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Aplicação da lei no tempo

Teresa Quintela de Brito – as normas processuais penais materiais e o problema da sua


sucessão no sistema jurídico português

Art. 5/2 a) CPP – é lacunar quanto ao momento critério de identificação da lei temporalmente
competente no caso de normas processuais penais substantivas

5/2 b) – normas processuais penais com repercussão negativa na unidade e harmonia dos atos
do processo

O terminus a quo de aplicação das normas processuais penais materiais deve ser definido pelo
efeito que a respetiva alínea a) pretende obstar “o agravamento sensível e ainda evitável da
situação processual do arguido” em nome das garantias de objetividade, previsibilidade e
proibição de arbítrio no processo penal

Princípios constitucionais penais e processuais penais – legalidade, objetividade, proibição de


arbítrio (legislativo e judicial), da igualdade entre os agentes do mesmo crime e da estrita
necessidade de intervenção penal

Art. 5/1º CPP – princípio geral é o do tempus regit actum “a lei processual penal é de aplicação
imediata, sem prejuízo da validade dos atos realizados na vigência da lei anterior”

Tempus regit actum:

1. Não retroatividade da LN
2. Aplicação imediata da lei processual penal
3. Princípio geral de não trasnconexão (Pedro Caeiro)

A lei aplica-se:

 A processos iniciados após a sua vigência


 A processos iniciados antes da sua vigência (os atos praticados anteriormente
permanecem válidos)

Princípio da legalidade, seus corolários e retroatividade in melius: o conceito amplo de lei


penal e de norma penal positiva

MFP – normais penais positivas são as que fundamentam a responsabilidade do arguido,


portanto, todas as normas relativas a condições de procedibilidade – as que estabelecem
prazos de prescrição do procedimento criminal; ou que definem causas de suspensão ou
interrupção de prazos art. 120º e 121º CP

Normas sobre prescrição – a prof. MFP entende que as normas que alargam o prazo de
prescrição do procedimento criminal revelam uma alteração da necessidade de punir e uma
intensificação da necessidade punitiva, logo a sua aplicação imediata a crimes anteriormente
cometidos implicaria uma apreciação da necessidade de punição de um crime praticado no
passado o que enfraqueceria a limitação do Estado pelo Direito que criou num determinado
momento, não assegurando a autolimitação própria do Estado de Direito

Normas relativas a condições de procedibilidade (queixa ou acusação particular) – a prof. MFP


entende que estas normas têm natureza mista (penal, processual e extrapenal) e o direito à
queixa é influenciado pelo princípio vitimológico e embora a proteção penal de certo bem
jurídico seja socialmente importante, o procedimento criminal é deixado na dependência de
uma manifestação de vontade do seu titular, porque se entende que deve prevalecer o valor
da disponibilidade desse bem pelo seu titular

Publicização de um crime

Conversão de um crime semi-público (depende de queixa art. 49 CPP) ou particular (depende


de queixa do ofendido, da sua constituição como assistente no processo e da acusação
particular art. 50º CPP) em crime público

 É o princípio da legalidade (corolário de proibição de retroatividade in pejus) que


impede a aplicação da LN a factos anteriormente cometidos, sob pena de violação da
objetividade e da vinculação do Estado ao seu Direito. A ausência de um processo-
crime em curso, aquando da alteração legislativa, obsta à convocação do art. 5º do
CPP
 Alteração da lei na pendencia de um processo-crime, subsequente à apresentação da
queixa pelo ofendido, art. 5/2 a) CPP obsta à aplicação da LN – favorável (se passa a
público é menos favorável ao arguido porque já não depende de queixa)
 Findo o inquérito por um crime particular, o ofendido não deduz acusação nos termos
do 285º CPP, o MP deverá arquivar o inquérito por não ser legalmente admissível o
procedimento criminal à luz da lei em vigor no momento da prática do crime (arts.
277.º/1, in fine, do CPP; 3.º, 2.º/1 e 4, 1.ª parte, do CP; 29.º/4, 1.ª parte, da CRP)
 Pendencia de processo-crime por crime semi-público aquando da alteração legislativa,
deve manter-se a possibilidade de desistência de queixa 116/2 CP e 51º CPP, apesar de
se tornar um crime público por ser essa a faculdade concedida ao ofendido-queixoso
pela lei no tempus delicti art. 5/2º CPP, 3º e 2/1 e 4 1º parte do CP

Despublicização de crime público

 LA (público) »»»»» LN (semi-público OU particular) a LN é + favorável


 MFP defende que se aplicar imediatamente a LN (mais favorável ao agente 29/4,
2º parte CRP e 2/4º CP mas simultaneamente assegurar-se ao ofendido a
oportunidade de exercer o direito de queixa em lugar do arquivamento
automático desde » esta solução não decorre diretamente do 29/4 2º parte da
CRP mas dos princípios jurídicos que lhe subjazem (igualdade entre os agentes do
mesmo crime antes e depois da despublicização) e necessidade da intervenção
penal 18/2º CRP
 Taipa de Carvalho – distingue a ratio da prescrição do procedimento criminal e da
pena (político-criminal e prevenção geral e especial) da ratio da queixa e acusação
particular no qual confluem razões político-criminais e razões pessoais do
ofendido. Entende que é razoável consagrar uma solução que também contemple
a posição pessoal do ofendido. POSIÇÃO: a queixa e a acusação particular entende
como normas exclusivamente processuais 49-52 CPP: legitimidade do MP para
promover o processo penal e então sujeitas ao princípio da aplicação imediata
consagrado no art. 5/1º CPP VS normas processuais penais materiais (113-117º CP:
titularidade do direito de queixa, prazo para o exercício e desistência às quais se
aplicam o art. 3º (tempos declicti) e 2/4º CP (proibição de retroatividade in pejus e
imposição de retroatividade in melius)
Taipa de Carvalho – processo penal foi instaurado ao abrigo da LA (crime público)
quando entra em vigor a LN (convertendo em semi-público): não se justifica a
notificação do ofendido para vir ao processo apresentar queixa porque entende TC
que a queixa é uma mera condição de procedibilidade e esgota os seus efeitos
jurídicos na criação do pressuposto da promoção da ação penal pelo MP. Quando
entra em vigor a LN deixa de haver lugar e necessidade para a apresentação de
uma queixa cujos possíveis efeitos jurídicos já não poderiam produzir-se ao abrigo
da LN, pois o processo crime iniciou-se validamente antes. O prof. TC entende que
a queixa nada tem a ver com a legitimidade e titularidade da ação penal, as quais
são sempre do MP. Então a lei que define a competencia e legitimidade do MP é a
lei em vigor no momento em que se inicia o processo 5/1º CPP a LA (público), o
MP só perde legitimidade para prosseguir a ação penal, iniciada ao abrigo da LA, se
o titular do direito de queixa quiser por termo ao processo exercendo o seu direito
de desistência de queixa 116º CP, é um caso de “perdão de parte”, pois não pode
desistir-se de uma queixa cuja apresentação era desnecessária à data do inicio do
processo
Não se cria nenhuma condição de prosseguibilidade, mas uma possibilidade de um
obstáculo à prossecução da ação penal, retirando ao MP a legitimidade para
prosseguir, por via do perdão da parte. O ofendido (titular do direito de queixa)
deve ser notificado para vir ao processo-crime, mas apenas para dizer se deseja ou
não por termo a este
Quando é que a apresentação da queixa importa? – quando ainda não se iniciou o
processo-crime aquando da despublicização do crime

 Teresa Quintela Brito – mesmo admitindo a validade da distinção entre queixa


(condição ou pressuposto de inicio do procedimento criminal), regulada pelo art.
5º CPP e desistência de queixa (causa de extinção do procedimento criminal)
submetida aos artigos 3º e 2/1º e 4º CP a competencia e legitimidade do MP para
iniciar e prosseguir o procedimento criminal nem sempre se define pela lei em
vigor no inicio do processo ex.: conversão de público ou semi-público em
particular, na pendencia do processo crime, mas antes de deduzida a acusação
pública então seguindo a posição do prof. TC isto significaria que o processo só
pode prosseguir com a dedução de acusação particular (285º CPP) porque a
acusação particular é condição de prosseguibilidade ao contrário da queixa
A prof. concorda com Germano Marques da Silva ao afirmar que “a legitimidade
do MP não é imputável, antes se há-de aferir a cada momento do processo, em
relação a cada ato que se vá praticando”
MFP – o critério de aferição da anterioridade e retroatividade na aplicação da lei
processual penal não é necessariamente o tempus delicti art. 3º CP, mas o da
prática do ato processual porque este não interfere de modo essencial com a
previsibilidade como acontece com as leis penais
A prof. MFP explica o princípio da aplicação imediata da lei processual penal aos
processos pendentes pela “natureza adjetiva e instrumental do Processo Penal”
(2008: idem) e pela necessidade de adaptar o processo penal “a soluções novas mais
eficientes”, necessidade “instrumental da realização da justiça”
Normas processuais penais materiais VS. normas processuais penais formais

 MFP – as normas processuais penais materiais/substantivas que não são puramente


processuais ainda são normas penais positivas e por isso sujeitas ao princípio da
legalidade, da proibição da retroatividade in pejus e da imposição de retroatividade
in melius
 TC – normas processuais penais materiais são aquelas que “condicionam a
efetivação da responsabilidade penal ou contendem diretamente com os direitos do
arguido ou recluso” ex.: prescrição, espécies de prova e respetivo valor, juízo de
culpabilidade, determinação concreta da pena, graus de recurso, liberdade
condicional, condições de procedibilidade
Normas processuais penais formais/técnico-processuais – normas que se limitam a
regulamentar o desenvolvimento do processo sem produzirem os efeitos jurídico-
materiais ex.: formas e prazos de citação ou convocação, formas de audição e
registo de intervenções, formalidades e prazos dos examos periciais, formalidades e
horários das buscas
 TQB – art. 5/2 a) CPP – aponta para a existência de normas processuais penais
substantivas/materiais no sentido amplo ex.: normas processuais relativas a direitos
individuais ou que envolvem ofensa de direitos, as quais, sempre que contendam
com “direitos fixados à sombra da lei” anterior, não devem aplicar se
retroativamente » aplicação do art. 3º CP (momento em que o agente atuou ou no
caso de omissão deveria ter atuado)

MFP – distingue 2 tipos de limites à aplicabilidade imediata da nova lei processual penal
material:

4. Diretamente resultante do princípio constitucional da proibição de


retroatividade in pejus 29/4 1º parte CRP 1– aqui estariam as normas penais
substantivas que tenham uma conexão fundamentadora da responsabilidade do
arguido na medida em que delimitem direta e exclusivamente a relação jurídica
punitiva e que se prendam com os meios de aplicação processual de normas
incriminadoras, como as normas respeitantes às condições de procedibilidade.
Como se integram este tipo de normas processuais penais materiais na categoria
de normas penais positivas (estabelecem ou agravam critérios positivos de
punibilidade) e aqui o momento-critério de determinação da lei temporalmente
1
A proibição de retroatividade in pejus visa garantir que o “poder punitivo seja exercido de acordo com
critérios e limites conhecidos antecipadamente e não alteráveis por força de um interesse particular ou
para resolver um caso concreto antes não previsto” – MARIA FERNANDA PALMA
competente (“o termo a quo” – no entendimento do prof. TC) seria sempre
definido pelo tempus decicti art. 3º CP

5. 5/2 a) CPP – garantias de previsibilidade e proibição de arbítrio – aqui estariam


as normas penais materiais relativas à posição processual do arguido e sujeitas à
aplicabilidade imediata. São normas que afetam a possibilidade do arguido
realizar os direitos que lhe são reconhecidos no processo penal ex.: direito de
defesa » normas processuais penais relativas à obtenção de prova, graus de
recurso, prisão preventiva, liberdade condicional etc. e aqui o momento critério
de determinação da lei temporalmente competente seria definido pelo inicio do
processo penal
MARIA JOÃO ANTUNES - para quem se mantém a aplicação da lei vigente
no momento em que o processo se iniciou, quando da aplicação imediata da
nova lei processual resultem “prejuízos para a defesa do arguido”

Acórdão do TC nº 247/09 relator João Cura Mariano – distingue estes dois tipos de normas
processuais penais materiais: as que condicionam a aplicação das sanções penais (1º) e as que
afetam o direito à liberdade do arguido (2º)

 Quanto às primeiras (que condicionam a aplicação de sanções penais), lê se no


Acórdão: “a subordinação às regras do artigo 29.º, da C.R.P., (...) resulta duma
simples operação de subsunção, uma vez que elas se inserem claramente no âmbito
de previsão daquele preceito constitucional, atenta a sua influência direta na
punição criminal”
 Quanto às segundas - caso das normas processuais que podem contender com “o
direito à liberdade do arguido ou que asseguram os seus direitos fundamentais de
defesa, a sua aplicação imediata a processos em curso resulta sempre na atribuição
duma eficácia retroativa imprópria - exige a proibição da aplicação com efeitos
retroativos, mesmo que impróprios, de normas que, dispondo em matéria de
direitos, liberdades e garantias constitucionais do arguido, agravem a sua situação
processual, de modo a evitar‐ se um possível arbítrio ou excesso do poder estatal

Taipa de Carvalho – tem uma posição contrária à distinção entre normas processuais penais
materiais que referimos há pouco a propósito da doutrina da prof. MFP e entende que a sucessão
de leis penais matérias rege-se pelos princípios constitucionais da proibição de retroatividade in
pejus e da imposição de retroatividade in melius consagrados no art. 29/4º e considera o 5/2 a)
CPP um preceito inútil, pois o aí disposto “não deveria constar do art. 5º”, por estar em causa
“uma questão que, por exigência constitucional e do Estado ‐ de ‐ Direito,” se submete “ao
princípio da proibição da retroatividade da lei penal desfavorável e, portanto, é abrangida pelo
art. 2º‐ 4 do Código Penal”.

Ou seja: todas as normas processuais penais materiais são exclusivamente perspetivadas a partir
do Direito Penal e, afinal, reconduzidas a normas penais substantivas, de modo que “o
momento‐ critério de determinação da lei temporalmente competente” é sempre o do tempus
delicti – “e não o momento em que se inicia o processo”

Para o prof. TC o art. 5º CPP só se aplica às normas processuais formais cujo princípio geral é o
da aplicação imediata, configurando-se como excecional a aplicação da LN tão-só aos processos
iniciados depois da sua entrada em vigor, ou seja, a ultra-atividade da LA

Jorge Figueiredo Dias - “não deve aplicar‐ se a nova lei processual penal a um ato ou situação
processual que ocorra em processo pendente ou derive de um crime cometido no domínio da lei
antiga, sempre que da nova lei resulte um agravamento da posição processual do arguido ou, em
particular, uma limitação do seu direito de defesa” – o art. 5/2 a) CPP dá guarida a todas as
normas processuais penais materiais, sem impor relativamente a todas que o momento critério
de determinação da lei temporalmente competente seja a do inicio do processo-crime, podendo
e devendo ser (normas penais positivas) o do tempus delicti art. 3º CP

Entende o prof. JFD que mesmo se tratando do 2º tipo (as que afetam a posição processual do
arguido) o momento-critério poderá ser o do tempus delicti e não forçosamente e sempre o do
início do processo (posição ligeiramente diferente da prof. MFP)

O carácter lacunar do art. 5.º/2 do CPP

5/2º CPP – aponta para a não aplicação imediata da LN desfavorável à posição processual do
arguido, mas não conseguimos perceber sem dúvidas um qualquer termo a quo da aplicação das
normas processuais penais materiais e também não resulta a retroatividade in melius da norma
processual penal material mais favorável

Quanto a esta questão até se pode falar de uma verdadeira lacuna do CPP, a integrar nos termos
do respetivo art. 4.º CPP: na ausência de disposição reguladora de caso análogo no próprio CPP
e de normas do processo civil que se harmonizem com o processo penal, há que recorrer aos
princípios gerais do processo penal, a começar por aqueles que se encontram vertidos no art. 32º
da CRP.
Em face disto, o momento critério de determinação da lei temporalmente competente, mesmo
quanto às normas processuais penais materiais do segundo tipo, pode ser, na lógica do sistema
jurídico, o do tempus delicti e não necessariamente o do início do processo, sempre que a
aplicação deste último “momento critério” se traduzir na violação de princípios constitucionais,
maxime das “garantias de previsibilidade e proibição de arbítrio” subjacentes ao princípio da
legalidade ou dos princípios gerais do processo penal (designadamente do processo justo e
equitativo e da plenitude das garantias de defesa – arts. 20.º/4 e 32.º/1 da CRP)

Exceções do 262/2º

Condições de procedibilidade 49º e 50

Regime da denuncia anónima 246/6º CPP

Denuncia manifestamente infundada 58º mas quem decide se abre inquérito ou não é o MP e
não é a polícia

*processo sumário vai logo para julgamento, não há inquérito pode haver um pré-inquérito

Exceção – crimes cometidos pelo PR nas suas funções 130º CP

Crimes públicos – princípio da oficialidade art. 48º abre inquérito e investiga sempre, se não
exigir qualquer condição de procedibilidade

Princípio da oficialidade – a iniciativa cabe ao MP 219º CRP » o processo penal é um assunto


da comunidade

113º - ver bem o regime da queixa! Distinção entre queixa (declaração de vontade e
conhecimento; só quem tem legitimidade para o efeito pode ser o ofendido a outra pessoa o
prazo é de 6 meses 115º do facto pode haver denuncia (impulso processual subsequente
negativo) e denuncia (declaração de ciência)

Desistência tácita de queixa – todos os danos resultantes da prática do crime devem ser
reclamados no processo crime, mas há crimes que admitem a dedução de pedido de
responsabilidade civil em separado. Podendo optar vou ao civil primeiro estou tacitamente a
desistir de queixa! Ação civil faz equiparar essa opção a uma desistência tácita de queixa

Crimes particulares – queixa (117º CP), declaração do queixoso no momento da queixa que se
pretende constituir assistente 244º, acusam assistente (legitimidade, prazo, pagamento de taxa
de justiça e representação judiciária), dedução de acusação particular 285º (no final do
inquérito)

5 impactos na tramitação do processo:


1. Detenção em flagrante delito (não há detenção em crimes particulares
255/4, mas há identificação do suspeito), semi-público 255/3
2. Formas de processo – sumário (não pode existir em crimes particulares
porque só é possível quando há detenção em flagrante delito, mas há
nos semipúblicos 331º CPP), abreviado e sumaríssima são compatíveis
com todos os crimes e todas as naturezas
3. Abertura de inquérito (só se houver queixa), particulares queixa e as 3
primeiras condições de procedibilidade
4. Final do inquérito – quem acusa é o MP nos particulares quem acusa é
o assistente (públicos e semipúblicos em caso de dedução de acusação
o assistente pode deduzir acusação subordinada se concordar ou em
partes pontuais ou requerer a abertura de instrução // no caso de
arquivamento reabertura de instrução ou hierárquica // o arguido pode
pedir a reabertura de instrução porque pode ser reaberto ex.: caso
Maddie então o prof. PSM para o arguido ter paz jurídica pode pedir
que seja um despacho de não pronuncia onde não possa ser reaberto,
para beneficiar do caso julgado. Particulares – o MP arquiva se o
assistente não deduzir, se o assistente deduzir acusação o MP faz uma
acusação subordinada
5. Prazo para a constituição do assistente – 10 dias 246/4º e 68/2 e nos
crimes públicos e semi-públicos tem prazos diversos e pode até ser em
recurso 68/3

Aplicação da lei no tempo

Sai uma LN – é logo aplicável 5/1º aplica-se agora mas os atos anteriores mantém-se válidos.
Processos iniciados após a sua vigência e antes da sua vigência » princípio geral deocorrencias:

1. Não retroatividade da LN processual penal


2. Aplicação imediata da LN
3. Princípio geral da não trasnconexão – valem para factos praticados na sua vigência

Costa Pimenta – é conveniente a aplicação imediata porque ela reflete a vontade da comunidade

2 tipos de normas:

Processuais penais sricto sensu – não oferecem problema regulam o modo de proceder os
tribunais
Processuais penais materiais

*paulo pinto Albuquerque – pré-conformação da penalidade que podem influenciar a pena e a


sua condenação (caducidade, desistência, prescrição)

Reformatio in pejus – proibição geral o arguido se recorrer de uma decisão não pode ficar pior
do que estava. Se for o MP a recorrer nada impede // no direito sancionatório já pode

Pinto de Albuquerque para as materiais– pré-conformação da penalidade a que o arguido pode


estar sujeito: conformação da responsabilidade do arguido ex.: prescrição, natureza dos crimes
(queixa e se passar a público o que acontece? Pode resultar a não responsabilização do arguido);
caducidade e desistência do direito de queixa

Normas sobre aplicação do procedimento criminal, ónus da prova, fundamentação de decisões,


reformatio in pejus – e aqui temos mais dificuldade em colocar na posição do professor
Albuquerque

Estas normas processuais penais materiais estão tipicamente no código penal, mas podem estar
no código de processo penal

5/2 a) – com o arguido coisas de defesa (quem divide em 3 – MFP)

Taipa de Carvalho – o prof. só divide em 2: stricto sensu e aplica-se o 5/2º e as materiais em que
aplicamos o princípio da aplicação da lei penal: normas que condicionam a efetivação da
responsabilidade penal ou com os direitos de defesa do arguido, recluso

Se a norma contende com a responsabilidade penal ou direito de defesa aplicamos o 29/4º e 2/4º
CP – trata como 1 só é tudo material e é tudo igual no 5/2 a) que diz “nomeadamente uma
limitação do seu direito de vida” temos que riscar segundo o prof. TC porque será
necessariamente penal/material então tem que ser tratada com os princípios aplicáveis as
normas penais

Qual é a relevância de distinção? As penais materiais são tratadas como normas penais e
aplicamos o que aprendemos em direito penal – princípio de retroatividade da lei + favorável e
vamos ver qual é a lei + favorável desde o momento da prática do facto 29/4º CRP e se aplicam
retroativamente mais favoráveis

MFP – há uma 3 categoria que é o 5/2 a) » a prof. MFP

Última solução – LN e perante uma LN o 5/2 a) se produz um agravamento sensível não se


aplica, mas não nos diz qual é a lei que se aplica. Só diz para afastarmos a mais desfavorável,
para saber qual se aplica e não nos diz qual então temos uma lacuna » art. 4º (normas
processuais análogas que ajudem a resolver o problema? Não! Mas existem princípios 29º a 32º
(garantias de defesa) CRP »»» aplica-se a lei concreta mais favorável, o prof. TC aplica
diretamente o código penal esta utiliza o 5/2 a) como porta de entrada e só depois é que vai os
princípios é o mesmo resultado por uma via diferente

O prof. Doutor Costa Pimenta – fala em modificações in pejus: aplica-se a lei revogada quando
a LN tem um agravamento sensível e que seja potencial não se tenha consumado, cabem as
normas que digam respeito a nulidades, medidas de coação, restrições ao recurso, institutos que
vigore o princípio da legalidade. 5/2 a)

Se olharmos para o art. 5/2 a) – conteúdo útil? TC – só formais

Mista (porta de entrada) – afasta a aplicação da LN e depois abre uma lacuna

Interpretação diferenciadora – contendam com o direito de defesa mas não sejam materiais »
MFP o momento critério só recuamos até ao inicio do inquérito

5/2 b) – não se aplica a LN possa resultar quebra da harmonia e unidade dos vários atos de
processo ex.: uma lei que regula a acarição confronto de testemunhas em que uma diz que viu a
bater na senhora e a outra testemunha diz que não viu a bater na senhora. LN com requisito
formal sendo meramente formal e não tendo impacto não faz sentido reiniciar a acariação só
para haver uma formalidade. Momento critério é o inicio do processo

Alteração da natureza dos crimes (exceção)

Público em semipúblico – é mais favorável ao arguido porque permite que não seja
responsabilizado, é verdade que esta seria a solução se fosse o princípio do direito penal
tínhamos que simular que sempre foi público e aplicar a LA porque era mais favorável viola o
32º que tem que ser compatibilizados com o 29º então a doutrina decidiu que a partir do
momento em que entra em vigor a LN passa o ofendido a poder apresentar a queixa (passa a ser
semi-público a partir daí apenas) logo o ofendido terá que apresentar queixa dentro de 6 meses
(isto não está na lei, é doutrinário). Imaginando que a natureza do crime é alterada durante a
fase de inquérito o titular do direito de queixa tem que apresentar em 6 meses se não o fizer o
MP não pode deduzir acusação, ele esteve bem em abrir inquérito porque era público quando se
iniciou mas depois para acusar tem que haver queixa que é a condição de procedibilidade MAS
se estivermos em julgamento se foi deduzida acusação já foi validamente produzida a acusação
no passado então no julgamento não faz sentido ter uma condição de procedibilidade se
passámos o momento da acusação o que se deve fazer é dar um direito a desistir do
procedimento criminal mas não se exige queixa

Semipúblico em particular – ainda é mais favorável


Semi-público a particular »»» a público – a LN é desfavorável porque é público, aplicamos a
LA (semipúblico é + favorável) se a vítima não apresentou queixa o MP já não pode abrir
inquérito por aquele crime – EXCEÇÃO À APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS NO TEMPO

Recursos (exceção)

Acórdão de uniformização de jurisprudência – estamos em julgamento e enquanto estamos em


julgamento é possível recorrer até ao supremo, no entanto, sai uma lei que diz que só podemos
ir até à relação isto é desfavorável » quando o arguido responda por um crime superior a 5 anos
e for condenado

Direito de defesa 5/2 a) e o supremo diz que não há um dever ao recurso enquanto estou a ser
julgado porém quando sou condenado aí sim não podem ser leis que me restrinjam

Momento critério – momento da decisão condenatória em 1º instancia

Dúvidas: e a instrução pode modificar?

Solução de casos práticos:

1.Condiciona a responsabilidade penal? Sim, é material

2.Contende com o direito de defesa? Sim, avançamos para a pergunta seguinte

3.Estamos perante uma alteração a condições de procedibilidade (natureza dos crimes)? Sim,
aplicamos a mais favorável, mas é uma daquelas exceções temos que fazer a nuance entre o
interesse da vítima e do arguido

4.Estamos perante uma alteração aos pressupostos da recorribilidade? Sim, houve 1º instancia
(lei anterior) se ainda não houve decisão em 1º instancia aplicamos a lei que estiver em vigor
seja ou não mais favorável

1º hipótese para resolver: TC – aplicamos sempre a constituição e a lei penal 29/4 e 2/4º CP, não
precisamos do 5/2 e o momento critério é sempre o tempus deliciti art. 3º

Mista: 5/2 a) para afastar a LN com fundamento num agravamento sensível e inevitável e
tempus delicti por aplicação analógica do 29/4º

3º hipótese – solução tripartida da prof. MFP

 Contende com a responsabilização do arguido? Sim, penal


 Contende com o seu direito de defesa? 5/2º a)
Nota: averiguações prévias ex.: transferência de 50.000 euros e o banco não sabe onde está
envia para a polícia e faz diligencias de averiguação prévia. Na operação marques a ação fez
essass ações de prevenção prévias em paralelo com o inquérito e isto é ilegal. Só podem ocorrer
quando há suspeitas – livro do Augusto Silva Dias

Caso 1

Suponha que o prazo geral de duração máxima da medida de coação prisão preventiva foi
agravado sucessivamente ao longo do tempo, refletindo-se num determinado processo. Assim:
 Em Janeiro de 2013, o prazo geral era de 12 meses;
 Em Janeiro de 2014 o prazo passou para 15 meses;
 Em Janeiro de 2015, o prazo passou para 18 meses;
 Em Janeiro de 2016, o prazo passou para 21 meses; e
 Em Janeiro de 2017, o prazo foi novamente alargado para 24 meses.
Considerando que A praticou o crime em Julho de 2014; o respetivo processo
penal foi aberto apenas em Julho de 2015; e o Arguido foi preso
preventivamente em Julho de 2016:
Qual seria o prazo de duração máxima da prisão preventiva em Agosto de 2017?
Trata-se de uma norma penal material de 2º tipo: a duração máxima da prisão preventiva
respeitante à posição processual em termo de direitos, liberdades e garantias do arguido, assim,
aplica-se a lei do inicio do processo, sendo esta a mais favorável ao arguido.
E em Novembro de de 2017 (admitindo que se procedeu a redução do prazo para 18 meses
em virtude de uma Reforma do CPP, operada pela Lei X/2017 de 30 de Setembro de 2017)?

Qual é a lei aplicável a A em agosto de 2017?

Art. 5/1º CPP – a lei processual penal é de aplicação imediata (REGRA GERAL) = (LN = L5,
agosto de 2017 – 24 meses), independentemente do momento da prática do facto ou do inicio do
processo
Art. 5/2º CPP (exceção) – a LN não se aplica aos processos iniciados anteriormente à sua
vigência quando da sua aplicabilidade direta possa resultar (aplicamos a LA, mas qual a L2
(momento da prática do facto) ou a L3 (inicio do processo2)?):

a) Agravamento sensível e ainda evitável da situação processual do arguido


nomeadamente uma limitação do seu direito de defesa; ou
b) Quebra da harmonia e unidade dos vários atos do processo

A prof. Maria Fernanda Palma distingue 2 tipos de limites à aplicabilidade imediata da LN


quando estamos perante uma lei processual penal material onde vamos discutir se é o momento
da prática do facto (art. 3º CP) OU se é o momento do inicio do processo/abertura do inquérito:

6. Normas penais substantivas que tenham uma conexão


fundamentadora da responsabilidade do arguido na medida em que
delimite direta e exclusivamente a relação jurídico punitiva e que se
prendam com os meios de aplicação processual de normas
incriminadoras e são normas penais positivas (estabelecem ou agravam
critérios de punibilidade ex.: queixa ou prescrição) em que o momento
critério de determinação da lei temporalmente competente seria
definido pelo tempus delicti art. 3º CP, aqui não se aplica
imediatamente a LN processual, mas não pelo 5/2º mas antes pelo
princípio constitucional da proibição de retroatividade in pejus 29/4 1º
parte da CRP “ninguém pode sofrer pena ou medida de segurança mais
graves do que as previstas no momento da correspondente conduta
(…)”, aplicam a lei + favorável (LA)

7. Normas penais materiais relativas à posição processual do arguido


5/2 a) CPP “agravamento processual” normas que podem prejudicar
o indivíduo na sua relação com o processo, não mudam a punição mas
que atingem a possibilidade (direito de defesa ex.: a lei que reduz o
prazo para a abertura de inquérito, prejudica o arguido na sua relação
com o prazo porque tem um prazo + curto) está relacionado com as
garantias de previsibilidade e proibição de arbítrio, estas estariam
sujeitas à aplicabilidade imediata (5/1º) mas como são normas que
afetam a possibilidade do arguido realizar os direitos que lhe são
reconhecidos no processo penal aplica-se a exceção do 5/2 a) em que
aqui se integra as normas processuais penais relativas à prisão
preventiva como no nosso caso » e aqui o momento critério de
2
Discussão quanto à natureza das normas penais materiais – doutrina da prof. MFP
determinação da lei temporalmente competente seria definido pelo
inicio do processo penal, portanto, a L3 (18 meses – inicio do
processo/abertura do inquérito)

CONCLUSÃO: Segundo Maria Fernanda Palma, devemos atentar ao momento em que se inicia
o processo penal, como indicia a letra do artigo 5º/2 CPP: ou seja, deveríamos atentar à L3
(inicio do processo/abertura do inquérito). Ao comparar a L3 com a L5 (agosto de 2017)
chegamos à conclusão de que a lei aplicável seria então a L3, na medida em que a L5 levaria ao
agravamento da situação processual e pessoal do arguido. Tal agravamento é proibido pelo
artigo 5º/2/a) do CPP.

TERESA QUINTELA BRITO - no entanto, face à lacuna do art. 5/2º e integrando a lacuna
segundo o art. 4º CPP com os princípios gerais do processo penal podemos não estar perante um
caso em que o critério é o do inicio do processo, mas antes o do tempus delicti porque se
aplicarmos o 1º critério (inicio do processo L3: 18 meses que é – favorável ao arguido que se
aplicarmos o 2º critério do art. 3º CP onde a solução será a L2: 15 meses + favorável ao
arguido) – como explica Teresa Quintela Brito aplicamos o 2º critério sempre que a aplicação
do 1º critério se traduzir na violação de princípios constitucionais, maxime das “garantias de
previsibilidade e proibição de arbítrio” subjacentes ao princípio da legalidade ou dos princípios
gerais do processo penal e, portanto, aplicamos a L2: 15 meses, do momento da prática do facto

Se resolvêssemos segundo o prof. TC:

Entende que todas as normas processuais penais materiais são exclusivamente perspetivadas a
partir do Direito Penal e, afinal, reconduzidas a normas penais substantivas, de modo que “o
momento‐ critério de determinação da lei temporalmente competente” é sempre o do tempus
delicti – “e não o momento em que se inicia o processo”

Efetivação penal e contendem

Qualquer coisa que afete – normas materiais sujeitas ao princípios penais e resolve logo o
problema assim

Uma pista: em regra as normas processuais penais estão no CP (direito de queixa, natureza dos
crimes, prescrição) mas há normas matérias também no CPP, mas não há formais no CP

Para o prof. TC o art. 5º CPP só se aplica às normas processuais formais cujo princípio geral é o
da aplicação imediata, configurando-se como excecional a aplicação da LN tão-só aos processos
iniciados depois da sua entrada em vigor, ou seja, a ultra-atividade da LA
Para o prof. aplicávamos a L2 (momento da prática do facto que seriam os 15 meses de prisão
preventiva) – aplica diretamente o art. 29 CRP e 2/1º CP. No fundo, temos de comparar a L5
com a L2. Uma vez que a L2 é mais favorável então é esta que se aplica

Quanto à segunda questão, em que a L6 prevê uma redução da duração máxima do prazo de
prisão preventiva de 24 para 18 meses teríamos que atentar às diferentes perspetivas doutrinais:

 Na ótica de Taipa de Carvalho, aplicar-se-ia na mesma a L2, uma vez que teríamos que
atentar ao tempus delicti (momento da prática do facto foi em julho de 2014, logo L2:
15 meses é mais favorável que 18)
 Para Maria Fernanda Palma, não aplicaríamos a exceção do artigo 5º/2/a) do CPP, na
medida em que a nova lei (L6 – 18 meses) não leva ao agravamento da posição do
arguido tendo por comparação a L3 porque entende que o momento critério é da
abertura do inquérito (18 meses também). Como tal, a lei aplicável seria a L6, nos
termos do artigo 5º/1.

Se não produz um agravamento 5/1º

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