratação de bens e serviços especiais


(que não são comuns), obras e serviços comuns de engenharia e obras e
serviços especiais de engenharia.

6.2) Tomada de preços

 Interessados previamente cadastrados ou que atendam às condições do


edital até 3 dias antes da data do recebimento das propostas;

 Se o pedido de cadastramento for indeferido, cabe recurso no prazo de 5


dias

 Objetos de vulto intermediário:

1. Até R$3.300.000,00 para obras e serviços de engenharia

2. Até R$ 1.430.000,00 para demais objetos.

 Intervalo mínimo entre a publicação do edital e a entrega dos envelopes:

1. 30 dias corridos se for tipo técnica e técnica e preço;

2. 15 dias corridos se for tipo menor preço.

6.3) Convite

 Interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não,


escolhidos e convidados (mínimo 3)

 Administração afixará em local apropriado o instrumento convocatório e


estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que
demonstrarem seu interesse, com antecedência de até 24 horas antes da
apresentação da propostas.

 Objetos de pequeno vulto:

1. Até R$330.000,00 para obras e serviços de engenharia

2. Até R$ 176.000,00 para demais os demais objetos.

 Não há edital, mas carta convite.

 Intervalo mínimo entre a expedição da carta convite e a entrega dos


envelopes: 5 dias úteis.

5. Pregão
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 Lei 10.520/02

 Contratação de bens e serviços comuns (art. 1º, parágrafo único) –


padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos
no edital (especificações usuais no mercado)

 Intervalo mínimo entre a publicação do edital e o envio das propostas: 8


dias úteis;

 Inversão das fases

1. Lances verbais decrescentes

2. Envelope de habilitação somente de quem ofertou o menor lance

3. A) instrumento convocatório; b) Julgamento (classificação); c)


Habilitação; d) Adjudicação; e) homologação.

Perceba que a adjudicação vem antes da homologação.

 Vedado: obras e serviços de engenharia; locações imobiliárias e


alienações em geral.

 Pregão eletrônico: feito pela internet (uso preferencial, devendo a


utilização do presencial ser justificada – art 4º, Decreto 5450/05)

 Lei 14133/21: art. 29 (trata do pregão)

Prazos mínimos para apresentação de propostas ou lances (contados a partir da


apresentação das propostas): art. 55, Lei 14133/21

1. Aquisição de bens:

 8 dias úteis quando menor preço ou maior desconto;

 15 dias úteis nos demais tipos.

2. Serviços e obras:

 10 dias úteis quando menor preço ou maior desconto - em casos serviços


comuns e de obras e serviços comuns de engenharia;

 25 dias úteis quando menor preço ou maior desconto - em casos de


serviços especiais e de obras e serviços especiais de engenharia;

 60 (sessenta) dias úteis, quando o regime de execução for de contratação


integrada (projeto básico e executivo);
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 35 (trinta e cinco) dias úteis, quando o regime de execução for o de


contratação semi-integrada (somente projeto executivo).

3. 15 dias úteis: maior lance

4. 35 dias úteis: melhor técnica ou conteúdo artístico ou técnica e preço.

 6.4) Concurso

 Escolha de trabalho técnico, científico ou artístico

 Mediante instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores

 Ex.: Concurso de projeto arquitetônico, concurso de redação entre alunos


da rede pública

 Diferente de concurso para provimento de cargo (não tem natureza


licitatória)

 Comissão especial de licitação não precisa ser composta por agentes


públicos – admitida participação de técnicos e especialistas habilitados
para julgar (art. 51, §5º, Lei 8666/93)

 Pessoas de reputação ilibada e e reconhecido conhecimento da matéria

 Intervalo mínimo entre a publicação do edital e abertura de envelopes: 45


dias corridos.

 Prêmio em dinheiro ou outra espécie, como viagem por exemplo.

 Art. 30, Parágrafo único. Lei 14133/21

6.5) Leilão

 Art.22, §5º, 8666/93 – venda de bens móveis inservíveis à administração


ou produtos legalmente apreendidos ou penhorados

 Alienação de imóveis oriundos de procedimentos judiciais ou dação em


pagamento

 Quem oferecer o maior lance, igual ou superior à avaliação

 Intervalo mínimo entre a publicação e a abertura das propostas: 15 dias


corridos.

 Maior lance ou oferta.

 Art. 6º, XL, e art. 31, Lei 14133/21

 
20

6.6) Diálogo competitivo (art. 32, Lei 14133/21)

 Necessidade complexa, quando não há possibilidade de definir


objetivamente o objeto a ser contratado;

 Contratação de obras, serviços e compras;

 Licitantes pré selecionados mediante critérios objetivos, definidos no


edital

 Fase de diálogos: em reunião com os licitante, a Administração define as


soluções que lhe são vantajosas; 

 Fase competitiva: divulgação de edital contendo as especificações da


solução que atenda às suas necessidades e os critérios de seleção da
proposta mais vantajosa;

 Prazo para apresentação de proposta após a publicação de edital: mínimo


60 dias úteis

 Contratações que envolvam as seguintes condições:

a) inovação tecnológica ou técnica;

b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade satisfeita sem a


adaptação de soluções disponíveis no mercado; e

c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas com precisão


suficiente pela Administração;

 Quando a Administração verificar a necessidade de definir e identificar os


meios e as alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com
destaque para os seguintes aspectos:

a) a solução técnica mais adequada;

b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já definida;

c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato;

9) Contratação direta

9.1) Dispensa de licitação

 Previstos taxativamente no art. 24 da Lei 8666/93 (I ao XXXV)

 Lei 14133/21: Art. 75. I ao XVI


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 Competição possível mas a realização de licitação não é conveniente ou


oportuna para a Administração

 Decisão discricionária;

 Alguns casos: 

1. Obras e serviços de engenharia de valor até R$33.000,00 desde que: não


se refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço; ou ainda obras e
serviços da mesma natureza e no mesmo local, que possam ser
realizadas conjunta e concomitantemente; (Lei 14133/21 aumentou para
R$100.000,00 e incluiu manutenção de veículos automotores)

2. Outros serviços e compras de valor ate R$ 17.600,00, desde que: não se


refiram a parcelas de um mesmo serviço, compra ou alienação de maior
vulto que possa ser realizado de uma só vez;

3. Guerra ou grave perturbação da ordem; (Lei 14133/21 aumentou para


R$50.000,00)

4. Emergência ou calamidade pública

9.1.1) Licitação fracassada e licitação deserta

 Fracassada: comparecem interessados mas, mas nenhum atende às


necessidades da administração

 Deserta: publicado o edital, não acode/aparece nenhum interessado no


dia da licitação. Neste caso pode haver contratação direta por dispensa
de licitação, segundo a Lei 8666/93

 Na lei 14133/21 é possivel a contratação direta por dispensa, das duas


hipóteses. (art. 75. III)

9.2) Inexigibilidade de licitação

 Rol exemplificativo n art. 25, da lei 8666/93

 Art.74 da lei 14.133/21

 Impossibilidade ou inviabilidade de licitação

 Fornecedor exclusivo ou objeto singular

 Hipótese previstas em lei:

1. Objeto só pode ser fornecido por produtor, empresa ou representante


comercial exclusivo, vedada a preferência de marca;
22

2. Serviços técnicos, de natureza singular, com profissionais ou empresas e


notória especialização, vedado para serviços de publicidade e
divulgação; - Lei 14133/21 especificou melhor no art 74, III

3. Contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou


através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica
especializada ou pela opinião pública. 

11) Fases da licitação Lei 8666/93

a) Instrumento convocatório: publicação do edital ou envio do convite contendo


todas as regras do procedimento e requisitos exigidos para participação no
certame.

b) Habilitação: recebimento e abertura dos envelopes contendo a documentação


exigida para participar do certame (Ex.: habilitação jurídica, regularidade fiscal;
qualificação técnica, qualificação econômico financeira, etc)

 O licitante que não satisfizer os requisitos de habilitação, será excluído


da competição.

c) Classificação: análise e julgamento das propostas formuladas pelos


concorrentes habilitados. Podem ser desclassificados quando:

i) Proposta inexequível: muito abaixo do preço de mercado;

ii) Contrária à cláusula do edital;

iii) Indireta ou condicionada: não tem valor exato, estando condicionada a algum
evento ou à proposta de outro concorrente.

d) Homologação: autoridade superior analisa todo o procedimentos e, estando


em ordem, a mesma será aprovada (homologada)

 Contando com alguma ilegalidade, poderá ser anulada.

 Se se tornar contrária ao interesse público, poderá ser revogada.

e) Adjudicação: ato declaratório e vinculado de atribuição jurídica do objeto da


licitação ao vencedor do certame. Dois efeitos:

i) atribui ao vencedor o direito de ser preterido na celebração do contrato (não


gera obrigação de contratação, mas mera expectativa – Administração pode não
celebrar o contrato caso não seja conveniente ou oportuno);

ii) provoca a liberação dos demais licitantes

 
23

 Art. 17, Lei 14133/21 realizou inversão de fases

Art. 17. O processo de licitação observará as seguintes fases, em sequência:

I - preparatória;

II - de divulgação do edital de licitação;

III - de apresentação de propostas e lances, quando for o caso;

IV - de julgamento;

V - de habilitação;

VI - recursal;

VII - de homologação.
24

Servidores Públicos

1) Conceito
Pessoa legalmente investida em cargo público

2) Ingresso
 Nos moldes do artigo 37, II da CF: o ingresso depende aprovação em
concurso público de provas ou de provas e títulos.
II - a investidura em cargo ou emprego público depende
de aprovação prévia em concurso público de provas ou
de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista
em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração; (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
 Para que ocorra o provimento, é necessário um ato administrativo
constitutivo hábil a promover o ingresso no cargo.
 O provimento pode ser:
a) Quanto à durabilidade:
a.1) Efetivo: estabilidade e vitaliciedade;
a.2) Em comissão: livre nomeação e exoneração.
b) Quanto à preexistência de vínculo:
b.1) Originário: não depende de preexistência de vínculo com o Estado;
b.2) Derivado: pressupõe relação jurídica anterior com o Estado.

 Tipos de provimento (art. 8º, Lei 8112/90):


I) Nomeação (art. 9º, lei 8112/90):
 Única forma de provimento originário;
 Depende aprovação em concurso público;
 Pode ser em caráter efetivo ou em comissão
 Efetivo pode exercer cargo em comissão?
II) Promoção (art. 10, parágrafo único, Lei 8112/90):
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 Provimento derivado;
 Requisitos fixados por lei que fixa diretrizes do sistema de carreira.
III) Readaptação (art. 24, Lei 8112/90):
 Provimento derivado;
 Investidura em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis
com limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental;
 Necessita de inspeção médica;
 Novo cargo deve ter atribuições afins, respeitada a habilitação exigida,
nível de escolaridade e equivalência de vencimentos.

IV) Reversão (art. 25 e ss, Lei 8112/90)


 Provimento derivado;
 Retorno à atividade de servidor aposentado;
 Junta médica declara insubsistentes os motivos da aposentadoria por
invalidez;
 Interesse da Administração, desde que: a) tenha solicitado a reversão; b)
aposentadoria tenha sido voluntária; c) estável quando na atividade; d)
aposentadoria tenha ocorrido nos 5 anos anteriores à solicitação; e) haja cargo
vago;
 Servidor que já tiver completado 70 anos de idade não pode reverter.

V) Aproveitamento (art. 30, Lei 8112/90):


 Provimento derivado;
 Retorno do servidor em disponibilidade (sem trabalhar mas com
remuneração proporcional a tempo de serviço);
 Atribuições e vencimentos compatíveis com os do cargo anteriormente
ocupado;

VI) Reintegração (art. 28, Lei 8112/90)


 Provimento derivado;
 Reinvestidura do servidor estável em cargo anteriormente ocupado ou
em cargo resultante de sua transformação;
 Invalidada sua demissão por decisão administrativa ou judicial;
26

 Ressarcimento de todas as vantagens.

VII) Recondução (art. 29, lei 8112/90)


 Provimento derivado;
 Retorno do servidor ao cargo anteriormente ocupado;
 Inabilitação em estágio probatório relativo a outro cargo ou reintegração
do anterior ocupante;
 Sumula 22 do STF: “O estágio probatório não protege o funcionário
contra a extinção do cargo”. Neste caso não há recondução, mas sim
exoneração.

3) Exercício

Concurso Público------Aprovação------Provimento------Posse----------Exercício
30 dias 15 dias
após o após a
provimento posse

 Início efetivo do desempenho das atribuições do cargo.

4) Estágio probatório
 Inicia-se logo após a entrada em exercício;
 Período de avaliação para demonstrar capacidade e aptidão para
exercício do cargo;
 Servidor pode exercer cargo em comissão ou função de direção, chefia a
assessoramento;
 Magistrados, Membros do MP e do Tribunal de Contas: 2 anos
(vitaliciedade);
 Demais servidores: 3 anos (estabilidade);

5) Sistema remuneratório

 Vencimento é diferente de Remuneração (art. 40 e 41, Lei 8112/90);


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a) Vencimento: retribuição pecuniária pelo exercício do cargo público, com


valor fixado me lei;
b) Remuneração: é a soma do vencimento com as demais vantagens
pecuniárias fixadas em lei;

REMUNERAÇÃO = VENCIMENTO + VANTAGENS

 Art. 37, X, CF: somente por lei pode-se fixar ou alterar a remuneração de
servidores públicos;
 Além do vencimento, o servidor pode receber:
a) Indenizações (não incorpora ao salário). Ex.: diárias de deslocamento,
auxílio moradia, indenização de transporte, etc.
b) Gratificações e adicionais (incorpora ao salário). Ex.: gratificação
natalina, adicionais de insalubridade e periculosidade, adicional de férias.

6) Sindicalização e greve
 Art. 37, VI – o servidor público é livre para associar-se a sindicatos;
 Art. 37, VII – a lei estabelecerá os termos e limites ao direito de greve
(eficácia contida);
Lei específica: não é necessário lei complementar, pode ser lei ordinária;
Matéria relacionada a greve não é de competência privativa da União,
então cada ente deve legislar;
Lei 7783/89: disciplina a greve da iniciativa privada e seu art. 16 diz que
a greve dos servidores será regulada por lei própria;
Como ainda não tem a lei específica, aplica-se a Lei 7783/89
(jurisprudência pacífica nesse sentido);

7) Exercício de funções eletivas

 Art. 38, CF
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional,
no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes
disposições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
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I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado


de seu cargo, emprego ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou
função, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários,
perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato
eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto
para promoção por merecimento;
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores
serão determinados como se no exercício estivesse.

 Presidente, Senador, Deputados Estaduais e Federais, Governador –


fica afastado obrigatoriamente do cargo;
 Prefeito – afastamento obrigatório mas pode optar pela remuneração
que lhe aprouver;
 Vereador – poderá exercer as duas funções (pública e eletiva) e receber
a remuneração dos dois, mas somente se houver compatibilidade de
horários. Se não houver, fica afastado da função pública e opta pela
remuneração que preferir;
 Em qualquer caso de afastamento, conta-se o tempo como de efetivo
exercício, exceto para promoção por merecimento;
 Para fins previdenciários também se computa o tempo, como de efetivo
exercício.

8) Regime disciplinar
 A Lei 8112/90 elenca deveres e proibições relacionados aos servidores,
cuja infringência gera a instauração de PAD para apurar as infrações
funcionais;
 Art. 116: deveres; Art. 117: proibições.
8.1) Responsabilidade dos servidores públicos
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 Art. 121 c/c art. 125 da Lei 8112/90: o servidor pode ser
responsabilizado civil, administrativa e penalmente por um mesmo
ato;
a) Civil: relacionado à reparação de dano patrimonial;
b) Penal: apuração de eventual crime;
c) Administrativo: aplicação de punições funcionais.
 As sanções podem cumular-se, sendo independentes entre si;
 Somente uma hipótese em que a absolvição em uma das esferas,
afasta a responsabilidade nas demais: absolvição criminal que negue
a existência do fato ou de sua autoria.
8.2) Processo disciplinar:
 Apurar a responsabilidade e definir a penalidade a ser imposta;
 Prazos para apuração:
a) 5 anos: demissão, cassação de aposentadoria ou
disponibilidade e destituição de cargo em comissão;
b) 2 anos: suspensão;
c) 180 dias: advertência;
Obs.: prazo começa a correr da data que o fato tornou-se
conhecido
 Deve ser garantido o contraditório e a ampla defesa;
 Súmula Vinculante nº 5: não é necessário ser representado por
advogado;
 Art. 143: apuração pode se dar por sindicância ou PAD.

8.3) Sindicância:
 Pena máxima de suspensão por até 30 dias (art. 146);
 Autoridade instauradora pode determinar o afastamento preventivo do
servidor, sem prejuízo da remuneração, por no máximo 60 dias;
 Prazo de duração de 30 dias, prorrogável uma vez por igual período;
 Após toda a apuração pode ocorrer:
a) Arquivamento do processo;
b) Aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30
dias;
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c) Instauração de PAD;

8.4) PAD
 Não depende de instauração de sindicância prévia;
 Ilícitos que ensejarem penalidade mais severas do que suspensão por
30 dias;
 3 fases:
a) Instauração: publicação do ato que constitui a comissão processante
a.1) 3 servidores estáveis designados mediante portaria pela
autoridade competente;
a.2) Presidente deve ocupar cargo efetivo superior ou de mesmo
nível, ou ter escolaridade igual ou superior ao do indiciado (art. 149);
a.3) vedada a participação de cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau.
b) Inquérito administrativo: instrução, defesa e relatório da comissão
processante
c) Julgamento pela autoridade competente;
d) Prazo para apuração: 60 dias a contar da data de publicação do ato que
constitui a comissão, podendo ser prorrogado por igual período.

8.5) Penalidades
 Advertência: aplicável por escrito
 Suspensão: reincidência das faltas punidas com advertência e violação
das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a demissão,
não podendo exceder 90 dias;
 Demissão: perda do cargo;
 Cassação da aposentadoria ou disponibilidade: quando na atividade
tiver praticado infração punível com demissão;
 Destituição de cargo em comissão: infrações cometidas por não
ocupante de cargo efetivo, sujeitas a suspensão e demissão;
 Destituição de função comissionada: infrações sujeitas a suspensão e
demissão;
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8.6) Reabilitação, Revisão e Proibição de retornar ao serviço público


 Advertência e suspensão terão seus registros cancelados (reabilitação)
após o decurso de 3 e 5 anos, respectivamente, de efetivo exercício, se
o servidor não houver praticado nova infração nesse período (art. 131);
 Processo pode ser revisto a qualquer momento, a pedido o de ofício,
quando houverem fatos novos ou circunstâncias que justifiquem a
inocência do punido ou a inadequação da penalidade;
 Não poderá retornar ao serviço público o servidor demitido ou destituído
de cargo em comissão me razão de (art. 137, parágrafo único):
a) Crime contra a administração pública;
b) Improbidade administrativa;
c) Aplicação irregular de dinheiros públicos;
d) Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional;
e) Corrupção.

8) Desinvestidura
 Exoneração, demissão e aposentadoria.
8.1) Exoneração: Saída não punitiva.
a) Voluntária: a pedido do servidor
b) Involuntária: insuficiência no estágio probatório ou não entra em
exercício no prazo estabelecido (15 dias após a posse).

8.2) Demissão: saída punitiva e compulsória, resultante de processo


administrativo ou judicial, decorrente de infração cometida pelo servidor.

8.3) Aposentadoria: normal, por invalidez ou compulsória.


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PODERES DA ADMINISTRAÇÃO

1) Uso regular do poder


Quando o agente público exerce adequadamente suas competências, atuando
em conformidade com o regime jurídico administrativo, sem excessos ou
desvios.

2) Abuso de poder
 Trata-se de uso irregular do poder. É um vício que torna o ato
administrativo nulo sempre que o agente exerce indevidamente
determinada competência administrativa.
 Comporta duas espécies:
a) Desvio de poder (ou finalidade): agente competente atua visando fim
diverso do interesse público.
b) Excesso de poder: o agente público exorbita o uso de sus atribuições,
indo além de sua competência (exagero e desproporcionalidade).

3) Poder vinculado
 Lei atribui determinada competência, definindo todos os aspectos da
conduta a ser adotada, sem atribuir margem de liberdade para o agente
público escolher a melhor forma de agir.
 Agente é um mero executor da ordem legal.
 Resulta em ato vinculado.

4) Poder discricionário
 Legislador atribui certa competência à Administração, reservando uma
margem de liberdade para que o agente público, diante da situação
concreta, possa selecionar, dentre as opções predefinidas, qual a mais
apropriada para defender o interesse público.
 Conveniência e oportunidade.

5) Poder disciplinar
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 Possibilidade de a Administração aplicar punições aos agentes públicos


que cometeram infrações funcionais.
 Interno: somente pode ser exercido sobre agentes públicos, nunca em
relação a particulares
 Não permanente: aplicável apenas se e quando o servidor cometer falta
funcional.
 Discricionário: Administração pode escolher, com alguma margem de
liberdade, qual a punição mais apropriada a ser aplicada ao agente
público.

6) Poder hierárquico
 Distribuição e escalonamento de funções aos órgãos da Administração
Pública, bem como ordenar e rever a atuação de seus agentes,
estabelecendo relação de subordinação.
 Poder interno (no âmbito da administração) e permanente (não é
episódico) exercido pelos chefes de repartição sobre seus agentes
subordinados e pela administração central sobre os órgãos públicos
 Delegação: distribuição de competências (movimento centrífugo)
 Avocação: concentração de competência (movimento centrípeto)

7) Poder regulamentar
 Consiste na possibilidade de os chefes do executivo editarem atos
administrativos (decretos e regulamentos) gerais e abstratos ou gerais e
concretos, para dar fiel execução à lei.
 Detalhamento quanto ao modo de aplicação de dispositivos legais
 Enquadra-se numa categoria mais ampla: poder normativo, que inclui
todas as diversas categorias de atos abstratos (regimentos, instruções,
deliberações, resoluções e portarias)
 Art. 84, IV, CF (aplica-se por analogia a prefeitos e governadores)
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e
regulamentos para sua fiel execução;
 Decreto: constitui a forma do ato administrativo (caixa)
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 Regulamento: é o conteúdo do ato (o que tem dentro da caixa)


 Encontram-se em posição inferior à lei: não podem inovar no
ordenamento jurídico, sendo vedado criar obrigações de fazer e deixar
de fazer, sem fundamento direto na lei.

8) Poder de Polícia (limitação administrativa)


 Uma das 3 funções precípuas da administração, juntamente com as
atividades de fomento e os serviços públicos (função ampliativa de
direitos dos particulares).
 Poder de polícia tem função restritiva: limita direitos dos administrados
 Faculdade que dispõe a Administração de condicionar e restringir o uso
e gozo de bens, atividades e direitos individuais.
 Não se reduz à atuação estatal de oferecimento de segurança pública.
 Consubstancia-se em qualquer atividade estatal de fiscalização
(vigilância sanitária e fiscalização de trânsito, por exemplo)
 Sentido amplo: inclui qualquer limitação estatal à liberdade e
propriedade privada (legislativas e administrativas)
 Sentido estrito: somente limitações administrativas à liberdade e
propriedade privada (deixa de fora as limitações de dispositivos legais)
 É indelegável a particulares, por se tratar da manifestação do poder de
império da Administração Pública, pressupondo sua posição de
superioridade em relação ao administrado.
 Atividades materiais preparatórias para o exercício do poder de polícia
podem ser delegadas, pois servem de apoio instrumental para que o
estado exerça seu poder de império.

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