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DIREITO ADMINISTRATIVO:

 Princípios Administrativos;
Princípios Expressos e Implícitos
De início, precisamos entender o conceito daquilo que estamos estudando. Os
princípios administrativos são os valores, as diretrizes, os mandamentos mais
gerais que orientam a elaboração das leis administrativas, direcionam a
atuação da Administração Pública e condicionam a validade de todos os atos
administrativos.

Esses princípios podem ser expressos, quando estão previstos


taxativamente em uma norma jurídica de caráter geral; ou implícitos, quando
não constam taxativamente em uma norma jurídica, decorrendo, portanto, de
outros princípios, da jurisprudência ou da doutrina.

Princípios Expressos
Classificar um princípio como expresso depende da referência que
tomamos dentro das normas jurídicas. Para fins didáticos, iremos
considerar a Constituição Federal como ponto de partida para essa
classificação.

Portanto, consideramos expressos os princípios constitucionais previstos


no art. 37 da Constituição Federal de 1988 (CF/88), nos seguintes
termos:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência […].

Vamos agora analisar cada um desses princípios.

O princípio da legalidade
O princípio da legalidade apresenta dois significados distintos. O
primeiro aplica-se aos administrados, isto é, às pessoas e às
organizações em geral. Conforme dispõe o inciso II do artigo 5º da
CF/88, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei. Dessa forma, para os administrados, tudo o que
não for proibido será permitido.

O segundo sentido do princípio da legalidade é aplicável à


Administração e decorre diretamente do art. 37, caput, da CF/88,
impondo a atuação administrativa somente quando houver previsão
legal. Portanto, a Administração só poderá agir quando houver previsão
legal. Por esse motivo, ele costuma ser chamado de princípio da estrita
legalidade.
Por exemplo, se dois particulares resolverem firmar um contrato em que
um vende uma televisão sob a condição de o outro cortar a sua grama,
teremos uma situação não prevista no Código Civil, que é o normativo
responsável por regulamentar este tipo de relação jurídica. Todavia, a lei
não proíbe este tipo de relação, sendo possível, por conseguinte,
realizá-la. Nesse caso, os particulares atuaram além da lei (praeter
legem), mas não cometerem nenhuma ilegalidade.

Por sua vez, a Administração deve atuar somente segundo a lei. Assim,
não é possível, por exemplo, que um órgão público conceda um direito a
um servidor não previsto em lei. Diga-se, a lei não proibiu a concessão
do direito, mas também não o permitiu, logo não pode a Administração
concedê-lo.

O princípio da impessoalidade
O princípio da impessoalidade, também apresentado expressamente na
CF/88, apresenta quatro sentidos:

Princípio da finalidade: em sentido amplo, o princípio da finalidade é


sinônimo de interesse público, uma vez que todo e qualquer ato da
administração deve ser praticado visando à satisfação do interesse
público. Por outro lado, em sentido estrito, o ato administrativo deve
satisfazer a finalidade específica prevista em lei.

Princípio da igualdade ou isonomia: o princípio da impessoalidade se


traduz na ideia de isonomia, pois a Administração deve atender a todos
os administrados sem discriminações. Não se pode favorecer pessoas
ou se utilizar de perseguições indevidas, consagrando assim o princípio
da igualdade ou isonomia.

Vedação de promoção pessoal: os agentes públicos atuam em nome do


Estado. Dessa forma, não poderá ocorrer a “pessoalização” ou
promoção pessoal do agente público pelos atos realizados.

Impedimento e suspeição: esses institutos possuem o objetivo de afastar


de processos administrativos ou judiciais as pessoas que não possuem
condições de aplicar a lei de forma imparcial, em função de parentesco,
amizade ou inimizade com pessoas que participam do processo.

O princípio da moralidade
O princípio da moralidade, que também está previsto de forma expressa
no caput do art. 37 da Constituição Federal, impõe que o administrador
público não dispense os preceitos éticos que devem estar presentes em
sua conduta. Dessa forma, além da legalidade, os atos administrativos
devem subordinar-se à moralidade administrativa.
Assim, podemos observar uma atuação administrativa legal, porém
imoral. Por exemplo, pode não existir nenhuma lei proibindo um agente
público de nomear o seu cônjuge para exercer um cargo em comissão
no órgão em que trabalha, ou seja, o ato foi legal. Contudo, tal ato
mostra-se imoral, pois a conduta ofende os bons princípios e a
honestidade.

O princípio da publicidade
O princípio da publicidade, previsto taxativamente no artigo 37 da
Constituição Federal, apresenta duplo sentido:

Exigência de publicação em órgãos oficiais como requisito de eficácia:


os atos administrativos gerais que produzirão efeitos externos ou os atos
que impliquem ônus para o patrimônio público devem ser publicados em
órgãos oficiais, a exemplo do Diário Oficial da União ou dos estados,
para terem eficácia (produção de efeitos jurídicos).

Exigência de transparência da atuação administrativa: o princípio da


transparência deriva do princípio da indisponibilidade do interesse
público, constituindo um requisito indispensável para o efetivo controle
da Administração Pública por parte dos administrados.

O princípio da eficiência
Este é o “mais jovem” princípio constitucional. Foi incluído no artigo 37
pela Emenda Constitucional 19/1998 como decorrência da reforma
gerencial, iniciada em 1995 com o Plano Diretor da Reforma do
Aparelho do Estado (PDRAE).

Segundo Maria Sylvia Di Pietro, o princípio da eficiência apresenta dois


aspectos:

Em relação ao modo de atuação do agente público: espera-se a melhor


atuação possível, a fim de obter os melhores resultados.

Quanto ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a administração


pública: exige-se que seja a mais racional possível, permitindo que se
alcancem os melhores resultados na prestação dos serviços públicos.
Nesse segundo contexto, exige-se um novo modelo de gestão: a
administração gerencial. Assim, os controles administrativos deixam de
ser predominantemente por processos para serem realizados por
resultados.

Finalizando, é importante destacar que a busca da eficiência deve


ocorrer em harmonia com os demais princípios da Administração
Pública. Por exemplo, se um agente público deixar de realizar a licitação
em determinada situação, contratando a empresa de um amigo seu
sobre o pretexto de que a contratação foi mais célere, barata e com mais
qualidade, o ato será mais eficiente, porém será ilegal, imoral e contra a
impessoalidade. Dessa forma, deverá ser considerado nulo.

Princípios Implícitos
Por outro lado, os princípios implícitos não constam taxativamente em
uma norma jurídica geral, decorrendo de elaboração doutrinária e
jurisprudencial.

Não significa que eles não estão previstos em uma norma jurídica,
apenas não constam expressa ou taxativamente. Ou seja, o princípio
implícito encontra-se previsto nas normas, apenas não consta
expressamente o seu “nome”.

Podemos encontrar princípios que decorrem de algum princípio


expresso ou da interpretação lógica de vários princípios; cuja aplicação
conste taxativamente na Constituição, ou seja, não consta uma
designação (o “nome”) para chamar o princípio, mas consta o seu
significado; e outros por serem implicações do próprio Estado de Direito
e do sistema constitucional como um todo.

Vamos aos principais:

O princípio da supremacia do interesse público


A essência desse princípio está na própria razão de existir da
Administração, ou seja, a Administração atua voltada aos interesses da
coletividade. Assim, em uma situação de conflito entre interesse de um
particular e o interesse público, este último deve predominar. É por isso
que a doutrina considera esse um princípio fundamental do regime
jurídico administrativo.

Por exemplo, quando a lei permite que uma prefeitura municipal faça a
desapropriação de um imóvel, isso só deve ser feito quando o interesse
geral assim o exigir. Caso a autoridade administrativa realize a
desapropriação com o objetivo de punir um inimigo político do prefeito
ou para favorecer determinado grupo empresarial, estará realizando por
questões individuais, e não gerais, desviando a finalidade da lei. Ou
seja, estaremos diante de um vício de desvio de poder ou desvio de
finalidade, tornando o ato ilegal.

O princípio da indisponibilidade do interesse público


Enquanto o princípio da supremacia representa as prerrogativas, o
princípio da indisponibilidade do interesse público trata das sujeições
administrativas.

As sujeições administrativas são limitações e restrições impostas à


Administração com o intuito de evitar que ela atue de forma lesiva aos
interesses públicos ou de modo ofensivo aos direitos fundamentais dos
administrados. Como exemplos de sujeições podemos mencionar a
necessidade de licitar – para poder contratar serviços e adquirir bens; e
a realização de concursos públicos, para fins de contratação de
pessoas. Percebam que os particulares não se sujeitam a essas
limitações.

Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade


Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade exigem da
administração pública a aplicação de limites e sanções dentro dos
limites estritamente necessários para satisfazer o interesse público, sem
aplicação de sanções ou restrições exageradas.

Muitas vezes, esses dois princípios são tratados como sinônimos ou,
pelo menos, são aplicados de forma conjunta. No entanto, existem sutis
diferenças.

A razoabilidade impõe que, ao atuar dentro da discrição administrativa, o


agente público deve obedecer a critérios aceitáveis do ponto de vista
racional, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas.
Dessa forma, ao fugir desse limite de aceitabilidade, os atos serão
ilegítimos e, por conseguinte, serão passíveis de invalidação
jurisdicional.

A proporcionalidade, por outro lado, exige o equilíbrio entre os meios


que a Administração utiliza e os fins que ela deseja alcançar, segundo
os padrões comuns da sociedade, analisando cada caso concreto.
Considera, portanto, que as competências administrativas só podem ser
exercidas validamente na extensão e intensidade do que seja realmente
necessário para alcançar a finalidade de interesse público ao qual se
destina. Em outras palavras, o princípio da proporcionalidade tem por
objeto o controle do excesso de poder, pois nenhum cidadão pode sofrer
restrições de sua liberdade além do que seja indispensável para o
alcance do interesse público

Princípio da autotutela
Não se pode esperar que os agentes públicos sempre tomem as
decisões corretas no desempenho de suas funções. Dessa forma, é
imperioso que exista uma forma de a Administração corrigir os seus
próprios atos.

Nesse sentido, o princípio da autotutela estabelece que a Administração


Pública possui o poder de controlar os seus próprios atos, anulando-os
quando ilegais ou revogando-os quando inconvenientes ou inoportunos.
Assim, a Administração não precisa recorrer ao Poder Judiciário para
corrigir os seus atos, podendo fazê-lo diretamente.

Princípio da motivação
A motivação representa que o administrador deve indicar os
fundamentos de fato e de direito que o levam a adotar qualquer decisão
no âmbito da administração pública, demonstrando a correlação lógica
entre a situação ocorrida e as providências adotadas.

Todos os atos administrativos devem ser motivados, sejam eles


discricionários ou vinculados, com uma única exceção, que é a
exoneração de ocupante de cargo em comissão, conhecida como
exoneração ad nutum, uma vez que possui tratamento constitucional
próprio.

Princípio da continuidade do serviço público


Pelo princípio da continuidade, os serviços públicos devem ser
prestados de maneira contínua, ou seja, sem parar. Isso porque é
justamente pelos serviços públicos que o Estado desempenha suas
funções essenciais ou necessárias à coletividade.

Em que pese a aplicação desse princípio seja principalmente na


prestação de serviços públicos, ele se aplica a qualquer atividade
administrativa. Nessa linha, a paralisação da Administração em suas
atividades administrativas internas também pode trazer prejuízos ao
interesse público

 Administração Pública; Cargos públicos: provimento, vacância e


acumulação.

São considerados cargos, empregos ou funções públicas todos aqueles


exercidos na administração direta (União, Estados ou Distrito Federal e
Municípios) ou indireta (autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades
de economia mista e suas subsidiárias). Entretanto, a proibição de acumular
abrange também as sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo
poder público.

– Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na


estrutura organizacional que devem ser cometidas a um servidor. Os cargos
públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com
denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para
provimento em caráter efetivo ou em comissão. (art. 3º da Lei 8.112/90).

– Funções de confiança são as atividades identificadas como funções


gratificadas, funções de confiança ou outras denominações previstas em lei,
que são ocupadas por servidor efetivo.
– Agente público – Reputa-se agente público todo aquele que exerce, ainda
que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função na administração direta, indireta ou
fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio
público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual.
(art. 1º e art. 2º da Lei n. 8.429 de 02/06/1992).

– Exerce a função pública o particular que colabora com a Administração


Pública mesmo que em caráter eventual. Ex. os conciliadores e juízes leigos
dos tribunais.

– Servidores estatutários – são os ocupantes de cargos públicos (criados por


lei) e estão sujeitos ao regime estatutário (RJU – Lei n. 8.112/1990).

– Contratados temporários – são aqueles contratados por tempo deteminado


para atender a alguma necessidade temporária de excepcional interesse
público (conforme o art. 37, IX, da Constituição), exercem a função pública,
mas sem vínculo efetivo ou empregatício, estão submetidos à Lei n. 8.745/93 e
alterações, contribuem para o Regime Geral da Previdência Social. Exemplos:
Professores Substitutos e Temporários.

– Empregados públicos – São aqueles admitidos para emprego público na


Administração federal direta, autárquica e fundacional que tem sua relação de
trabalho regida pela Consolidação das Leis do Trabalho e legislação trabalhista
correlata, naquilo que a lei não dispuser em contrário (art. 1º, Lei n.
9.962/2000).

 Direitos e deveres dos servidores públicos.

Art. 1º Para os efeitos desta lei, servidor público é a pessoa legalmente


investida em cargo ou em emprego público na administração direta, nas
autarquias ou nas fundações públicas.

Art. 2º São deveres dos servidores públicos civis:


I - exercer com zelo e dedicação as atribuições legais e regulamentares
inerentes ao cargo ou função;

II - ser leal às instituições a que servir;

III - observar as normas legais e regulamentares;

IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;

V - atender com presteza:

a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas


as protegidas pelo sigilo;

b) à expedição de certidões requeridas para a defesa de direito ou


esclarecimento de situações de interesse pessoal;

VI - zelar pela economia do material e pela conservação do patrimônio


público;

VII - guardar sigilo sobre assuntos da repartição, desde que envolvam


questões relativas à segurança pública e da sociedade;

VIII - manter conduta compatível com a moralidade pública;

IX - ser assíduo e pontual ao serviço;

X - tratar com urbanidade os demais servidores públicos e o público em


geral;

XI - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.

Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XI deste artigo será


obrigatoriamente apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é
formulada, assegurando-se ao representado ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes.

Art. 3º São faltas administrativas, puníveis com a pena de advertência por


escrito:

I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização


do superior imediato;

II - recusar fé a documentos públicos;

III - delegar a pessoa estranha à repartição, exceto nos casos previstos


em lei, atribuição que seja de sua competência e responsabilidade ou de seus
subordinados.
Art. 4º São faltas administrativas, puníveis com a pena de suspensão por
até 90 (noventa) dias, cumulada, se couber, com a destituição do cargo em
comissão:

I - retirar, sem prévia autorização, por escrito, da autoridade competente,


qualquer documento ou objeto da repartição;

II - opor resistência ao andamento de documento, processo ou à execução


de serviço;

III - atuar como procurador ou intermediário junto a repartições públicas;

IV - aceitar comissão, emprego ou pensão de Estado estrangeiro, sem


licença do Presidente da República;

V - atribuir a outro servidor público funções ou atividades estranhas às do


cargo, emprego ou função que ocupa, exceto em situação de emergência e
transitoriedade;

VI - manter sob a sua chefia imediata cônjuge, companheiro ou parente


até o segundo grau civil;

VII - praticar comércio de compra e venda de bens ou serviços no recinto


da repartição, ainda que fora do horário normal de expediente.

Parágrafo único. Quando houver conveniência para o serviço, a


penalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de
cinqüenta por cento da remuneração do servidor, ficando este obrigado a
permanecer em serviço.

Art. 5º São faltas administrativas, puníveis com a pena de demissão, a


bem do serviço público:

I - valer-se, ou permitir dolosamente que terceiros tirem proveito de


informação, prestígio ou influência, obtidos em função do cargo, para lograr,
direta ou indiretamente, proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da
dignidade da função pública;

II - exercer comércio ou participar de sociedade comercial, exceto como


acionista, cotista ou comanditário;

III - participar da gerência ou da administração de empresa privada e,


nessa condição, transacionar com o Estado;

IV - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou


atividades particulares;

V - exercer quaisquer atividades incompatíveis com o cargo ou a função


pública, ou, ainda, com horário de trabalho;
VI - abandonar o cargo, caracterizando-se o abandono pela ausência
injustificada do servidor público ao serviço, por mais de trinta dias
consecutivos;

VII - apresentar inassiduidade habitual, assim entendida a falta ao serviço,


por vinte dias, interpoladamente, sem causa justificada no período de seis
meses;

VIII - aceitar ou prometer aceitar propinas ou presentes, de qualquer tipo


ou valor, bem como empréstimos pessoais ou vantagem de qualquer espécie
em razão de suas atribuições.

Parágrafo único. A penalidade de demissão também será aplicada nos


seguintes casos:

I - improbidade administrativa;

II - insubordinação grave em serviço;

III - ofensa física, em serviço, a servidor público ou a particular, salvo em


legítima defesa própria ou de outrem;

IV - procedimento desidioso, assim entendido a falta ao dever de


diligência no cumprimento de suas atribuições;

V - revelação de segredo de que teve conhecimento em função do cargo


ou emprego.

Art. 6º Constitui infração grave, passível de aplicação da pena de


demissão, a acumulação remunerada de cargos, empregos e funções públicas,
vedada pela Constituição Federal, estendendo-se às autarquias, empresas
públicas, sociedades de economia mista da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e fundações mantidas pelo Poder Público.

Art. 7º Os servidores públicos civis são obrigados a declarar, no ato de


investidura e sob as penas da lei, quais os cargos públicos, empregos e
funções que exercem, abrangidos ou não pela vedação constitucional, devendo
fazer prova de exoneração ou demissão, na data da investidura, na hipótese de
acumulação constitucionalmente vedada.

§ 1º Todos os atuais servidores públicos civis deverão apresentar ao


respectivo órgão de pessoal, no prazo estabelecido pelo Poder Executivo, a
declaração a que se refere o caput deste artigo.

§ 2º Caberá ao órgão de pessoal fazer a verificação da incidência ou não


da acumulação vedada pela Constituição Federal.

§ 3º Verificada, a qualquer tempo, a incidência da acumulação vedada,


assim como a não apresentação, pelo servidor, no prazo a que se refere o § 1º
deste artigo, da respectiva declaração de acumulação de que trata o caput, a
autoridade competente promoverá a imediata instauração do processo
administrativo para a apuração da infração disciplinar, nos termos desta lei, sob
pena de destituição do cargo em comissão ou função de confiança, da
autoridade e do chefe de pessoal.

Art. 8º Pelo exercício irregular de suas atribuições o servidor público civil


responde civil, penal e administrativamente, podendo as cominações civis,
penais e disciplinares cumular-se, sendo umas e outras independentes entre si,
bem assim as instâncias civil, penal e administrativa.

§ 1º Na aplicação das penas disciplinares definidas nesta lei, serão


consideradas a natureza e a gravidade da infração e os danos que dela
provierem para o serviço público, podendo cumular-se, se couber, com as
cominações previstas no § 4º do art. 37 da Constituição.

§ 2º A competência para a imposição das penas disciplinares será


determinada em ato do Poder Executivo.

§ 3º Os atos de advertência, suspensão e demissão mencionarão sempre


a causa da penalidade.

§ 4º A penalidade de advertência converte-se automaticamente em


suspensão, por trinta dias, no caso de reincidência.

§ 5º A aplicação da penalidade de suspensão acarreta o cancelamento


automático do valor da remuneração do servidor, durante o período de vigência
da suspensão.

§ 6º A demissão ou a destituição de cargo em comissão incompatibiliza o


ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de cinco
anos.

§ 7º Ainda que haja transcorrido o prazo a que se refere o parágrafo


anterior, a nova investidura do servidor demitido ou destituído do cargo em
comissão, por atos de que tenham resultado prejuízos ao erário, somente se
dará após o ressarcimento dos prejuízos em valor atualizado até a data do
pagamento.

§ 8º O processo administrativo disciplinar para a apuração das infrações e


para a aplicação das penalidades reguladas por esta lei permanece regido
pelas normas legais e regulamentares em vigor, assegurado o direito à ampla
defesa.

§ 9º Prescrevem:

I - em dois anos, a falta sujeita às penas de advertência e suspensão;

II - em cinco anos, a falta sujeita à pena de demissão ou à pena de


cassação de aposentadoria ou disponibilidade.
§ 10. A falta, também prevista na lei penal, como crime, prescreverá
juntamente com este.

Art. 9º Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo que


houver praticado, na ativa, falta punível com demissão, após apurada a
infração em processo administrativo disciplinar, com direito à ampla defesa.

Parágrafo único. Será igualmente cassada a disponibilidade do servidor


que não assumir no prazo legal o exercício do cargo ou emprego em que for
aproveitado.

 Proibições.
É proibido ao funcionário/servidor (L. 10.261/68 - Art. 242; L. 500/74 - Art. 33):
1) referir-se depreciativamente às autoridades e aos atos do Governo; 2) retirar
qualquer documento ou objeto existente do setor ou órgão sem autorização; 3)
ocupar-se, durante o expediente, em conversas, leituras ou outras atividades
estranhas ao serviço; 4) não comparecer ao serviço sem causa justificada; 5)
tratar de interesses particulares no trabalho; 6) promover manifestações de
apreço ou desapreço dentro do órgão ou tornar-se solidário com elas; 7)
exercer comércio e promover ou subscrever lista de donativos dentro do órgão
onde trabalha; 8) usar material do serviço público em serviço particular. São
também proibições para os servidores aquelas constantes dos artigos 243 e
244 da Lei 10.261/68 - Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado: 1)
valer-se de sua qualidade de servidor para obter, direta ou indiretamente,
qualquer proveito; 2) trabalhar sob as ordens imediatas de parentes até 2º grau
(inclusive cônjuge) salvo quando se tratar de função de confiança, e livre
escolha, não podendo, nesse caso, ultrapassar o número de 2 (dois) auxiliares.
É proibido reter documentos de identidade, para ingresso em edifícios públicos
ou particulares (Lei Federal nº 5.553/68; Aditamentos das Chefias ao Parecer
PA-3 nº 233/94, da Procuradoria Administrativa, da Procuradoria Geral do
Estado, exarado no Processo PGE-768/94).

 Responsabilidade.

O Estado responsabilizará os seus servidores por danos causados à


administração, ou por pagamento efetuados em desacordo com as
normas legais (C.E./89 - Art. 131; L. 10.261/68 - Art. 245, parágrafo
único; D. 41.599/97). O funcionário/servidor será responsável pelos
prejuízos causados à Secretaria da Fazenda e Planejamento por má fé
ou culpa, devidamente apurados (L. 10.261/68 - Art. 245 ; L. 500/74 -
Art. 33). A responsabilidade se caracteriza especialmente (L. 10.261/68 -
Art. 245, parágrafo único e Art. 248): 1) pela sonegação de valores e
objetos sob sua guarda ou responsabilidade; 2) pela não prestação ou
tomada de contas na forma e no prazo estabelecido; 3) por quaisquer
prejuízos aos bens e materiais sob sua guarda, exame ou fiscalização;
4) pela falta ou erro de averbações em documentos da receita ou
correlação a eles; 5) por qualquer erro de cálculo ou redução contra a
Fazenda Estadual; se não houve má fé, será aplicada a pena de
repreensão e, na reincidência, a de suspensão. O servidor também será
responsabilizado (L. 10.261/68 - Arts. 246 e 249): 1) pelo custo de
materiais comprados em desacordo com a lei e regulamentos, podendo
sofrer as penalidades disciplinares cabíveis, e desconto no vencimento,
salário ou remuneração; 2) por atribuir a pessoas estranhas ao órgão, o
desempenho de seus trabalhos ou de trabalhos de seus subordinados.
Nos casos de indenização à Fazenda Estadual, o servidor será obrigado
a repor a importância do prejuízo causado na seguinte forma (L.
10.261/68 - Arts. 247 e 248; L. 500/74 - Art. 33): 1) de uma só vez nos
casos de alcance, desfalque, remissão ou omissão em efetuar
recolhimento ou entrada nos prazos legais; 2) em parcelas descontadas
do vencimento, salário ou remuneração em outros casos, não
excedendo o desconto à 10ª parte do valor destes. O servidor
responsabilizado administrativamente ou que tenha pago a indenização
a que ficou obrigado , não se exime da responsabilidade civil ou criminal
que couber, nem da pena disciplinar em que incorrer (L. 10.261/68 - Art.
250). A responsabilidade administrativa é independente da civil e da
criminal ( § 1º do art. 250 da Lei nº 10.261/68, acrescentado pela LC-
942/2003). Será reintegrado ao serviço público, no cargo que ocupava e
com todos os direitos e vantagens devidas, o servidor absolvido pela
Justiça. O processo administrativo só poderá ser sobrestado para
aguardar decisão judicial por despacho motivado de autoridade
competente para aplicar a pena ( § 3º do art. 250 da Lei nº 10.261/68,
acrescentado pela LC942/2003). As autoridades que por omissão ou
atraso nas informações derem causa a pagamentos indevidos a outro
servidor, ficarão responsáveis pelo ressarcimento correspondente (D.
41.599/97 - Art. 2º).

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