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Art. 5/2 a) CPP – é lacunar quanto ao momento critério de identificação da lei temporalmente
competente no caso de normas processuais penais substantivas
5/2 b) – normas processuais penais com repercussão negativa na unidade e harmonia dos atos
do processo
O terminus a quo de aplicação das normas processuais penais materiais deve ser definido pelo
efeito que a respetiva alínea a) pretende obstar “o agravamento sensível e ainda evitável da
situação processual do arguido” em nome das garantias de objetividade, previsibilidade e
proibição de arbítrio no processo penal
Art. 5/1º CPP – princípio geral é o do tempus regit actum “a lei processual penal é de aplicação
imediata, sem prejuízo da validade dos atos realizados na vigência da lei anterior”
1. Não retroatividade da LN
2. Aplicação imediata da lei processual penal
3. Princípio geral de não trasnconexão (Pedro Caeiro)
A lei aplica-se:
Normas sobre prescrição – a prof. MFP entende que as normas que alargam o prazo de
prescrição do procedimento criminal revelam uma alteração da necessidade de punir e uma
intensificação da necessidade punitiva, logo a sua aplicação imediata a crimes anteriormente
cometidos implicaria uma apreciação da necessidade de punição de um crime praticado no
passado o que enfraqueceria a limitação do Estado pelo Direito que criou num determinado
momento, não assegurando a autolimitação própria do Estado de Direito
Publicização de um crime
MFP – distingue 2 tipos de limites à aplicabilidade imediata da nova lei processual penal
material:
Acórdão do TC nº 247/09 relator João Cura Mariano – distingue estes dois tipos de normas
processuais penais materiais: as que condicionam a aplicação das sanções penais (1º) e as que
afetam o direito à liberdade do arguido (2º)
Taipa de Carvalho – tem uma posição contrária à distinção entre normas processuais penais
materiais que referimos há pouco a propósito da doutrina da prof. MFP e entende que a sucessão
de leis penais matérias rege-se pelos princípios constitucionais da proibição de retroatividade in
pejus e da imposição de retroatividade in melius consagrados no art. 29/4º e considera o 5/2 a)
CPP um preceito inútil, pois o aí disposto “não deveria constar do art. 5º”, por estar em causa
“uma questão que, por exigência constitucional e do Estado ‐ de ‐ Direito,” se submete “ao
princípio da proibição da retroatividade da lei penal desfavorável e, portanto, é abrangida pelo
art. 2º‐ 4 do Código Penal”.
Ou seja: todas as normas processuais penais materiais são exclusivamente perspetivadas a partir
do Direito Penal e, afinal, reconduzidas a normas penais substantivas, de modo que “o
momento‐ critério de determinação da lei temporalmente competente” é sempre o do tempus
delicti – “e não o momento em que se inicia o processo”
Para o prof. TC o art. 5º CPP só se aplica às normas processuais formais cujo princípio geral é o
da aplicação imediata, configurando-se como excecional a aplicação da LN tão-só aos processos
iniciados depois da sua entrada em vigor, ou seja, a ultra-atividade da LA
Jorge Figueiredo Dias - “não deve aplicar‐ se a nova lei processual penal a um ato ou situação
processual que ocorra em processo pendente ou derive de um crime cometido no domínio da lei
antiga, sempre que da nova lei resulte um agravamento da posição processual do arguido ou, em
particular, uma limitação do seu direito de defesa” – o art. 5/2 a) CPP dá guarida a todas as
normas processuais penais materiais, sem impor relativamente a todas que o momento critério
de determinação da lei temporalmente competente seja a do inicio do processo-crime, podendo
e devendo ser (normas penais positivas) o do tempus delicti art. 3º CP
Entende o prof. JFD que mesmo se tratando do 2º tipo (as que afetam a posição processual do
arguido) o momento-critério poderá ser o do tempus delicti e não forçosamente e sempre o do
início do processo (posição ligeiramente diferente da prof. MFP)
5/2º CPP – aponta para a não aplicação imediata da LN desfavorável à posição processual do
arguido, mas não conseguimos perceber sem dúvidas um qualquer termo a quo da aplicação das
normas processuais penais materiais e também não resulta a retroatividade in melius da norma
processual penal material mais favorável
Quanto a esta questão até se pode falar de uma verdadeira lacuna do CPP, a integrar nos termos
do respetivo art. 4.º CPP: na ausência de disposição reguladora de caso análogo no próprio CPP
e de normas do processo civil que se harmonizem com o processo penal, há que recorrer aos
princípios gerais do processo penal, a começar por aqueles que se encontram vertidos no art. 32º
da CRP.
Em face disto, o momento critério de determinação da lei temporalmente competente, mesmo
quanto às normas processuais penais materiais do segundo tipo, pode ser, na lógica do sistema
jurídico, o do tempus delicti e não necessariamente o do início do processo, sempre que a
aplicação deste último “momento critério” se traduzir na violação de princípios constitucionais,
maxime das “garantias de previsibilidade e proibição de arbítrio” subjacentes ao princípio da
legalidade ou dos princípios gerais do processo penal (designadamente do processo justo e
equitativo e da plenitude das garantias de defesa – arts. 20.º/4 e 32.º/1 da CRP)
Exceções do 262/2º
Denuncia manifestamente infundada 58º mas quem decide se abre inquérito ou não é o MP e
não é a polícia
*processo sumário vai logo para julgamento, não há inquérito pode haver um pré-inquérito
Crimes públicos – princípio da oficialidade art. 48º abre inquérito e investiga sempre, se não
exigir qualquer condição de procedibilidade
113º - ver bem o regime da queixa! Distinção entre queixa (declaração de vontade e
conhecimento; só quem tem legitimidade para o efeito pode ser o ofendido a outra pessoa o
prazo é de 6 meses 115º do facto pode haver denuncia (impulso processual subsequente
negativo) e denuncia (declaração de ciência)
Desistência tácita de queixa – todos os danos resultantes da prática do crime devem ser
reclamados no processo crime, mas há crimes que admitem a dedução de pedido de
responsabilidade civil em separado. Podendo optar vou ao civil primeiro estou tacitamente a
desistir de queixa! Ação civil faz equiparar essa opção a uma desistência tácita de queixa
Crimes particulares – queixa (117º CP), declaração do queixoso no momento da queixa que se
pretende constituir assistente 244º, acusam assistente (legitimidade, prazo, pagamento de taxa
de justiça e representação judiciária), dedução de acusação particular 285º (no final do
inquérito)
Sai uma LN – é logo aplicável 5/1º aplica-se agora mas os atos anteriores mantém-se válidos.
Processos iniciados após a sua vigência e antes da sua vigência » princípio geral deocorrencias:
Costa Pimenta – é conveniente a aplicação imediata porque ela reflete a vontade da comunidade
2 tipos de normas:
Processuais penais sricto sensu – não oferecem problema regulam o modo de proceder os
tribunais
Processuais penais materiais
Reformatio in pejus – proibição geral o arguido se recorrer de uma decisão não pode ficar pior
do que estava. Se for o MP a recorrer nada impede // no direito sancionatório já pode
Estas normas processuais penais materiais estão tipicamente no código penal, mas podem estar
no código de processo penal
Taipa de Carvalho – o prof. só divide em 2: stricto sensu e aplica-se o 5/2º e as materiais em que
aplicamos o princípio da aplicação da lei penal: normas que condicionam a efetivação da
responsabilidade penal ou com os direitos de defesa do arguido, recluso
Se a norma contende com a responsabilidade penal ou direito de defesa aplicamos o 29/4º e 2/4º
CP – trata como 1 só é tudo material e é tudo igual no 5/2 a) que diz “nomeadamente uma
limitação do seu direito de vida” temos que riscar segundo o prof. TC porque será
necessariamente penal/material então tem que ser tratada com os princípios aplicáveis as
normas penais
Qual é a relevância de distinção? As penais materiais são tratadas como normas penais e
aplicamos o que aprendemos em direito penal – princípio de retroatividade da lei + favorável e
vamos ver qual é a lei + favorável desde o momento da prática do facto 29/4º CRP e se aplicam
retroativamente mais favoráveis
O prof. Doutor Costa Pimenta – fala em modificações in pejus: aplica-se a lei revogada quando
a LN tem um agravamento sensível e que seja potencial não se tenha consumado, cabem as
normas que digam respeito a nulidades, medidas de coação, restrições ao recurso, institutos que
vigore o princípio da legalidade. 5/2 a)
Interpretação diferenciadora – contendam com o direito de defesa mas não sejam materiais »
MFP o momento critério só recuamos até ao inicio do inquérito
5/2 b) – não se aplica a LN possa resultar quebra da harmonia e unidade dos vários atos de
processo ex.: uma lei que regula a acarição confronto de testemunhas em que uma diz que viu a
bater na senhora e a outra testemunha diz que não viu a bater na senhora. LN com requisito
formal sendo meramente formal e não tendo impacto não faz sentido reiniciar a acariação só
para haver uma formalidade. Momento critério é o inicio do processo
Público em semipúblico – é mais favorável ao arguido porque permite que não seja
responsabilizado, é verdade que esta seria a solução se fosse o princípio do direito penal
tínhamos que simular que sempre foi público e aplicar a LA porque era mais favorável viola o
32º que tem que ser compatibilizados com o 29º então a doutrina decidiu que a partir do
momento em que entra em vigor a LN passa o ofendido a poder apresentar a queixa (passa a ser
semi-público a partir daí apenas) logo o ofendido terá que apresentar queixa dentro de 6 meses
(isto não está na lei, é doutrinário). Imaginando que a natureza do crime é alterada durante a
fase de inquérito o titular do direito de queixa tem que apresentar em 6 meses se não o fizer o
MP não pode deduzir acusação, ele esteve bem em abrir inquérito porque era público quando se
iniciou mas depois para acusar tem que haver queixa que é a condição de procedibilidade MAS
se estivermos em julgamento se foi deduzida acusação já foi validamente produzida a acusação
no passado então no julgamento não faz sentido ter uma condição de procedibilidade se
passámos o momento da acusação o que se deve fazer é dar um direito a desistir do
procedimento criminal mas não se exige queixa
Recursos (exceção)
Direito de defesa 5/2 a) e o supremo diz que não há um dever ao recurso enquanto estou a ser
julgado porém quando sou condenado aí sim não podem ser leis que me restrinjam
3.Estamos perante uma alteração a condições de procedibilidade (natureza dos crimes)? Sim,
aplicamos a mais favorável, mas é uma daquelas exceções temos que fazer a nuance entre o
interesse da vítima e do arguido
4.Estamos perante uma alteração aos pressupostos da recorribilidade? Sim, houve 1º instancia
(lei anterior) se ainda não houve decisão em 1º instancia aplicamos a lei que estiver em vigor
seja ou não mais favorável
1º hipótese para resolver: TC – aplicamos sempre a constituição e a lei penal 29/4 e 2/4º CP, não
precisamos do 5/2 e o momento critério é sempre o tempus deliciti art. 3º
Mista: 5/2 a) para afastar a LN com fundamento num agravamento sensível e inevitável e
tempus delicti por aplicação analógica do 29/4º
Caso 1
Suponha que o prazo geral de duração máxima da medida de coação prisão preventiva foi
agravado sucessivamente ao longo do tempo, refletindo-se num determinado processo. Assim:
Em Janeiro de 2013, o prazo geral era de 12 meses;
Em Janeiro de 2014 o prazo passou para 15 meses;
Em Janeiro de 2015, o prazo passou para 18 meses;
Em Janeiro de 2016, o prazo passou para 21 meses; e
Em Janeiro de 2017, o prazo foi novamente alargado para 24 meses.
Considerando que A praticou o crime em Julho de 2014; o respetivo processo
penal foi aberto apenas em Julho de 2015; e o Arguido foi preso
preventivamente em Julho de 2016:
Qual seria o prazo de duração máxima da prisão preventiva em Agosto de 2017?
Trata-se de uma norma penal material de 2º tipo: a duração máxima da prisão preventiva
respeitante à posição processual em termo de direitos, liberdades e garantias do arguido, assim,
aplica-se a lei do inicio do processo, sendo esta a mais favorável ao arguido.
E em Novembro de de 2017 (admitindo que se procedeu a redução do prazo para 18 meses
em virtude de uma Reforma do CPP, operada pela Lei X/2017 de 30 de Setembro de 2017)?
Art. 5/1º CPP – a lei processual penal é de aplicação imediata (REGRA GERAL) = (LN = L5,
agosto de 2017 – 24 meses), independentemente do momento da prática do facto ou do inicio do
processo
Art. 5/2º CPP (exceção) – a LN não se aplica aos processos iniciados anteriormente à sua
vigência quando da sua aplicabilidade direta possa resultar (aplicamos a LA, mas qual a L2
(momento da prática do facto) ou a L3 (inicio do processo2)?):
CONCLUSÃO: Segundo Maria Fernanda Palma, devemos atentar ao momento em que se inicia
o processo penal, como indicia a letra do artigo 5º/2 CPP: ou seja, deveríamos atentar à L3
(inicio do processo/abertura do inquérito). Ao comparar a L3 com a L5 (agosto de 2017)
chegamos à conclusão de que a lei aplicável seria então a L3, na medida em que a L5 levaria ao
agravamento da situação processual e pessoal do arguido. Tal agravamento é proibido pelo
artigo 5º/2/a) do CPP.
TERESA QUINTELA BRITO - no entanto, face à lacuna do art. 5/2º e integrando a lacuna
segundo o art. 4º CPP com os princípios gerais do processo penal podemos não estar perante um
caso em que o critério é o do inicio do processo, mas antes o do tempus delicti porque se
aplicarmos o 1º critério (inicio do processo L3: 18 meses que é – favorável ao arguido que se
aplicarmos o 2º critério do art. 3º CP onde a solução será a L2: 15 meses + favorável ao
arguido) – como explica Teresa Quintela Brito aplicamos o 2º critério sempre que a aplicação
do 1º critério se traduzir na violação de princípios constitucionais, maxime das “garantias de
previsibilidade e proibição de arbítrio” subjacentes ao princípio da legalidade ou dos princípios
gerais do processo penal e, portanto, aplicamos a L2: 15 meses, do momento da prática do facto
Entende que todas as normas processuais penais materiais são exclusivamente perspetivadas a
partir do Direito Penal e, afinal, reconduzidas a normas penais substantivas, de modo que “o
momento‐ critério de determinação da lei temporalmente competente” é sempre o do tempus
delicti – “e não o momento em que se inicia o processo”
Qualquer coisa que afete – normas materiais sujeitas ao princípios penais e resolve logo o
problema assim
Uma pista: em regra as normas processuais penais estão no CP (direito de queixa, natureza dos
crimes, prescrição) mas há normas matérias também no CPP, mas não há formais no CP
Para o prof. TC o art. 5º CPP só se aplica às normas processuais formais cujo princípio geral é o
da aplicação imediata, configurando-se como excecional a aplicação da LN tão-só aos processos
iniciados depois da sua entrada em vigor, ou seja, a ultra-atividade da LA
Para o prof. aplicávamos a L2 (momento da prática do facto que seriam os 15 meses de prisão
preventiva) – aplica diretamente o art. 29 CRP e 2/1º CP. No fundo, temos de comparar a L5
com a L2. Uma vez que a L2 é mais favorável então é esta que se aplica
Quanto à segunda questão, em que a L6 prevê uma redução da duração máxima do prazo de
prisão preventiva de 24 para 18 meses teríamos que atentar às diferentes perspetivas doutrinais:
Na ótica de Taipa de Carvalho, aplicar-se-ia na mesma a L2, uma vez que teríamos que
atentar ao tempus delicti (momento da prática do facto foi em julho de 2014, logo L2:
15 meses é mais favorável que 18)
Para Maria Fernanda Palma, não aplicaríamos a exceção do artigo 5º/2/a) do CPP, na
medida em que a nova lei (L6 – 18 meses) não leva ao agravamento da posição do
arguido tendo por comparação a L3 porque entende que o momento critério é da
abertura do inquérito (18 meses também). Como tal, a lei aplicável seria a L6, nos
termos do artigo 5º/1.