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DIREITO ADMINISTRATIVO

DIREITO ADMINISTRATIVO – é o ramo do direito que regula a função administrativa do Estado,


independentemente de ser ela exercida ou não pelo Poder Executivo. Vige o sistema de jurisdicao única,
regras juridicas a que se submete o Estado.

Hely Lopes Meirelles: “É o conjunto harmonico de principios juridicos que regem os orgaos, os agentes e as
atividades publicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado”.

Em resumo, o Dir. Adm. pertence ao Ramo do Direito Publico (principalmente); direito nao codificado (pois
nao se baseis em uma unica lei); nao contencioso; possui regras que se traduzem em Principios
Constitucionais e Principios Infraconstitucionais; objeto de estudo é a organizacao e estrutura da
Administracao publica.

GVERNO: É uma funcao do Estado, funcao política, diretiva do Estado. Na sua acepção formal, entende-se
governo como o conjunto de poderes e órgãos constitucionais.

ADMINISTRACAO PUBLICA: Sob o aspecto formal, a Administração Pública envolve as pessoas que
realizam a atividade administrativa. Sob o aspecto material trata da “atividade administrativa”, ou seja, o seu
conteúdo. Sob sentido subjetivo trata das pessoas, enquanto o sentido objetivo da atividade desempenhada.

FUNÇÕES DO ESTADO

⁃ função = é quando alguém exerce uma atividade representando interesses de terceiros. A


divisão dos poderes não gera absoluta divisão das funções, mas sim, distribuição de três
funções estatais precípuas.

⁃ Pode ser:
a) típica: função para o qual o poder foi criado e
b) atípica: função estranha àquela para o qual o poder foi criado.

I) Função legislativa: elaboração das leis (função normativa)


características: produz normas gerais, não concretas e produz inovações primárias no mundo jurídico.

II) Função Judiciária: aplicação coativa da lei.


características: estabelece regras concretas (julga em concreto, não produz inovações primárias, função
indireta (deve ser provocado) e propicia situação de intangibilidade jurídica (coisa julgada).

III) Função Administrativa: conversão da lei em ato individual e concreto.


características: estabelece regras concretas, não produz inovações primárias, é direta (não precisa ser
solicitada e é revisível pelo Poder Judiciário.

-> Função Administrativa - é toda atividade desenvolvida pela Administração representando os


interesses da coletividade, esta função decorre do fato do Brasil ser um república (= coisa pública – toda
atividade desenvolvida tem que privilegiar a coisa pública). Em razão deste interesse público a
Administração terá posição privilegiada em face de terceiros que com ela se relacionam, ela tem
prerrogativas e obrigações que não são extensíveis aos particulares (está em posição de superioridade – ex.:
atos da administração são dotados de presunção validade, de auto-executoriedade (não precisa recorrer ao
Jud.) , cláusulas exorbitantes, desapropriação etc).

PRINCÍPIOS

⁃ Sao postulados basicos, regras, que orientam/informam o sistema como um todo, a aplicacao das
normas; servem como regras para a aplicacao do direito.
⁃ Funcionam como normas (é norma também) e orientam a interpretacao do direitoe a criaçao das leis;
⁃ O art. 37 da CF traz os cinco (LIMPE) princípios mínimos que a Administração (direta, indireta)
devem obedecer, além destes há inúmeros outros;
⁃ Condicionam a atividade do legislador, podem funcionar como normas constitucionais.
⁃ Devem ser seguidos pela administraçao publica direta e indireta de qualquer dos Poderes, da União,
Estados, DF e Municipios.

Princípio Basilares:

⁃ Deles decorrem todos os outros princípios, tem uma importancia fundamental, sao a base de todos os
outros princípios. Nao estao na constituicao mas a simples organizacao da constituicao, faz com que
esses principios sejam inafastaveis. Sao implícitos, são eles:

⁃ Supremacia do Interesse Publico: Sempre que se vai pensar na aplicaçao da Lei, nos atos da
administraçao; é o princípio que determina privilégios jurídicos e um patamar de superioridade do
interesse público sobre o particular. O interesse publico está disposto na Lei.

⁃ Indisponibilidade do Interesse Publico: limita a supremacia, o interesse público não pode ser
livremente disposto pelo administrador que, necessariamente, deve atuar nos limites da lei. O
Interesse Publico nao está disponível.

Princípios Explícitos e Implícitos:

⁃ Explícitos: Está positivado, está escrito na legislaçao.



⁃ Implícitos: Decorrem do sistema jurídico , apesar de nao possuirem mençao expressa na Legislaçao.
Ex.: Supremacia do Interesse Publico e Indisponibilidade do Interesse Publico.

Princípios Constitucionais da Administraçao Publica: são explícitos, estao no caupt do art 37 da CF/88.
LIMPE.

⁃ Legalidade: é um principio generico pois todos os outros tem esse como base, como norte. O
legislador só pode agir mediante autorização legal (só o que a lei autoriza), é a legalidade
estrita ou administrativa. O cidadao, conforme artigo 5, II, da CF pode fazer tudo que a lei
nao proíbe, mas o agir da Adm Publica necessita estar previsto em Lei e deve agir como,
quando e da forma que a lei determinar. O ato administrativo que nao considere esse
principio torna-se nulo de direito, teno em vista o vício insanaval da ilegalidade.

⁃ Impessoalidade: Não discriminaçao aos destinatarios dos atos da Administraçao, o agir da
adm nao pode beneficiar ou prejudicar o cidadao individualmente considerado; Nã o
discriminaçao em relaçao aos agentes publicos envolvidos; publicidade sem promoçao
pessoal (art 37, 1); pode ser considerado como sinonimo do principio da finalidade.

⁃ Moralidade: é o mesmo que honestidade, boa fé, incorrupção; conceito bastante aberto;
impõe ao agente publico que pratica o ato um comportamento ético, jurídico, adequado. É de
difícil definiçao pois considera elementos subjetivos para a sua definiçao. OBS.: Sumula
Vincunlante do STF, dispoe sobre o emprego de parentes como ato que fere o principio da
moralidade, considerando ato imoral, o que viola a CF: “A nomeação de cônjuge,
companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, at é o terceiro grau,
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jur ídica, investido em
cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exerc ício de cargo em comissão ou de
confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta, em
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos munic ípios,
compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.” Há
duas exceçoes onde pode ocorrer: não alcança o chefe do poder executivo em relaçao a seus
auxiliares diretos, ou seja, o presidente pode nomear parentes para ministros, e o governador
de Estado e prefeitos podem nomear parentes para ser seus secretarios.

⁃ Publicidade: A publicidade é a divulgação oficial do ato para conhecimento público e início


de seus efeitos externos. Tonrnar publico o ato administrativo; amplo conhecimento publico
da atuaçao administrativa; a publicidade da a possibilidade de fiscalizaçao aos órgaos
competentes e dos cidadãos. Nem todos os atos administrativos necessitam de divulgaçao
oficial para serem válidos, mas alguns necessitam para cumprir o requisito de efic ácia de
atos administrativos. Há situações em que a publicidade pode ser dispensada, conforme art
5, LX, da CF exemplos: assuntos de segurança nacional; investigaçoes policiais; interesse
superior da Adm Publica. (Lei de acesso a informaçao, 12.527/2011 = regulamenta o que
dispensa esse princípio por algum periodo ou situaçao e prazos para o fornecimento de
informaçoes solicitadas).

⁃ Eficiencia: É o alcance dos objetivos mais adequados à consecução do interesse publico com
a utilizaçao minima de recursos. Foi inserido na CF pela Emenda 19/1998. É um princ ípio
autoaplicável, podendo ser concretizado independente de qualquer regulamentaçã o. É
DIFERENTE de EFICAZ (eficaz é apenas o que alcança o seu objetivo, o administrador
precisa alcançar o seu objetivo). O administrador nao pode fazer algo que seja mais
despendiosa para o Estado, a toa.

Príncípios do Contraditório e Ampla Defesa e Segurança Jurídica:

⁃ São constitucionais, explícitos mas não estão no caput do art 37 e se aplicam não apenas a
administraçao publica (como o LIMPE) como em demais áreas.

⁃ Contraditório e Ampla Defesa: art 5, LV, CF/88: aos litigantes, em processo judicial
ou administrativo, e aos acudados em geral sao assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; pode ser desdobrado em defesa
prévia (antes de praticar o ato, de jungar), a defesa técnica (faculdado no meio
administrativo) e o duplo grau de apreciaçao (possibilidade de fazer recurso, em
segunda instancia). Mas nem sempre é necessário que estejam presentes todos esses
desdobramentos. OBS.: De acordo com Sumula Vinculante n 03, o contraditorio e
ampla defesa (abertura de processo administrativo) pode ser dispensado em casos de
apreciaçao de legalidade do ato inicial de concessão de aposentadoria, reforma e
pensão.

⁃ Segurança Jurídica: Confere estabilidade. Prevista no art, 5, XXXVI, da CF que diz
que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada. Confere estabilidade às relaçoes jurídicas, gerando definitividade, podendo
até mesmo covalidar irregularidades. Ex. Em regra, na administ, tem a prescriçao
dos prazos em 5 anos. É a Interpretação da norma administrativa da forma que
melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada a aplicação
retroativa de nova interpretação. Pode ser dividido em dois aspectos: a) objetivo:
garantia da estabilidade das relações jurídicas; b) subjetivo: proteção à confiança do
administrado, que deposita sua confiança nos atos praticados pelo Poder Público,
que são dotados de presunção de legitimidade e de veracidade.

Proporcionalidade, Razoabilidade, Motivação, Autotutela e Outros Princ ípios:

⁃ Proporcionalidade e razoabilidade: são princípios explícitos em algumas leis, embora implícitos na


CF/88. Para muitos sao considerados sinonimos. Visam a proibir os excessos, de modo a aferir
compatibilidade entre meios e fins, a fim de evitar restriçoes desnecessarisasou abusivas por parte da
Adm Publica, com lesao aos direitos fundamentais. Atuaç ao razoavel é aquela aferida de acordo com
os critérios do homem médio, que parece adequada, razoável. Ex.: razoavel matar uma barata com
bala de canhão? Já Atuaçao proporcional é a que possui adequaçao entre os meios escolhidos e o fim
almejado pela Administraçao.

⁃ Motivação: expresso em leis e implícito na CF/88. Os atos administrativos devem ser, em regra,
motivados. Exige-se do administrador publico a indicaçao dos fundamentos de fato e de direito que
motivaram suas açoes. É uma forma de salvaguardar os administrados dos caprichos de seus
governantes. Exceçao: nomeaçao e exoneraçao de cargos de livre nomeaçao e exoneraçao, os cargos
comissionados (não necessita nesses casos de motivaçao). VER: Artigo 50 da Lei n º 9.784 de 29 de
Janeiro de 1999:
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e
dos fundamentos jurídicos, quando:
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções;
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública;
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório;
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício;
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de
pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato a
dministrativo.
§ 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em
declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações,
decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato.
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio
mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique
direito ou garantia dos interessados.
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou de decisões orais
constará da respectiva ata ou de termo escrito.

⁃ Autotutela: diferente de tutela (tutela é controle administrativo). Autotutela é mandar em si mesmo,


parecido com autonomia. Consagra o poder-dever que o Estado tem de controlar seus próprios atos,
retirando-os do mundo jurídico se incovenientes ou ilegais. É um verdadeiro dever-poder. O Estado
tem o dever de fiscalizar a emissão dos seus atos administrativos, para isso conta com tres especies
de controle: a anulação, a revogaçãoe a convalidaçao (consertar). Administraçao pode anular
(quando nao gerou direitos) seus atos quando presentes vicios insanaveis ou revoga-los se gerou
direitos (quem se sentir lesado com essa acao da adm pode recorrer a justiça). Observa-se o período
de decadencia, em geral em um prazo de 5 anos para adminidtraçao anular, revogar ou covalidar
seus atos. Se a administraçao não anula seu ato, o Poder Judiciario pode faze-lo. Mas o poder
judiciario nao pode revogar e nem convalidar um ato, isso apenas a propria adm pode fazer.

⁃ Finalidade: chegar ao objetivo da administraçao.



⁃ Presunçao de Legitimidade: também chamado presunçao de legalidade. Pressupõe-se que o ato da
adminsitraçao estão de acordo com as leis vigentes. Porém nem sempre ocorre assim, e essa
presunçao é relativa, quando se prova que a adm praticou ato em desconformidade coma lei que
gera ilegalidade do ato podendo levar a anulaçao do mesmo.

⁃ Continuidade do Serviço Prublico: Os serviços publicos oferecidos à coletividade devem ser
oferecidos de forma contínua, nao podendo ser suspensos sem a comunicaçao prévia pelas
autoridades pertinentes aos administrados. Esse principio limita o direito a greve do servidor publico,
mas aguarda regulamentaçao legal. Para o militar há proibiçao expressa de greve.

⁃ Isonomia ou Igualdade: impõe à administracao a vedação de qualquer espécie de favoritismo ou
desvalia em proveito ou detrimento de alguém.

⁃ Indisponibilidade ou Poder-dever: Quando o administrador deixa de praticar um ato administrativo
previsto em lei, ele poderá ser punido pela omissão, pois tinha não só o pader mas o dever da prática
do ato.

PODERES ADMINISTRATIVOS:
São podeders da administraçao e que ela tem o dever de fazer/praticar. São chamaos poderes-
deveres. São poderes instrumentais, não sao estruturais (legislativo, executivo e judiciário).

Características:
a) é um dever, é obrigatório;
b) é irrenunciável;
c) cabe responsabilização que pode ser: I) quando o administrador se utiliza dos poderes
além dos limites permitidos por lei (ação) ou II) quando ele não utiliza dos poderes quando
deveria ter se utilizado (omissão). – Legislação: Lei 4898/65 – Abuso de Poder e Lei 8429/92
– Improbidade Administrativa.
d) deve obedecer aos limites das regras de competência, sob pena de inconstitucionalidade.

→ Abuso de Poder : é o fenômeno que se verifica sempre que uma autoridade ou um


agente público embora competente para a prática de um ato ultrapasse os limites das suas
atribuições ou se desvie das finalidades anteriormente previstas. Ocorre de duas formas:

a) ultrapassa seus limites = excesso de poder


b) desvia a finalidade anteriormente prevista = desvio de poder

São seis os poderes: o Poder vinculado, Poder discricionário, Poder hierarquico, Poder disciplinar,
Poder normativo ou regulamentar, e Poder de polícia (que mais cai em concursos).

⁃ PODER VINCULADO:

⁃ No poder vinculado o adm vai usar quando estiver diante de uma situaçao onde só se cabe uma
unica açao, já existe uma situaçao clara e objetiva. Ex. Quando julga uma aposentadoria (se cumpre
os requisitos ela concede e nao cumpre nao concede, só existe essa atitude a tomar, não cabe fazer o
juizo de incoveniencia ou oportunidade). Assim, o poder administrativo pode ser exercido de
maneira Vinculada: todos os elementos o ato adm estarao definidos em lei, nao restando alternativa
ao administrador; Se ele não pratica o poder ele comete abuso de poder (na modalidade de desvio de
poder).

⁃ PODER DISCRICIONÁRIO:

⁃ Aqui há o juizo de coveniencia ou oportunidade, ele pensa, avalia a situaçao para agir, dentro de
limites legais. Não existe uma discricionariedade ilimitada. Exemplo: autorizaçao para porte de arma
(é ato discricionário do adm, fruto do exercio do poder discricionário). Assim, o poder
administrativo pode ser exercido de maneira Discricionaria: em alguns casos sobra para o
administrador certa margem de escolha, o que permite a concretizaçao da melhor maneira de praticá-
lo de acordo com o caso concreto. A Lei dá ao agente publico opçoes de decidir a melhor forma de
atender o interesse publico. Ex.: O concurso publico vale por 1 ano e tem a possibilidade de
prorrogar por mais um ano (LEI), nesse caso é poder discricionario para o administrador decidir se a
prorrogaçao do concurso ou a nao prorrogacao irá atender melhor o interesse público. Para utilizar
essa discricionariedade devem ser considerados os princípios e ter em vista sempre o Interesse
publico. Se ele se desvida dessa finalidade ele comete abuso de poder na modalidade desvio de
poder. Conveniência e oportunidade são os elementos nucleares do poder discricionário. A primeira
indica em que condições vai se conduzir o agente; a segunda diz respeito ao momento em que a
atividade deve ser produzida.

→ Essa margem de escolha, quando existente, é chamada de mérito do ato administrativo,


que se caracteriza por:

⁃ Se nao ofender a lei ou os princípios, nao pode sofrer controle judicial; Ex.: se o prefeito
escolhe colocar o ponto de onibus em lugar x e um adminstrado procura a justiça por nao
concordar com tal definiçao do ponto, e a justiça nao encontra qualquer vício, ilegalidade do
ato, o judiciario nao pode intervir, anular o ato. O mesmo com recurso ao judiciário para
julgar anulaçao de questao de concurso publico. Assim, o mérito quando adequadamente
utilizado pelo administrador publico nao pode ser tocado pelo judiciário;
⁃ É definido por critérios da chamada oportunidade e conveniencia;
⁃ Pode decorrer de margem expressa ou tácita da lei, inclusive chamados conceitos jurídicos
indeterminados. Esses conceitos deverao ser interpretados pelo administrador de acordo com
os princípios, com o mériro, com a oportunidade e conveniencia, para definir o que ofende e
o que nao ofende o interesse publico. Ex.: proibido ao servidor publico conduta escandalosa.
Mas o que é conduta escandalosa?

⁃ PODER NORMATIVO (OU PODER REGULAMENTAR):



⁃ É o poder atribuido a instituiçao para ediçao de atos de carater normativo, como portarias, ordens de
serviço, instrucoes normativas, decretos... É o poder de editar normas gerais e abstratas (normatizar)
geralmente para a plicaçao da lei; é necessário porque as leis nao sao, em regra, capazes de
especificar todas as peculiaridades de sua aplicaçao; obrigatoriamente o poder normativo deve se
limitar/restringir ao que está previsto na Lei, nao podendo criar direitos ou obrigaçoes; a lei pode
prever ou nao se ela deverá ser implementada, regulamentada, por regulamento ou nao. Exemplo: a
Lei 8112 preve que o servidor pode ter jornada espcial devido a estudo, se por exemplo a pessoa
estuda o dia interiro durante a semana e quer trabalhar aos domingos e isso nao é razoavel para a
instituiçao (que nao funciona nos fins de semana), entao o administrador pode normatizar esse
direito, de acordo com os princípios, visando maximizar o beneficio desse diretio e nao o
restringindo, embora dentro dos principios e do interesse publico.

⁃ Existem os decretos autonomos hoje, onde o Presidende da Republica pode dispor
sobre a organizaçao e funcionamento da adm federal, quando não implicar aumento
de despesa nem criaçao ou extinçao de orgaos publicos; para a extinçao de funçoes
ou cargos públicos quando vagos. Ou seja, o decreto autonomo dá ao chefe do poder
executivo da uniao a oportunidade de regular sobre determinado tema independente
da existencia de lei. Obs.: Atualemte nao existe mais Decreto-Lei; os decretos
regulamentam uma Lei, que deve passar por todo o preocesso democratico para ser
sancionada. Os decretos autonomos antigamente (o atual hj nao é como esse de
antigamente) eram decretos Leis realizados por presidentes. Autalmente nao existem
dessa forma mais no Brasil, embora muitos criados anteriormente estejam vigentes.

⁃ Veinculaçao/Materializaçao do poder normativo: ele se materializa por atos de
regulamento, formalizados por meio de decretos, que sao atos privativos do poder
executivo. Podem se materializar também atraves de resoluçoes, instruçoes
normativas, portarias, ou outros atos.

⁃ O poder regulamentar sofre controle por parte do poder legislativo e também sofre
controle judicial.


⁃ PODER HIERARQUICO:

⁃ O poder hierárquico tem como objetivo ordenar, coordenar, controlar e corrigir as atividades
administrativas, no âmbito interno da Administração Pública. Ordena as atividades da administração
ao repartir e escalonar as funções entre os agentes do Poder, de modo que cada qual exerça
eficientemente o seu cargo, coordena na busca de harmonia entre todos os serviços do mesmo órgão,
controla ao fazer cumprir as leis e as ordens e acompanhar o desempenho de cada servidor, corrige
os erros administrativos dos seus inferiores, além de agir como meio de responsabilização dos
agentes ao impor-lhes o dever de obediência. Utilizado para que a adm publica possa se organizar, se
estruturar, para que possa estabelecer relaçoes de subordinaçao e coordenaçao. Consequencias:
ordem, fiscalizar, delegar, avocar. É o poder que a adminsitraçao tem para ditar normas de
organizaçao interna; esse podedr se manifesta dentro da mesma pessoa juridica; nunca se manifesta
em relaçao a pessoas que nao tenham um vínculo especifico com a administracao que confira essa
hierarquia (o que faria isso é o poder de policia); Um dos seus principais desdobramentos é a
possibilidade de delegaçao e avocaçao de competencias. A delegaçao e avocação de competencias
diz que se um agente publico é superior hierarquicamente a outro, ele pode com base na hierarquia
delegar a competencia para a pratica de certos atos a seu subalterno ou agente da mesma hierarquia
ou avocar competencias para si de um subordinado para a pratica de certos atos. Há tres hipoteses
em que a Lei veda essa delegaçao: ediçao de atos normativos; decisao de recurso hierarquico,
competencias definidas em lei como exclusivas.

⁃ PODER DISCIPLINAR:

⁃ Atraves desse poder a adm publica vai punir os seus subordinados. Tem que haver vínculo entre a
administraçao e o administrado. Alguns autores consideram que esse poder permite punir também
pessoas submetidas a disciplina da administraçao mas que nao sao agentes publicos, exemplo
estudantes de escola publica. Assim é o poder da administraçao de penalizar, de aplicar sançoes;
decorre do poder hierarquico; deve haver uma vinvulaçao prévia do Estado, seja com seus agentes
seja com os próprios administrados para que sejam aplicadas sançoes disciplinares. Penalidades
passiveis de aplicar: penalidades administrativas como multas, suspensão, etc.

⁃ PODER DE POLÍCIA:

⁃ A polícia administrativa tem caráter eminentemente preventivo. Será utilizada para que o
administrados possa limitar, condicionar, restringir, frenar o direito de liberdade, direito de
propriedade, e o exercício de atividades dos particulares adequando-os ao interesse coletivo.
Mecanismo de limitaçao de direitos individuais em benefício da coletividade. Ex. A lei anti fumo. O
poder de policia limita mas nao aniquila o direito (voce nao pode fumar aqui mas em local aberto
pode, nao pode estacionar aqui mas em local adequado pode). Só pode atuar em situaçoes previstas
em lei, ou em situaçoes de emergencia. É o poder que a administracao tem para restringir o exercício
de liberdades individuais e do direitos de usar e gozar da propriedade com vistas a garantir o
interesse publico (materialização do interesse publico sobre o privado); se refere a um poder de
policia administrativa e não policia judiciaria (essa é destinada a investigaçao de crimes, instruir
processos, etc...). Exemplo: som alto extrapola a liberdade individual, entao o poder de polícia
administrativo pode ser aplicado. Quem é essa policia: agencias sanitarias, fiscais de posturas (do
estado), polícia de transito; a policia militar seria nem uma nem outra (judiciario ou administrativa),
seria de seguranca publica. A polícia administrativa tem sua atuação sobre bens, direitos e
atividades, já a policia judiciaria tem atuação sobre pessoas. O poder de polícia poderá ser originário
(exercido pela Administração Direta) ou delegado (exercido pela Administração Direta) a exemplo
das Agencias reguladoras que sao Autarquias).

⁃ Definiçao de acordo com o Cod. Tributário nacional: Art. 78. Considera-se poder de
polícia: atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito,
interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à
disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública
ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
⁃ Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando
desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância
do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária,
sem abuso ou desvio de poder.

⁃ Formas de materializaçao:
⁃ Atos preventivos: impedem a açao do particular, por meio de
fiscalizaçao, definição de regras para o exercício dos direitos, etc.
⁃ Atos repressivos: reprimem atos praticados em contrariedade às
normas, aplicando multas, realizando apreensões.
⁃ Obrigaçao de não fazer: em regra, estipula ao particular condutas
negativas, que ele nao pode praticar. Ex.: proibido estacionar.
⁃ Obrigaçao de fazer: pode se materializar também no sentido de
obrigar/coagir o particular a agir. Ex. Para abrir um restaurante tem
que ter uma cozinha de tamanho X.

⁃ Discricionariedade: é uma caracteristica do poder de polícia. Geralmente há alguma margem de
escolha dos agentes na atuaçao do poder de polícia, o que permite sua melhor concretizaçao, como
na concessao do porte de arma (autorizaçao). Mas é possível que haja atos de polícia vinculados,
como é o caso das licenças para construir ou da carteira nacional de habilitaçao. Assim em regra o
poder de polícia é discricionário, mas nao é sempre, as vezes é vinculado.

⁃ Fases do poder de polícia:


⁃ Ordem/legislaçao: comandos abstratos e coercitivos disciplinam atos e condutas;
atividade típica e indelegável;
⁃ Consentimento: anuencia prévia de administraçao, quando exigida, para a pratica de
determinadas atividades (licenças, autorizaçoes); não relaiza poder coercitivo e pode
ser delegável;
⁃ Fiscalização: atos materiais que decorrem da propria ordem. É uma atividade de
natureza executória; não relaiza poder coercitivo e pode ser delegável;
⁃ Sanção: é a aplicaçao da puniçao legalmente prevista; atividade típica e indelegável

⁃ Taxas: é cabível a cobrança de taxa para servir de contraprestaçao para o poder de polícia, como para
serviços de fiscalização. Exemplo, taxas ambientais referentes a fiscalizaçao ambiental. O poder de
policia entao pode ser remunerado por meio de taxas.

⁃ Delegacao do poder de polícia: Não pode ser delegado a particulares, mas é possível sua outorga a
entidades de Direito Público da Administração Indireta, como as agências reguladoras (ANA,
ANEEL, ANATEL, etc.), as autarquias corporativas (CFM, CFO, CONFEA, etc.) e o Banco Central.
Eventualmente, particulares podem executar atos de polícia, mas sob o comando direto da
Administração Pública. Ex.: destruição de armas apreendidas. Nesses casos, não há delegação, pois o
particular atua sob as ordens estritas dos agentes públicos. Porém, de acordo com recente
entendimento do STJ, devem ser consideradas as quatro atividades relativas ao poder de polícia:
legislação, consentimento, fiscalização e sanção. Assim, legislação e sanção constituem atividades
típicas da Administração Pública e, portanto, indelegáveis. Consentimento e fiscalização, por outro
lado, não realizam poder coercitivo e, por isso podem ser delegados.

⁃ São atributos do Poder de Polícia:
⁃ 1- discricionariedade: autonomia de estabelecer o objeto a ser fiscalizado e as
sanções a serem aplicadas;
⁃ 2- autoexecutoriedade: a administração utiliza os próprios meios para colocar em
prática as suas decisões, independentemente de autorização do Poder Judiciário.
⁃ 3- coercibilidade: garante a administração a possibilidade de impor ao particular
suas decisões, independentemente de concordância deste.
→ DACO: Discricionariedade, Autoexecutoriedade, Coercibilidade.

OBS.: A imposição da multa decorrente do exercício do poder de polícia é efetuada


pela administração pública sem necessidade de qualquer participação do Poder
Judiciário. Mas nem toda atuação de polícia administrativa é autoexecutória.
Exemplo é a cobrança de multas administrativas de polícia, quando resistidas pelo
particular. A cobrança forçada dessa multa não paga pelo administrado somente
pode ser efetivada por meio de uma ação judicial de execução.

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