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SUMÁRIO
DIREITO PROCESSUAL PENAL
TEORIA + EXERCÍCIOS + SÚMULAS E INFORMATIVOS (STF/STJ)
ATUALIZADA CONFORME O PACOTE ANTICRIME (LEI N. 13.964/2019)

PROFESSOR EDUARDO CARIOCA


CAPÍTULO I - LEI PROCESSUAL PENAL ................................................................ 5
CAPÍTULO II - SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS .................................................. 7
CAPÍTULO III - DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO PROCESSO
PENAL ................................................................................................................. 8
CAPÍTULO IV - INQUÉRITO POLICIAL ................................................................ 10
CAPÍTULO V - PRISÃO EM FLAGRANTE .............................................................. 17
CAPÍTULO VI - PRISÃO PREVENTIVA .................................................................. 21
CAPÍTULO VII - PRISÃO TEMPORÁRIA ................................................................ 25
CAPÍTULO VIII - LIBERDADE PROVISÓRIA MEDIANTE FIANÇA............................ 27
CAPÍTULO XIX – COMPETÊNCIA ........................................................................ 30
CAPÍTULO X - AÇÃO PENAL .............................................................................. 36
CAPÍTULO XI - SUJEITOS DO PROCESSO .......................................................... 42
CAPÍTULO XII – ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL ................................. 46
CAPÍTULO XIII – PROVAS ................................................................................... 49
EXERCÍCIOS ...................................................................................................... 67

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CAPÍTULO I - LEI PROCESSUAL PENAL
Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por
este Código, ressalvados: 2. LEI PROCESSUAL NO TEMPO
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional; 2.1. Princípio da aplicação imediata da lei processual penal
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos Em relação à lei processual no tempo, o CPP, no art. 2º, adota o
ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da princípio da aplicação imediata da lei processual, ou tempus regit actum.
República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de Assim, a lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da
responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, § 2º, e 100); validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.
III - os processos da competência da Justiça Militar; Se durante um processo penal sobrevier nova lei processual, os atos já
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. praticados sob a vigência da lei revogada manterão sua validade
122, no 17); normal. Todavia, os atos posteriores serão praticados segundo a lei
V - os processos por crimes de imprensa. (Vide ADPF nº 130) processual nova.
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos Norberto Avena explica as consequências do tempus regit actum: a) os
referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não atos processuais praticados no período de vigência da lei revogada não
dispuserem de modo diverso. estarão invalidados em virtude do advento de nova lei, ainda que
Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da importe esta em benefício ao acusado; b) a nova norma processual terá
validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior. aplicação imediata, desimportando, absolutamente, se o fato objeto do
Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e processo criminal foi praticado antes ou depois de sua vigência.
aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de 2.1.1. Normas processuais x normas materiais
direito. É necessário distinguir as normas processuais das normas materiais e
estabelecer suas consequências quanto à aplicação.
1. LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAÇO a) normas processuais:
Regulam aspectos relacionados ao procedimento ou à forma dos atos
1.1. Princípio da territorialidade processuais. Terão aplicação imediata aos processos em andamento
Segundo o art. 1º do CPP, em relação à lei processual penal no espaço, mesmo antes da sua vigência.
o Código de Processo Penal adotou o princípio da territorialidade, ou
b) normas materiais:
seja, o CPP aplica-se em todo o território nacional, ressalvadas as
exceções a seguir. São aquelas que ampliam ou restringem o direito de punir do estado, ou
seja, asseguram direitos ou garantias ao réu. Sua aplicação será
1.1.1. Exceções ao princípio da territorialidade
retroativa se mais benéfica ao réu. A lei penal jamais retroagirá para
I) Os tratados, as convenções e regras de direito internacional: prejudicar o réu.
A aplicação das regras processuais de determinado tratado ou
2.1.2. Normas mistas ou híbridas
convenção de direito internacional, por exemplo, afasta a jurisdição
penal brasileira. Normas híbridas são aquelas que possuem, ao mesmo tempo, natureza
processual e material. Exemplificativamente, segundo o art. 366 do
É o que acontece, exemplificativamente, com os diplomatas que
CPP, se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
cometerem crimes em território nacional, pois são imunes à jurisdição
brasileira por força da Convenção de Viena sobre Relações advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo
Diplomáticas. prescricional.
II) As prerrogativas constitucionais do Presidente da República, No tocante à suspensão do processo, o citado dispositivo possui
dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do natureza material. Já em relação à suspensão do curso do prazo
Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal prescricional, observa-se norma de natureza material.
Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89, Quanto à aplicação de normas híbridas ou mistas no tempo, prevalece
§ 2º, e 100): o entendimento segundo o qual não se admite a divisão da norma em
Trata-se dos crimes de responsabilidades definidos na Lei 1.079/1950. regra de direito processual e material. Assim, se a aplicação da última
Apesar da nomenclatura, tais infrações possuem natureza político- prejudicar o réu, a norma, em sua inteireza, não pode ser aplicada.
administrativa, e não criminal. 2.2. Normas heterotópicas
III) Os processos da competência da Justiça Militar: Cuida-se de normas processuais em diplomas materiais (CPP, por
A apuração desses crimes será processada pelo Código de Processo exemplo) ou normas materiais em diplomas processuais penais (CP, por
Penal Militar (Decreto lei 1001/1969). exemplo).
IV) Os processos da competência do tribunal especial
(Constituição de 1937, art. 122, no 17):
O referido inciso não possui mais aplicabilidade, não tendo sido 3. INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO DA LEI
recepcionado pela atual Constituição, que veda tribunais de exceção.
V) Os processos por crimes de imprensa:
PROCESSUAL PENAL
O citado inciso também não possui mais aplicabilidade, pois o STF, no A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação
julgamento da ADPF nº 130 declarou não recepcionada a Lei de analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito (art.
Imprensa (Lei 5.250/1967). 3º do CPP).

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4. SÚMULAS RELACIONADAS
Súmula 501 do STJ: É cabível a aplicação retroativa da Lei n.
11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições,
na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da
Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.
Súmula 611 do STF: Transitada em julgado a sentença condenatória,
compete ao Juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.

ANOTAÇÕES

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CAPÍTULO II - SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS
1. INTRODUÇÃO
O processo penal pode ser inquisitivo, acusatório ou misto, a depender
da estrutura em que se funda e das suas características.

2. SISTEMA INQUISITIVO
O sistema inquisitivo é marcado pela inexistência de contraditório e
ampla defesa. Aqui, as funções de acusar, defender e julgar estão
concentradas na figura de um só sujeito: o juiz. Ademais, o processo é
conduzido de modo sigiloso.

3. SISTEMA ACUSATÓRIO
No sistema acusatório, há nítida distinção entre as funções de acusar,
defender e julgar, que são conferidas a personagens distintos. Com
efeito, o juiz não pode avocar a função acusatória, através da produção
probatória ou da iniciativa para as investigações.
Asseguram-se o contraditório e a ampla defesa, bem como os atos
processuais são, em regra, públicos, salvo hipóteses de sigilo
constitucionalmente estabelecidas.
Trata-se do sistema adotado pelo expressamente pelo processo penal
brasileiro, conforme estabelece o art. 3º-A do CPP, com redação dada
pela Lei 13.964/2019 (pacote anticrime): o processo penal terá estrutura
acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a
substituição da atuação probatória do órgão de acusação.

4. SISTEMA MISTO
Segundo Nestor Távora, é possível conceber o sistema misto
estruturado nas seguintes fases: (1) uma inquisitorial, sem contraditório,
com rito instrutório secreto e com prevalência da palavra escrita; e (2)
outra acusatória, com imputação certa, garantia do contraditório e
procedimento regido pela publicidade e pela prevalência do princípio da
oralidade.

ANOTAÇÕES

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CAPÍTULO III - DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO
PROCESSO PENAL

1. INTRODUÇÃO 3. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO


Os princípios constitucionais, mormente os relacionados às garantias O segundo princípio processual de assento constitucional é o do
processuais penais, marcam a transição de um Estado absolutista para contraditório, cuja positivação expressa adveio com a Constituição
um Estado Democrático de Direito, cuja proteção das liberdades do Federal de 1988. Também é chamado de princípio da bilateralidade da
indivíduo, outrora relegada, é, atualmente, a principal garantia dos audiência, decorrente do dever de igualdade aos litigantes na audiência.
cidadãos no Estado Moderno. O princípio do contraditório baseia-se no brocardo audit et altera pars –
Neste sentido, o processo penal deve ter por supedâneo a Constituição a parte contrária deve ser ouvida. Tal princípio assegura que não
Federal. O processo não é um mero instrumento a serviço da aplicação existam cerceamentos à defesa, dada a paridade de armas entre a
da sanção penal, mas, sim, garantia dos acusados em face das acusação e a defesa.
arbitrariedades estatais, sem descurar, evidentemente, da necessidade Contudo, a doutrina assevera que o contraditório não se restringe ao
de efetividade na prestação jurisdicional. De fato, o processo possui binômio conhecimento-reação. O contraditório também significa direito
assento constitucional como garantia dos cidadãos em face do de influência, vale dizer, participar do processo e influir nos seus rumos.
despotismo. Ademais, a garantia da ampla defesa é corolário do contraditório. Com
efeito, o contraditório é garantia constitucional que assegura a ampla
Assim, andou bem o legislador constituinte originário ao elencar os
defesa do acusado, incluindo também o direito de serem cientificados
princípios limitadores do poder punitivo do Estado ao texto da Carta
todos os fatos ocorridos no curso do processo.
Maior, sobretudo quando os entabulou nos incisos do artigo 5° da
Constituição Federal, Comparando os princípios do contraditório e da ampla defesa, nota-se
que o primeiro é mais abrangente, posto que alcança não só a defesa,
Destarte, dentre os princípios constitucionais mais caros ao processo mas também a acusação, na medida em que a esta também deve ser
penal, enumera-se, sem, todavia, esgotá-los, os seguintes: (i) princípio dada ciência dos atos processuais e oportunidade de contrariar os atos
do devido processo legal; (ii) princípio do contraditório; (iii) princípio da praticados pela parte adversa.
ampla defesa; (iv) princípio da duração razoável do processo e (v)
princípio da imediação. Princípios estes que doravante serão
analisados. 4. PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA
A ampla defesa constitui princípio cujo destinatário certo é o acusado.
Segundo o art. 5º, inciso LV da Constituição Federal, além do
2. PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO contraditório, é assegurada a todos a ampla defesa, com todos os
LEGAL recursos e meio a ela inerentes.
Através da ampla defesa é dada ao réu a possibilidade de executar
O princípio do devido processo legal encontra previsão expressa no art. todos os meios possíveis com o fim de trazer à lume a verdade dos
5º, inciso LIV, da Constituição Federal, segundo o qual “ninguém será fatos, utilizando-se, para tanto, de todos os mecanismos dispostos no
privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. processo penal.
Devido processo legal é sinônimo de processo justo, definido em lei e Cumpre ressaltar que a defesa genérica ou por negativa geral, nada
obedecido por todos os atores do processo, afinal, a toda pessoa deverá obstante realizada por profissional habilitado, representa uma feição
ser dado o que lhe é devido, 2018, (BULOS p. 695). O princípio em opaca da ampla defesa. A ampla defesa deve englobar não apenas os
estudo é instrumento de manutenção dos direitos fundamentais. subsídios materiais, como, por exemplo: produção de provas, oitiva do
réu e de suas testemunhas, respostas e teses defensivas escritas e
Não se pode olvidar que o devido processo legal é princípio maior que
orais por meio de seu defensor constituído; como também os recursos
norteia o ordenamento jurídico pátrio. O due process of law congloba os humanos, a exemplo de ser assistido por advogado que empregue
demais princípios processuais, como os princípios do contraditório, da conhecimentos e técnicas jurídicas pertinentes ao caso.
ampla defesa, do juiz natural e da vedação às provas ilícitas. Por essa
Assim, deve o Estado proporcionar a todo acusado a defesa mais
razão, Nestor Távora assevera que a pretensão punitiva deve-se
completa, através da autodefesa (pessoal) e realizada por defensor
perfazer de um procedimento regular, perante a autoridade competente,
(técnica). Cumpre ressaltar que defesa técnica, realizada por defensor
tendo por base provas validamente colhidas, respeitando-se o legalmente habilitado, é irrenunciável, sendo, portanto, nulo o processo
contraditório e a ampla defesa. conduzido à revelia de defensor técnico.
O princípio em comento se biparte em devido processo legal formal ou A autodefesa é a defesa através da qual o acusado pode defender-se
processual e devido processo legal substancial. O primeiro dispõe sobre pessoalmente, sobretudo quando do seu interrogatório, ocasião em que
a regularidade do processo legislativo, vale dizer, as leis devem atender apresenta sua versão dos fatos. Cumpre observar qua a autodefesa se
ao interesse público. O segundo refere-se ao processo judicial e desdobra em direito de audiência, direito de postular pessoalmente e
administrativo. direito de presença.

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Destaque se que, contrário da defesa técnica, a autodefesa é
renunciável, não podendo o réu ser compelido a falar, tampouco a
comparecer para o interrogatório. Neste sentido, o Supremo tribunal
Federal, no julgamento da ADPF 444, concluiu pela não compatibilidade
da condução coercitiva do réu, para interrogatório, com a Constituição
Federal, o que foi noticiado no informativo de jurisprudência n. 905
daquela corte.
Informativo 905 do STF:
O Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido formulado em
arguições de descumprimento de preceito fundamental para declarar a
não recepção da expressão "para o interrogatório" constante do art. 260
(1) do CPP, e a incompatibilidade com a Constituição Federal da
condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório, sob
pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
autoridade e de ilicitude das provas obtidas, sem prejuízo da
responsabilidade civil do Estado.

5. PRINCÍPIO DA IMEDIAÇÃO
Pode-se conceituar o princípio da imediação como o vínculo de
proximidade de comunicação entre o magistrado e os atores
processuais. Tal princípio tem por desiderato possibilitar ao julgador
uma percepção própria do manancial probatório que haverá de ter como
supedâneo na sua decisão.
Segundo Nestor Távora, pelo princípio da imediatidade ou do
imediatismo, o ideal é que a instrução probatória se desenvolva perante
o magistrado, para que ele possa colher todas as impressões na
formação do seu consentimento, sem a existência de intermediários.
Muitas vezes mil palavras não são suficientes para traduzir com
perfeição um ato ou uma expressão colhida em audiência.

6. PRINCÍPIO DA DURAÇÃO RAZOÁVEL


DO PROCESSO
Acrescentado ao texto constitucional pela Emenda Constitucional de nº
45, de 30 de dezembro de 2004, denominada “Reforma do Judiciário”,
o inciso LXXVIII, do art. 5º da Constituição Federal dispõe que “a todos,
no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração
do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.
Com princípio em estudo, segundo Nestor Távora almeja-se evitar
dilações processuais indevidas.
Nada obstante a necessidade de se imprimir a necessária celeridade
aos processos judiciais, não se pode olvidar que a rapidez na marcha
processual não pode espezinhar garantias constitucionais do réu.
Por essa razão, somente é útil o emprego do interrogatório por
videoconferência com o fito de conferir celeridade no Poder Judiciário
se isso não implicar na perda da qualidade da prestação jurisdicional.
Assim, não é adequado que o processo seja célere em detrimento das
garantias constitucionais do réu.

ANOTAÇÕES

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CAPÍTULO IV - INQUÉRITO POLICIAL
TÍTULO II X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades
DO INQUÉRITO POLICIAL e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
das infrações penais e da sua autoria. (Redação dada pela Lei Art. 7o Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada
nº 9.043, de 9.5.1995) de determinado modo, a autoridade policial poderá proceder à
reprodução simulada dos fatos, desde que esta não contrarie a
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de
moralidade ou a ordem pública.
autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma
função. Art. 8o Havendo prisão em flagrante, será observado o disposto no
Capítulo II do Título IX deste Livro.
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado,
I - de ofício; reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, autoridade.
ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado
representá-lo. tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível: o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as sem ela.
razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou § 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e
os motivos de impossibilidade de o fazer; enviará autos ao juiz competente.
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e § 2o No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não
residência. tiverem sido inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito encontradas.
caberá recurso para o chefe de Polícia. § 3o Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto,
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para
ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por
escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que
procedência das informações, mandará instaurar inquérito. interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito.
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre
representação, não poderá sem ela ser iniciado. que servir de base a uma ou outra.
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:
proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à
intentá-la. instrução e julgamento dos processos;
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério
autoridade policial deverá: Público;
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades
e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; judiciárias;
(Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) IV - representar acerca da prisão preventiva.
II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do
pelos peritos criminais; (Redação dada pela Lei nº 8.862, de art. 158 e no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
28.3.1994) 1940 (Código Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), o membro do Ministério
e suas circunstâncias; Público ou o delegado de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos
do poder público ou de empresas da iniciativa privada, dados e
IV - ouvir o ofendido;
informações cadastrais da vítima ou de suspeitos. (Incluído pela
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte
assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; e quatro) horas, conterá: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; (Vigência)
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito I - o nome da autoridade requisitante; (Incluído pela Lei nº 13.344,
e a quaisquer outras perícias; de 2016) (Vigência)
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, II - o número do inquérito policial; e (Incluído pela Lei nº 13.344,
se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; de 2016) (Vigência)
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela
individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e investigação. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes
outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu relacionados ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou
temperamento e caráter. o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial,

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às empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de
telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos inquérito.
adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela
localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso. autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência)
policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver
§ 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da notícia.
estação de cobertura, setorização e intensidade de radiofrequência.
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do
inquérito serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a
§ 2 Na hipótese de que trata o caput, o sinal:
o (Incluído pela Lei
nº 13.344, de 2016) (Vigência) iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
natureza, que dependerá de autorização judicial, conforme disposto em Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à
lei; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem
período não superior a 30 (trinta) dias, renovável por uma única vez, por solicitados, a autoridade policial não poderá mencionar quaisquer
igual período; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) anotações referentes a instauração de inquérito contra os requerentes.
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será (Redação dada pela Lei nº 12.681, de 2012)
necessária a apresentação de ordem judicial. (Incluído pela Lei Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de
nº 13.344, de 2016) (Vigência) despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da
§ 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.
instaurado no prazo máximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do
Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três dias,
registro da respectiva ocorrência policial. (Incluído pela Lei nº
13.344, de 2016) (Vigência) será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a requerimento da
autoridade policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado, em
§ 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a
autoridade competente requisitará às empresas prestadoras de serviço qualquer hipótese, o disposto no artigo 89, inciso III, do Estatuto da
de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963)
os meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que (Redação dada pela Lei nº 5.010, de 30.5.1966)
permitam a localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso, Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de
com imediata comunicação ao juiz. (Incluído pela Lei nº 13.344, uma circunscrição policial, a autoridade com exercício em uma delas
de 2016) (Vigência) poderá, nos inquéritos a que esteja procedendo, ordenar diligências em
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão circunscrição de outra, independentemente de precatórias ou
requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da requisições, e bem assim providenciará, até que compareça a
autoridade. autoridade competente, sobre qualquer fato que ocorra em sua
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições presença, noutra circunscrição.
dispostas no art. 144 da Constituição Federal figurarem como Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente,
investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e
a autoridade policial oficiará ao Instituto de Identificação e Estatística,
demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de
ou repartição congênere, mencionando o juízo a que tiverem sido
fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício
profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações distribuídos, e os dados relativos à infração penal e à pessoa do
dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 indiciado.
(Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor. (Incluído pela
Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá 1. CONCEITO
ser citado da instauração do procedimento investigatório, podendo
O inquérito policial compreende o conjunto de diligências realizadas
constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar
pela polícia judiciária para a apuração de infrações penais e sua autoria.
do recebimento da citação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de O IP é procedimento de natureza administrativa e é presidido pelo
nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela delegado de polícia no intuito de colher indícios de autoria e prova da
investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o materialidade de delitos.
investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo Nesse sentido, o art. 4º do CPP estabelece que a polícia judiciária será
de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas
investigado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua
§ 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores autoria.
militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição
Jurisprudência em teses, STJ:
Federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missões para
a Garantia da Lei e da Ordem. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) As nulidades surgidas no curso da investigação preliminar não atingem
a ação penal dela decorrente.
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela
As provas inicialmente produzidas na esfera inquisitorial e
autoridade policial.
reexaminadas na instrução criminal, com observância do contraditório e
Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do da ampla defesa, não violam o art. 155 do Código de Processo Penal -
inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências, CPP visto que eventuais irregularidades ocorridas no inquérito policial
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. não contaminam a ação penal dele decorrente.

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§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de
2. CARACTERÍSTICAS nomeação de defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela
O inquérito policial possui algumas características que lhe são investigação deverá intimar a instituição a que estava vinculado o
peculiares e cuja incidência em provas de concursos é altíssima. investigado à época da ocorrência dos fatos, para que essa, no prazo
2.1. Escrito de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do
O inquérito policial é procedimento administrativo cuja forma é escrita. investigado.
Estabelece o art. 9º do CPP que todas as peças do inquérito policial § 6º As disposições constantes deste artigo se aplicam aos servidores
serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, militares vinculados às instituições dispostas no art. 142 da Constituição
neste caso, rubricadas pela autoridade. Federal, desde que os fatos investigados digam respeito a missões para
2.2. Discricionariedade a Garantia da Lei e da Ordem.”
A autoridade policial tem margem de conveniência e oportunidade na
forma pela qual conduz as investigações. Dispõe o art. 14 do CPP que 2.6. Oficialidade
o ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer
O inquérito policial é conduzido por órgão oficial do Estado, qual seja, o
qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
delegado de polícia de carreira.
Contudo, a discricionariedade comporta certas mitigações. Com efeito,
se a infração deixar vestígios, a autoridade policial não poderá indeferir 2.7. Oficiosidade
a realização do exame de corpo de delito. O inquérito policial poderá ser iniciado de ofício nos crimes de ação
2.3. Sigiloso penal pública incondicionada (art. 5º, inciso I, do CPP).
O fator surpresa é elemento indispensável ao êxito das investigações.
O art. 20 do CPP estabelece que a autoridade assegurará no inquérito
o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da 3. FORMAS DE COMUNICAÇÃO DA
sociedade. Contudo, o sigilo do IP não alcança o membro do Ministério
Público e o juiz.
INFRAÇÃO PENAL
Em relação ao advogado do acusado, o sigilo não alcança os elementos Formas de notitia criminis, vale dizer, noticia da infração penal levada
de prova já documentados. É direito do defensor, no interesse do ao conhecimento da autoridade policial:
representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já a) Notitia criminis de cognição direta ou imediata:
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com A autoridade policial toma conhecimento da existência da infração de
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito
forma direta, através de uma investigação ou de uma notícia divulgada
de defesa (Súmula Vinculante 14).
na imprensa, por exemplo.
2.4. Dispensável
O Ministério Público pode oferecer denúncia, ou o ofendido queixa
crime, se já dispuserem de elementos probatórios suficientes, b) Notitia criminis de cognição indireta ou mediata:
independentemente da existência ou sorte de inquérito policial. A autoridade policial tem ciência do cometimento da infração através de
2.5. Indisponível um ato formal de comunicação do delito. P.ex.: representação, nos
Não pode a autoridade policial, por sua própria iniciativa, promover o crimes de ação penal pública condicionada à representação.
arquivamento do inquérito policial (art. 17 do CPP). c) Notitia criminis de cognição coercitiva:
2.5. Inquisitorial A autoridade policial tem ciência da infração através da lavratura do auto
Não há oportunidade para o exercício do contraditório ou ampla defesa. de prisão em flagrante.
Por essa razão, embora o acusado tenha direito a advogado no curso
do inquérito policial, sua presença não é indispensável à legalidade do
procedimento. 4. FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO
Contudo, com o advento do “pacote anticrime”, entendemos que é
obrigatória a assistência de advogado nos casos em que servidores dos
INQUÉRITO POLICIAL
órgãos da Segurança Pública figurarem como investigados em A depender a espécie de ação penal imputada ao delito, o IP pode ser
inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e demais procedimentos instaurado das seguintes maneiras.
extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de fatos relacionados ao
Informativo 819 do STF:
uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma
consumada ou tentada, incluindo as situações envolvendo excludentes A Turma, de início, reafirmou o entendimento da Corte no sentido de
de ilicitude (art. 14-A, CPP). que notícias anônimas não autorizam, por si sós, a propositura de ação
penal ou mesmo, na fase de investigação preliminar, o emprego de
Alteração promovida pelo pacote anticrime:
métodos invasivos de investigação, como interceptação telefônica ou
“Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições busca e apreensão. Entretanto, elas podem constituir fonte de
dispostas no art. 144 da Constituição Federal figurarem como informação e de provas que não pode ser simplesmente descartada
investigados em inquéritos policiais, inquéritos policiais militares e
pelos órgãos do Poder Judiciário. Assim, assentou a inexistência de
demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de
invalidade na investigação instaurada a partir de notícia crime anônima
fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício
encaminhada ao MPF.
profissional, de forma consumada ou tentada, incluindo as situações
dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 a) crimes de ação pública incondicionada:
(Código Penal), o indiciado poderá constituir defensor.  De ofício;
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá  Requerimento do ofendido ou de qualquer pessoa;
ser citado da instauração do procedimento investigatório, podendo
 Requisição do magistrado ou do Ministério Público;
constituir defensor no prazo de até 48 (quarenta e oito) horas a contar
do recebimento da citação.  Através do auto de prisão em flagrante.

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b) crimes de ação penal pública condicionada à representação do
ofendido: 6. PRAZOS PARA CONCLUSÃO DO IP
 Representação do ofendido; A tabela abaixo sintetiza os prazos para conclusão do inquérito policial.
 Requisição do magistrado ou do Ministério Público, acompanhadas Indiciado preso1 Indiciado solto2
da representação do ofendido ou do seu representante legal; Regra: 10 dias 30 dias
 Através do auto de prisão em flagrante; acompanhado da Justiça Federal: 15 dias (+15 dias) 30 dias
representação do ofendido ou do seu representante legal. Lei de Drogas: 30 dias (+ 30 dias) 90 dias (+ 90
b) crimes de ação penal privada: dias)
 Requerimento da vítima ou do seu representante legal; Crimes Contra a 10 dias 10 dias
 Requisição do magistrado ou do Ministério Público, acompanhadas Economia Popular:
do requerimento da vítima ou do seu representante legal; CPP Militar: 20 dias 40 dias (+ 20
 Através do auto de prisão em flagrante; acompanhado do dias)
requerimento da vítima ou do seu representante legal.

7. INDICIAMENTO
5. DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS Finda a investigação, o delegado de polícia fará minucioso relatório do
Segundo o art. 6º do CPP, logo que tiver conhecimento da prática da que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz competente. No relatório
infração penal, a autoridade policial deverá: poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido
inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas (art. 10,
I - dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado §§ 1º e 2º, do CPP).
e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; II
Ainda ao final do IP, a autoridade policial procederá ao indiciamento, ato
- apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados
privativo do delegado de polícia através do qual a autoridade atribui a
pelos peritos criminais;
alguém a autoria de uma infração penal, apontando as circunstâncias
III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato de sua ocorrência. Não pode o magistrado ou o membro do ministério
e suas circunstâncias; público requisitar o indiciamento de alguém, pois, como dito
IV - ouvir o ofendido; anteriormente, trata-se de ato privativo da autoridade policial, embora
V - ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto não vincule o MP quando do oferecimento da denúncia.
no Capítulo III do Título Vll, deste Livro, devendo o respectivo termo ser Informativo 717 do STF:
assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; Não cabe ao juiz determinar indiciamento. Com base nessa orientação,
VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; a 2ª Turma superou o Enunciado 691 da Súmula do STF para conceder
VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito habeas corpus e anular o indiciamento dos pacientes. No caso, diretores
e a quaisquer outras perícias; e representantes legais de pessoa jurídica teriam sido denunciados pelo
Ministério Público em razão da suposta prática do crime previsto no art.
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico,
1º, I e II, da Lei 8.137/90. Após o recebimento da denúncia, o magistrado
se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
de 1º grau determinara à autoridade policial a efetivação do
IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista indiciamento formal dos pacientes.
individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e
estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer
outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu 7.1. Desindiciamento
temperamento e caráter. Segundo Nestor Távora, nada impede que a autoridade policial, ao
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades entender, no transcurso das investigações, que a pessoa indiciada não
está vinculada ao fato, promova o desindiciamento, seja na evolução
e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual
doo inquérito, ou no relatório de encerramento do procedimento. É
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
possível também que o desindiciamento ocorra de forma coacta, pela
procedência de habeas corpus impetrado no objeto de trancar o
5.1. Reprodução simulada inquérito em relação a algum suspeito.
A autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos,
desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública (art. 7º
do CPP). Trata-se de diligência realizada a fim de verificar a 8. DESTINO DO IP CHEGANDO EM JUÍZO
possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado modo. Após chegar em juízo, o magistrado, nos crimes de ação penal pública,
Ressalte-se que o acusado não é obrigado a participar ativamente dos dará vistas ao Ministério Público para a adoção das seguintes
atos da reprodução simulada ou reconstituição, posto que ninguém providências:
pode ser compelido a produzir provas contra si. I. Oferecer denúncia.

1
O prazo se inicia na data da realização da prisão e é contado na forma do art. 10 do CP. Assim, o dia do início inclui-se na contagem, não se
prorrogando o prazo caso o último dia não seja útil.
2
O prazo se inicia com a Portaria de Instauração do IP. Trata-se de prazo de natureza processual, contado na forma do art. 789, caput¸ e § 1º do
CPP.
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II. Requerer a devolução do IP para a realização de diligências 10.1. Arquivamento do IP e coisa julgada material
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia. Segundo o art. 16 do Em algumas situações excepcionais, o arquivamento do inquérito
CPP, o Ministério Público não poderá requerer a devolução do inquérito
policial faz coisa julgada material, ou seja, não será possível a
à autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao reabertura do IP, ainda que diante do surgimento de novas provas.
oferecimento da denúncia.
III. Requerer o arquivamento do Inquérito Policial. Hipóteses de arquivamento do IP e coisa julgada material:
a) Reconhecimento da atipicidade do fato ou inexistência do crime;
O trancamento por atipicidade do fato, baseado na aplicação do
9. ARQUIVAMENTO DO IP princípio da insignificância, considerando um dado valor, que,
posteriormente, se descobre equivocado, obsta a reabertura da ação
Caso concorde com o pedido de arquivamento, o juiz procederá à sua e o oferecimento da denúncia. 2. A decisão que determina o
homologação. Se o magistrado discordar do pleito do MP, remeterá o arquivamento de inquérito policial, por atipicidade da conduta, tem
IP ao Procurador-Geral de Justiça para a adoção de uma das seguintes força de coisa julgada material. 3. Recurso provido para determinar o
medidas (art. 28 do CPP): trancamento da ação penal.
a) caso entenda que assiste razão ao promotor que pleiteou o (STJ - RHC: 18099 SC 2005/0120848-2, Relator: Ministro HÉLIO
arquivamento, o PGJ insistirá no pedido, ocasião em que o juiz estará QUAGLIA BARBOSA, Data de Julgamento: 07/03/2006, T6 - SEXTA
obrigado a acolher o pedido e promover o arquivamento. TURMA, Data de Publicação: DJ 27/03/2006 p. 333)
b) Existência manifesta de causa extintiva de punibilidade;
c) Existência manifesta de causa excludente de culpabilidade, salvo
b) Caso discorde do promotor que requereu o arquivamento do IP, o
inimputabilidade.
PGJ poderá oferecer denúncia ou designar outro promotor para oferecê-
la. No último caso, o promotor estará obrigado a oferecer denuncia,
afinal, está agindo em nome do Procurador-Geral de Justiça. Em relação ao arquivamento do IP em razão do reconhecimento de
causa excludente de ilicitude, há divergência entre o STF e o STJ:
STF STJ
CUIDADO! NÃO SE APLICA O ART. 28 DO CPP AOS O arquivamento de inquérito O arquivamento de inquérito
PRROCEDIMENTOS QUE TRAMITEM NO STJ policial em razão do policial em razão do
Informativo 558 do STJ: Se membro do MPF, atuando no STJ, reconhecimento de excludente reconhecimento de excludente
requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de de ilicitude não faz coisa julgada de ilicitude faz coisa julgada
informação que tramitem originariamente perante esse Tribunal material. Logo, surgindo novas material. Assim, não é
Superior, este, mesmo considerando improcedentes as razões provas, é possível reabrir o IP. possível desarquivá-lo.
invocadas, deverá determinar o arquivamento solicitado, sem a
possibilidade de remessa para o Procurador-Geral da República, não se 10.2. Arquivamento implícito
aplicando o art. 28 do CPP. Isso porque a jurisprudência do STJ é no Ocorre o arquivamento implícito quando o IP apura duas ou mais
sentido de que os membros do MPF atuam por delegação do infrações penais e o MP oferece denúncia apenas quanto a uma ou
Procurador-Geral da República na instância especial. Assim, em algumas, quedando-se inerte quanto às demais. Também ocorre
decorrência do sistema acusatório, nos casos em que o titular da ação quando o IP indicia dois ou mais suspeitos e o MP oferece denúncia
penal se manifesta pelo arquivamento de inquérito policial ou de peças apenas quanto a um ou alguns deles, silenciando-se quanto aos
de informação, não há alternativa, senão acolher o pedido e determinar demais.
o arquivamento. Nesse passo, não há falar em aplicação do art. 28 do Trata-se de omissão injustificada no Ministério Público, que deverá ter
CPP nos procedimentos de competência originária do STJ. vistas dos autos para promover a devida retificação na inicial acusatória.
10.3. Arquivamento indireto
Dá-se o arquivamento indireto quando o membro do Ministério Público
10. DESARQUIVAMENTO DO IP DIANTE deixa de oferecer denúncia por considerar incompetente o juízo,
pleiteando a remessa dos autos ao juízo competente.
DO SURGIMENTO DE NOVAS PROVAS
O arquivamento do inquérito policial por falta de provas faz coisa julgada
formal, isto é, poderá haver o desarquivamento do IP diante de provas
11. SÚMULAS RELACIONADAS
formal e substancialmente novas. Súmula 234 do STJ: A participação de membro do Ministério Público na
Neste sentido, dispõe o art. 18 do CPP que depois de ordenado o fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou
arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base suspeição para o oferecimento da denúncia.
para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas Súmula 444 do STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e
pesquisas, se de outras provas tiver notícia. ações penais em curso para agravar a pena-base.
Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do
Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
provas (Súmula 524 do STF). competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito
de defesa.

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Súmula 397 do STF: O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do pelo delito em questão, já que somente com o advento da Lei
Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências, 9.299/1996 teria sido deslocado o julgamento dos crimes dolosos contra
compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado a vida de civis para o tribunal do júri. Por outro lado, consoante o
e a realização do inquérito. Enunciado 524 da Súmula do STF, decisão proferida por juiz
Súmula 524 do STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, competente, em que tivesse sido determinado o arquivamento de
a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser inquérito a pedido do Ministério Público, em virtude de o fato apurado
iniciada, sem novas provas. estar coberto por causa excludente de ilicitude, não obstaria o
desarquivamento quando surgissem novas provas, reiterado o que
12. JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA decidido no HC 95.211/ES (DJe de 22.8.2011). A decisão da Justiça
Militar, na hipótese em comento, não afastara o fato típico ocorrido, mas
12.1. Informativos do STF: sim sua ilicitude, em razão do estrito cumprimento do dever legal, que o
Informativo 824 do STF: É incabível a anulação de processo penal em Ministério Público entendera provado a partir dos elementos de prova
razão de suposta irregularidade verificada em inquérito policial. Esse o de que dispunha até então. Nesse diapasão, o eventual surgimento de
entendimento da Segunda Turma, que, ao reafirmar a jurisprudência novos elementos de convicção teria o condão de impulsionar a
assentada na matéria, negou provimento a recurso ordinário em reabertura do inquérito na justiça comum, a teor do art. 18 do CPP
“habeas corpus” em que se pleiteava a anulação de atos praticados em (“Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade
inquérito policial presidido por delegado alegadamente suspeito. judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá
Precedentes citados: RHC 43.878/SP (DJU de 5.4.1967) e HC proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia”). Na
73.271/SP (DJU de 4.10.1996). espécie, a simples leitura das provas constantes dos autos apontaria
Informativo 741 do STF: Em conclusão de julgamento, o Plenário, por uma nova versão para os fatos delituosos, em consequência do
maioria, julgou procedente, em parte, pedido formulado em ação direta prosseguimento das investigações na justiça comum, não havendo
para declarar a inconstitucionalidade do inciso IV art. 35 da Lei impedimento legal para a propositura da nova ação penal contra o
Complementar 106/2003, do Estado do Rio de Janeiro (“Art. 35. No paciente naquela seara. Vencido o Ministro Teori Zavascki (relator), que
exercício de suas funções, cabe ao Ministério Público: ... IV - receber entendia estar configurada a coisa julgada material. Leia o inteiro teor
diretamente da Polícia Judiciária o inquérito policial, tratando-se de do voto condutor na seção “Transcrições” deste Informativo.
infração de ação penal pública”) — v. Informativo 391. O Tribunal Informativo 858 do STF: O arquivamento de inquérito policial por
reconheceu o caráter procedimental do inquérito e afastou a apontada excludente de ilicitude realizado com base em provas fraudadas não faz
ofensa à competência privativa da União para legislar sobre direito coisa julgada material.
processual (CF, art. 22, I). Entretanto, entendeu violado o § 1º do art. 24 Informativo 812 do STF: Diligências determinadas a requerimento do
da CF, porquanto o ato atacado dispõe de forma diversa do que Ministério Público Federal são meramente informativas, não suscetíveis
estabelecido pela norma geral editada pela União sobre a matéria, qual ao princípio do contraditório. Desse modo, não cabe à defesa controlar,
seja, o § 1º do art. 10 do CPP [“Art. 10. O inquérito deverá terminar no “ex ante”, a investigação, de modo a restringir os poderes instrutórios
prazo de 10 (dez) dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou do relator do feito para deferir, desde logo, as diligências requeridas pelo
estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir Ministério Público que entender pertinentes e relevantes para o
do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 (trinta) esclarecimento dos fatos. Com base nessa orientação, a Segunda
dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela. § 1º A autoridade Turma negou provimento a agravo regimental em inquérito interposto
fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará autos ao juiz contra decisão do relator que deferira diligências advindas da
competente”]. Por outro lado, a Corte afirmou a constitucionalidade do Procuradoria-Geral da República. Na espécie, a investigada pretendia
inciso V do art. 35 da lei em questão (“V- requisitar informações quando que a ela fosse concedida oportunidade de se manifestar previamente
o inquérito policial não for encerrado em trinta dias, tratando-se de sobre relatório de análise de informações bancárias e requerimento de
indiciado solto mediante fiança ou sem ela”). Asseverou competir ao diligências. A Turma destacou que o Enunciado 14 da Súmula
Ministério Público o controle externo da atividade policial, a teor do Vinculante assegura ao defensor legalmente constituído do investigado
disposto no art. 129, VII, da CF (“Art. 129. São funções institucionais do o direito de pleno acesso ao inquérito, desde que se trate de provas já
Ministério Público: ... VII - exercer o controle externo da atividade produzidas e formalmente incorporadas ao procedimento investigatório.
policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior”). Excluídas, consequentemente, as informações e providências
Vencidos os Ministros Marco Aurélio, Roberto Barroso, Cármen Lúcia e investigatórias ainda em curso de execução e, por isso mesmo, não
Celso de Mello, que julgavam improcedente o pleito. documentadas nos autos. Precedente citado: HC 93.767/DF (DJe de
Informativo 796 do STF: O arquivamento de inquérito policial em razão 1º.4.2014).
do reconhecimento de excludente de ilicitude não faz coisa julgada 12.2. Informativos do STJ:
material. Esse o entendimento da Segunda Turma, que, em conclusão Informativo 574 do STJ: Não é ilegal a portaria editada por Juiz Federal
de julgamento e por maioria, denegou a ordem em “habeas corpus” em que, fundada na Res. CJF n. 63/2009, estabelece a tramitação direta de
que se pleiteava o reconhecimento da coisa julgada material e a inquérito policial entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal.
extinção de ação penal. No caso, em razão da suposta prática do delito
Informativo 554 do STJ: Promovido o arquivamento do inquérito
de homicídio tentado (CP, art. 121, § 2º, IV, c/c art. 14, II), foram
policial pelo reconhecimento de legítima defesa, a coisa julgada material
instaurados dois inquéritos — um civil e um militar — em face do ora
impede a rediscussão do caso penal em qualquer novo feito criminal,
paciente e de corréus. O inquérito policial militar fora arquivado em
descabendo perquirir a existência de novas provas.
21.10.1993, a pedido do Ministério Público, que entendera que os
agentes teriam agido em estrito cumprimento de dever legal. Já no Informativo 558 do STJ: Se membro do MPF, atuando no STJ,
inquérito policial civil, o paciente fora denunciado em 23.12.1998 e, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de
instruída a ação penal, condenado à pena de 10 anos de reclusão. O informação que tramitem originariamente perante esse Tribunal
Colegiado, inicialmente, destacou que, à época em que proferida a Superior, este, mesmo considerando improcedentes as razões
decisão determinando o arquivamento do inquérito policial militar, a invocadas, deverá determinar o arquivamento solicitado, sem a
Justiça Castrense seria competente para processar e julgar o paciente possibilidade de remessa para o Procurador-Geral da República, não se

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aplicando o art. 28 do CPP. Isso porque a jurisprudência do STJ é no
sentido de que os membros do MPF atuam por delegação do
Procurador-Geral da República na instância especial. Assim, em
decorrência do sistema acusatório, nos casos em que o titular da ação
penal se manifesta pelo arquivamento de inquérito policial ou de peças
de informação, não há alternativa, senão acolher o pedido e determinar
o arquivamento. Nesse passo, não há falar em aplicação do art. 28 do
CPP nos procedimentos de competência originária do STJ.
12.3. Jurisprudência em teses, STJ:
1) As provas inicialmente produzidas na esfera inquisitorial e
reexaminadas na instrução criminal, com observância do contraditório e
da ampla defesa, não violam o art. 155 do Código de Processo Penal -
CPP visto que eventuais irregularidades ocorridas no inquérito policial
não contaminam a ação penal dele decorrente.
2) Perícias e documentos produzidos na fase inquisitorial são revestidos
de eficácia probatória sem a necessidade de serem repetidos no curso
da ação penal por se sujeitarem ao contraditório diferido.
3) Inquéritos policiais e processos em andamento, embora não tenham
o condão de exasperar a pena-base no momento da dosimetria da pena,
são elementos aptos a demonstrar eventual reiteração delitiva,
fundamento suficiente para a decretação da prisão preventiva.
4) As nulidades surgidas no curso da investigação preliminar não
atingem a ação penal dela decorrente.
5) A instauração de inquérito policial em momento anterior à constituição
definitiva do crédito tributário não é causa de nulidade da ação penal,
se evidenciado que o tributo foi constituído antes de sua propositura.
6) A existência de inquérito policial em curso não é circunstância idônea
a obstar o oferecimento de proposta de suspensão condicional do
processo.

ANOTAÇÕES

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CAPÍTULO V - PRISÃO EM FLAGRANTE
CAPÍTULO II depoimentos das testemunhas, sendo tudo assinado pela autoridade,
DA PRISÃO EM FLAGRANTE pelo preso e pelas testemunhas e remetido imediatamente ao juiz a
quem couber tomar conhecimento do fato delituoso, se não o for a
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus
autoridade que houver presidido o auto.
agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante
delito. Art. 308. Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a
prisão, o preso será logo apresentado à do lugar mais próximo.
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal; Art. 309. Se o réu se livrar solto, deverá ser posto em liberdade, depois
de lavrado o auto de
II - acaba de cometê-la;
Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por
de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz
qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado,
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o
papéis que façam presumir ser ele autor da infração. membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá,
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
delito enquanto não cessar a permanência. I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 304. Apresentado o preso à autoridade competente, ouvirá esta o
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os
condutor e colherá, desde logo, sua assinatura, entregando a este cópia
requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem
do termo e recibo de entrega do preso. Em seguida, procederá à oitiva
inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão;
das testemunhas que o acompanharem e ao interrogatório do acusado
ou (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011).
sobre a imputação que lhe é feita, colhendo, após cada oitiva suas
respectivas assinaturas, lavrando, a autoridade, afinal, o auto. III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. (Incluído
(Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005) pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 1o Resultando das respostas fundada a suspeita contra o conduzido, § 1º Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente
a autoridade mandará recolhê-lo à prisão, exceto no caso de livrar-se praticou o fato em qualquer das condições constantes dos incisos I, II
solto ou de prestar fiança, e prosseguirá nos atos do inquérito ou ou III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
processo, se para isso for competente; se não o for, enviará os autos à 1940 (Código Penal), poderá, fundamentadamente, conceder ao
autoridade que o seja. acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento
obrigatório a todos os atos processuais, sob pena de revogação.
§ 2o A falta de testemunhas da infração não impedirá o auto de prisão
(Renumerado do parágrafo único pela Lei nº 13.964, de 2019)
em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, deverão assiná-lo pelo
menos duas pessoas que hajam testemunhado a apresentação do § 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra
preso à autoridade. organização criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de
§ 3o Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem
fazê-lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por duas medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
testemunhas, que tenham ouvido sua leitura na presença deste. § 3º A autoridade que deu causa, sem motivação idônea, à não
(Redação dada pela Lei nº 11.113, de 2005) realização da audiência de custódia no prazo estabelecido no caput
§ 4o Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a deste artigo responderá administrativa, civil e penalmente pela omissão.
informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e se (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual § 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas após o decurso do prazo
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. estabelecido no caput deste artigo, a não realização de audiência de
(Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) custódia sem motivação idônea ensejará também a ilegalidade da
Art. 305. Na falta ou no impedimento do escrivão, qualquer pessoa prisão, a ser relaxada pela autoridade competente, sem prejuízo da
designada pela autoridade lavrará o auto, depois de prestado o possibilidade de imediata decretação de prisão preventiva. (Incluído
compromisso legal. pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão
comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público
e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. (Redação dada 1. CONCEITO
pela Lei nº 12.403, de 2011).
Segundo Nestor Távora, flagrante é o delito que ainda “queima”, ou seja,
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será aquele que está sendo praticado ou acabou de sê-lo.
encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso
Aury Lopes Jr. Explica que a prisão em flagrante é uma medida
o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a
precautelar, de natureza pessoal, cuja precariedade vem marcada pela
Defensoria Pública. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
possibilidade de ser adotada por particulares ou autoridade policial, e
§ 2 No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota
o
que somente está justificada pela brevidade de sua duração e o
de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do imperioso dever de análise judicial em até 24 horas, nas quais cumprirá
condutor e os das testemunhas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, ao juiz analisar sua legalidade e decidir sobre a manutenção da prisão
de 2011). (agora como preventiva) ou não.
Art. 307. Quando o fato for praticado em presença da autoridade, ou
contra esta, no exercício de suas funções, constarão do auto a narração
deste fato, a voz de prisão, as declarações que fizer o preso e os

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a) flagrante facultativo: qualquer pessoa tem a faculdade de realizar a
2. ESPÉCIES prisão em flagrante.
2.1. Flagrante próprio b) flagrante obrigatório: Os agentes das forças de segurança têm a
O agente é surpreendido praticando a infração o acabou de cometê-la obrigação de realizar a prisão em flagrante.
(art. 302, incisos I e II, do CPP).
2.2. Flagrante impróprio ou quase flagrante 4. FLAGRANTES EM ALGUMAS ESPÉCIES
O sujeito é perseguido, logo após a infração, em situação que faça
presumir ser ele o autor da infração (art. 302, inciso III, do CPP). DE DELITO
2.3. Flagrante presumido, ficto ou assimilado 4.1. Crime permanente
O agente é preso, logo depois do cometimento do delito, com Crime permanente é aquele que a sua consumação se protrai no tempo.
instrumentos, objetos armas ou papéis que presumam ser ele o autor P. ex.: extorsão mediante sequestro. Segundo o art. 303 do CPP, nas
da infração (art. 302, inciso IV, do CPP) infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito
2.4. Flagrante esperado enquanto não cessar a permanência.
Ciente de que a infração está na iminência de acontecer, a autoridade 4.2. Crime continuado
policial espera pela realização dos primeiros atos executórios para Segundo o art. 71 do CP, crime continuado é aquele em que o agente,
realizar a prisão. Tal flagrante é lícito. mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de
Jurisprudência em teses, STJ: execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos
No flagrante esperado, a polícia tem notícias de que uma infração penal como continuação do primeiro. Explica Nestor Távora que como existem
será cometida e passa a monitorar a atividade do agente de forma a várias ações independentes, irá incidir, isoladamente, a possibilidade de
aguardar o melhor momento para executar a prisão, não havendo que se efetuar a prisão em flagrante por cada uma delas. Tem-se o chamado
se falar em ilegalidade do flagrante. flagrante fracionado
2.5. Flagrante preparado ou provocado 4.3. Crime habitual
O sujeito é instigado ou induzido a cometer o delito, oportunidade em Conforme Cleber Masson, crime habitual é o que somente se consuma
que é preso em flagrante. Tal espécie configura ilicitude da prisão em com a prática reiterada e uniforme de vários atos que revelam um
flagrante. criminoso estilo de vida do agente. Cada ato, isoladamente considerado,
é considerado fato atípico.
Súmula 145 do STF: Parte da doutrina não admite a prisão em flagrante no crime habitual,
Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna pois, como dito anteriormente, cada ação, considerada isoladamente,
impossível a sua consumação. não constitui infração penal.
Jurisprudência em teses, STJ: 4.4. Crime de ação penal privada e pública condicionada
O tipo penal descrito no art. 33 da Lei n. 11.343/2006 é de ação múltipla É possível a prisão em flagrante nos crimes de ação penal privada e
e de natureza permanente, razão pela qual a prática criminosa se pública condicionada à representação. Contudo, a lavratura do auto de
consuma, por exemplo, a depender do caso concreto, nas condutas de prisão em flagrante depende da manifestação da vítima ou do seu
"ter em depósito", "guardar", "transportar" e "trazer consigo", antes representante legal.
mesmo da atuação provocadora da polícia, o que afasta a tese 4.5. Infração de menor potencial ofensivo
defensiva de flagrante preparado. Segundo o art. 69, parágrafo único, da Lei n. 9.099/95, não se imporá
2.6. Flagrante prorrogado, postergado, retardado, diferido ou ação prisão em flagrante, nem se exigirá fiança a quem, embora tenha
controlada cometido infração de menor potencial ofensivo, após a lavratura do
respectivo termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou
A autoridade policial retarda a sua ação para efetuar a prisão no assumir o compromisso de a ele comparecer.
momento mais eficaz para a captura do maior número de infratores e de
Assim, se o autor do fato recusar-se a tal comparecimento, estará
provas. Tal flagrante é lícito.
sujeito à prisão em flagrante.
Jurisprudência em teses, STJ:
No tocante ao flagrante retardado ou à ação controlada, a ausência de
autorização judicial não tem o condão de tornar ilegal a prisão em 5. PROCEDIMENTO
flagrante postergado, vez que o instituto visa a proteger o trabalho A lavratura do auto de prisão em flagrante deve estrita obediência aos
investigativo, afastando a eventual responsabilidade criminal ou critérios observados a seguir. Ressalte-se que qualquer vício no curso
administrava por parte do agente policial. do procedimento acarretará o relaxamento da prisão em flagrante, haja
2.7. Flagrante forjado vista a sua ilegalidade.
Cuida-se de flagrante armado, plantado para incriminar pessoa
inocente. Tal espécie configura ilicitude da prisão em flagrante. 5.1. Comunicação da prisão
Dispõe o art. 306 do CPP que a prisão de qualquer pessoa e o local
onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
3. SUJEITO ATIVO competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por
ele indicada.
Segundo o art. 301 do CPP, qualquer do povo poderá e as autoridades 5.2. Apresentação do preso
policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja
Segundo o art. 304 do CPP, apresentado o preso à autoridade
encontrado em flagrante delito.
competente, ouvirá esta o condutor e colherá, desde logo, sua
Deste modo, temos, quanto ao sujeito que realiza a prisão, o flagrante assinatura, entregando a este cópia do termo e recibo de entrega do
facultativo e o obrigatório ou compulsório. preso.

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Em seguida, procederá à oitiva das testemunhas que o acompanharem realização de audiência de apresentação é de observância obrigatória.
e ao interrogatório do acusado sobre a imputação que lhe é feita, Descabe, nessa ótica, a dispensa de referido ato sob a justificativa de
colhendo, após cada oitiva suas respectivas assinaturas, lavrando, a que o convencimento do julgador quanto às providências do art. 310 do
autoridade, afinal, o auto. Na falta ou no impedimento do escrivão, CPP encontra-se previamente consolidado. A conversão da prisão em
qualquer pessoa designada pela autoridade lavrará o auto, depois de flagrante em preventiva não traduz, por si, a superação da flagrante
prestado o compromisso legal (art. 305 do CPP). . irregularidade, na medida em que se trata de vício que alcança a
É imprescindível que no auto de prisão em flagrante conste a formação e legitimação do ato constritivo (STF, HC 133.992/DF, 1ª T.,
informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e se rel. Min. Edson Fachin, j. 11-10-2016, DJe 257, de 2-12-2016).
possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual Entendimento do STJ:
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa (art. A ausência de audiência de custódia não constitui irregularidade
304, § 2º, do CPP). suficiente para ensejar a ilegalidade da prisão cautelar, se observados
Cumpre salientar que a falta de testemunhas da infração não impedirá os direitos e garantias previstos na Constituição Federal e no Código de
o auto de prisão em flagrante; mas, nesse caso, com o condutor, Processo Penal (STJ, RHC 76.100/AC, 5ª T., rel. Min. Felix Fischer, j.
deverão assiná-lo pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado 8-11-2016, DJe de 2-12-2016).
a apresentação do preso à autoridade (art. 304, § 2º, do CPP).
Quando o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-
lo, o auto de prisão em flagrante será assinado por duas testemunhas, 7. SÙMULAS RELECIONADAS
que tenham ouvido sua leitura na presença deste (art. 304, § 3º, do Súmula 145 do STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante
CPP). pela polícia torna impossível a sua consumação.
5.3. Encaminhamento ao juiz Súmula 397 do STF: O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do
Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será Senado Federal, em caso de crime cometido nas suas dependências,
encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso compreende, consoante o regimento, a prisão em flagrante do acusado
o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a e a realização do inquérito.
Defensoria Pública (art. 306, § 1º, do CPP).
No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de 8. JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA
culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do
8.1. INFORMATIVOS DO STF
condutor e os das testemunhas (art. 306, § 2º, do CPP).
Informativo 917 do STF:
Decisão que decreta atipicidade do fato em audiêcia de custódia não faz
6. POSTURAS DO JUIZ AO RECEBER O coisa julgada.
8.2. INFORMATIVOS DO STJ
AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE Informativo 505 do STJ:
Segundo a nova redação dada ao art. 310 do CPP pela Lei 13.964/2019 É ilícita a gravação de conversa informal entre os policiais e o
(pacote anticrime), após receber o auto de prisão em flagrante, no conduzido ocorrida quando da lavratura do auto de prisão em
prazo máximo de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da flagrante, se não houver prévia comunicação do direito de
prisão, o juiz deverá promover audiência de custódia com a presença permanecer em silêncio. O direito de o indiciado permanecer em
do acusado, seu advogado constituído ou membro da Defensoria silêncio, na fase policial, não pode ser relativizado em função do dever-
Pública e o membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz poder do Estado de exercer a investigação criminal. Ainda que
deverá, fundamentadamente: formalmente seja consignado, no auto de prisão em flagrante, que o
a) relaxar a prisão em flagrante: caso haja alguma ilegalidade; indiciado exerceu o direito de permanecer calado, evidencia ofensa ao
b) converter a prisão em flagrante em prisão preventiva: quando direito constitucionalmente assegurado (art. 5º, LXIII) se não lhe foi
presentes os requisitos constantes do art. 312 do CPP, e se revelarem avisada previamente, por ocasião de diálogo gravado com os policiais,
inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; a existência desse direito.
c) conceder liberdade provisória, com ou sem fiança: se o juiz 8.3. Jurisprudência em teses, STJ:
verificar que o agente é reincidente ou que integra organização 1) Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna
criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo de uso restrito, impossível a sua consumação. (Súmula n. 145/STF)
deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem medidas cautelares 2) O tipo penal descrito no art. 33 da Lei n. 11.343/2006 é de ação
(§ 2º acrescentado ao art. 310 pelo pacote anticrime). múltipla e de natureza permanente, razão pela qual a prática criminosa
Ademais, o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente se consuma, por exemplo, a depender do caso concreto, nas condutas
praticou o fato em amparado por circunstância excludente da ilicitude, de "ter em depósito", "guardar", "transportar" e "trazer consigo", antes
poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade mesmo da atuação provocadora da polícia, o que afasta a tese
provisória, mediante termo de comparecimento obrigatório a todos os defensiva de flagrante preparado.
atos processuais, sob pena de revogação. 3) No flagrante esperado, a polícia tem notícias de que uma infração
A AUSÊNCIA DE AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA CONDUZ À NULIDADE penal será cometida e passa a monitorar a atividade do agente de forma
DA PRISÃO EM FLAGRANTE? a aguardar o melhor momento para executar a prisão, não havendo que
se falar em ilegalidade do flagrante.
Entendimento do STF:
4) No tocante ao flagrante retardado ou à ação controlada, a ausência
Nos termos do decidido liminarmente na ADPF 347/DF (Relator(a): Min.
de autorização judicial não tem o condão de tornar ilegal a prisão em
Marco Aurélio, Tribunal Pleno, julgado em 9-9-2015), por força do Pacto
flagrante postergado, vez que o instituto visa a proteger o trabalho
dos Direitos Civis e Políticos, da Convenção Interamericana de Direitos
investigativo, afastando a eventual responsabilidade criminal ou
Humanos e como decorrência da cláusula do devido processo legal, a
administrava por parte do agente policial.
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5) Para a lavratura do auto de prisão em flagrante é despicienda a
elaboração do laudo toxicológico definitivo, o que se depreende da
leitura do art. 50, §1º, da Lei n. 11.343/2006, segundo o qual é suficiente
para tanto a confecção do laudo de constatação da natureza e da
quantidade da droga.
6) Eventual nulidade no auto de prisão em flagrante devido à ausência
de assistência por advogado somente se verifica caso não seja
oportunizado ao conduzido o direito de ser assistido por defensor
técnico, sendo suficiente a lembrança, pela autoridade policial, dos
direitos do preso previstos no art. 5º, LXIII, da Constituição Federal.
7) Uma vez decretada a prisão preventiva, fica superada a tese de
excesso de prazo na comunicação do flagrante.
8) Realizada a conversão da prisão em flagrante em preventiva, fica
superada a alegação de nulidade porventura existente em relação à
ausência de audiência de custódia.
9) Não há nulidade da audiência de custódia por suposta violação da
Súmula Vinculante n. 11 do STF, quando devidamente justificada a
necessidade do uso de algemas pelo segregado.
10) Não há nulidade na hipótese em que o magistrado, de ofício, sem
prévia provocação da autoridade policial ou do órgão ministerial,
converte a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os
requisitos previstos no art. 312 do Código de Processo Penal - CPP.
11) Com a superveniência de decretação da prisão preventiva ficam
prejudicadas as alegações de ilegalidade da segregação em flagrante,
tendo em vista a formação de novo título ensejador da custódia cautelar.

ANOTAÇÕES

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CAPÍTULO VI - PRISÃO PREVENTIVA
CAPÍTULO III § 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
DA PRISÃO PREVENTIVA interlocutória, sentença ou acórdão, que: (Incluído pela Lei nº 13.964,
de 2019)
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo,
penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, a requerimento
sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; (Incluído
do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por
pela Lei nº 13.964, de 2019)
representação da autoridade policial. (Redação dada pela Lei nº
13.964, de 2019) II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo
concreto de sua incidência no caso; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da 2019)
ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver
decisão; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo
gerado pelo estado de liberdade do imputado. (Redação dada pela IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes
Lei nº 13.964, de 2019) de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de
V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem
descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de
identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso
outras medidas cautelares (art. 282, § 4o). (Redação dada pela Lei
sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; (Incluído pela Lei nº
nº 13.964, de 2019)
13.964, de 2019)
§ 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente
fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso
ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada. em julgamento ou a superação do entendimento. (Incluído pela Lei nº
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) 13.964, de 2019)
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a Art. 316. O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão
decretação da prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº preventiva se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta
12.403, de 2011). de motivo para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima sobrevierem razões que a justifiquem. (Redação dada pela Lei nº
superior a 4 (quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 13.964, de 2019)
2011). Parágrafo único. Decretada a prisão preventiva, deverá o órgão emissor
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença da decisão revisar a necessidade de sua manutenção a cada 90
transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. (noventa) dias, mediante decisão fundamentada, de ofício, sob pena de
64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; tornar a prisão ilegal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). CAPÍTULO V
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, DA PRISÃO DOMICILIAR
criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou
garantir a execução das medidas protetivas de urgência; (Redação acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com
dada pela Lei nº 12.403, de 2011). autorização judicial. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida 2011).
sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar
elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado quando o agente for: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra I - maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de
hipótese recomendar a manutenção da medida. (Incluído pela Lei nº 2011).
12.403, de 2011). (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) II - extremamente debilitado por motivo de doença grave; (Incluído
§ 2º Não será admitida a decretação da prisão preventiva com a pela Lei nº 12.403, de 2011).
finalidade de antecipação de cumprimento de pena ou como III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis)
decorrência imediata de investigação criminal ou da apresentação ou anos de idade ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº 12.403,
recebimento de denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) de 2011).
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz IV - gestante; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos;
nas condições previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal. VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). até 12 (doze) anos de idade incompletos. (Incluído pela Lei nº
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão 13.257, de 2016)
preventiva será sempre motivada e fundamentada. (Redação dada Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos
pela Lei nº 13.964, de 2019) requisitos estabelecidos neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.403,
§ 1º Na motivação da decretação da prisão preventiva ou de qualquer de 2011).
outra cautelar, o juiz deverá indicar concretamente a existência de fatos Art. 318-A. A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for
novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência será
adotada. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) substituída por prisão domiciliar, desde que: (Incluído pela Lei
nº 13.769, de 2018).

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I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; a) Indício suficiente de autoria: indícios baseados em fatos concretos
(Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018). que indicam que o agente pode ter cometido a infração penal
II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente. investigada.
(Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018). b) prova da existência do crime: cuida-se de prova que demonstra,
Art. 318-B. A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá efetivamente, a ocorrência da infração penal.
ser efetuada sem prejuízo da aplicação concomitante das medidas 3.2. Periculum libertatis
alternativas previstas no art. 319 deste Código. (Incluído pela Cuida-se do perigo gerado pelo estado de liberdade do acusado, pelas
Lei nº 13.769, de 2018). seguintes razões:
a) garantia da ordem pública: justifica-se pelo risco concreto de que o
agente continue a delinquir.
1. CONCEITO
Jurisprudência em teses, STJ:
A prisão preventiva é medida cautelar de caráter pessoal decretada
A prisão cautelar pode ser decretada para garantia da ordem pública
judicialmente e tem como pressupostos o periculum libertatis e o fumus
potencialmente ofendida, especialmente nos casos de: reiteração
comissi delicti.
delitiva, participação em organizações criminosas, gravidade em
concreto da conduta, periculosidade social do agente, ou pelas
circunstâncias em que praticado o delito (modus operandi).
2. LEGITIMIDADE
Inquéritos policiais e processos em andamento, embora não tenham o
Tendo em vista a adoção expressa ao sistema acusatório, a prisão condão de exasperar a pena-base no momento da dosimetria da pena,
preventiva, não mais poderá ser decretada, pela primeira vez, de ofício são elementos aptos a demonstrar eventual reiteração delitiva,
pelo magistrado, ainda que no curso da ação penal. fundamento suficiente para a decretação da prisão preventiva.
Reza o art. 311 do CPP, com redação dada pela Lei n. 13.964/2019 b) garantia da ordem econômica: cabível quando houver risco de que
(pacote anticrime) que em qualquer fase da investigação policial ou do o indivíduo solto volte a praticar novas infrações abalando a ordem
processo penal, caberá a prisão preventiva será decretada pelo juiz, a
econômica.
requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou
por representação da autoridade policial. c) conveniência da instrução criminal: risco de que o agente possa
coagir testemunhas ou destruir provas se estiver em liberdade.
Art. 311 do CPP (antes da Lei Art. 311 do CPP (depois da
13.964/2019) Lei 13.964/2019) d) garantia da aplicação da lei penal: quando há risco de fuga do
agente, caso esteja em liberdade.
Art. 311. Em qualquer fase da Art. 311. Em qualquer fase da
investigação policial ou do investigação policial ou do Jurisprudência em teses, STJ:
processo penal, caberá a prisão processo penal, caberá a A fuga do distrito da culpa é fundamentação idônea a justificar o decreto
preventiva decretada pelo juiz, prisão preventiva decretada da custódia preventiva para a conveniência da instrução criminal e como
de ofício, se no curso da ação pelo juiz, a requerimento do garantia da aplicação da lei penal.
penal, ou a requerimento do Ministério Público, do
A citação por edital do acusado não constitui fundamento idôneo para a
Ministério Público, do querelante querelante ou do assistente,
ou do assistente, ou por ou por representação da decretação da prisão preventiva, uma vez que a sua não localização
representação da autoridade autoridade policial. não gera presunção de fuga.
policial. e) descumprimento de medida cautelar anteriormente imposta:
mostra que a medida cautelar diversa da prisão não foi suficiente ao
caso concreto, razão pela qual a prisão preventiva será decretada,
Assim a prisão preventiva poderá ser decretada pelo magistrado, desde
subsidiariamente.
que haja provocação de um dos legitimados a seguir:
a) durante a investigação policial: mediante representação da
autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público.
4. INFRAÇÕES QUE COMPORTAM A
b) durante o processo penal: através de requerimento do Ministério
Público, do querelante, ou do assistente de acusação. MEDIDA
Segundo o art. 313, a prisão preventiva será admitida nas seguintes
3. PRESSUSPOSTOS infrações:
a) crimes dolosos com pena privativa de liberdade máxima
Segundo a novel redação do art. 312 do CPP, a prisão preventiva superior a 4 anos (inciso I): não importa se o crime é apenado com
poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem reclusão ou detenção, ou se o agente é primário ou reincidente.
econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e b) quando o réu for reincidente em crime doloso (inciso II): aqui
indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de caberá a segregação cautelar, mesmo que a pena máxima cominada
liberdade do imputado. ao delito não exceda a 4 anos.
Veja que a prisão preventiva é medida excepcional, e somente será c) se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a
cabível mediante o atendimento dos seguintes pressupostos. mulher, criança, adolescente, idoso, enformo ou pessoa com
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de
3.1. Fumus comissi delicti
urgência(inciso III): aqui também caberá a segregação prisão
É fundamental, para a decretação da prisão preventiva, a demonstração preventiva, embora a pena máxima cominada ao crime não exceda a 4
de prova da existência do crime e de indícios suficientes de autoria anos, contanto que se trate de crime doloso.
(fumus comissi delicti).

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Informativo 632 do STJ: V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem
A prática de contravenção penal, no âmbito de violência doméstica, identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso
não é motivo idôneo para justificar a prisão preventiva do réu. sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente
Inicialmente cumpre destacar que a prática de vias de fato é hipótese
invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso
de contravenção penal (art. 21 do Decreto-Lei n. 3.688/1941), e não
em julgamento ou a superação do entendimento.
crime, o que contraria o disposto no art. 313, II, do Código de Processo
Penal. Deste modo, em se tratando de aplicação da cautela extrema, Jurisprudência em teses, STJ:
não há campo para interpretação diversa da literal, uma vez que não há A alusão genérica sobre a gravidade do delito, o clamor público ou a
previsão legal que autorize a prisão preventiva contra autor de uma comoção social não constituem fundamentação idônea a autorizar a
contravenção, mesmo na hipótese específica de transgressão das prisão preventiva.
cautelas de urgência já aplicadas. A prisão cautelar deve ser fundamentada em elementos concretos que
d) quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou justifiquem, efetivamente, sua necessidade.
quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la
(parágrafo único): deve o preso ser colocado imediatamente em
liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a
7. REVOGAÇÃO
manutenção da medida. Segundo Nestor Távora, a prisão preventiva, como medida cautelar, irá
flutuar ao sabor da presença ou ausência dos elementos que
autorizariam a decretação. É movida pela cláusula rebus sic stantibus,
5. CONTEMPORANEIDADE assim, se a situação das coisas se alterar, revelando que a medida não
é mais necessária, a revogação é obrigatória.
Os fatos utilizados como fundamentação para a prisão preventiva
devem ser contemporâneos à decisão que a decreta. Trata-se do Contudo, uma vez presentes novamente os requisitos legais da prisão
princípio da contemporaneidade das medidas cautelares. preventiva, pode o juiz novamente decretá-la.
Tanto a revogação como eventual nova decretação da prisão preventiva
Jurisprudência em teses, STJ:
podem ser feitas de ofício pelo magistrado, no correr da investigação ou
Os fatos que justificam a prisão preventiva devem ser contemporâneos do processo, já que este já foi provocado anteriormente a decretar a
à decisão que a decreta. prisão do agente.
Com efeito, o “pacote anticrime” acrescentou o § 2º ao art. 312 do CPP, Segundo o art. 316 do CPP (redação dada pela Lei 13.964/2019), O juiz
estatuindo que a decisão que decretar a prisão preventiva deve ser poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a prisão preventiva
motivada e fundamentada em receio de perigo e existência concreta de se, no correr da investigação ou do processo, verificar a falta de motivo
fatos novos ou contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida para que ela subsista, bem como novamente decretá-la, se sobrevierem
adotada. razões que a justifiquem.
Art. 316 do CPP (antes da Art. 316 do CPP (depois da Lei
Lei 13.964/2019) 13.964/2019)
6. FUNDAMENTAÇÃO E JUSTIFICAÇÃO Art. 316. O juiz poderá Art. 316. O juiz poderá, de ofício
Em respeito ao princípio da presunção de inocência, qualquer revogar a prisão preventiva ou a pedido das partes, revogar a
segregação cautelar antes do trânsito em julgado da sentença penal se, no correr do processo, prisão preventiva se, no correr da
condenatória é medida excepcionalíssima. Por essa razão, a prisão verificar a falta de motivo investigação ou do processo,
preventiva deve ser devidamente fundamentada e justificada em para que subsista, bem verificar a falta de motivo para que
elementos concretos e fundamentados no art. 312 do CPP, sob pena de como de novo decretá-la, ela subsista, bem como novamente
relaxamento da prisão. se sobrevierem razões que decretá-la, se sobrevierem razões
a justifiquem. que a justifiquem.
Segundo a nova redação do art. 315 do CPP, a decisão que decretar,
substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada e Parágrafo único. Decretada a
fundamentada. prisão preventiva, deverá o órgão
emissor da decisão revisar a
Art. 315 do CPP (antes da Art. 315 do CPP (depois da Lei necessidade de sua manutenção
Lei 13.964/2019) 13.964/2019) a cada 90 (noventa) dias,
Art. 315. A decisão que Art. 315. A decisão que decretar, mediante decisão fundamentada,
decretar, substituir ou substituir ou denegar a prisão de ofício, sob pena de tornar a
denegar a prisão preventiva preventiva será sempre motivada prisão ilegal.
será sempre motivada. e fundamentada. Por fim, estabelece o § único do art. 316 que, decretada a prisão
preventiva, deverá o órgão emissor da decisão revisar a necessidade
Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela de sua manutenção a cada 90 (noventa) dias, mediante decisão
interlocutória, sentença ou acórdão, que (art. 315, § 2º, do CPP): fundamentada, de ofício, sob pena de tornar a prisão ilegal.
I - limitar-se à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo,
sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; 8. SÚMULAS RELACIONADAS
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo
concreto de sua incidência no caso; Súmula 21 do STJ: Pronunciado o réu, fica superada a alegação do
constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na instrução.
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra
decisão; Súmula 697 do STF: A proibição de liberdade provisória nos processos
por crimes hediondos não veda o relaxamento da prisão processual por
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes excesso de prazo.
de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

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9) A alusão genérica sobre a gravidade do delito, o clamor público ou a
9. JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA comoção social não constituem fundamentação idônea a autorizar a
9.1. Informativos prisão preventiva.
Informativo 521 do STJ: É necessária a devida fundamentação - 10) A prisão preventiva pode ser decretada em crimes que envolvam
concreta e individualizada - para a imposição de qualquer das violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente,
medidas alternativas à prisão previstas no art. 319 do CPP. Isso idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para o fim de garantir a
porque essas medidas cautelares, ainda que mais benéficas, execução das medidas protetivas de urgência.
representam um constrangimento à liberdade individual. Assim, é 11) A prisão cautelar deve ser fundamentada em elementos concretos
necessária a devida fundamentação em respeito ao art. 93, IX, da CF e que justifiquem, efetivamente, sua necessidade.
ao disposto no art. 282 do CPP, segundo o qual as referidas medidas 12) A prisão cautelar pode ser decretada para garantia da ordem pública
deverão ser aplicadas observando-se a "necessidade para aplicação da potencialmente ofendida, especialmente nos casos de: reiteração
lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos delitiva, participação em organizações criminosas, gravidade em
expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais", concreto da conduta, periculosidade social do agente, ou pelas
bem como a "adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias em que praticado o delito (modus operandi).
circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado". 13) Não pode o tribunal de segundo grau, em sede de habeas corpus,
Informativo 585 do STJ: A prática de ato infracional durante a inovar ou suprir a falta de fundamentação da decisão de prisão
adolescência pode servir de fundamento para a decretação de preventiva do juízo singular.
prisão preventiva, sendo indispensável para tanto que o juiz 14) Inquéritos policiais e processos em andamento, embora não tenham
observe como critérios orientadores: a) a particular gravidade o condão de exasperar a pena-base no momento da dosimetria da pena,
concreta do ato infracional, não bastando mencionar sua são elementos aptos a demonstrar eventual reiteração delitiva,
equivalência a crime abstratamente considerado grave; b) a fundamento suficiente para a decretação da prisão preventiva.
distância temporal entre o ato infracional e o crime que deu origem
15) A segregação cautelar é medida excepcional, mesmo no tocante
ao processo (ou inquérito policial) no qual se deve decidir sobre a
aos crimes de tráfico de entorpecente e associação para o tráfico, e o
decretação da prisão preventiva; e c) a comprovação desse ato
decreto de prisão processual exige a especificação de que a custódia
infracional anterior, de sorte a não pairar dúvidas sobre o
atende a pelo menos um dos requisitos do art. 312 do Código de
reconhecimento judicial de sua ocorrência.
Processo Penal.
Informativo 632 do STJ: A prática de contravenção penal, no
âmbito de violência doméstica, não é motivo idôneo para justificar
a prisão preventiva do réu. Inicialmente cumpre destacar que a ANOTAÇÕES
prática de vias de fato é hipótese de contravenção penal (art. 21 do
Decreto-Lei n. 3.688/1941), e não crime, o que contraria o disposto
no art. 313, II, do Código de Processo Penal. Deste modo, em se
tratando de aplicação da cautela extrema, não há campo para
interpretação diversa da literal, uma vez que não há previsão legal
que autorize a prisão preventiva contra autor de uma contravenção,
mesmo na hipótese específica de transgressão das cautelas de
urgência já aplicadas.
9.2. Jurisprudência em teses, STJ:
1) A fuga do distrito da culpa é fundamentação idônea a justificar o
decreto da custódia preventiva para a conveniência da instrução
criminal e como garantia da aplicação da lei penal.
2) As condições pessoais favoráveis não garantem a revogação da
prisão preventiva quando há nos autos elementos hábeis a recomendar
a manutenção da custódia.
3) A substituição da prisão preventiva pela domiciliar exige
comprovação de doença grave, que acarrete extrema debilidade, e a
impossibilidade de se prestar a devida assistência médica no
estabelecimento penal.
4) A prisão preventiva poderá ser substituída pela domiciliar quando o
agente for comprovadamente imprescindível aos cuidados especiais de
pessoa menor de 06 (seis) anos de idade ou com deficiência.
5) As medidas cautelares diversas da prisão, ainda que mais benéficas,
implicam em restrições de direitos individuais, sendo necessária
fundamentação para sua imposição.
6) A citação por edital do acusado não constitui fundamento idôneo para
a decretação da prisão preventiva, uma vez que a sua não localização
não gera presunção de fuga.
7) A prisão preventiva não é legítima nos casos em que a sanção
abstratamente prevista ou imposta na sentença condenatória recorrível
não resulte em constrição pessoal, por força do princípio da
homogeneidade.
8) Os fatos que justificam a prisão preventiva devem ser
contemporâneos à decisão que a decreta.

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CAPÍTULO VII - PRISÃO TEMPORÁRIA
LEI N. 7.960/1989: § 5° A prisão somente poderá ser executada depois da expedição de
mandado judicial.
Art. 1° Caberá prisão temporária: § 6° Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso dos
I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; direitos previstos no art. 5° da Constituição Federal.
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer § 7º Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade
elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade; responsável pela custódia deverá, independentemente de nova ordem
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova da autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo
admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou da
seguintes crimes: decretação da prisão preventiva. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019)
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°); § 8º Inclui-se o dia do cumprimento do mandado de prisão no cômputo
b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°); do prazo de prisão temporária. (Redação dada pela Lei nº 13.869.
de 2019)
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
Art. 3° Os presos temporários deverão permanecer, obrigatoriamente,
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°); separados dos demais detentos.
e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°); Art. 4° O art. 4° da Lei n° 4.898, de 9 de dezembro de 1965, fica
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e acrescido da alínea i, com a seguinte redação:
parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940) "Art. 4° ...............................................................
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de
art. 223, caput, e parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir
1940) imediatamente ordem de liberdade;"
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e Art. 5° Em todas as comarcas e seções judiciárias haverá um plantão
parágrafo único); (Vide Decreto-Lei nº 2.848, de 1940) permanente de vinte e quatro horas do Poder Judiciário e do Ministério
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°); Público para apreciação dos pedidos de prisão temporária.
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou Art. 6° Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.
285);
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1. CONCEITO
1956), em qualquer de sua formas típicas;
A prisão temporária é medida cautelar de natureza pessoal, com prazo
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);
de duração preestabelecido em lei cabível apenas na fase de
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de investigação preliminar (inquérito policial ou procedimento que lhe seja
1986). correlato). A previsão legal da temporária está na Lei n. 7.960/1989.
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo. (Incluído pela Lei nº
13.260, de 2016)
Art. 2° A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da 2. LEGITIMIDADE
representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério
A prisão temporária se sujeita à cláusula de reserva de jurisdição, ou
Público, e terá o prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período
seja, somente pode ser decretada pelo magistrado, nunca de ofício,
em caso de extrema e comprovada necessidade.
apenas mediante (art. 2º):
§ 1° Na hipótese de representação da autoridade policial, o Juiz, antes
a) representação da autoridade policial: na hipótese de
de decidir, ouvirá o Ministério Público.
representação da autoridade policial, o Juiz, antes de decidir, ouvirá o
§ 2° O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser Ministério Público (art. 2º, § 1º).
fundamentado e prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) horas,
b) requerimento do Ministério Público.
contadas a partir do recebimento da representação ou do requerimento.
Nada obstante seja requerida a prisão temporária, pode a autoridade
§ 3° O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público e
judicial decretar a prisão preventiva, desde que o faça de maneira
do Advogado, determinar que o preso lhe seja apresentado, solicitar
fundamentada.
informações e esclarecimentos da autoridade policial e submetê-lo a
exame de corpo de delito. STJ, HC 319.471/MG:
§ 4° Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de prisão, Requerida a prisão temporária pela autoridade policial ou pelo Ministério
em duas vias, uma das quais será entregue ao indiciado e servirá como Público, o Magistrado poderá decretar a prisão preventiva, em decisão
nota de culpa. fundamentada, na qual aponte a presença dos requisitos do art. 312 do
§ 4º-A O mandado de prisão conterá necessariamente o período de CPP.
duração da prisão temporária estabelecido no caput deste artigo, bem Segundo o art. 5º, em todas as comarcas e seções judiciárias haverá
como o dia em que o preso deverá ser libertado. (Incluído pela Lei nº um plantão permanente de vinte e quatro horas do Poder Judiciário e
13.869. de 2019) do Ministério Público para apreciação dos pedidos de prisão temporária.

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O Juiz poderá, de ofício, ou a requerimento do Ministério Público e do
3. CABIMENTO Advogado, determinar que o preso lhe seja apresentado, solicitar
Assim como a prisão preventiva, a prisão temporária reclama a informações e esclarecimentos da autoridade policial e submetê-lo a
existência do fumus comissi deliciti e do periculum in libertatis. No mais, exame de corpo de delito (art. 3º, § 3º).
não é cabível prisão temporária no curso a ação penal. Eis as 5.2. Expedição do mandado de prisão temporária
hipóteses de cabimento: Decretada a prisão temporária, expedir-se-á mandado de prisão, em
I) Imprescindibilidade para as investigações do inquérito policial duas vias, uma das quais será entregue ao indiciado e servirá como nota
(art. 1º, inciso I) ou; de culpa (art. 3º, § 4º).
II) quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer O mandado de prisão conterá necessariamente o período de duração
elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade (art. da prisão temporária estabelecido no caput deste artigo, bem como o
1º, inciso I) e; dia em que o preso deverá ser libertado (art. 3, § 4º-A, incluído pela
III) quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova Lei nº 13.869. de 2019).
admitida na legislação penal, de autoria ou participação do A prisão somente poderá ser executada depois da expedição de
indiciado nos seguintes crimes (inciso III). mandado judicial (art. 3º, § 5º).
a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2°); Efetuada a prisão, a autoridade policial informará o preso dos direitos
b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1° e 2°); previstos no art. 5° da Constituição Federal (art. 3º, § 6º).
5.3. Separação obrigatória
c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
Os presos temporários deverão permanecer, obrigatoriamente,
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
separados dos demais detentos (art. 6º).
e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
5.4. Soltura do preso
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e Decorrido o prazo contido no mandado de prisão, a autoridade
parágrafo único); responsável pela custódia deverá, independentemente de nova ordem
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o da autoridade judicial, pôr imediatamente o preso em liberdade, salvo
art. 223, caput, e parágrafo único); se já tiver sido comunicada da prorrogação da prisão temporária ou da
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e decretação da prisão preventiva (art. 3º, § 7º com redação dada pela
parágrafo único); Lei nº 13.869. de 2019).
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou ANOTAÇÕES
medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art.
285);
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
m) genocídio (arts. 1° 2° e 3°), em qualquer de sua formas típicas;
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de
1986).
p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.
Para a decretação da prisão temporária, devem estar presentes, no
caso concreto:
Inciso III + Inciso I ou Inciso II

4. PRAZOS
A prisão temporária leva essa nomenclatura justamente porque a lei fixa
um prazo definido para a sua duração. Segundo o § 8º do art. 2º, com
redação dada pela Lei nº 13.869. de 2019, inclui-se o dia do
cumprimento do mandado de prisão no cômputo do prazo de prisão
temporária.

Regra geral: Crimes hediondos:


Até 5 dias (+ 5) Até 30 dias (+ 30)

5. PROCEDIMENTO
O procedimento da prisão temporária compreende as seguintes fases:
5.1. Decretação
O despacho que decretar a prisão temporária deverá ser fundamentado
e prolatado dentro do prazo de 24 (vinte e quatro) horas, contadas a
partir do recebimento da representação ou do requerimento (art. 3º, §
2º).

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CAPÍTULO VIII - LIBERDADE PROVISÓRIA MEDIANTE FIANÇA
CAPÍTULO VI inquérito e da instrução criminal e para o julgamento. Quando o réu não
DA LIBERDADE PROVISÓRIA, COM OU SEM FIANÇA comparecer, a fiança será havida como quebrada.
Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da
preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for fiança, mudar de residência, sem prévia permissão da autoridade
o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e processante, ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua residência,
observados os critérios constantes do art. 282 deste Código. (Redação sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado.
dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 329. Nos juízos criminais e delegacias de polícia, haverá um livro
Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos especial, com termos de abertura e de encerramento, numerado e
casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja rubricado em todas as suas folhas pela autoridade, destinado
superior a 4 (quatro) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de especialmente aos termos de fiança. O termo será lavrado pelo escrivão
2011). e assinado pela autoridade e por quem prestar a fiança, e dele extrair-
se-á certidão para juntar-se aos autos.
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que
decidirá em 48 (quarenta e oito) horas. (Redação dada pela Lei Parágrafo único. O réu e quem prestar a fiança serão pelo escrivão
nº 12.403, de 2011). notificados das obrigações e da sanção previstas nos arts. 327 e 328, o
que constará dos autos.
Art. 323. Não será concedida fiança: (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011). Art. 330. A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito
de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, títulos da dívida
I - nos crimes de racismo; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
pública, federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca inscrita em
2011).
primeiro lugar.
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
§ 1o A avaliação de imóvel, ou de pedras, objetos ou metais preciosos
terrorismo e nos definidos como crimes hediondos; (Redação
será feita imediatamente por perito nomeado pela autoridade.
dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
§ 2o Quando a fiança consistir em caução de títulos da dívida pública,
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra
o valor será determinado pela sua cotação em Bolsa, e, sendo
a ordem constitucional e o Estado Democrático; (Redação dada
nominativos, exigir-se-á prova de que se acham livres de ônus.
pela Lei nº 12.403, de 2011).
Art. 331. O valor em que consistir a fiança será recolhido à repartição
Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança: (Redação dada
arrecadadora federal ou estadual, ou entregue ao depositário público,
pela Lei nº 12.403, de 2011).
juntando-se aos autos os respectivos conhecimentos.
I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente
Parágrafo único. Nos lugares em que o depósito não se puder fazer de
concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a
pronto, o valor será entregue ao escrivão ou pessoa abonada, a critério
que se referem os arts. 327 e 328 deste Código; (Redação dada
da autoridade, e dentro de três dias dar-se-á ao valor o destino que Ihe
pela Lei nº 12.403, de 2011).
assina este artigo, o que tudo constará do termo de fiança.
II - em caso de prisão civil ou militar; (Redação dada pela Lei nº
Art. 332. Em caso de prisão em flagrante, será competente para
12.403, de 2011).
conceder a fiança a autoridade que presidir ao respectivo auto, e, em
III - (revogado); (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). caso de prisão por mandado, o juiz que o houver expedido, ou a
IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão autoridade judiciária ou policial a quem tiver sido requisitada a prisão.
preventiva (art. 312). (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). Art. 333. Depois de prestada a fiança, que será concedida
Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder independentemente de audiência do Ministério Público, este terá vista
nos seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). do processo a fim de requerer o que julgar conveniente.
I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar de infração Art. 334. A fiança poderá ser prestada enquanto não transitar em
cuja pena privativa de liberdade, no grau máximo, não for superior a 4 julgado a sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº
(quatro) anos; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 12.403, de 2011).
II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o máximo da Art. 335. Recusando ou retardando a autoridade policial a concessão
pena privativa de liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos. da fiança, o preso, ou alguém por ele, poderá prestá-la, mediante
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). simples petição, perante o juiz competente, que decidirá em 48
§ 1o Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança (quarenta e oito) horas. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
poderá ser: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 2011).
I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código; (Redação dada Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão ao
pela Lei nº 12.403, de 2011). pagamento das custas, da indenização do dano, da prestação
II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou (Redação dada pecuniária e da multa, se o réu for condenado. (Redação dada
pela Lei nº 12.403, de 2011). pela Lei nº 12.403, de 2011).
III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes. (Incluído pela Lei nº 12.403, Parágrafo único. Este dispositivo terá aplicação ainda no caso da
de 2011). prescrição depois da sentença condenatória (art. 110 do Código Penal).
Art. 326. Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá em (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
consideração a natureza da infração, as condições pessoais de fortuna Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado
e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas de sua sentença que houver absolvido o acusado ou declarada extinta a ação
periculosidade, bem como a importância provável das custas do penal, o valor que a constituir, atualizado, será restituído sem desconto,
processo, até final julgamento. salvo o disposto no parágrafo único do art. 336 deste Código.
Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
perante a autoridade, todas as vezes que for intimado para atos do

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Art. 338. A fiança que se reconheça não ser cabível na espécie será sujeitando-o às obrigações constantes dos arts. 327 e 328 deste Código
cassada em qualquer fase do processo. e a outras medidas cautelares, se for o caso. (Redação dada pela
Art. 339. Será também cassada a fiança quando reconhecida a Lei nº 12.403, de 2011).
existência de delito inafiançável, no caso de inovação na classificação Parágrafo único. Se o beneficiado descumprir, sem motivo justo,
do delito. qualquer das obrigações ou medidas impostas, aplicar-se-á o disposto
Art. 340. Será exigido o reforço da fiança: no § 4o do art. 282 deste Código. (Redação dada pela Lei nº
I - quando a autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente; 12.403, de 2011).
II - quando houver depreciação material ou perecimento dos bens
hipotecados ou caucionados, ou depreciação dos metais ou pedras
preciosas; 1. CONCEITO DE FIANÇA
III - quando for inovada a classificação do delito. Conforme observado no capítulo sobre prisão em flagrante, o juiz, ao
Parágrafo único. A fiança ficará sem efeito e o réu será recolhido à receber o auto de prisão em flagrante, pode conceder liberdade
prisão, quando, na conformidade deste artigo, não for reforçada. provisória, com ou sem fiança (art. 310, inciso III, do CPP). De fato, a
Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado: Constituição Federal assegura que ninguém será levado à prisão ou
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). nela mantido, quando a lei admitir liberdade provisória, com ou sem
I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, fiança (art. 5º, LXVI).
sem motivo justo; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). Segundo Nestor Távora, a liberdade provisória mediante fiança é o
II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do direito subjetivo do beneficiário, que atenda aos requisitos legais e
processo; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). assuma as respectivas obrigações, de permanecer em liberdade
III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança; durante a persecução penal.
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). A fiança consiste em uma garantia real de cumprimento de obrigações
IV - resistir injustificadamente a ordem judicial; (Incluído pela Lei por parte do beneficiário.
nº 12.403, de 2011).
V - praticar nova infração penal dolosa. (Incluído pela Lei nº
12.403, de 2011). 2. VALORES DA FIANÇA
Art. 342. Se vier a ser reformado o julgamento em que se declarou
A fiança terá seu valor será fixado pela autoridade que a conceder nos
quebrada a fiança, esta subsistirá em todos os seus efeitos
seguintes limites (art. 325):
Art. 343. O quebramento injustificado da fiança importará na perda de
metade do seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de a) de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos: quando se tratar de
outras medidas cautelares ou, se for o caso, a decretação da prisão infração cuja pena privativa de liberdade, no grau máximo, não for
preventiva. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). superior a 4 (quatro) anos.
Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fiança, se, b) de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos: quando o máximo
condenado, o acusado não se apresentar para o início do cumprimento da pena privativa de liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos.
da pena definitivamente imposta. (Redação dada pela Lei nº Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá
12.403, de 2011). ser:
Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu valor, deduzidas as custas a) dispensada: o juiz, verificando a situação econômica do preso,
e mais encargos a que o acusado estiver obrigado, será recolhido ao poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às obrigações
fundo penitenciário, na forma da lei. (Redação dada pela constantes dos arts. 3273 e 3284 do Código de Processo Penal e a
Lei nº 12.403, de 2011). outras medidas cautelares, se for o caso (art. 350).
Art. 346. No caso de quebramento de fiança, feitas as deduções b) reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços): diante da insuficiência
previstas no art. 345 deste Código, o valor restante será recolhido ao de recursos do afiançado.
fundo penitenciário, na forma da lei. (Redação dada pela Lei nº
12.403, de 2011). c) aumentada em até 1.000 (mil) vezes: em se tratando de réu
abastado, já que a fiança fixada no seu grau máximo (200 salários
Art. 347. Não ocorrendo a hipótese do art. 345, o saldo será entregue
mínimos) mostrar-se-ia insuficiente.
a quem houver prestado a fiança, depois de deduzidos os encargos a
que o réu estiver obrigado. 2.1. Fiança concedida pelo delegado de polícia
Art. 348. Nos casos em que a fiança tiver sido prestada por meio de A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de
hipoteca, a execução será promovida no juízo cível pelo órgão do infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4
Ministério Público. (quatro) anos. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que
Art. 349. Se a fiança consistir em pedras, objetos ou metais preciosos, decidirá em 48 (quarenta e oito) horas (art. 322 do CPP).
o juiz determinará a venda por leiloeiro ou corretor.
Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação
econômica do preso, poderá conceder-lhe liberdade provisória,

3 Art. 327. A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for intimado para atos do inquérito
e da instrução criminal e para o julgamento. Quando o réu não comparecer, a fiança será havida como quebrada.
4 Art. 328. O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de residência, sem prévia permissão da autoridade processante,

ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado.
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3. CRITÉRIOS PARA ARBITRAMENTO 8. CASSAÇÃO DA FIANÇA
Os critérios para arbitramento da fiança estão estabelecidos no art. 325 O magistrado também poderá cassar a fiança:
do CPP, quais sejam: a) concedida por equívoco (art. 338): nesta hipótese, o magistrado,
a) natureza da infração; por engano, concedeu fiança, por exemplo, a um crime inafiançável.
b) condições pessoais de fortuna; b) inovação na classificação do delito, reconhecendo-se a
c) vida pregressa; existência de crime inafiançável (art. 339): até o momento da
d) periculosidade; concessão da fiança, o crime era afiançável, contudo, a reclassificação
do fato torna o delito inafiançável (p. ex.: reclassificação de uma lesão
e) importância provável das custas.
corporal grave – afiançável - para tentativa de homicídio qualificado -
inafiançável-).
4. MODALIDADES DE FIANÇA
A fiança, que será sempre definitiva, deve consistir em (art. 330): 9. REFORÇO DA FIANÇA
a) depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, títulos da Segundo o art. 340, será exigido o reforço da fiança:
dívida pública, federal, estadual ou municipal,
a) quando a autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente;
b) hipoteca inscrita em primeiro lugar.
b) quando houver depreciação material ou perecimento dos bens
hipotecados ou caucionados, ou depreciação dos metais ou pedras
5. VEDAÇÕES preciosas;
c) quando for inovada a classificação do delito, em que haja
Não será cabível a liberdade provisória mediante pagamento de fiança repercussão, pela mudança da pena, no valor da fiança.
nas hipóteses listadas a seguir.
5.1. Vedações do art. 323 do CPP e do art. 5º, incisos XLII e XVIV,
ANOTAÇÕES
da CF
a) nos crimes de racismo;
b) nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
terrorismo e nos definidos como crimes hediondos;
c) nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra
a ordem constitucional e o Estado Democrático.
5.2. Vedações do art. 324 do CPP
a) aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente
concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a
que se referem os arts. 327 e 328 do Código de Processo Penal;
b) em caso de prisão civil ou militar;
c) quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão
preventiva (art. 312).

6. QUEBRA DA FIANÇA
A quebra da fiança decorre do descumprimento das obrigações
impostas ao afiançado (arts. 327, 328 e 341,5 do CPP).
Duas são as eventuais consequências do quebramento da fiança (art.
343 do CPP):
a) perda de metade do seu valor;
b) imposição de outras medidas cautelares pelo magistrado ou, se for o
caso, a decretação da prisão preventiva.

7. PERDA DA FIANÇA
Haverá a perda do valor total da fiança, se, condenado, o acusado não
se apresentar para o início do cumprimento da pena definitivamente
imposta (art. 345 do CPP).

5 Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado:


I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem motivo justo;
II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo;
III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança;
IV - resistir injustificadamente a ordem judicial;
V - praticar nova infração penal dolosa.

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CAPÍTULO XIX – COMPETÊNCIA
TÍTULO V mas, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu
DA COMPETÊNCIA presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2o).
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional:
I - o lugar da infração: CAPÍTULO IV
II - o domicílio ou residência do réu; DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO
III - a natureza da infração; Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na
mesma circunscrição judiciária, houver mais de um juiz igualmente
IV - a distribuição;
competente.
V - a conexão ou continência;
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de
VI - a prevenção; fiança ou da decretação de prisão preventiva ou de qualquer diligência
VII - a prerrogativa de função. anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal.

CAPÍTULO I CAPÍTULO V
DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que Art. 76. A competência será determinada pela conexão:
se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao
praticado o último ato de execução. mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em
§ 1o Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas,
consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que umas contra as outras;
tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em
nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora relação a qualquer delas;
parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas
§ 3o Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.
ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou Art. 77. A competência será determinada pela continência quando:
tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração;
se-á pela prevenção.
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51,
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada
§ 1o, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal.
em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela
prevenção. Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência,
serão observadas as seguintes regras: (Redação dada pela Lei
nº 263, de 23.2.1948)
CAPÍTULO II
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da
DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri; (Redação
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: (Redação
§ 1o Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
pela prevenção. a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais
§ 2o Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, grave; (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato. b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade;
preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
conhecido o lugar da infração. c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos;
(Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
CAPÍTULO III III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a
DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO de maior graduação; (Redação dada pela Lei nº 263, de
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas 23.2.1948)
leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá
do Júri. esta. (Redação dada pela Lei nº 263, de 23.2.1948)
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e
arts. 121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do julgamento, salvo:
Código Penal, consumados ou tentados. I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
§ 2o Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.
para infração da competência de outro, a este será remetido o processo, § 1o Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação
salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, a algum co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152.
terá sua competência prorrogada.
§ 2o A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver
§ 3o Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída co-réu foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a
à competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410; hipótese do art. 461.

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Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as Art. 87. Competirá, originariamente, aos Tribunais de Apelação o
infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de julgamento dos governadores ou interventores nos Estados ou
lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para Territórios, e prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários e
não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o chefes de Polícia, juízes de instância inferior e órgãos do Ministério
juiz reputar conveniente a separação. Público.
Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência,
ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz ou CAPÍTULO VIII
tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração DISPOSIÇÕES ESPECIAIS
para outra que não se inclua na sua competência, continuará Art. 88. No processo por crimes praticados fora do território brasileiro,
competente em relação aos demais processos. será competente o juízo da Capital do Estado onde houver por último
Parágrafo único. Reconhecida inicialmente ao júri a competência por residido o acusado. Se este nunca tiver residido no Brasil, será
conexão ou continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou competente o juízo da Capital da República.
impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a Art. 89. Os crimes cometidos em qualquer embarcação nas águas
competência do júri, remeterá o processo ao juízo competente. territoriais da República, ou nos rios e lagos fronteiriços, bem como a
Art. 82. Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados bordo de embarcações nacionais, em alto-mar, serão processados e
processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá julgados pela justiça do primeiro porto brasileiro em que tocar a
avocar os processos que corram perante os outros juízes, salvo se já embarcação, após o crime, ou, quando se afastar do País, pela do
estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos último em que houver tocado.
processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de Art. 90. Os crimes praticados a bordo de aeronave nacional, dentro do
unificação das penas. espaço aéreo correspondente ao território brasileiro, ou ao alto-mar, ou
a bordo de aeronave estrangeira, dentro do espaço aéreo
CAPÍTULO VI correspondente ao território nacional, serão processados e julgados
pela justiça da comarca em cujo território se verificar o pouso após o
DA COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO
crime, ou pela da comarca de onde houver partido a aeronave.
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que,
Art. 91. Quando incerta e não se determinar de acordo com as normas
concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com
estabelecidas nos arts. 89 e 90, a competência se firmará pela
jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática
prevenção.
de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que
anterior ao oferecimento da denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3o, 71,
72, § 2o, e 78, II, c). 1. CONCEITO
A jurisdição é uma e indivisível. Nada obstante, ela pode ser delimitada
CAPÍTULO VII pelas regras de competência, que constitui a medida ou delimitação da
DA COMPETÊNCIA PELA PRERROGATIVA DE FUNÇÃO jurisdição. Segundo Tourinho Filho, competência é o âmbito,
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo legislativamente delimitado, dentro do qual o órgão exerce o seu poder
Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais jurisdicional.
Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito
Federal, relativamente às pessoas que devam responder perante eles
por crimes comuns e de responsabilidade. 2. CRITÉRIOS DEFINIDORES DA
§ 1o A competência especial por prerrogativa de função, relativa a atos COMPETÊNCIA
administrativos do agente, prevalece ainda que o inquérito ou a ação
judicial sejam iniciados após a cessação do exercício da função pública. Três critérios são levados em conta para a fixação da competência
material, quais sejam:
(Vide ADIN nº 2797)
a) Critério ratione materiae: leva em conta a natureza da infração. P.ex.:
§ 2o A ação de improbidade, de que trata a Lei no 8.429, de 2 de junho cabe à justiça federal julgar os crimes políticos (art. 109, inciso IV, CF).
de 1992, será proposta perante o tribunal competente para processar e
b) Critério ratione personae: leva em consideração a função
julgar criminalmente o funcionário ou autoridade na hipótese de
desempenhada por alguns sujeitos. P.ex.: Compete ao STF o
prerrogativa de foro em razão do exercício de função pública, observado
julgamento das infrações penais comuns praticadas pelo Presidente da
o disposto no § 1o. (Vide ADIN nº 2797)
República (art. 102, inciso I, “b”, CF).
Art. 85. Nos processos por crime contra a honra, em que forem
c) Critério ratione loci: leva em conta o juízo territorialmente competente
querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do
para processar e julgar o réu.
Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a
estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção da 2.1. Competência em razão da matéria
verdade. Trata-se de se verificar qual a justiça competente, se a Justiça Comum
Art. 86. Ao Supremo Tribunal Federal competirá, privativamente, – Estadual ou Federal – ou a Justiça especial – militar ou eleitoral.
processar e julgar: 2.1.1. Competência da Justiça Federal
I - os seus ministros, nos crimes comuns; O art. 109 da CF elenca a competência da justiça comum federal, cuja
incidência em provas de concursos é notável.
II - os ministros de Estado, salvo nos crimes conexos com os do
Presidente da República; Segundo o citado dispositivo constitucional, aos juízes federais compete
processar e julgar:
III - o procurador-geral da República, os desembargadores dos
Tribunais de Apelação, os ministros do Tribunal de Contas e os a) Os crimes políticos (inciso IV)
embaixadores e ministros diplomáticos, nos crimes comuns e de São crimes políticos aqueles praticados com motivação política e lesão
responsabilidade. real ou potencial aos bens juridicamente tutelados (art. 2º, Lei n 7.170/83
– Crimes contra a Segurança Nacional).

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b) As infrações praticadas em detrimento de bens, serviços ou 2.1.3. Competência da Justiça Estadual
interesses da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas A competência da Justiça comum estadual é definida de maneira
públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência residual, ou seja, a ela cabe o julgamento de todas as infrações que não
da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral (inciso IV) sejam de competência da Justiça especial (militar ou eleitoral) ou da
Observa-se que o inciso em questão não contempla as sociedades de Justiça comum federal.
economia mista federais, tampouco as contravenções penais. Súmula 6 do STJ: Compete a Justiça Comum Estadual processar e
Súmula 165 do STJ: Compete à justiça federal processar e julgar crime julgar delito decorrente de acidente de trânsito envolvendo viatura de
de falso testemunho cometido no processo trabalhista. polícia militar, salvo se autor e vítima forem policiais militares em
Súmula 208 do STJ: Compete a Justiça Federal processar e julgar situação de atividade.
prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas Súmula 62 do STJ: Compete a Justiça Estadual processar e julgar o
perante órgão federal. crime de falsa anotação na carteira de trabalho e previdência social,
atribuído a empresa privada.
Súmula 508 do STJ: Compete à Justiça Estadual, em ambas as
instâncias, processar e julgar as causas em que for parte o Banco do Súmula 104 do STJ: Compete a Justiça Estadual o processo e
Brasil S. A. julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo
a estabelecimento particular de ensino.
c) Os crimes previstos em tratado ou convenção internacional,
Súmula 107 do STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e
quando iniciada a execução no país, o resultado tenha ou devesse
julgar crime de estelionato praticado mediante falsificação das guias de
ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente (inciso V)
recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente
Deve o delito estar previsto em tratado ou convenção e transcender as lesão à autarquia federal.
fronteiras de mais de um país.
Súmula 147 do STJ: Compete a Justiça Federal processar e julgar os
d) As causas relativas a direitos humanos (inciso V-A) crimes praticados contra funcionário público federal, quando
Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador- relacionados com o exercício da função.
Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de Súmula 209 do STJ: Compete a Justiça Estadual processar e julgar
obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio
dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior municipal.
Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo,
2.2. Competência em razão do lugar
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal (art.
109, § 5º). A competência em razão do lugar diz respeito ao juízo territorialmente
competente.
e) Os crimes contra a organização do trabalho (inciso VI)
2.2.1. Teorias
Informativo 809 do STF: Compete à justiça federal processar e julgar o
crime de redução à condição análoga à de escravo (CP, art. 149). Três teorias disputam a preferência acerca do local do crime.
a) Teoria do resultado:
f) Os crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômico-
financeira (inciso VI) A competência será do juízo em que se consumar a infração, ou, no
caso de tentativa, pelo lugar em que foi praticado o último ato de
Deve a lei ordinária, expressamente, previr a competência da Justiça
execução. Trata-se da teoria acolhida, em regra, pelo CPP (art. 70,
federal para tais delitos.
caput).
g) o habeas corpus e o mandado de segurança em matéria criminal
(incisos VII e VIII) Súmula 521 do STF: O foro competente para o processo e julgamento
dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de
Desde que a autoridade coatora esteja sujeita à jurisdição federal. P. cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do
ex.: delegado de polícia federal. pagamento pelo sacado.
h) Os crimes cometidos a bordo de navios e aeronaves, ressalvada Súmula 48 do STJ: Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem
a competência da Justiça Militar (inciso IX) ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante
Excetuam-se da competência da Justiça comum federal os crimes a falsificação de cheque.
bordo de navios e aeronaves militares. Súmula 528 do STJ: Compete ao juiz federal do local da apreensão da
i) Os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro droga remetida do exterior pela via postal processar e julgar o crime de
(inciso X) tráfico internacional.
j) A disputa sobre direitos indígenas (inciso XI) Súmula 151 do STJ: A competência para o processo e julgamento por
Deve haver ofensa à coletividade indígena. Caso a ofensa seja crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do
individual, a competência será da Justiça comum estadual, aplicando- Juízo Federal do lugar da apreensão dos bens.
se o disposto na Súmula 140 do STJ: Súmula 200 do STJ: O juízo federal competente para processar e julgar
acusado de crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito
Súmula 140 do STJ: Compete a Justiça Comum Estadual processar e
se consumou.
julgar crime em que o indígena figure como autor ou vítima.
Súmula 244 do STJ: Compete ao foro do local da recusa processar e
2.1.2. Competência da Justiça Eleitoral julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos
A justiça eleitoral julga os crimes eleitorais e as infrações penais comuns
Nos casos de delitos qualificados pelo resultado, a competência será do
que lhes sejam conexas.
juízo onde se operou o resultado qualificador.
Informativo 933 do STF: Compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes Em se tratando de crime permanente, se houver pluralidade de juízos
eleitorais e os comuns que lhes forem conexos. igualmente competentes, haverá a prevenção.

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b) Teoria da atividade: 2.4. Conexão (art. 76 do CPP)
Para a teoria da atividade, a competência é fixada pelo local da ação ou A conexão, prevista no art. 76 do CPP, é o vínculo entre duas ou mais
omissão. Tem-se a aplicação da teoria da atividade nas seguintes infrações penais, que serão processadas e julgadas em processo único.
situações: Busca-se conferir celeridade e evitar decisão decisões conflitantes.
I. Juizados especiais criminais (art.63 da Lei n. 9.099/99); 2.4.1. Conexão intersubjetiva
II. Homicídio (STJ). Existem duas ou mais infrações interligadas cometidas por duas ou mais
c) Teoria mista ou eclética (ubiquidade): pessoas.
A competência territorial no Brasil será fixada tanto pelo local da ação 2.4.1.1. Por simultaneidade
como pelo do resultado, contanto que um ou outro aqui ocorram (art. 70, Na conexão intersubjetiva por simultaneidade há vários crimes,
§§ 1º e 2º, do CPP). cometidos por várias pessoas, ao mesmo tempo.
A teoria da ubiquidade é aplicada nos crimes à distância ou de espaço 2.4.1.2. Concursal
máximo (multinacionais). Na conexão intersubjetiva concursal há diversas infrações, praticadas
2.2.2. Domicílio ou residência do réu por diversas pessoas em concurso, embora em tempo e lugar diversos.
A competência será fixada pelo domicílio do réu nas seguintes 2.4.1.3. Por reciprocidade
hipóteses: Aqui, várias infrações são praticadas por diversas pessoas, umas
I. Quando for desconhecido o local da consumação do crime (art.72 do contras as outras.
CPP). 2.4.2. Conexão objetiva, material, teleológica ou finalista
II. Nas ações exclusivamente privadas, o querelante pode optar entre a Ocorre quando uma infração é praticada para ocultar ou conseguir
residência do réu, ainda que sabido o local da consumação da infração vantagem ou impunidade de outra infração penal.
(art. 73 do CPP). 2.4.3. Conexão instrumental ou probatória
2.2.3. Prevenção Verifica-se quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas
Prevenção é sinônimo de antecipação. Considera-se prevento o juiz que elementares puder influir na prova de outra.
primeiro tiver contato com a causa. O critério da prevenção será 2.5. Continência (art. 77 do CPP)
utilizado nas seguintes hipóteses:
A continência é a interligação entre duas ou mais pessoas a uma única
I. Se desconhecidos o local da consumação do delito e a residência ou infração, ou o vínculo entre várias infrações a uma conduta.
o domicílio do réu, será competente o juiz que primeiro tomar
2.5.1. Continência por cumulação subjetiva
conhecimento dos fatos.
Cuida-se do concurso de pessoas, ou seja, da colaboração entre dois
II. Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais comarcas, ou
ou mais sujeitos para a prática de um delito (art. 29 do CP).
quando a infração for consumada ou tentada na divisa entre elas (art.
70, § 3, do CPP). 2.5.2. Continência por cumulação objetiva
III. Quando o réu possuir mais de uma residência ou domicílio (art. 72, Trata-se do concurso formal de crimes, vale dizer, quando uma conduta
§ 1º). produz dois ou mais resultados (art. 70 do CP).
IV. Crimes continuados ou permanentes praticados em duas ou mais 2.6. Foro prevalente
comarcas (art.70 do CPP). Nos casos de conexão ou continência, haverá a reunião de processos
2.3. Competência em razão da função em um só foro. Resta saber qual será o foro prevalente para julgar os
processos reunidos (art. 78).
Trata-se de foro por prerrogativa de função. Como a própria
nomenclatura sugere, a prerrogativa não decorre do sujeito, mas sim da 2.6.1. Júri x outro órgão
função por ele exercida, logo, findo o cargo ou mandato, terminar-se-á a) Jurisdição comum estadual: prevalece a competência do júri.
o foro por prerrogativa de função. b) jurisdição especial (militar ou eleitoral): haverá a separação de
Informativo 630 do STJ: As hipóteses de foro por prerrogativa de função processos.
perante o STJ restringem-se àquelas em que o crime for praticado em a) Jurisdição comum federal: o julgamento será no tribunal do júri da
razão e durante o exercício do cargo ou função. justiça federal.
Informativo 900 do STF: O foro por prerrogativa de função aplica-se 2.6.2. Jurisdições de mesma categoria
apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e Três situações podem surgir:
relacionados às funções desempenhadas. I. Prevalecerá a do lugar da infração mais grave;
2.3.1. Prerrogativa x júri II. Se as infrações concorrentes forem de igual gravidade, prevalecerá
Havendo concorrência entre o foro por prerrogativa de função e o o foro do local em que houver ocorrido o maior número de infrações.
tribunal do júri, duas situações podem ocorrer: III. Se as infrações concorrentes forem iguais em quantidade e
a) Prerrogativa prevista na Constituição Federal x júri: Prevalece o gravidade, a competência será firmada pela prevenção.
foro por prerrogativa de função. 2.6.3. Jurisdições de categorias diversas
b) Prerrogativa prevista na Constituição Estadual x júri: Prevalece Prevalecerá a jurisdição de maior graduação.
a competência do tribunal do Júri. Súmula 704 do STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla
Súmula 721: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão
sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos
pela Constituição estadual. denunciados.
2.3.2. Prerrogativa dos prefeitos
Os prefeitos são julgados pelo Tribunal de Justiça (art. 29, inciso X, da 2.6.4. Justiça comum x justiça especial
CF). Tal foro subsiste apenas nos crimes de competência da Justiça Prevalecerá a justiça especial, salvo no caso da justiça militar, ocasião
estadual. em que haverá a separação de processos.

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2.6.5. Justiça comum estadual x justiça comum federal Informativo 716 do STF: Ao assentar a incompetência da justiça
Prevalecerá a competência da justiça federal, por força da Súmula 122 federal, a 2ª Turma concedeu habeas corpus para confirmar os efeitos
do STJ. de medida liminar deferida, declarar nula a condenação do paciente —
Súmula 122 do STJ: Compete a justiça federal o processo e julgamento pelos crimes de receptação e de posse ilegal de arma de fogo — e
unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não determinar a remessa do processo à justiça comum estadual. Na
se aplicando a regra do art. 78, II, "a", do Código de Processo Penal. espécie, o juiz sentenciara o paciente após desclassificar o crime de
2.7. Separação de processos contrabando — que atrairia a competência da justiça federal — para o
de receptação. Salientou-se que a norma do art. 81, caput, do CPP,
Nada obstante a regra seja a reunião de processos em razão da
conexão ou da continência, nas situações previstas a seguir, haverá a embora buscasse privilegiar a celeridade, a economia e a efetividade
separação de processos, ora obrigatória (art. 79 do CPP), ora facultativa processuais, não possuiria aptidão para modificar competência absoluta
(art. 80 do CPP). constitucionalmente estabelecida, como seria a da justiça federal (CPP:
2.7.1. Separação obrigatória “Art. 81. Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência,
ainda que no processo da sua competência própria venha o juiz ou
I. Concurso entre a jurisdição comum e a militar;
tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração
II. Concurso entre a jurisdição comum e o juízo de menores;
para outra que não se inclua na sua competência, continuará
III. Superveniência de doença mental de um dos corréus;
competente em relação aos demais processos”). Assim, ausente
IV. Fuga de um dos corréus. hipótese prevista no art. 109, IV, da CF, os autos deveriam ser
2.7.2 Separação facultativa encaminhados ao juízo competente, ainda que o vício tivesse sido
I. Infrações praticadas em circunstâncias de tempo ou lugar diferentes; constatado depois de realizada a instrução (CPP: “Art. 383. O juiz, sem
II. Número excessivo de réus. modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá
atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência,
tenha de aplicar pena mais grave. ... § 2º Tratando-se de infração da
3. INFORMATIVOS SELECIONADOS competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos”).
3.1. Competência da Justiça federal Sublinhou-se, ainda, que o caso não fora de sentença absolutória, mas
Informativo 522 do STJ: Compete à Justiça Federal - e não à Justiça de desclassificação da infração que justificava o seu processo e
Estadual - processar e julgar ação penal referente aos crimes de calúnia julgamento perante a justiça federal. Inferiu-se que, no contexto, a
e difamação praticados no contexto de disputa pela posição de cacique prorrogação da competência ofenderia o princípio do juiz natural (CF,
em comunidade indígena. art. 5º, LIII).
Informativo 522 do STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar Informativo 805 do STF: Compete à Justiça Federal processar e julgar
as ações penais relativas a desvio de verbas originárias do Sistema os crimes consistentes em disponibilizar ou adquirir material
Único de Saúde (SUS), independentemente de se tratar de valores pornográfico envolvendo criança ou adolescente (ECA, artigos 241,
repassados aos Estados ou Municípios por meio da modalidade de 241-A e 241-B), quando praticados por meio da rede mundial de
transferência "fundo a fundo" ou mediante realização de convênio. computadores.
Informativo 527 do STJ: Compete à Justiça Federal o processamento Informativo 809 do STF: Compete à justiça federal processar e julgar
e o julgamento da ação penal que versa sobre crime praticado no o crime de redução à condição análoga à de escravo (CP, art. 149).
exterior que tenha sido transferida para a jurisdição brasileira, por
negativa de extradição. Informativo 853 do STF: Compete à Justiça Federal processar e julgar
o crime ambiental de caráter transnacional que envolva animais
Informativo 631 do STJ: Compete à Justiça Federal a condução do
silvestres, ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou protegidas
inquérito que investiga o cometimento do delito previsto no art. 334, §
1º, IV, do Código Penal, na hipótese de venda de mercadoria por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil.
estrangeira, permitida pela ANVISA, desacompanhada de nota fiscal e 3.2. Competência da Justiça estadual
sem comprovação de pagamento de imposto de importação. Informativo 514 do STJ: Compete à Justiça Estadual, e não à Justiça
Informativo 635 do STJ: Compete à Justiça Federal o julgamento dos Federal, processar e julgar crime de estelionato cometido por particular
crimes de contrabando e de descaminho, ainda que inexistentes indícios contra particular, ainda que a vítima resida no estrangeiro, na hipótese
de transnacionalidade na conduta. em que, além de os atos de execução do suposto crime terem ocorrido
Informativo 559 do STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar no Brasil, não exista qualquer lesão a bens, serviços ou interesses da
crime de latrocínio no qual tenha havido troca de tiros com policiais União.
rodoviários federais que, embora não estivessem em serviço de Informativo 522 do STJ: Compete à Justiça Estadual - e não à Justiça
patrulhamento ostensivo, agiam para reprimir assalto a instituição Federal - o julgamento de ação penal em que se apure a possível prática
bancária privada.
de sonegação de ISSQN pelos representantes de pessoa jurídica
Informativo 620 do STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar privada, ainda que esta mantenha vínculo com entidade da
os crimes de violação de direito autoral e contra a lei de software
administração indireta federal.
decorrentes do compartilhamento ilícito de sinal de TV por assinatura,
via satélite ou cabo, por meio de serviços de card sharing. Informativo 572 do STJ: Compete à Justiça Estadual - e não à Justiça
Federal - processar e julgar ação penal na qual se apurem infrações
Informativo 636 do STJ: Compete à Justiça Federal apreciar o pedido
de medida protetiva de urgência decorrente de crime de ameaça contra penais decorrentes da tentativa de abertura de conta corrente mediante
a mulher cometido, por meio de rede social de grande alcance, quando a apresentação de documento falso em agência do Banco do Brasil (BB)
iniciado no estrangeiro e o seu resultado ocorrer no Brasil. localizada nas dependências de agência da Empresa Brasileira de
Informativo 648: Compete à Justiça Estadual o julgamento de crimes Correios e Telégrafos (ECT) que funcione como Banco Postal.
ocorridos a bordo de balões de ar quente tripulados.

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3.3. Competência da Justiça federal ou estadual, a depender do 3.5. Competência em razão da função
caso concreto Informativo 630 do STJ: As hipóteses de foro por prerrogativa de
Informativo 568 do STJ: O fato de os agentes, utilizando-se de função perante o STJ restringem-se àquelas em que o crime for
formulários falsos da Receita Federal, terem se passado por Auditores praticado em razão e durante o exercício do cargo ou função.
desse órgão com intuito de obter vantagem financeira ilícita de Informativo 659 do STF: O foro especial por prerrogativa de função
particulares não atrai, por si só, a competência da Justiça Federal. não se estende a magistrados aposentados.
Informativo 603 do STJ: Compete à Justiça Federal a condução do Informativo 750 do STF: Compete ao Supremo Tribunal Federal decidir
inquérito que investiga o cometimento do delito previsto no art. 241-A quanto à conveniência de desmembramento de procedimento de
do ECA nas hipóteses em que há a constatação da internacionalidade investigação ou persecução penal, quando houver pluralidade de
da conduta e à Justiça Estadual nos casos em que o crime é praticado investigados e um deles tiver prerrogativa de foro perante a Corte.
por meio de troca de informações privadas, como nas conversas via Informativo 780 do STF: “A competência constitucional do tribunal do
whatsapp ou por meio de chat na rede social facebook. júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido
Informativo 759 do STF: Compete à justiça federal processar e julgar exclusivamente pela Constituição Estadual”. (Súmula Vinculante 45).
ação penal referente a crime cometido contra sociedade de economia Informativo 900 do STF: O foro por prerrogativa de função aplica-se
mista, quando demonstrado o interesse jurídico da União. apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e
(...) relacionados às funções desempenhadas.
Asseverou que, em princípio, os crimes praticados contra sociedade de Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de
economia mista, em geral, não se submeteriam à competência da intimação para apresentação de alegações finais, a competência para
justiça federal. Reputou que estaria justificada a competência desta se processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o
os delitos estivessem, de alguma forma, relacionados a serviços por agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava,
concessão, autorização ou delegação da União ou se houvesse indícios qualquer que seja o motivo.
de desvio das verbas federais recebidas por sociedades de economia Esse é o entendimento do Plenário, ao resolver questão de ordem para
mista e sujeitas à prestação de contas perante o órgão federal. determinar a baixa de ação penal ao juízo da zona eleitoral para
Informativo 819 do STF: O fato de o delito ter sido cometido por posterior julgamento, tendo em vista que: a) os crimes imputados ao réu
brasileiro no exterior, por si só, não atrai a competência da justiça não foram cometidos no cargo de deputado federal ou em razão dele;
federal, porquanto não teria ofendido bens, serviço ou interesse da b) o réu renunciou ao cargo para assumir a função de prefeito; e c) a
União (CF, art. 109, IV). instrução processual se encerrou perante a 1ª instância, antes do
deslocamento de competência para o Supremo Tribunal Federal (STF)
3.4. Competência em razão do lugar
(Informativos 867 e 885).
Informativo 518 do STJ: No caso de ação penal destinada à apuração
Informativo 940 do STF: Prerrogativa de foro e autoridades estaduais
de estelionato praticado mediante fraude para a concessão de
O Plenário, por maioria, julgou procedente pedido formulado em ação
aposentadoria, é competente o juízo do lugar em que situada a agência
direta para declarar a inconstitucionalidade do art. 81, IV, da
onde inicialmente recebido o benefício, ainda que este, posteriormente,
Constituição do Estado do Maranhão, acrescentado pela Emenda
tenha passado a ser recebido em agência localizada em município
Constitucional 34/2001. O dispositivo impugnado inclui, entre as
sujeito a jurisdição diversa.
autoridades com foro criminal originário perante o tribunal de justiça, os
Informativo 526 do STJ: Compete ao foro do local onde efetivamente procuradores de Estado, os procuradores da assembleia legislativa, os
ocorrer o desvio de verba pública - e não ao do lugar para o qual os defensores públicos e os delegados de polícia.
valores foram destinados - o processamento e julgamento da ação penal
referente ao crime de peculato-desvio (art. 312, "caput", segunda parte,
Prevaleceu o voto do ministro Alexandre de Moraes, redator para o
do CP).
acórdão. Para ele, ao dispor sobre os órgãos do Poder Judiciário, o art.
Informativo 715 do STF: A 1ª Turma negou provimento a recurso 92 da Constituição Federal (CF) (1) previu como regra que a primeira e
ordinário em habeas corpus no qual se pretendia a declaração de a segunda instâncias constituem juízo natural com cognição plena para
incompetência do juízo processante para que a ação penal fosse a questão criminal. Apenas excepcionalmente a CF conferiu
remetida à comarca em que ocorrido o resultado naturalístico — morte prerrogativas de foro para as autoridades federais, estaduais e
— do delito de homicídio culposo imputado a médica (CP, art. 121, § 3º municipais. No ponto, citou, como exemplo, a competência do Supremo
c/c o § 4º). Na espécie, a recorrente fora denunciada porque teria Tribunal Federal (STF) para processar e julgar o presidente da
deixado de observar dever objetivo de cuidado que lhe competiria em República, o vice-presidente, membros do Congresso Nacional, seus
sua profissão e agido de forma negligente durante o pós-operatório da próprios ministros e o procurador-geral da República; a competência do
vítima, inclusive em afronta ao que disporia o Código de Ética Médica. Superior Tribunal de Justiça (STJ) para processar e julgar os
No acórdão recorrido, o STJ mantivera a competência do lugar em que desembargadores; e a competência dos tribunais de justiça para
se iniciaram os atos executórios do delito de homicídio culposo, uma processar e julgar os membros do ministério público estadual, os
vez que facilitaria a apuração dos fatos e a produção de provas, bem próprios magistrados e os prefeitos municipais.
assim garantiria a busca da verdade real. Ratificou-se manifestação do
Ministério Público, em que assentado ser possível excepcionar a regra
Sublinhou a inviabilidade de se aplicar, nesse caso, o princípio da
do art. 70, caput, do CPP (“A competência será, de regra, determinada
simetria, uma vez que a CF estabelece prerrogativa de foro nos três
pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo níveis: federal, estadual e municipal.
lugar em que for praticado o último ato de execução”) para se facilitar a
instrução probatória. Esclareceu-se que o atendimento médico teria
ocorrido em um município e a vítima falecera noutro. Enfatizou-se estar- 3.6. Reunião de processos
se diante de crime plurilocal a justificar a eleição do foro em que Informativo 933: Compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes eleitorais
praticados os atos. e os comuns que lhes forem conexos.

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CAPÍTULO X - AÇÃO PENAL
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente
do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas
requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no
de quem tiver qualidade para representá-lo. silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes.
§ 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante
decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer
ascendente, descendente ou irmão. (Parágrafo único renumerado dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber
pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993) quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se
§ 2o Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de queixa ou
pública. (Incluído pela Lei nº 8.699, de 27.8.1993) representação, dentro do mesmo prazo, nos casos dos arts. 24,
Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a parágrafo único, e 31.
denúncia. Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente
Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita
prisão em flagrante ou por meio de portaria expedida pela autoridade ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade
judiciária ou policial. policial.
Art. 27. Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do § 1o A representação feita oralmente ou por escrito, sem assinatura
Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo- devidamente autenticada do ofendido, de seu representante legal ou
lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o procurador, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial,
tempo, o lugar e os elementos de convicção. presente o órgão do Ministério Público, quando a este houver sido
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a dirigida.
denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer § 2o A representação conterá todas as informações que possam servir
peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as
à apuração do fato e da autoria.
razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao
procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do § 3o Oferecida ou reduzida a termo a representação, a autoridade
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de policial procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remetê-lo-á à
arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. autoridade que o for.
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se § 4o A representação, quando feita ao juiz ou perante este reduzida a
esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público termo, será remetida à autoridade policial para que esta proceda a
aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em inquérito.
todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor § 5o O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a
recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover
a ação como parte principal. a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze
Art. 30. Ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo dias.
caberá intentar a ação privada. Art. 40. Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente tribunais verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão
por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao
passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. oferecimento da denúncia.
Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte que Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso,
comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para promover a ação com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou
penal. esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do
§ 1o Considerar-se-á pobre a pessoa que não puder prover às crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
despesas do processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis ao Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
próprio sustento ou da família. Art. 43. (Revogado pela Lei nº 11.719, de 2008).
§ 2o Será prova suficiente de pobreza o atestado da autoridade policial Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes
em cuja circunscrição residir o ofendido.
especiais, devendo constar do instrumento do mandato o nome do
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais
ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser
interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser previamente requeridas no juízo criminal.
exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do
Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal. Art. 45. A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido,
poderá ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em
Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de
todos os termos subseqüentes do processo.
queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal.
Art. 46. O prazo para oferecimento da denúncia, estando o réu preso,
Art. 35. (Revogado pela Lei nº 9.520, de 27.11.1997)
será de 5 dias, contado da data em que o órgão do Ministério Público
Art. 36. Se comparecer mais de uma pessoa com direito de queixa, terá receber os autos do inquérito policial, e de 15 dias, se o réu estiver solto
preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na ordem ou afiançado. No último caso, se houver devolução do inquérito à
de enumeração constante do art. 31, podendo, entretanto, qualquer autoridade policial (art. 16), contar-se-á o prazo da data em que o órgão
delas prosseguir na ação, caso o querelante desista da instância ou a
do Ministério Público receber novamente os autos.
abandone.

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§ 1o Quando o Ministério Público dispensar o inquérito policial, o prazo III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado,
para o oferecimento da denúncia contar-se-á da data em que tiver a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de
recebido as peças de informações ou a representação formular o pedido de condenação nas alegações finais;
§ 2o O prazo para o aditamento da queixa será de 3 dias, contado da IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem
data em que o órgão do Ministério Público receber os autos, e, se este deixar sucessor.
não se pronunciar dentro do tríduo, entender-se-á que não tem o que Art. 61. Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a
aditar, prosseguindo-se nos demais termos do processo. punibilidade, deverá declará-lo de ofício.
Art. 47. Se o Ministério Público julgar necessários maiores Parágrafo único. No caso de requerimento do Ministério Público, do
esclarecimentos e documentos complementares ou novos elementos de querelante ou do réu, o juiz mandará autuá-lo em apartado, ouvirá a
convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de quaisquer autoridades parte contrária e, se o julgar conveniente, concederá o prazo de cinco
ou funcionários que devam ou possam fornecê-los. dias para a prova, proferindo a decisão dentro de cinco dias ou
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao reservando-se para apreciar a matéria na sentença final.
processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade. Art. 62. No caso de morte do acusado, o juiz somente à vista da certidão
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um de óbito, e depois de ouvido o Ministério Público, declarará extinta a
dos autores do crime, a todos se estenderá. punibilidade.
Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo
ofendido, por seu representante legal ou procurador com poderes
especiais. 1. INTRODUÇÃO
Parágrafo único. A renúncia do representante legal do menor que Ação penal é o direito público subjetivo de pedir ao Estado-juiz a
houver completado 18 (dezoito) anos não privará este do direito de aplicação do Direito Penal ao caso concreto.
queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do primeiro.
1.1. Classificação
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos,
A ação penal pode ser pública, de titularidade do Ministério Público, ou
sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.
privada, de titularidade do ofendido ou do seu representante legal.
Art. 52. Se o querelante for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito
1.1.1. Ação penal pública
de perdão poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal,
mas o perdão concedido por um, havendo oposição do outro, não A ação penal pública é titularidade do Ministério Público e se materializa
produzirá efeito. através da denúncia.

Art. 53. Se o querelado for mentalmente enfermo ou retardado mental Segundo o art. 24 do CPP, nos crimes de ação pública, esta será
e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando
do querelado, a aceitação do perdão caberá ao curador que o juiz Ihe a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação
nomear. do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

Art. 54. Se o querelado for menor de 21 anos, observar-se-á, quanto à Em resumo, a ação penal pública pode ser:
aceitação do perdão, o disposto no art. 52. b) incondicionada;
Art. 55. O perdão poderá ser aceito por procurador com poderes c) condicionada à representação do ofendido;
especiais. c) condicionada à requisição do Ministro da Justiça.
Art. 56. Aplicar-se-á ao perdão extraprocessual expresso o disposto no 1.1.2. Ação penal privada
art. 50. A ação penal privada é titularizada pelo ofendido ou por seu
Art. 57. A renúncia tácita e o perdão tácito admitirão todos os meios de representante legal e se consubstancia pelo oferecimento de queixa-
prova. crime. A ação penal privada pode ser:
Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, a) propriamente dita;
o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, b) personalíssima;
devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio
c) subsidiária da pública.
importará aceitação.
Incondicionada
Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade.
Representação do
Art. 59. A aceitação do perdão fora do processo constará de declaração AÇÃO PENAL
Condicionada ofendido
assinada pelo querelado, por seu representante legal ou procurador PÚBLICA
com poderes especiais. à Requisição do ministro
da justiça
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa,
considerar-se-á perempta a ação penal: Propriamente dita
AÇÃO PENAL
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento Personalíssima
PRIVADA
do processo durante 30 dias seguidos; Subsidiaria da pública
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade,
não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo
de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo,
ressalvado o disposto no art. 36;

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§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e
2. AÇÃO PENAL PÚBLICA será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por
INCONDICIONADA seu defensor.
§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será
A ação penal pública incondicionada é titularizada pelo Ministério realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua voluntariedade,
Público e independe da vontade da vítima ou de terceiros para ser por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua
oferecida. O instrumento da ação penal pública é a denúncia, cujos legalidade.
requisitos estão no art. 41 do CPP6 § 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as
2.1. Princípios condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os
A ação penal pública incondicionada é regida pelos princípios a seguir autos ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta de
elencados. acordo, com concordância do investigado e seu defensor.
2.1.1. Obrigatoriedade § 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o
Uma vez presentes os pressupostos deflagradores da ação penal juiz devolverá os autos ao Ministério Público para que inicie sua
(indício de autoria e prova da materialidade delitiva), o Ministério Público execução perante o juízo de execução penal.
estará obrigado a oferecer denúncia. § 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender
Entendemos que o acordo de não persecução penal (art. 28-A do CPP), aos requisitos legais ou quando não for realizada a adequação a que se
novidade trazia pela Lei 13.964/2019 (pacote anticrime), constitui refere o § 5º deste artigo.
verdadeira mitigação ao princípio da obrigatoriedade. A propósito: § 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado Público para a análise da necessidade de complementação das
confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal investigações ou o oferecimento da denúncia.
sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 § 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não
(quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal e de seu descumprimento.
persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação § 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de
e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas não persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo,
cumulativa e alternativamente: para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia.
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade § 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo
de fazê-lo; investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério Público como
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão condicional
Público como instrumentos, produto ou proveito do crime; do processo.
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período § 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal
correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a não constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os
dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo.
art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código § 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo
Penal); competente decretará a extinção de punibilidade.
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 § 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a
entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.
execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens 2.1.2. Indisponibilidade
jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; Uma vez iniciada a ação penal, o Ministério Público não poderá dela
ou desistir.
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Dispõe o art. 42 do CPP que o Ministério Público não poderá desistir da
Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração ação penal.
penal imputada. 2.1.3. Oficialidade
§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere A ação penal pública é conduzida por órgão oficial, qual seja, o
o caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e Ministério Público.
diminuição aplicáveis ao caso concreto. 2.1.4. Oficiosidade
§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes Na ação penal pública incondicionada, o Ministério Público deve
hipóteses: oferecer denúncia de ofício.
I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados 2.1.5. Divisibilidade
Especiais Criminais, nos termos da lei; O oferecimento da denúncia contra um acusado ou mais, não
II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios impossibilita a posterior acusação de outros.
que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto Informativo 540 do STJ:
se insignificantes as infrações penais pretéritas;
Na ação penal pública, o MP não está obrigado a denunciar todos os
III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao envolvidos no fato tido por delituoso, não se podendo falar em
cometimento da infração, em acordo de não persecução penal, arquivamento implícito em relação a quem não foi denunciado. Isso
transação penal ou suspensão condicional do processo; e porque, nessas demandas, não vigora o princípio da indivisibilidade.
IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, Assim, o Parquet é livre para formar sua convicção incluindo na
ou praticados contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, increpação as pessoas que entenda terem praticados ilícitos penais,
em favor do agressor. mediante a constatação de indícios de autoria e materialidade. Ademais,
há possibilidade de se aditar a denúncia até a sentença.

6 Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou
esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
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2.1.6. Intranscendência
A ação penal só pode ser proposta em face de quem se imputa a prática
4. AÇÃO PENAL PRIVADA
da infração penal. A ação penal privada é de titularidade do ofendido ou der seu
representante legal e se materializa pelo oferecimento de queixa-
crime. A própria vítima (querelante) processa o infrator (querelado).
3. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA Segundo o art. 44 do CPP, a queixa poderá ser dada por procurador
com poderes especiais, devendo constar do instrumento do mandato o
Na ação penal pública condicionada, o Ministério Público não pode
nome do querelante e a menção do fato criminoso, salvo quando tais
oferecer denúncia sem que antes haja a manifestação de vontade da
esclarecimentos dependerem de diligências que devem ser
vítima ou do seu representante legal (representação) ou requisição do
previamente requeridas no juízo criminal.
Ministro da Justiça.
4.1. Prazo
3.1. Representação
A queixa-crime deve ser oferecida no prazo decadencial de 6 meses,
A representação do ofendido é condição de procedibilidade para o
contados da ciência da autoria da infração (art. 38 do CPP).
oferecimento da denúncia, cuja ausência conduz à nulidade da inicial
acusatória. 4.2. Titularidade do direito de queixa
A representação não exige forma específica e não vincula o MP, vale O titular do direito de queixa é a própria vítima do delito. Caso a vítima
dizer, o Parquet não está obrigado a oferecer a denúncia, podendo, por seja menor de 18 anos, o direito de queixa será exercido pelo seu
exemplo, promover o seu arquivamento, se presentes os pressupostos representante legal.
legais para tanto. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão
3.1.1. Prazo judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 31 do CPP).
A representação deve ser oferecida no prazo decadencial de 6 meses,
Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou
contados da ciência da autoria da infração (art. 38 do CPP).
retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os
3.1.2. Titularidade da representação interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser
O titular da representação é a própria vítima do delito. Caso a vítima exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do
seja menor de 18 anos, o direito de representação estender-se-á ao seu Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal (art. 33
representante legal. do CPP).
No caso de morte ou ausência do ofendido, o direito de representação 4.3. Princípios
passará para os seguintes parentes daquele (art. 24, § 1º): 4.3.1. Oportunidade
a) cônjuge Faculta-se à vítima oferecer, ou não, a queixa-crime. Caso a vítima não
b) ascendente; a ofereça, ter-se-á a decadência ou a renúncia ao direito de queixa.
c) descendente; I. Decadência
d) irmão. Caso a vítima não ofereça a queixa-crime no prazo de 6 meses,
3.1.3. Destinatários da representação contados da ciência da autoria do delito, ocorrerá a decadência, causa
A representação poderá ser endereçada ao: extintiva da punibilidade (art. 38 do CPP).
a) juiz; II. Renúncia
b) membro do Ministério Público; A renúncia é a declaração expressa através da qual a vítima deseja não
ver processado o autor da infração penal.
c) autoridade policial
A renúncia expressa constará de declaração assinada pelo ofendido,
3.1.4. Retratação da representação
por seu representante legal ou procurador com poderes especiais (art.
Segundo o art. 25 do CPP, a vítima pode retratar-se da representação 57 do CPP).
até o oferecimento da denúncia, sem a necessidade de audiência
Também poderá haver renúncia tácita ao direito de queixa, quando a
específica. Depois de oferecida a denúncia, a representação será
vítima pratica ato incompatível com o desejo de ver processado o autor
irretratável.
do delito. Ressalte-se que a renúncia tácita admite todos os meios de
Cuidado! prova (art. 57 do CPP).
Nos casos que envolvam violência doméstica e familiar contra a mulher,  Características da renúncia:
a retratação será possível até o recebimento da denúncia em audiência a) ato unilateral (independe da aceitação do autor da infração penal);
específica perante o juiz, ouvido o MP (art. 16 da Lei 11.340/06).
b) ato impeditivo do processo penal;
3.2. Requisição do ministro da justiça c) pré-processual (ainda não há ação penal em curso);
A requisição do Ministro da Justiça é um ato de conveniência política de d) irretratável;
caráter excepcional, como ocorre, exemplificativamente, nos crimes e) indivisível (concedida a um dos infratores, a todos se aproveita).
cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do território brasileiro,
consoante o art. 7º, § 3º, “b”, do CP. 4.3.2. Disponibilidade
Uma vez oferecida a queixa-crime, pode a vítima desistir da ação penal,
3.2.1. Destinatário
seja pelo perdão do ofendido, seja pelo advento da perempção.
O destinatário da requisição é o Procurador Geral da República.
3.2.2. Prazo
I. Perdão do ofendido
A requisição do Ministro da Justiça não se sujeita a prazo decadencial.
Ocorre quando a vítima perdoa o autor da infração. Trata-se de causa
Pode ser oferecida a qualquer tempo, enquanto o delito não estiver
extintiva da punibilidade.
prescrito.
Pode ser expresso, através de declaração feita pelo querelante, ou
3.2.3. Retratação
tácita, com a prática de ato incompatível com a vontade de ver
Não é possível a retratação da requisição do Ministro da Justiça. processado o réu. O perdão tácito também admite todos os meios de
prova (art. 57 do CP).

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 Características do perdão: 4.4. Ação penal privada subsidiária da pública
a) ato bilateral (o réu é intimado para, em 3 dias, dizer se concorda com A ação penal privada subsidiária da pública ocorre diante da inércia do
o perdão. O silêncio implica aceitação7); MP em promover a ação penal pública no prazo legal (art. 29 do CPP).
b) processual (já há ação penal em curso); Tem-se a inércia quando o Ministério Público não ofecere a denúncia
no prazo legal, tampouco pede diligências ou o arquivamento do
c) indivisível (concedida a um dos infratores, a todos se aproveita, inquérito policial.
exceto a quem o recusar expressamente8).
4.4.1. Prazo
Diferenças e semelhanças entre a renúncia ao direito de queixa e o
A vítima tem o prazo de 6 meses para oferecer a queixa-crime
perdão do ofendido:
subsidiária da pública, contados do fim do prazo do MP para o
Renúncia Perdão do ofendido oferecimento da denúncia (art. 38 do CPP).
Decorre do princípio da Decorre do princípio da 4.4.1.1. Prazo para o oferecimento da denúncia
oportunidade. disponibilidade Regra geral (art. 46 Lei de drogas (art. 54, inciso III, da
É pré-processual. É processual. do CPP) Lei 11.343/06)
Por ser pré-processual, é Por ser processual, é bilateral, ou Réu preso: 5 dias
unilateral, vale dizer, seja, depende da aceitação do 10 dias, estando o réu preso ou solto.
Réu solto: 15 dias
independe da anuência do querelado.
4.4.2. Papel do Ministério Público
querelado.
Cabe ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer
Concedida a um, a todos Concedido a um, a todos se
denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer
se estende (princípio da aproveita, exceto em relação a
elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de
indivisibilidade, art. 49). quem o recusar, pois é bilateral
negligência do querelante, retomar a ação como parte principal (art. 29
(princípio da indivisibilidade, art.
do CPP).
51).
4.5. Ação penal privada personalíssima
Pode ser expresso ou tácito Pode ser expresso ou tácito (art.
A ação penal privada personalíssima somente pode ser exercida pela
(art. 57). 57).
vítima, não havendo representação legal, tampouco sucessão em caso
É causa de extinção da É causa de extinção da punibilidade de morte ou ausência.
punibilidade (art. 107, V, (art. 107, V, CP).
O único crime que se processa mediante ação penal privada
CP).
personalíssima é o induzimento a erro essencial e ocultação de
impedimento (art. 236 do CP).
II. Perempção
A perempção constitui sanção em face da desídia do querelante na
condução da ação penal privada. 5. SÙMULAS RELACIONADAS
Art. 60 do CPP: Nos casos em que somente se procede mediante Súmula 330 do STJ: É desnecessária a resposta preliminar de que trata
queixa, considerar-se-á perempta a ação penal: o artigo 514 do Código de Processo Penal, na ação penal instruída por
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento inquérito policial.
do processo durante 30 dias seguidos; Súmula 594 do STF: Os direitos de queixa e de representação podem
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, ser exercidos, independentemente, pelo ofendido ou por seu
não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo representante legal.
de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, Súmula 714 do STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante
ressalvado o disposto no art. 36; queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público
a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de em razão do exercício de suas funções.
formular o pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem 6. JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA
deixar sucessor.
4.3.3. Indivisibilidade 6.1. Informativos do STF
Informativo 813 do STF: Não oferecida a queixa-crime contra todos os
Segundo o art. 48 do CPP, a queixa contra qualquer dos autores do
supostos autores ou partícipes da prática delituosa, há afronta ao
crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela
princípio da indivisibilidade da ação penal, a implicar renúncia tácita ao
sua indivisibilidade. Assim, na ação penal privada, ou a vítima processa
direito de querela, cuja eficácia extintiva da punibilidade estende-se a
todos os infratores, ou não processa ninguém.
todos quantos alegadamente hajam intervindo no cometimento da
A queixa, ainda quando a ação penal for privativa do ofendido, poderá infração penal. Com base nesse entendimento, a Primeira Turma
ser aditada pelo Ministério Público, a quem caberá intervir em todos os rejeitou queixa-crime oferecida em face de senador a quem fora
termos subsequentes do processo (art. 45 do CPP). imputada a prática dos delitos de calúnia e difamação. Na espécie, o

7Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo,
ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação.
Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade.
8 Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar.
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parlamentar teria alegadamente imputado ao querelante, mediante partícipes do injusto penal, sendo que a inobservância de tal princípio
ampla divulgação (internet), o cometimento de crimes e atos, tudo com acarreta a renúncia ao direito de queixa, que de acordo com o art. 107,
a nítida e deliberada intenção de ferir a honra deste. A Turma ressaltou V, do CP, é causa de extinção da punibilidade. Contudo, para o
que as supostas difamação e calúnia teriam sido veiculadas por outros reconhecimento da renúncia tácita ao direito de queixa, exige-se a
meios além do imputado ao querelado, e que a notícia supostamente demonstração de que a não inclusão de determinados autores ou
vexatória fora reencaminhada por outras pessoas. Destacou que a partícipes na queixa-crime se deu de forma deliberada pelo querelante
responsabilização penal se daria por todas as pessoas que veicularam (HC 186.405-RJ, Quinta Turma, DJe de 11/12/2014).
a notícia caluniadora e difamatória e que, portanto, fora violado o Informativo 544 do STJ: É nula a queixa-crime oferecida por advogado
princípio da indivisibilidade da ação penal. Ademais, ainda que não substabelecido com reserva de direitos por procurador que recebera do
houvesse ofensa ao referido postulado, o querelante não trouxera aos querelante apenas os poderes da cláusula ad judicia et extra - poderes
autos a cópia da página da rede social em que fora veiculada a notícia. para o foro em geral -, ainda que ao instrumento de substabelecimento
Informativo 768 do STF: Os conselhos indigenistas não possuem tenha sido acrescido, pelo substabelecente, poderes especiais para a
legitimidade ativa em matéria penal. Com base nesse entendimento, a propositura de ação penal privada.
1ª Turma converteu embargos declaratórios em agravo regimental e a ANOTAÇÕES
ele negou provimento, para rejeitar queixa-crime — ajuizada por
organização não-governamental indígena — na qual imputada a prática,
por parlamentares, de crimes de racismo e incitação à violência e ódio
contra os povos indígenas.
Informativo 665 do STF:
A 2ª Turma deu provimento a recurso ordinário em habeas corpus para
invalidar, desde a origem, procedimento penal instaurado contra o
recorrente e declarar a extinção da punibilidade, por efeito da
consumação do prazo decadencial. No caso, fora oferecida queixa-
crime por suposta ocorrência de crime de injúria sem que na procuração
outorgada pelo querelante ao seu advogado constasse o fato criminoso
de maneira individualizada. Reputou-se que a ação penal privada, para
ser validamente ajuizada, dependeria, dentre outros requisitos
essenciais, da estrita observância, por parte do querelante, da
formalidade imposta pelo art. 44 do CPP. Esse preceito exigiria constar,
da procuração, o nome do querelado e a menção expressa ao fato
criminoso, de modo que o instrumento de mandato judicial contivesse,
ao menos, referência individualizadora do evento delituoso e não
apenas o nomen iuris. Asseverou-se, por outro lado, não ser necessária
a descrição minuciosa ou a referência pormenorizada do fato.
Observou-se, ainda, que, embora a presença do querelante na
audiência de conciliação possibilitasse suprir eventual omissão da
procuração judicial, a regularização do mandato somente ocorreria se
ainda não consumada a decadência do direito de queixa. Sucede que,
decorrido, in albis, o prazo decadencial, sem a correção do vício
apontado, impor-se-ia o reconhecimento da extinção da punibilidade do
querelado.
6.2. Informativos do STJ
Informativo 540 do STJ: Na ação penal pública, o MP não está
obrigado a denunciar todos os envolvidos no fato tido por delituoso, não
se podendo falar em arquivamento implícito em relação a quem não foi
denunciado. Isso porque, nessas demandas, não vigora o princípio da
indivisibilidade. Assim, o Parquet é livre para formar sua convicção
incluindo na increpação as pessoas que entenda terem praticados
ilícitos penais, mediante a constatação de indícios de autoria e
materialidade. Ademais, há possibilidade de se aditar a denúncia até a
sentença.
Informativo 562 do STJ: A não inclusão de eventuais suspeitos na
queixa-crime não configura, por si só, renúncia tácita ao direito de
queixa. Com efeito, o direito de queixa é indivisível, é dizer, a queixa
contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos
(art. 48 do CPP). Dessarte, o ofendido não pode limitar a este ou aquele
autor da conduta tida como delituosa o exercício do jus accusationis,
tanto que o art. 49 do CPP dispõe que a renúncia ao direito de queixa,
em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. Portanto,
o princípio da indivisibilidade da ação penal privada torna obrigatória a
formulação da queixa-crime em face de todos os autores, coautores e

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CAPÍTULO XI - SUJEITOS DO PROCESSO
Art. 251. Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter CAPÍTULO III
a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar DO ACUSADO E SEU DEFENSOR
a força pública. Art. 259. A impossibilidade de identificação do acusado com o seu
Art. 252. O juiz não poderá exercer jurisdição no processo em que: verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação penal,
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do
linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou processo, do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta
advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da a sua qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem
justiça ou perito; prejuízo da validade dos atos precedentes.
II - ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório,
servido como testemunha; reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser
III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. (Vide
fato ou de direito, sobre a questão; ADPF 395)(Vide ADPF 444)
IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem de condução, os
linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou requisitos mencionados no art. 352, no que Ihe for aplicável.
diretamente interessado no feito. Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será
Art. 253. Nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo processado ou julgado sem defensor.
os juízes que forem entre si parentes, consangüíneos ou afins, em linha Parágrafo único. A defesa técnica, quando realizada por defensor
reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive. público ou dativo, será sempre exercida através de manifestação
Art. 254. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser fundamentada. (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
recusado por qualquer das partes: Art. 262. Ao acusado menor dar-se-á curador.
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles; Art. 263. Se o acusado não o tiver, ser-lhe-á nomeado defensor pelo
II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver juiz, ressalvado o seu direito de, a todo tempo, nomear outro de sua
respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso confiança, ou a si mesmo defender-se, caso tenha habilitação.
haja controvérsia; Parágrafo único. O acusado, que não for pobre, será obrigado a pagar
III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz.
terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo Art. 264. Salvo motivo relevante, os advogados e solicitadores serão
que tenha de ser julgado por qualquer das partes; obrigados, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, a prestar
IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; seu patrocínio aos acusados, quando nomeados pelo Juiz.
V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão por
motivo imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de
Vl - se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada
10 (dez) a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais
no processo.
sanções cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008).
Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por
§ 1o A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, o
afinidade cessará pela dissolução do casamento que Ihe tiver dado
defensor não puder comparecer. (Incluído pela Lei nº 11.719, de
causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que dissolvido o
2008).
casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o sogro, o
padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no § 2o Incumbe ao defensor provar o impedimento até a abertura da
processo. audiência. Não o fazendo, o juiz não determinará o adiamento de ato
algum do processo, devendo nomear defensor substituto, ainda que
Art. 256. A suspeição não poderá ser declarada nem reconhecida, provisoriamente ou só para o efeito do ato. (Incluído pela Lei nº
quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la. 11.719, de 2008).
Art. 266. A constituição de defensor independerá de instrumento de
CAPÍTULO II mandato, se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório.
DO MINISTÉRIO PÚBLICO Art. 267. Nos termos do art. 252, não funcionarão como defensores os
Art. 257. Ao Ministério Público cabe: (Redação dada pela Lei parentes do juiz.
nº 11.719, de 2008).
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma CAPÍTULO IV
estabelecida neste Código; e (Incluído pela Lei nº 11.719,
DOS ASSISTENTES
de 2008).
Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como
II - fiscalizar a execução da lei. (Incluído pela Lei nº 11.719, de
assistente do Ministério Público, o ofendido ou seu representante legal,
2008).
ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art. 31.
Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos
Art. 269. O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a
processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou
sentença e receberá a causa no estado em que se achar.
parente, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes for aplicável, as Art. 270. O co-réu no mesmo processo não poderá intervir como
prescrições relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes. assistente do Ministério Público.

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Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer
perguntas às testemunhas, aditar o libelo e os articulados, participar do
2. JUIZ
debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, O juiz é o sujeito imparcial que substitui a vontade das partes e aplica o
ou por ele próprio, nos casos dos arts. 584, § 1º, e 598. direito ao caso concreto.
§ 1o O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca da realização 2.1. Impedimento e suspeição
das provas propostas pelo assistente. A imparcialidade do juiz é garantida pelas hipóteses de impedimento e
§ 2o O processo prosseguirá independentemente de nova intimação do de suspeição, o que será visto a seguir.
assistente, quando este, intimado, deixar de comparecer a qualquer dos 2.1.1. Impedimento
atos da instrução ou do julgamento, sem motivo de força maior As hipóteses de impedimento dizem respeito à incapacidade objetiva do
devidamente comprovado. magistrado de julgar a lide sob sua apreciação, dada a existência de
Art. 272. O Ministério Público será ouvido previamente sobre a algum fator processual que compromete a sua imparcialidade.
admissão do assistente. Segundo Norberto Avena, reputam-se inexistentes os atos praticados
Art. 273. Do despacho que admitir, ou não, o assistente, não caberá pelo juiz impedido, pois o impedimento priva o magistrado de exercer
recurso, devendo, entretanto, constar dos autos o pedido e a decisão. sua jurisdição no processo em que ocorrer.
As hipóteses de impedimento, previstas em rol taxativo, encontram-se
nos arts. 252 e 253 do CPP. O juiz não poderá exercer jurisdição no
CAPÍTULO V processo em que:
DOS FUNCIONÁRIOS DA JUSTIÇA a) tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim, em
Art. 274. As prescrições sobre suspeição dos juízes estendem-se aos linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou
serventuários e funcionários da justiça, no que Ihes for aplicável. advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da
justiça ou perito;
CAPÍTULO VI b) ele próprio houver desempenhado qualquer dessas funções ou
servido como testemunha;
DOS PERITOS E INTÉRPRETES
c) tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de
Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina fato ou de direito, sobre a questão;
judiciária.
d) ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consanguíneo ou afim em
Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito. linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o diretamente interessado no feito;
encargo, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa e) nos juízos coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes
atendível. que forem entre si parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou
Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa colateral até o terceiro grau, inclusive.
causa, provada imediatamente: Jurisprudência relacionada:
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade; O rol das hipóteses de impedimento é taxativo.
b) não comparecer no dia e local designados para o exame; O Superior Tribunal de Justiça - STJ já decidiu em casos anteriores que
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos as hipóteses de impedimento tem seu rol taxativo previsto no art. 252
prazos estabelecidos. do CPP, não se aplicando aos casos em que o julgador não tiver se
manifestado sobre as mesmas questões de fato e de direito (STJ: HC
Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito, sem justa causa,
162.491/SC).
a autoridade poderá determinar a sua condução.
Art. 279. Não poderão ser peritos: 2.1.2. Suspeição
As hipóteses de suspeição dizem respeito a motivos de incapacidade
I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos ns.
subjetiva do magistrado, pois ele está vinculado a uma das partes.
I e IV do art. 69 do Código Penal;
Consoante Norberto Avena, já na hipótese de suspeição, os atos
II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado realizados, embora existentes, não absolutamente nulos, pois a
anteriormente sobre o objeto da perícia; suspeição não priva o juiz de sua jurisdição.
III - os analfabetos e os menores de 21 anos. Nada obstante, a suspeição não poderá ser declarada nem
Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicável, o disposto reconhecida, quando a parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo
sobre suspeição dos juízes. para criá-la (art. 256).
Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equiparados aos As hipóteses de suspeição, previstas em rol exemplificativo,
peritos. encontram-se no art. 254 do CPP. O juiz dar-se-á por suspeito, e, se
não o fizer, poderá ser recusado por qualquer das
a) se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;
1. INTRODUÇÃO b) se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver
respondendo a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso
Os sujeitos do processo são as pessoas que intervêm na relação haja controvérsia;
processual. São sujeitos do processo:
c) se ele, seu cônjuge, ou parente, consanguíneo, ou afim, até o terceiro
a) Juiz; grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha
b) Ministério Público; de ser julgado por qualquer das partes;
c) Acusado; d) se tiver aconselhado qualquer das partes;
d) Defensor; e) se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
e) Assistente de acusação; f) se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no
f) Peritos e intérpretes. processo.

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Jurisprudência relacionada: Dispõe o art. 259 que a impossibilidade de identificação do acusado com
O rol das hipóteses de suspeição é exemplificativo. o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação
penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do
Os fatos descritos não se subsumem perfeitamente às hipóteses
processo, do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta
previstas no art. 254 do Código de Processo Penal, contudo, o rol de
a sua qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem
suspeições é exemplificativo, sendo, assim, imprescindível, para o
prejuízo da validade dos atos precedentes.
reconhecimento da suspeição do magistrado, não a adequação perfeita
da realidade à uma das proposições do referido dispositivo legal, mas
sim, a constatação do efetivo comprometimento do julgador com a
causa (STJ: REsp 1.379.140/SC). 5. DEFENSOR
A ampla defesa divide-se em autodefesa e defesa técnica. A última,
Diferenças entre impedimento e suspeição: realizada por advogado ou defensor público, é irrenunciável e
Impedimento (arts. indispensável.
Suspeição (art. 254)
252 e 253) Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou
Incapacidade objetiva Incapacidade subjetiva julgado sem defensor. A defesa técnica, quando realizada por defensor
Natureza: público ou dativo, será sempre exercida através de manifestação
do magistrado do magistrado
Natureza do fundamentada. (art. 261 do CPP).
Atos inexistentes Atos nulos Destaque se que, contrário da defesa técnica, a autodefesa é
vício:
Rol: Taxativo Exemplificativo renunciável, não podendo o réu ser compelido a falar, tampouco a
comparecer para o interrogatório. Neste sentido, o Supremo tribunal
Hipóteses Endoprocessuais Extraprocessuais.
Federal, no julgamento da ADPF 444, concluiu pela não compatibilidade
da condução coercitiva do réu, para interrogatório, com a Constituição
2.1.3. Cessação do impedimento e da suspeição Federal, o que foi noticiado no informativo de jurisprudência n. 905
Consoante o art. 255 do CPP, o impedimento ou suspeição decorrente daquela corte.
de parentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento que Informativo 905 do STF:
Ihe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que
dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o O Plenário, por maioria, julgou procedente o pedido formulado em
sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no arguições de descumprimento de preceito fundamental para declarar a
processo. não recepção da expressão "para o interrogatório" constante do art. 260
(1) do CPP, e a incompatibilidade com a Constituição Federal da
condução coercitiva de investigados ou de réus para interrogatório, sob
3. MINISTÉRIO PÚBLICO pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
autoridade e de ilicitude das provas obtidas, sem prejuízo da
O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função responsabilidade civil do Estado.
jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do
regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis
(art. 127 da CF). 5.1. Espécies de defensor
Na seara criminal, ao Ministério Público cabe (art. 257 do CPP). A tabela abaixo classifica as espécies de defensor
a) promover, privativamente, a ação penal pública, na forma Defensor É o advogado escolhido pelo acusado para
estabelecida no Código de Processo Penal; constituído patrocinar a sua defesa.
b) fiscalizar a execução da lei.
Defensor É a denominação empregada para designar o
Como titular da ação penal, o Ministério Público deve ser imparcial.9
dativo advogado nomeado pelo juiz para representar o
Com efeito, as hipóteses de impedimento e suspeição do juiz se acusado que foi omisso na constituição de seu
estendem, no que lhes for aplicável, aos órgãos do Ministério Público. procurador.
Súmula 234 do STJ:
Defensor ad É aquele nomeado pelo juiz para atos
A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória hoc processuais determinados.
criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o
oferecimento da denúncia. Defensor É o integrante de instituição estatal encarregado
Público de prestar assistência jurídica integral e gratuita
Ademais, os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos aos que comprovarem insuficiência de recursos.
processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou
parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro
grau, inclusive.
6. ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO
6.1. Conceito
4. ACUSADO
O assistente de acusação, exclusivo da ação penal pública, consiste no
O acusado é aquele em face de quem se imputa a prática de uma sujeito que, através de advogado ou defensor, atua no processo a fim
infração penal. de auxiliar o Ministério Público na função acusatória.

9 Art. 258. Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente,
consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, e a eles se estendem, no que Ihes for aplicável, as prescrições
relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes.

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6.2. Legitimados 2. O ROL DAS HIPÓTESES DE SUSPEIÇÃO É EXEMPLIFICATIVO
Segundo o art. 268 do CPP, em todos os termos da ação pública, poderá Os fatos descritos não se subsumem perfeitamente às hipóteses
intervir, como assistente do Ministério Público: previstas no art. 254 do Código de Processo Penal, contudo, o rol de
a) o ofendido ou seu representante legal; suspeições é exemplificativo, sendo, assim, imprescindível, para o
b) na falta do ofendido ou do seu representante legal, seu cônjuge, reconhecimento da suspeição do magistrado, não a adequação perfeita
ascendente, descendente ou irmão. da realidade à uma das proposições do referido dispositivo legal, mas
sim, a constatação do efetivo comprometimento do julgador com a
6.3. Admissão
causa (STJ: REsp 1.379.140/SC).
O assistente será admitido até o trânsito julgado da sentença penal e
3. O MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO QUE REALIZOU
receberá a causa no estado em que se encontrar (art. 269 do CPP).
INVESTIGAÇÃO EM FACE DO ACUSADO NÃO ESTÁ IMPEDIDO DE
O Ministério Público será ouvido previamente sobre a admissão do OFERECER DENÚNCIA
assistente (art. 272 do CPP).
Súmula 234 do STJ: A participação de membro do Ministério Público
6.4. Papéis do assistente de acusação na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou
Ao assistente será permitido (art. 271): suspeição para o oferecimento da denúncia.
a) propor meios de prova; 4. O prazo para o assistente recorrer, supletivamente, começa a
b) requerer perguntas às testemunhas; correr imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério
c) aditar o libelo e os articulados; Público (Súmula 448 do STF).
d) participar do debate oral; 5. O ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO PODE RECORRER DA
e) arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele SENTENÇA ABSOLUTÓRIA, AINDA QUE O MINISTÉRIO PÚBLICO
próprio. TENHA PEDIDO A ABSOLVIÇÃO DO RÉU
6.5. Decisão Informativo 555 do STJ: Quando a Defensoria Pública atuar como
representante do assistente de acusação, é dispensável a juntada
Segundo o art. 273 do CPP, do despacho que admitir, ou não, o
de procuração com poderes especiais. Isso porque o defensor
assistente, não caberá recurso. Nada obstante, é possível a impetração
público deve juntar procuração judicial somente nas hipóteses em que
de mandado de segurança, ação autônoma de impugnação.
a lei exigir poderes especiais (arts. 44, XI, 89, XI, e 128, XI, da LC
80/1994). Ressalte-se que a Defensoria Pública tem por função
7. PERITOS E INTÉRPRETES institucional patrocinar tanto a ação penal privada quanto a subsidiária
da pública, não havendo incompatibilidade com a função acusatória.
As disposições sobre peritos e intérpretes encontram-se entre os arts. Assim, nada impede que a referida instituição possa prestar assistência
275 a 281 do CPP. jurídica, atuando como assistente de acusação, nos termos dos arts.
Em relação à imparcialidade dos peritos e intérpretes, a eles se estende, 268 e seguintes do CPP
no que Ihes for aplicável, o disposto sobre suspeição dos juízes (art. 6. A AUSÊNCIA DE DEFENSOR, DEVIDAMENTE INTIMADO, À
280 do CPP. SESSÃO DE JULGAMENTO NÃO IMPLICA, POR SI SÓ, NULIDADE
No mais, Os intérpretes são, para todos os efeitos, equiparados aos PROCESSUAL (Informativo 950 do STF).
peritos (art. 281). 7. HIPÓTESE EM QUE A AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO PESSOAL DO
Por fim, cumpre ressaltar que as partes não intervirão na nomeação do DEFENSOR DATIVO NÃO GERA RECONHECIMENTO DE
perito (art. 276). NULIDADE
Informativo 560 do STJ: A intimação do defensor dativo apenas pela
impressa oficial não implica reconhecimento de nulidade caso este
8. SÙMULAS RELACIONADAS tenha optado expressamente por esta modalidade de comunicação dos
Súmula 208 do STF: O assistente do Ministério Público não pode atos processuais, declinando da prerrogativa de ser intimado
recorrer, extraordinariamente, de decisão concessiva de habeas corpus. pessoalmente.
Súmula 210 do STF: O assistente do Ministério Público pode recorrer, 8. PROCURAÇÃO COM PODERES ESPECIAIS PARA OPOSIÇÃO
inclusive extraordinariamente, na ação penal, nos casos dos arts. 584, DE EXEÇÃO DE SUSPEIÇÃO
§ 1º, e 598 do Cód. de Proc. Penal. Informativo 560 do STJ: É exigível procuração com poderes especiais
Súmula 234 do STJ: A participação de membro do Ministério Público na para que seja oposta exceção de suspeição por réu representado pela
fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou Defensoria Pública, mesmo que o acusado esteja ausente do distrito da
suspeição para o oferecimento da denúncia. culpa.

9. JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA
1. O ROL DAS HIPÓTESES DE IMPEDIMENTO É TAXATIVO
O Superior Tribunal de Justiça - STJ já decidiu em casos anteriores que
as hipóteses de impedimento tem seu rol taxativo previsto no art. 252
do CPP, não se aplicando aos casos em que o julgador não tiver se
manifestado sobre as mesmas questões de fato e de direito (STJ: HC
162.491/SC).

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CAPÍTULO XII – ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL
TÍTULO X Parágrafo único. Completada a citação com hora certa, se o acusado
DAS CITAÇÕES E INTIMAÇÕES não comparecer, ser-lhe-á nomeado defensor dativo. (Incluído
CAPÍTULO I pela Lei nº 11.719, de 2008).
DAS CITAÇÕES Art. 363. O processo terá completada a sua formação quando realizada
a citação do acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.719, de
Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver 2008).
no território sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado.
§ 1o Não sendo encontrado o acusado, será procedida a citação por
Art. 352. O mandado de citação indicará: edital. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
I - o nome do juiz; § 4o Comparecendo o acusado citado por edital, em qualquer tempo, o
II - o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; processo observará o disposto nos arts. 394 e seguintes deste Código.
III - o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
característicos; Art. 364. No caso do artigo anterior, no I, o prazo será fixado pelo juiz
IV - a residência do réu, se for conhecida; entre 15 (quinze) e 90 (noventa) dias, de acordo com as circunstâncias,
V - o fim para que é feita a citação; e, no caso de no II, o prazo será de trinta dias.
VI - o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer; Art. 365. O edital de citação indicará:
I - o nome do juiz que a determinar;
VII - a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.
II - o nome do réu, ou, se não for conhecido, os seus sinais
Art. 353. Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz
característicos, bem como sua residência e profissão, se constarem do
processante, será citado mediante precatória.
processo;
Art. 354. A precatória indicará:
III - o fim para que é feita a citação;
I - o juiz deprecado e o juiz deprecante; IV - o juízo e o dia, a hora e o lugar em que o réu deverá comparecer;
II - a sede da jurisdição de um e de outro; V - o prazo, que será contado do dia da publicação do edital na
Ill - o fim para que é feita a citação, com todas as especificações; imprensa, se houver, ou da sua afixação.
IV - o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer. Parágrafo único. O edital será afixado à porta do edifício onde funcionar
Art. 355. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, o juízo e será publicado pela imprensa, onde houver, devendo a
independentemente de traslado, depois de lançado o "cumpra-se" e de afixação ser certificada pelo oficial que a tiver feito e a publicação
feita a citação por mandado do juiz deprecado. provada por exemplar do jornal ou certidão do escrivão, da qual conste
§ 1o Verificado que o réu se encontra em território sujeito à jurisdição a página do jornal com a data da publicação.
de outro juiz, a este remeterá o juiz deprecado os autos para efetivação Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
da diligência, desde que haja tempo para fazer-se a citação. advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo
§ 2o Certificado pelo oficial de justiça que o réu se oculta para não ser prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das
citado, a precatória será imediatamente devolvida, para o fim previsto provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão
no art. 362. preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redação dada
pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
Art. 356. Se houver urgência, a precatória, que conterá em resumo os
Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado
requisitos enumerados no art. 354, poderá ser expedida por via
ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem
telegráfica, depois de reconhecida a firma do juiz, o que a estação
motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não
expedidora mencionará.
comunicar o novo endereço ao juízo. (Redação dada pela Lei nº
Art. 357. São requisitos da citação por mandado: 9.271, de 17.4.1996)
I - leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será
qual se mencionarão dia e hora da citação; citado mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de
II - declaração do oficial, na certidão, da entrega da contrafé, e sua prescrição até o seu cumprimento. (Redação dada pela Lei nº
aceitação ou recusa. 9.271, de 17.4.1996)
Art. 358. A citação do militar far-se-á por intermédio do chefe do Art. 369. As citações que houverem de ser feitas em legações
respectivo serviço. estrangeiras serão efetuadas mediante carta rogatória. (Redação
Art. 359. O dia designado para funcionário público comparecer em dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
juízo, como acusado, será notificado assim a ele como ao chefe de sua
repartição. CAPÍTULO II
Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado. DAS INTIMAÇÕES
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) Art. 370. Nas intimações dos acusados, das testemunhas e demais
Art. 361. Se o réu não for encontrado, será citado por edital, com o pessoas que devam tomar conhecimento de qualquer ato, será
prazo de 15 (quinze) dias. observado, no que for aplicável, o disposto no Capítulo anterior.
Art. 362. Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
de justiça certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa, § 1o A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e
na forma estabelecida nos arts. 227 a 229 da Lei no 5.869, de 11 de do assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade
janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. (Redação dada pela dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome
Lei nº 11.719, de 2008). do acusado. (Incluído Lei nº 9.271, de 17.4.1996)

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§ 2o Caso não haja órgão de publicação dos atos judiciais na comarca, 2.2.1.2. Citação por precatória
a intimação far-se-á diretamente pelo escrivão, por mandado, ou via Nos termos do art. 353 do CPP, dar-se-á a citação por carta precatória
postal com comprovante de recebimento, ou por qualquer outro meio quando o réu residir em comarca distinta da jurisdição do juiz
idôneo. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996) processante. A precatória indicará (art. 354):
§ 3o A intimação pessoal, feita pelo escrivão, dispensará a aplicação a a) o juiz deprecado e o juiz deprecante;
que alude o § 1o. (Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
b) a sede da jurisdição de um e de outro;
§ 4 A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será
o
c) o fim para que é feita a citação, com todas as especificações;
pessoal. (Incluído pela Lei nº 9.271, de 17.4.1996)
d) o juízo do lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer.
Art. 371. Será admissível a intimação por despacho na petição em que
for requerida, observado o disposto no art. 357. A precatória será devolvida ao juiz deprecante, independentemente de
Art. 372. Adiada, por qualquer motivo, a instrução criminal, o juiz traslado, depois de lançado o "cumpra-se" e de feita a citação por
marcará desde logo, na presença das partes e testemunhas, dia e hora mandado do juiz deprecado (art. 355, caput, do CPP).
para seu prosseguimento, do que se lavrará termo nos autos. A carta precatória poderá ganhar contornos itinerantes. Com efeito,
estabelece o art. 355, § 1º do CPP que, verificado que o réu se encontra
em território sujeito à jurisdição de outro juiz, a este remeterá o juiz
1. INTRODUÇÃO deprecado os autos para efetivação da diligência, desde que haja tempo
A doutrina classifica em três as formas de comunicação processual: para fazer-se a citação.
citação, intimação e notificação. Súmula 273 do STJ:
a) citação: trata-se da ciência da imputação ao acusado, chamando-o Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se
a se defender. desnecessária intimação da data da audiência no juízo deprecado.
b) intimação: cuida-se da comunicação à parte de que foi praticado um 2.2.1.3. Citação por carta rogatória
ato do processo.
Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado
c) notificação: comunicação para que uma das partes adote uma mediante carta rogatória, suspendendo-se o curso do prazo de
conduta positiva. prescrição até o seu cumprimento. (art. 368 do CPP). Caso o acusado
esteja no estrangeiro, mas em local não sabido, será citado por edital.
2. CITAÇÃO As citações que houverem de ser feitas em legações estrangeiras serão
efetuadas mediante carta rogatória (art. 369 do CPP).
2.1. Conceito
2.2.1.4. Especificidades na citação pessoal
A citação é o ato pelo qual é dada ciência ao réu aos termos da
a) citação do militar: a citação do militar far-se-á por intermédio do
acusação, ocasião em que será chamado a apresentar resposta à
acusação. chefe do respectivo serviço (art.358 do CPP).
2.2. Espécies b) citação do funcionário público: o dia designado para funcionário
público comparecer em juízo, como acusado, será notificado assim a
A citação pode ser real (ou pessoal) ou ficta (presumida). A primeira
ele como ao chefe de sua repartição (art. 359 do CPP).
ocorre através de oficial de justiça, através de mandado, carta
precatória, carta rogatória ou carta de ordem. A segunda ocorre através c) citação do réu preso: se o réu estiver preso, será pessoalmente
de citação por edital ou citação por hora certa citado (art. 360 do CPP).
2.2.1. Citação pessoal Súmula 351 do STF:
2.2.1.1. Citação por mandado É nula a citação por edital de réu preso na mesma unidade da
A citação por mandado, realizada por oficial de justiça, é a regra no Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição.
processo penal. 2.2.2. Citação ficta
A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território 2.2.2.1. Citação por edital
sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado
Trata-se de citação ficta cabível quando o réu está em local incerto e
Os requisitos da citação por edital estão no art. 352 do CPP, quais
não sabido.
sejam:
Consoante o art. 366 do CPP, se o acusado, citado por edital, não
a) o nome do juiz;
comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e
b) o nome do querelante nas ações iniciadas por queixa; o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção
c) o nome do réu, ou, se for desconhecido, os seus sinais antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar
característicos; prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312 do CPP.
d) a residência do réu, se for conhecida;
Súmula 415 do STJ:
e) o fim para que é feita a citação;
O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo
f) o juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá comparecer;
da pena cominada.
g) a subscrição do escrivão e a rubrica do juiz.
Súmula 455 do STJ: A decisão que determina a produção antecipada
Além disso, são requisitos da citação por mandado a leitura do mandado de provas com base no art. 366 do CPP deve ser concretamente
ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na qual se mencionarão fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo.
dia e hora da citação; e a declaração do oficial, na certidão, da entrega
da contrafé, e sua aceitação ou recusa (art. 357 do CPP). O processo, no entanto, voltará a correr se o réu citado por edital, em
qualquer tempo, comparecer (art. 363, § 4º, do CPP).

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2.2.2.2. Citação por hora certa ANOTAÇÕES
Verificando que o réu se oculta para não ser citado, o oficial de justiça
certificará a ocorrência e procederá à citação com hora certa.
Completada a citação com hora certa, se o acusado não comparecer,
ser-lhe-á nomeado defensor dativo.
A citação por hora certa encontra previsão no Código de Processo Penal
no art. 362. Contudo, o seu regramento específico se encontra entre os
arts. 252 a 254 do CPC.

3. INTIMAÇÃO
A intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do
assistente far-se-á por publicação no órgão incumbido da publicidade
dos atos judiciais da comarca, incluindo, sob pena de nulidade, o nome
do acusado (art. 370, § 1º do CPP).
A intimação do Ministério Público e do defensor nomeado será pessoal
(art. 370, § 4º do CPP).
3.1. Contagem de prazo no processo penal
Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios,
não se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado (art. 798 do
CPP). Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se,
porém, o do vencimento.
O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á
prorrogado até o dia útil imediato.
Súmula 310 do STF:
Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com
efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial terá início na
segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente, caso em que
começará no primeiro dia útil que se seguir.
Súmula 710 do STF: No processo penal, contam-se os prazos da data
da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta
precatória ou de ordem.

4. SÚMULAS RELACIONADAS
Súmula 273 do STJ: Intimada a defesa da expedição da carta
precatória, torna-se desnecessária intimação da data da audiência no
juízo deprecado.
Súmula 415 do STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é
regulado pelo máximo da pena cominada.
Súmula 455 do STJ: A decisão que determina a produção antecipada
de provas com base no art. 366 do CPP deve ser concretamente
fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do tempo.
Súmula 155 do STF: É relativa a nulidade do processo criminal por falta
de intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha.
Súmula 310 do STF: Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou
a publicação com efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo judicial
terá início na segunda-feira imediata, salvo se não houver expediente,
caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir.
Súmula 351 do STF: É nula a citação por edital de réu preso na mesma
unidade da Federação em que o juiz exerce a sua jurisdição.
Súmula 366 do STF: Não é nula a citação por edital que indica o
dispositivo da lei penal, embora não transcreva a denúncia ou queixa,
ou não resuma os fatos em que se baseia.
Súmula 710 do STF: No processo penal, contam-se os prazos da data
da intimação, e não da juntada aos autos do mandado ou da carta
precatória ou de ordem.

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CAPÍTULO XIII – PROVAS
TÍTULO VII Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os
DA PROVA procedimentos utilizados para manter e documentar a história
CAPÍTULO I cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes,
DISPOSIÇÕES GERAIS para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até
o descarte. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova
produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua § 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de
decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja
investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e detectada a existência de vestígio. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) 2019)
Parágrafo único. Somente quanto ao estado das pessoas serão § 2º O agente público que reconhecer um elemento como de potencial
observadas as restrições estabelecidas na lei civil. (Incluído interesse para a produção da prova pericial fica responsável por sua
pela Lei nº 11.690, de 2008) preservação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, § 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente,
facultado ao juiz de ofício: (Redação dada pela Lei nº constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal. (Incluído
11.690, de 2008) pela Lei nº 13.964, de 2019)
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção Art. 158-B. A cadeia de custódia compreende o rastreamento do vestígio
antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando nas seguintes etapas: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida; I - reconhecimento: ato de distinguir um elemento como de potencial
(Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) interesse para a produção da prova pericial; (Incluído pela Lei nº
II – determinar, no curso da instrução, ou antes de proferir sentença, a 13.964, de 2019)
realização de diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante. II - isolamento: ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo
(Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) isolar e preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos
Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, vestígios e local de crime; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas III - fixação: descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no
constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei nº 11.690, local de crime ou no corpo de delito, e a sua posição na área de exames,
de 2008) podendo ser ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo
§ 1o São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo indispensável a sua descrição no laudo pericial produzido pelo perito
quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou responsável pelo atendimento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente IV - coleta: ato de recolher o vestígio que será submetido à análise
das primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
pericial, respeitando suas características e natureza; (Incluído pela
§ 2o Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo Lei nº 13.964, de 2019)
os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução
V - acondicionamento: procedimento por meio do qual cada vestígio
criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova. (Incluído
coletado é embalado de forma individualizada, de acordo com suas
pela Lei nº 11.690, de 2008)
características físicas, químicas e biológicas, para posterior análise,
§ 3o Preclusa a decisão de desentranhamento da prova declarada com anotação da data, hora e nome de quem realizou a coleta e o
inadmissível, esta será inutilizada por decisão judicial, facultado às acondicionamento; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
partes acompanhar o incidente. (Incluído pela Lei nº 11.690,
de 2008) VI - transporte: ato de transferir o vestígio de um local para o outro,
utilizando as condições adequadas (embalagens, veículos,
§ 4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
temperatura, entre outras), de modo a garantir a manutenção de suas
§ 5º O juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada inadmissível características originais, bem como o controle de sua posse; (Incluído
não poderá proferir a sentença ou acórdão. (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 13.964, de 2019)
13.964, de 2019)
VII - recebimento: ato formal de transferência da posse do vestígio, que
deve ser documentado com, no mínimo, informações referentes ao
CAPÍTULO II número de procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada,
DO EXAME DE CORPO DE DELITO, DA CADEIA DE local de origem, nome de quem transportou o vestígio, código de
CUSTÓDIA E DAS PERÍCIAS EM GERAL rastreamento, natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura
(Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019) e identificação de quem o recebeu; (Incluído pela Lei nº 13.964, de
2019)
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o
exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a VIII - processamento: exame pericial em si, manipulação do vestígio de
confissão do acusado. acordo com a metodologia adequada às suas características biológicas,
Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo físicas e químicas, a fim de se obter o resultado desejado, que deverá
de delito quando se tratar de crime que envolva: (Incluído dada pela Lei ser formalizado em laudo produzido por perito; (Incluído pela Lei nº
nº 13.721, de 2018) 13.964, de 2019)
I - violência doméstica e familiar contra mulher; (Incluído dada pela Lei IX - armazenamento: procedimento referente à guarda, em condições
nº 13.721, de 2018) adequadas, do material a ser processado, guardado para realização de
contraperícia, descartado ou transportado, com vinculação ao número
II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com
do laudo correspondente; (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
deficiência. (Incluído dada pela Lei nº 13.721, de 2018)

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X - descarte: procedimento referente à liberação do vestígio, Parágrafo único. Caso a central de custódia não possua espaço ou
respeitando a legislação vigente e, quando pertinente, mediante condições de armazenar determinado material, deverá a autoridade
autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) policial ou judiciária determinar as condições de depósito do referido
Art. 158-C. A coleta dos vestígios deverá ser realizada material em local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão
preferencialmente por perito oficial, que dará o encaminhamento central de perícia oficial de natureza criminal. (Incluído pela Lei nº
necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária a 13.964, de 2019)
realização de exames complementares. (Incluído pela Lei nº 13.964, Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados
de 2019) por perito oficial, portador de diploma de curso superior. (Redação
dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
§ 1º Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo
devem ser tratados como descrito nesta Lei, ficando órgão central de § 1o Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas)
perícia oficial de natureza criminal responsável por detalhar a forma do pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior
preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação
seu cumprimento. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
técnica relacionada com a natureza do exame. (Redação dada
§ 2º É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de pela Lei nº 11.690, de 2008)
quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente
perito responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua
desempenhar o encargo. (Redação dada pela Lei nº
realização. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
11.690, de 2008)
Art. 158-D. O recipiente para acondicionamento do vestígio será § 3o Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação,
determinado pela natureza do material. (Incluído pela Lei nº 13.964, ao ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e
de 2019) indicação de assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 11.690,
§ 1º Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com de 2008)
numeração individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a § 4o O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e
idoneidade do vestígio durante o transporte. (Incluído pela Lei nº após a conclusão dos exames e elaboração do laudo pelos peritos
13.964, de 2019) oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. (Incluído
§ 2º O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas pela Lei nº 11.690, de 2008)
características, impedir contaminação e vazamento, ter grau de § 5o Durante o curso do processo judicial, é permitido às partes, quanto
resistência adequado e espaço para registro de informações sobre seu à perícia: (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
conteúdo. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para
§ 3º O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os
análise e, motivadamente, por pessoa autorizada. (Incluído pela Lei quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com
nº 13.964, de 2019) antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as
§ 4º Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de respostas em laudo complementar; (Incluído pela Lei nº
acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a 11.690, de 2008)
data, o local, a finalidade, bem como as informações referentes ao novo II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em
lacre utilizado. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência.
§ 5º O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
recipiente. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019) § 6o Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu
Art. 158-E. Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial,
de custódia destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão que manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para
deve ser vinculada diretamente ao órgão central de perícia oficial de exame pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação.
(Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
natureza criminal. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 7o Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área
§ 1º Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo,
de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais
com local para conferência, recepção, devolução de materiais e
de um perito oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico.
documentos, possibilitando a seleção, a classificação e a distribuição de
(Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
materiais, devendo ser um espaço seguro e apresentar condições
ambientais que não interfiram nas características do vestígio. Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão
minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
formulados. (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
§ 2º Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser
Parágrafo único. O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de
protocoladas, consignando-se informações sobre a ocorrência no
10 dias, podendo este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a
inquérito que a eles se relacionam. (Incluído pela Lei nº 13.964, de
requerimento dos peritos. (Redação dada pela Lei nº 8.862,
2019)
de 28.3.1994)
§ 3º Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser feito em qualquer dia
deverão ser identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do e a qualquer hora.
acesso. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito,
§ 4º Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações salvo se os peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que
deverão ser registradas, consignando-se a identificação do responsável possa ser feita antes daquele prazo, o que declararão no auto.
pela tramitação, a destinação, a data e horário da ação. (Incluído pela
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame
Lei nº 13.964, de 2019) externo do cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou
Art. 158-F. Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido quando as lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não
à central de custódia, devendo nela permanecer. (Incluído pela Lei nº houver necessidade de exame interno para a verificação de alguma
13.964, de 2019) circunstância relevante.

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Art. 163. Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade ou para o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as
providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize demais circunstâncias que interessarem à elucidação do fato.
a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado. Art. 174. No exame para o reconhecimento de escritos, por comparação
Parágrafo único. O administrador de cemitério público ou particular de letra, observar-se-á o seguinte:
indicará o lugar da sepultura, sob pena de desobediência. No caso de I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será
recusa ou de falta de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o intimada para o ato, se for encontrada;
cadáver em lugar não destinado a inumações, a autoridade procederá II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos que a dita
às pesquisas necessárias, o que tudo constará do auto. pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida;
forem encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os
externas e vestígios deixados no local do crime. (Redação documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos,
dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994) ou nestes realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados;
Art. 165. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os
IV - quando não houver escritos para a comparação ou forem
peritos, quando possível, juntarão ao laudo do exame provas
insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva
fotográficas, esquemas ou desenhos, devidamente rubricados.
o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo,
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se
proceder-se-á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever.
Estatística ou repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas,
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumentos empregados para a
lavrando-se auto de reconhecimento e de identidade, no qual se
descreverá o cadáver, com todos os sinais e indicações. prática da infração, a fim de se Ihes verificar a natureza e a eficiência.
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arrecadados e autenticados Art. 176. A autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato
todos os objetos encontrados, que possam ser úteis para a identificação da diligência.
do cadáver. Art. 177. No exame por precatória, a nomeação dos peritos far-se-á no
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem juízo deprecado. Havendo, porém, no caso de ação privada, acordo das
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a partes, essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecante.
falta. Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes serão transcritos na
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial precatória.
tiver sido incompleto, proceder-se-á a exame complementar por Art. 178. No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autoridade
determinação da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a ao diretor da repartição, juntando-se ao processo o laudo assinado
requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de pelos peritos.
seu defensor. Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão lavrará o auto
§ 1o No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo respectivo, que será assinado pelos peritos e, se presente ao exame,
de delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo. também pela autoridade.
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito no art. Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo único, o laudo, que
129, § 1o, I, do Código Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo poderá ser datilografado, será subscrito e rubricado em suas folhas por
de 30 dias, contado da data do crime. todos os peritos.
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignadas no
testemunhal. auto do exame as declarações e respostas de um e de outro, ou cada
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde houver sido praticada a um redigirá separadamente o seu laudo, e a autoridade nomeará um
infração, a autoridade providenciará imediatamente para que não se terceiro; se este divergir de ambos, a autoridade poderá mandar
altere o estado das coisas até a chegada dos peritos, que poderão proceder a novo exame por outros peritos.
instruir seus laudos com fotografias, desenhos ou esquemas Art. 181. No caso de inobservância de formalidades, ou no caso de
elucidativos. (Vide Lei nº 5.970, de 1973) omissões, obscuridades ou contradições, a autoridade judiciária
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do mandará suprir a formalidade, complementar ou esclarecer o laudo.
estado das coisas e discutirão, no relatório, as conseqüências dessas (Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
alterações na dinâmica dos fatos. (Incluído pela Lei nº 8.862, Parágrafo único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda
de 28.3.1994) a novo exame, por outros peritos, se julgar conveniente.
Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos guardarão material Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo ou rejeitá-
suficiente para a eventualidade de nova perícia. Sempre que lo, no todo ou em parte.
conveniente, os laudos serão ilustrados com provas fotográficas, ou
microfotográficas, desenhos ou esquemas. Art. 183. Nos crimes em que não couber ação pública, observar-se-á o
disposto no art. 19.
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de
obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a
além de descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por autoridade policial negará a perícia requerida pelas partes, quando não
que meios e em que época presumem ter sido o fato praticado. for necessária ao esclarecimento da verdade.
Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à avaliação de coisas
destruídas, deterioradas ou que constituam produto do crime. CAPÍTULO III
Parágrafo único. Se impossível a avaliação direta, os peritos DO INTERROGATÓRIO DO ACUSADO
procederão à avaliação por meio dos elementos existentes nos autos e Art. 185. O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no
dos que resultarem de diligências. curso do processo penal, será qualificado e interrogado na presença de
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar seu defensor, constituído ou nomeado. (Redação dada pela
em que houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)

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§ 1o O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor
estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam da acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o
garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder
auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do ato. perguntas que lhe forem formuladas. (Redação dada pela
(Redação dada pela Lei nº 11.900, de 2009) Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
§ 2o Excepcionalmente, o juiz, por decisão fundamentada, de ofício ou Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não
a requerimento das partes, poderá realizar o interrogatório do réu preso poderá ser interpretado em prejuízo da defesa. (Incluído
por sistema de videoconferência ou outro recurso tecnológico de pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
transmissão de sons e imagens em tempo real, desde que a medida Art. 187. O interrogatório será constituído de duas partes: sobre a
seja necessária para atender a uma das seguintes finalidades: pessoa do acusado e sobre os fatos. (Redação dada pela
(Redação dada pela Lei nº 11.900, de 2009) Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita § 1o Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a
de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra residência, meios de vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar
razão, possa fugir durante o deslocamento; (Incluído pela onde exerce a sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso
Lei nº 11.900, de 2009) ou processado alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do
II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando processo, se houve suspensão condicional ou condenação, qual a pena
haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por imposta, se a cumpriu e outros dados familiares e sociais.
enfermidade ou outra circunstância pessoal; (Incluído pela (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
Lei nº 11.900, de 2009) § 2o Na segunda parte será perguntado sobre: (Incluído pela
III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima, Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
desde que não seja possível colher o depoimento destas por I - ser verdadeira a acusação que lhe é feita; (Incluído pela
videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código; Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
(Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum motivo particular a
IV - responder à gravíssima questão de ordem pública. (Incluído que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a quem deva ser
pela Lei nº 11.900, de 2009) imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com elas esteve antes
§ 3o Da decisão que determinar a realização de interrogatório por da prática da infração ou depois dela; (Incluído pela Lei nº
videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de 10.792, de 1º.12.2003)
antecedência. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009) III - onde estava ao tempo em que foi cometida a infração e se teve
§ 4 Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá
o notícia desta; (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realização de todos os IV - as provas já apuradas; (Incluído pela Lei nº 10.792,
atos da audiência única de instrução e julgamento de que tratam os arts. de 1º.12.2003)
400, 411 e 531 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.900, V - se conhece as vítimas e testemunhas já inquiridas ou por inquirir, e
de 2009) desde quando, e se tem o que alegar contra elas; (Incluído
§ 5o Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
o direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou
realizado por videoconferência, fica também garantido o acesso a qualquer objeto que com esta se relacione e tenha sido apreendido;
canais telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que (Incluído pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
esteja no presídio e o advogado presente na sala de audiência do VII - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação
Fórum, e entre este e o preso. (Incluído pela Lei nº 11.900, dos antecedentes e circunstâncias da infração; (Incluído
de 2009) pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
§ 6o A sala reservada no estabelecimento prisional para a realização de VIII - se tem algo mais a alegar em sua defesa. (Incluído
atos processuais por sistema de videoconferência será fiscalizada pelos pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
corregedores e pelo juiz de cada causa, como também pelo Ministério
Público e pela Ordem dos Advogados do Brasil. (Incluído Art. 188. Após proceder ao interrogatório, o juiz indagará das partes se
pela Lei nº 11.900, de 2009) restou algum fato para ser esclarecido, formulando as perguntas
correspondentes se o entender pertinente e relevante.
§ 7o Será requisitada a apresentação do réu preso em juízo nas (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
hipóteses em que o interrogatório não se realizar na forma prevista nos
§§ 1o e 2o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.900, de Art. 189. Se o interrogando negar a acusação, no todo ou em parte,
2009) poderá prestar esclarecimentos e indicar provas. (Redação
dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
§ 8o Aplica-se o disposto nos §§ 2o, 3o, 4o e 5o deste artigo, no que
couber, à realização de outros atos processuais que dependam da Art. 190. Se confessar a autoria, será perguntado sobre os motivos e
participação de pessoa que esteja presa, como acareação, circunstâncias do fato e se outras pessoas concorreram para a infração,
reconhecimento de pessoas e coisas, e inquirição de testemunha ou e quais sejam. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003)
tomada de declarações do ofendido. (Incluído pela Lei nº Art. 191. Havendo mais de um acusado, serão interrogados
11.900, de 2009) separadamente. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de
§ 9o Na hipótese do § 8o deste artigo, fica garantido o acompanhamento 1º.12.2003)
do ato processual pelo acusado e seu defensor. (Incluído Art. 192. O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-mudo será
pela Lei nº 11.900, de 2009) feito pela forma seguinte: (Redação dada pela Lei nº
§ 10. Do interrogatório deverá constar a informação sobre a existência 10.792, de 1º.12.2003)
de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele
e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado responderá oralmente; (Redação dada pela Lei nº 10.792,
pela pessoa presa (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) de 1º.12.2003)

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II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por depoimentos e outras informações constantes dos autos a seu respeito
escrito; (Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) para evitar sua exposição aos meios de comunicação.
III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
mesmo modo dará as respostas. (Redação dada pela Lei
nº 10.792, de 1º.12.2003) CAPÍTULO VI
Parágrafo único. Caso o interrogando não saiba ler ou escrever, intervirá DAS TESTEMUNHAS
no ato, como intérprete e sob compromisso, pessoa habilitada a Art. 202. Toda pessoa poderá ser testemunha.
entendê-lo. (Redação dada pela Lei nº 10.792, de
Art. 203. A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer
1º.12.2003)
a verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu
Art. 193. Quando o interrogando não falar a língua nacional, o nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profissão, lugar onde
interrogatório será feito por meio de intérprete. (Redação exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das
dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que
Art. 195. Se o interrogado não souber escrever, não puder ou não quiser souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as
assinar, tal fato será consignado no termo. (Redação circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade.
dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) Art. 204. O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido
Art. 196. A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de à testemunha trazê-lo por escrito.
ofício ou a pedido fundamentado de qualquer das partes. Parágrafo único. Não será vedada à testemunha, entretanto, breve
(Redação dada pela Lei nº 10.792, de 1º.12.2003) consulta a apontamentos.
Art. 205. Se ocorrer dúvida sobre a identidade da testemunha, o juiz
CAPÍTULO IV procederá à verificação pelos meios ao seu alcance, podendo,
DA CONFISSÃO entretanto, tomar-lhe o depoimento desde logo.
Art. 197. O valor da confissão se aferirá pelos critérios adotados para Art. 206. A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor.
os outros elementos de prova, e para a sua apreciação o juiz deverá Poderão, entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou
confrontá-la com as demais provas do processo, verificando se entre ela descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o
e estas existe compatibilidade ou concordância. irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e
constituir elemento para a formação do convencimento do juiz. de suas circunstâncias.
Art. 199. A confissão, quando feita fora do interrogatório, será tomada Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função,
por termo nos autos, observado o disposto no art. 195. ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se,
desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.
Art. 200. A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre
convencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto. Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos
doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos,
nem às pessoas a que se refere o art. 206.
CAPÍTULO V Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras
DO OFENDIDO testemunhas, além das indicadas pelas partes.
(Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) § 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que
Art. 201. Sempre que possível, o ofendido será qualificado e as testemunhas se referirem.
perguntado sobre as circunstâncias da infração, quem seja ou presuma § 2o Não será computada como testemunha a pessoa que nada souber
ser o seu autor, as provas que possa indicar, tomando-se por termo as que interesse à decisão da causa.
suas declarações. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de Art. 210. As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo
2008) que umas não saibam nem ouçam os depoimentos das outras, devendo
§ 1o Se, intimado para esse fim, deixar de comparecer sem motivo justo, o juiz adverti-las das penas cominadas ao falso testemunho.
o ofendido poderá ser conduzido à presença da autoridade. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008)
(Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) Parágrafo único. Antes do início da audiência e durante a sua
§ 2o O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao realização, serão reservados espaços separados para a garantia da
ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data para incomunicabilidade das testemunhas. (Incluído pela Lei nº 11.690,
audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou de 2008)
modifiquem. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) Art. 211. Se o juiz, ao pronunciar sentença final, reconhecer que alguma
§ 3o As comunicações ao ofendido deverão ser feitas no endereço por testemunha fez afirmação falsa, calou ou negou a verdade, remeterá
ele indicado, admitindo-se, por opção do ofendido, o uso de meio cópia do depoimento à autoridade policial para a instauração de
eletrônico. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) inquérito.
§ 4o Antes do início da audiência e durante a sua realização, será Parágrafo único. Tendo o depoimento sido prestado em plenário de
reservado espaço separado para o ofendido. (Incluído julgamento, o juiz, no caso de proferir decisão na audiência (art. 538, §
pela Lei nº 11.690, de 2008) 2o), o tribunal (art. 561), ou o conselho de sentença, após a votação dos
§ 5o Se o juiz entender necessário, poderá encaminhar o ofendido para quesitos, poderão fazer apresentar imediatamente a testemunha à
atendimento multidisciplinar, especialmente nas áreas psicossocial, de autoridade policial.
assistência jurídica e de saúde, a expensas do ofensor ou do Estado. Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à
(Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) testemunha, não admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a
§ 6o O juiz tomará as providências necessárias à preservação da resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na repetição
intimidade, vida privada, honra e imagem do ofendido, podendo, de outra já respondida. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de
inclusive, determinar o segredo de justiça em relação aos dados, 2008)

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Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá § 2o Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a
complementar a inquirição. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) todo tempo, a precatória, uma vez devolvida, será junta aos autos.
Art. 213. O juiz não permitirá que a testemunha manifeste suas § 3o Na hipótese prevista no caput deste artigo, a oitiva de testemunha
apreciações pessoais, salvo quando inseparáveis da narrativa do fato. poderá ser realizada por meio de videoconferência ou outro recurso
Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real, permitida
a testemunha ou argüir circunstâncias ou defeitos, que a tornem a presença do defensor e podendo ser realizada, inclusive, durante a
suspeita de parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fará consignar a realização da audiência de instrução e julgamento. (Incluído pela
contradita ou argüição e a resposta da testemunha, mas só excluirá a Lei nº 11.900, de 2009)
testemunha ou não Ihe deferirá compromisso nos casos previstos nos Art. 222-A. As cartas rogatórias só serão expedidas se demonstrada
arts. 207 e 208. previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente com
Art. 215. Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se, tanto os custos de envio. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)
quanto possível, às expressões usadas pelas testemunhas, Parágrafo único. Aplica-se às cartas rogatórias o disposto nos §§ 1o e
reproduzindo fielmente as suas frases. 2o do art. 222 deste Código. (Incluído pela Lei nº 11.900, de 2009)
Art. 216. O depoimento da testemunha será reduzido a termo, assinado Art. 223. Quando a testemunha não conhecer a língua nacional, será
por ela, pelo juiz e pelas partes. Se a testemunha não souber assinar, nomeado intérprete para traduzir as perguntas e respostas.
ou não puder fazê-lo, pedirá a alguém que o faça por ela, depois de lido Parágrafo único. Tratando-se de mudo, surdo ou surdo-mudo,
na presença de ambos. proceder-se-á na conformidade do art. 192.
Art. 217. Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar Art. 224. As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um ano,
humilhação, temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao qualquer mudança de residência, sujeitando-se, pela simples omissão,
ofendido, de modo que prejudique a verdade do depoimento, fará a às penas do não-comparecimento.
inquirição por videoconferência e, somente na impossibilidade dessa
forma, determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por
presença do seu defensor. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da
2008) instrução criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a
requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe antecipadamente o
Parágrafo único. A adoção de qualquer das medidas previstas no caput
depoimento.
deste artigo deverá constar do termo, assim como os motivos que a
determinaram. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008)
Art. 218. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de CAPÍTULO VII
comparecer sem motivo justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade DO RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS
policial a sua apresentação ou determinar seja conduzida por oficial de Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se o reconhecimento de
justiça, que poderá solicitar o auxílio da força pública. pessoa, proceder-se-á pela seguinte forma:
Art. 219. O juiz poderá aplicar à testemunha faltosa a multa prevista no I - a pessoa que tiver de fazer o reconhecimento será convidada a
art. 453, sem prejuízo do processo penal por crime de desobediência, e descrever a pessoa que deva ser reconhecida;
condená-la ao pagamento das custas da diligência. (Redação
Il - a pessoa, cujo reconhecimento se pretender, será colocada, se
dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
possível, ao lado de outras que com ela tiverem qualquer semelhança,
Art. 220. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, convidando-se quem tiver de fazer o reconhecimento a apontá-la;
de comparecer para depor, serão inquiridas onde estiverem.
III - se houver razão para recear que a pessoa chamada para o
Art. 221. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores reconhecimento, por efeito de intimidação ou outra influência, não diga
e deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de a verdade em face da pessoa que deve ser reconhecida, a autoridade
Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito providenciará para que esta não veja aquela;
Federal e dos Municípios, os deputados às Assembléias Legislativas
Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto pormenorizado, subscrito
Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem pela autoridade, pela pessoa chamada para proceder ao
como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora reconhecimento e por duas testemunhas presenciais.
previamente ajustados entre eles e o juiz. (Redação dada pela Parágrafo único. O disposto no no III deste artigo não terá aplicação na
Lei nº 3.653, de 4.11.1959) fase da instrução criminal ou em plenário de julgamento.
§ 1o O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Art. 227. No reconhecimento de objeto, proceder-se-á com as cautelas
Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal estabelecidas no artigo anterior, no que for aplicável.
Federal poderão optar pela prestação de depoimento por escrito, caso Art. 228. Se várias forem as pessoas chamadas a efetuar o
em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes reconhecimento de pessoa ou de objeto, cada uma fará a prova em
serão transmitidas por ofício. (Redação dada pela Lei nº 6.416, separado, evitando-se qualquer comunicação entre elas.
de 24.5.1977)
§ 2o Os militares deverão ser requisitados à autoridade superior.
CAPÍTULO VIII
(Redação dada pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977)
DA ACAREAÇÃO
§ 3o Aos funcionários públicos aplicar-se-á o disposto no art. 218,
devendo, porém, a expedição do mandado ser imediatamente Art. 229. A acareação será admitida entre acusados, entre acusado e
comunicada ao chefe da repartição em que servirem, com indicação do testemunha, entre testemunhas, entre acusado ou testemunha e a
dia e da hora marcados. (Incluído pela Lei nº 6.416, de 24.5.1977) pessoa ofendida, e entre as pessoas ofendidas, sempre que divergirem,
Art. 222. A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será em suas declarações, sobre fatos ou circunstâncias relevantes.
inquirida pelo juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para esse Parágrafo único. Os acareados serão reperguntados, para que
fim, carta precatória, com prazo razoável, intimadas as partes. expliquem os pontos de divergências, reduzindo-se a termo o ato de
§ 1o A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal. acareação.

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Art. 230. Se ausente alguma testemunha, cujas declarações divirjam f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu
das de outra, que esteja presente, a esta se darão a conhecer os pontos poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo
da divergência, consignando-se no auto o que explicar ou observar. Se possa ser útil à elucidação do fato;
subsistir a discordância, expedir-se-á precatória à autoridade do lugar g) apreender pessoas vítimas de crimes;
onde resida a testemunha ausente, transcrevendo-se as declarações h) colher qualquer elemento de convicção.
desta e as da testemunha presente, nos pontos em que divergirem, bem
como o texto do referido auto, a fim de que se complete a diligência, § 2o Proceder-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita
ouvindo-se a testemunha ausente, pela mesma forma estabelecida para de que alguém oculte consigo arma proibida ou objetos mencionados
a testemunha presente. Esta diligência só se realizará quando não nas letras b a f e letra h do parágrafo anterior.
importe demora prejudicial ao processo e o juiz a entenda conveniente. Art. 241. Quando a própria autoridade policial ou judiciária não a realizar
pessoalmente, a busca domiciliar deverá ser precedida da expedição de
mandado.
CAPÍTULO IX
Art. 242. A busca poderá ser determinada de ofício ou a requerimento
DOS DOCUMENTOS de qualquer das partes.
Art. 231. Salvo os casos expressos em lei, as partes poderão Art. 243. O mandado de busca deverá:
apresentar documentos em qualquer fase do processo.
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada
Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos a diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso
ou papéis, públicos ou particulares. de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais
Parágrafo único. À fotografia do documento, devidamente autenticada, que a identifiquem;
se dará o mesmo valor do original. II - mencionar o motivo e os fins da diligência;
Art. 233. As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer
criminosos, não serão admitidas em juízo. expedir.
Parágrafo único. As cartas poderão ser exibidas em juízo pelo § 1o Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado
respectivo destinatário, para a defesa de seu direito, ainda que não haja de busca.
consentimento do signatário.
§ 2o Não será permitida a apreensão de documento em poder do
Art. 234. Se o juiz tiver notícia da existência de documento relativo a defensor do acusado, salvo quando constituir elemento do corpo de
ponto relevante da acusação ou da defesa, providenciará, delito.
independentemente de requerimento de qualquer das partes, para sua
juntada aos autos, se possível. Art. 244. A busca pessoal independerá de mandado, no caso de prisão
ou quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse
Art. 235. A letra e firma dos documentos particulares serão submetidas de arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de
a exame pericial, quando contestada a sua autenticidade. delito, ou quando a medida for determinada no curso de busca
Art. 236. Os documentos em língua estrangeira, sem prejuízo de sua domiciliar.
juntada imediata, serão, se necessário, traduzidos por tradutor público, Art. 245. As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o
ou, na falta, por pessoa idônea nomeada pela autoridade. morador consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na
Art. 237. As públicas-formas só terão valor quando conferidas com o casa, os executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a
original, em presença da autoridade. quem o represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta.
Art. 238. Os documentos originais, juntos a processo findo, quando não § 1o Se a própria autoridade der a busca, declarará previamente sua
exista motivo relevante que justifique a sua conservação nos autos, qualidade e o objeto da diligência.
poderão, mediante requerimento, e ouvido o Ministério Público, ser § 2o Em caso de desobediência, será arrombada a porta e forçada a
entregues à parte que os produziu, ficando traslado nos autos. entrada.
§ 3o Recalcitrando o morador, será permitido o emprego de força contra
CAPÍTULO X coisas existentes no interior da casa, para o descobrimento do que se
DOS INDÍCIOS procura.
Art. 239. Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, § 4o Observar-se-á o disposto nos §§ 2o e 3o, quando ausentes os
que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a moradores, devendo, neste caso, ser intimado a assistir à diligência
existência de outra ou outras circunstâncias. qualquer vizinho, se houver e estiver presente.
§ 5o Se é determinada a pessoa ou coisa que se vai procurar, o morador
CAPÍTULO XI será intimado a mostrá-la.
DA BUSCA E DA APREENSÃO § 6o Descoberta a pessoa ou coisa que se procura, será imediatamente
apreendida e posta sob custódia da autoridade ou de seus agentes.
Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal.
§ 7o Finda a diligência, os executores lavrarão auto circunstanciado,
§ 1o Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a assinando-o com duas testemunhas presenciais, sem prejuízo do
autorizarem, para: disposto no § 4o.
a) prender criminosos; Art. 246. Aplicar-se-á também o disposto no artigo anterior, quando se
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; tiver de proceder a busca em compartimento habitado ou em aposento
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos ocupado de habitação coletiva ou em compartimento não aberto ao
falsificados ou contrafeitos; público, onde alguém exercer profissão ou atividade.
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de Art. 247. Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os
crime ou destinados a fim delituoso; motivos da diligência serão comunicados a quem tiver sofrido a busca,
se o requerer.
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;

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Art. 248. Em casa habitada, a busca será feita de modo que não 2.2. Provas ilegítimas
moleste os moradores mais do que o indispensável para o êxito da As provas ilegítimas violam normas processuais e princípios
diligência. constitucionais processuais penais. P. ex.: laudo subscrito por somente
Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar 1 (um) perito não oficial.
retardamento ou prejuízo da diligência. 2.3. Provas ilícitas por derivação
Art. 250. A autoridade ou seus agentes poderão penetrar no território Segundo Norberto Avena, provas ilícitas por derivação são aquelas que,
de jurisdição alheia, ainda que de outro Estado, quando, para o fim de embora lícitas na própria essência, decorrem exclusivamente de uma
apreensão, forem no seguimento de pessoa ou coisa, devendo outra prova, considerada ilícita, ou de uma situação de ilegalidade,
apresentar-se à competente autoridade local, antes da diligência ou restando, portanto, contaminadas.
após, conforme a urgência desta. Cuida-se da teoria norte americana dos Frutos da Árvore Envenenada
– fruits of the poisounor tree -, segundo a qual o defeito na árvore
§ 1o Entender-se-á que a autoridade ou seus agentes vão em
contamina os frutos.
seguimento da pessoa ou coisa, quando:
A proibição à utilização das provas ilícitas por derivação encontra-se no
a) tendo conhecimento direto de sua remoção ou transporte, a seguirem art. 157, § 1º, do CPP: são inadmissíveis as provas derivadas das
sem interrupção, embora depois a percam de vista; ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre
b) ainda que não a tenham avistado, mas sabendo, por informações umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma
fidedignas ou circunstâncias indiciárias, que está sendo removida ou fonte independente das primeiras.
transportada em determinada direção, forem ao seu encalço. Como se observa da leitura do citado artigo, existem três exceções à
§ 2o Se as autoridades locais tiverem fundadas razões para duvidar da inadmissibilidade das provas ilícitas por derivação: i) fonte
legitimidade das pessoas que, nas referidas diligências, entrarem pelos independente; ii) teoria da contaminação expurgada e; iii) teoria da
seus distritos, ou da legalidade dos mandados que apresentarem, descoberta inevitável. O que será visto a seguir.
poderão exigir as provas dessa legitimidade, mas de modo que não se 2.3.1. Fonte independente
frustre a diligência. Segundo o art. 157, § 2º, do CPP, considera-se fonte independente
aquela que por si só, seguindo os trâmites típicos e de praxe, próprios
da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato
1. CONCEITO objeto da prova.
Exemplo fornecido por Norberto Avena: testemunha “A” foi descoberta
O convencimento do magistrado não é de todo livre, já que deve ser em interceptação telefônica clandestina. Ainda que assim não fosse,
formado através das provas produzidas durante a instrução processual. seu nome foi citado no depoimento da testemunha “B”, regularmente
O conceito de prova encontra múltiplos significados apontados pela arrolada e sem qualquer relação com a interceptação telefônica
doutrina, que devem ser levados em consideração de maneira conjunta ilegalmente realizada.
Segundo Guilherme Nucci, há três sentidos para o termo prova: a) ato 2.3.2. Teoria da contaminação expurgada
de provar, é o processo pelo qual se verifica a exatidão ou a veracidade Nada obstante já estar contaminada uma prova em virtude da ilicitude
do fato alegado pela parte no processo (ex.: fase probatória); b) meio: que a gerou, um novo fato expurga essa contaminação, razão pela qual
trata-se do instrumento pelo qual se demonstra a verdade de algo (ex.: a prova passa a ser admitida. P. ex.: determinado sujeito, durante o
prova testemunhal; c) resultado da ação de provar: é o produto extraído inquérito policial, confessa mediante tortura. Contudo, na fase da
da análise dos instrumentos de prova oferecidos, demonstrando a instrução processual, ele voluntariamente confirma sua confissão em
verdade de um fato. juízo.
A prova tem como destinatário o direto o magistrado, que formará sua 2.3.3. Teoria da descoberta inevitável
convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório A prova ilícita seria inevitavelmente descoberta por outros meios legais.
judicial10. Indiretamente, as partes também são destinatárias das provas P. ex.: busca e apreensão realizada por policiais civis sem ordem
produzidas no processo. judicial; contudo, logo em seguida outros policiais chegam à residência
munidos do mandado.

2. PROVAS ILEGAIS 3. PROVAS EM ESPÉCIE


É direito fundamental dos acusados em geral a não utilização de provas
3.1. Exames periciais
obtidas por meios escusos. Com efeito, estabelece o art. 5º, LVI, da CF
que são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. 3.1.1. Introdução
No mesmo sentido preceitua o art. 157, caput, do CPP que são A perícia é o exame realizado por profissional que possua
conhecimentos técnicos e científicos em determinada área do
inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas
conhecimento.
ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas
constitucionais ou legais. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por
apenas 1(um) perito oficial, portador de diploma de curso superior11 (art.
2.1. Provas ilícitas 159, caput, CPP).
As provas ilícitas são aquelas que violam normas de direito material ou Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de
princípios constitucionais penais. P. ex.: confissão obtida através de conhecimento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de
tortura. um perito oficial (art. 159, § 7º, do CPP).

10 Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
11 Os peritos que ingressaram sem exigência do diploma de curso superior até a entrada em vigor da lei 11.690/2008 continuarão a atuar

exclusivamente nas respectivas áreas para as quais se habilitaram, ressalvados os peritos médicos.
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Na ausência de perito oficial, o exame será realizado por 2 (duas) Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando
pessoas idôneas, portadoras de diploma de curso superior se tratar de crime que envolva violência doméstica e familiar contra
preferencialmente na área específica, dentre as que tiverem habilitação mulher, violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com
técnica relacionada com a natureza do exame (art. 159, § 1º, do CPP). deficiência (art. 158, § único do CPP).
Os peritos não oficiais prestarão o compromisso de bem e fielmente
desempenhar o encargo. 3.2.2. Cadeia de custódia
3.2.2.1. Conceito
3.1.2. Papel das partes A cadeia de custódia trata-se de novidade trazida pelo pacote anticrime
Consoante o § 5º do art. 160 do CPP, durante o curso do processo (Lei n. 13.964/2019).
judicial, é permitido às partes, quanto à perícia: Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos
utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio
I – requerer a oitiva dos peritos para esclarecerem a prova ou para
coletado em locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e
responderem a quesitos, desde que o mandado de intimação e os
manuseio a partir de seu reconhecimento até o descarte (art.158-A do
quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam encaminhados com
CPP).
antecedência mínima de 10 (dez) dias, podendo apresentar as
respostas em laudo complementar; Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou latente, constatado
ou recolhido, que se relaciona à infração penal (art.158-A, § 3º, do CPP).
II – indicar assistentes técnicos que poderão apresentar pareceres em
prazo a ser fixado pelo juiz ou ser inquiridos em audiência. 3.2.2.2. Preservação
3.1.3. Assistente técnico O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de
crime ou com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja
Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao
detectada a existência de vestígio (art.158-A, § 1º, do CPP).
ofendido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e
indicação de assistente técnico (art. 159, § 3º, do CPP). . O agente público que reconhecer um elemento como de potencial
interesse para a produção da prova pericial fica responsável por sua
O assistente técnico é perito de confiança das partes e atuará a partir
preservação (art.158-A, § 2º, do CPP).
de sua admissão pelo juiz e após a conclusão dos exames e elaboração
do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes intimadas desta decisão. 3.2.2.3. Etapas da cadeia de custódia
Ressalte-se que o magistrado pode se valer do laudo do assistente O procedimento da cadeia de custódia compreende 10 etapas definidas
técnico e afastar o laudo do perito oficial. nos incisos do art. 158-B do CPP: i) reconhecimento; ii) isolamento; iii)
fixação; iv) coleta; v) acondicionamento; vi) transporte; vii) recebimento;
Se se tratar de perícia complexa que abranja mais de uma área de
viii) processamento; ix) armazenamento e; x) descarte.
conhecimento especializado, a parte indicar mais de um assistente
técnico (art. 159, § 7º, do CPP). I. Reconhecimento
Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de Ato de distinguir um elemento como de potencial interesse para a
base à perícia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que produção da prova pericial.
manterá sempre sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame II. Isolamento
pelos assistentes, salvo se for impossível a sua conservação (art. 159, Ato de evitar que se altere o estado das coisas, devendo isolar e
§ 6º, do CPP). preservar o ambiente imediato, mediato e relacionado aos vestígios e
3.1.4. Conclusão e apreciação local de crime.
O laudo pericial será elaborado no prazo máximo de 10 dias, podendo É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de
este prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a requerimento dos quaisquer vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do
peritos (art. 160, § único, do CPP). perito responsável, sendo tipificada como fraude processual a sua
Como o Brasil adota o sistema liberatório da apreciação da prova realização (art. 158-C, § 2º, do CPP).
pericial, ou seja, o magistrado não se vincula às conclusões dos peritos, III. Fixação
o julgador pode aceitar ou rejeitar, no todo ou em parte, o laudo oficial, Descrição detalhada do vestígio conforme se encontra no local de crime
desde que o faça motivadamente, podendo, inclusive, acolher o laudo ou no corpo de delito, e a sua posição na área de exames, podendo ser
do assistente de acusação. ilustrada por fotografias, filmagens ou croqui, sendo indispensável a sua
3.2. Exame de corpo de delito descrição no laudo pericial produzido pelo perito responsável pelo
3.2.1. Conceito atendimento.
Corpo de delito é o conjunto de vestígios materiais deixados pela IV. Coleta
infração penal, ou seja, a materialidade delitiva. Ato de recolher o vestígio que será submetido à análise pericial,
Quando a infração deixar vestígios, será imprescindível o exame de respeitando suas características e natureza.
corpo de delito, direto ou indireto, não podendo substituí-lo a simples A coleta dos vestígios deverá ser realizada preferencialmente por perito
confissão do acusado (art. 158 do CPP). oficial, que dará o encaminhamento necessário para a central de
Exame de corpo de delito direto é aquele em que os peritos têm a custódia, mesmo quando for necessária a realização de exames
disposição o próprio corpo de delito para análise. P ex.: em um crime de complementares (art. 158-C, caput, do CPP).
homicídio, o exame no próprio cadáver. Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem
Corpo de delito indireto é aquele em que os peritos analisam meios ser tratados como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia
subsidiários, acessórios, diante da ausência do próprio corpo de delito oficial de natureza criminal responsável por detalhar a forma do seu
direto. P. ex.: um prontuário médico em crime de lesão corporal. cumprimento (art. 158-C, § 1º, do CPP).
Nada obstante a exigência de exame de corpo de delito nas infrações V. Acondicionamento
que deixam vestígios, não sendo possível o exame de corpo de delito, Procedimento por meio do qual cada vestígio coletado é embalado de
por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá forma individualizada, de acordo com suas características físicas,
suprir-lhe a falta (art. 167 do CPP). químicas e biológicas, para posterior análise, com anotação da data,
hora e nome de quem realizou a coleta e o acondicionamento.

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O recipiente para acondicionamento do vestígio será determinado pela pela tramitação, a destinação, a data e horário da ação (art. 158-E, § 4º,
natureza do material (art.158-D do CPP). do CPP).
Todos os recipientes deverão ser selados com lacres, com numeração Após a realização da perícia, o material deverá ser devolvido à central
individualizada, de forma a garantir a inviolabilidade e a idoneidade do de custódia, devendo nela permanecer (art. 158-F, do CPP).
vestígio durante o transporte (art. 158-D, § 1º, do CPP). Caso a central de custódia não possua espaço ou condições de
O recipiente deverá individualizar o vestígio, preservar suas armazenar determinado material, deverá a autoridade policial ou
características, impedir contaminação e vazamento, ter grau de judiciária determinar as condições de depósito do referido material em
resistência adequado e espaço para registro de informações sobre seu local diverso, mediante requerimento do diretor do órgão central de
conteúdo (art. 158-D, § 2º, do CPP). perícia oficial de natureza criminal (art. 158-F, § único, do CPP).
O recipiente só poderá ser aberto pelo perito que vai proceder à análise 3.2.3. Exame necroscópico
e, motivadamente, por pessoa autorizada (art. 158-D, § 3º, do CPP). Trata-se do exame realizado no cadáver com o intuito de indicar a causa
Após cada rompimento de lacre, deve se fazer constar na ficha de mortis (art. 162).
acompanhamento de vestígio o nome e a matrícula do responsável, a A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os
data, o local, a finalidade, bem como as informações referentes ao novo peritos, pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita
lacre utilizado (art. 158-D, § 4º, do CPP).. antes daquele prazo, o que declararão no auto.
O lacre rompido deverá ser acondicionado no interior do novo recipiente Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do
(art. 158-D, § 5º, do CPP). cadáver, quando não houver infração penal que apurar, ou quando as
VI. Transporte lesões externas permitirem precisar a causa da morte e não houver
Ato de transferir o vestígio de um local para o outro, utilizando as necessidade de exame interno para a verificação de alguma
condições adequadas (embalagens, veículos, temperatura, entre circunstância relevante.
outras), de modo a garantir a manutenção de suas características 3.2.4. Exumação
originais, bem como o controle de sua posse. A exumação consiste em desenterrar o cadáver. Nestor Távora explica
VII. Recebimento que, excepcionalmente, pode se fazer necessária a exumação,
Ato formal de transferência da posse do vestígio, que deve ser objetivando identificar a real causa da morte, ou em que circunstâncias
documentado com, no mínimo, informações referentes ao número de esta teria ocorrida, assim como identificar a pessoa que se encontra
sepultada.
procedimento e unidade de polícia judiciária relacionada, local de
origem, nome de quem transportou o vestígio, código de rastreamento, A exumação poderá ser determinada pelo magistrado ou pela
natureza do exame, tipo do vestígio, protocolo, assinatura e autoridade policial e seu procedimento está disposto nos arts. 163 a
identificação de quem o recebeu. 166 do CPP.
VIII. Processamento Em caso de exumação para exame cadavérico, a autoridade
providenciará para que, em dia e hora previamente marcados, se realize
Exame pericial em si, manipulação do vestígio de acordo com a a diligência, da qual se lavrará auto circunstanciado (art. 163, caput, do
metodologia adequada às suas características biológicas, físicas e CPP).
químicas, a fim de se obter o resultado desejado, que deverá ser
O administrador de cemitério público ou particular indicará o lugar da
formalizado em laudo produzido por perito.
sepultura, sob pena de desobediência. No caso de recusa ou de falta
IX. Armazenamento de quem indique a sepultura, ou de encontrar-se o cadáver em lugar
Procedimento referente à guarda, em condições adequadas, do material não destinado a inumações, a autoridade procederá às pesquisas
a ser processado, guardado para realização de contraperícia, necessárias, o que tudo constará do auto (art. 163, parágrafo único, do
descartado ou transportado, com vinculação ao número do laudo CPP).
correspondente. Os cadáveres serão sempre fotografados na posição em que forem
X. Descarte encontrados, bem como, na medida do possível, todas as lesões
Procedimento referente à liberação do vestígio, respeitando a legislação externas e vestígios deixados no local do crime (art. 164 do CPP).
vigente e, quando pertinente, mediante autorização judicial. Para representar as lesões encontradas no cadáver, os peritos, quando
3.2.2.4. Central de custódia possível, juntarão ao laudo do exame provas fotográficas, esquemas ou
desenhos, devidamente rubricados (art. 165 do CPP).
Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia
destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser Havendo dúvida sobre a identidade do cadáver exumado, proceder-se-
vinculada diretamente ao órgão central de perícia oficial de natureza á ao reconhecimento pelo Instituto de Identificação e Estatística ou
criminal (art. 158-E, do CPP). repartição congênere ou pela inquirição de testemunhas, lavrando-se
auto de reconhecimento e de identidade, no qual se descreverá o
Toda central de custódia deve possuir os serviços de protocolo, com cadáver, com todos os sinais e indicações (art. 166 do CPP).
local para conferência, recepção, devolução de materiais e documentos,
3.2.4. Exame em caso de destruição ou rompimento de obstáculo à
possibilitando a seleção, a classificação e a distribuição de materiais,
subtração da coisa e na escalada
devendo ser um espaço seguro e apresentar condições ambientais que
não interfiram nas características do vestígio (art. 158-E, § 1º, do CPP). Nos crimes cometidos com destruição ou rompimento de obstáculo a
subtração da coisa, ou por meio de escalada, os peritos, além de
Na central de custódia, a entrada e a saída de vestígio deverão ser descrever os vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios
protocoladas, consignando-se informações sobre a ocorrência no e em que época presumem ter sido o fato praticado (art. 171 do CPP).
inquérito que a eles se relacionam (art. 158-E, § 2º, do CPP).
3.2.5. Exame de lesões corporais
Todas as pessoas que tiverem acesso ao vestígio armazenado deverão
Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido
ser identificadas e deverão ser registradas a data e a hora do acesso
incompleto, proceder-se-á a exame complementar por determinação da
(art. 158-E, 3 1º, do CPP). autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a requerimento do
Por ocasião da tramitação do vestígio armazenado, todas as ações Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor (art.
deverão ser registradas, consignando-se a identificação do responsável 168, caput, do CPP).

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No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de 3.3.3. Classificação
delito, a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo (art. 168, § 1º, do 3.3.3.1. Numerárias
CPP). São as testemunhas arroladas pelas partes limitadas ao seguinte
Se o exame tiver por fim precisar a classificação do delito de lesão máximo:
corporal qualificada pela incapacidade para as ocupações habituais por Procedimento Número
mais de 30 dias, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 dias,
Comum ordinário 8
contado da data do crime (art. 168, § 1º, do CPP).
Comum sumário 5
A falta de exame complementar poderá ser suprida pela prova
testemunhal (art. 168, § 1º, do CPP). Comum sumaríssimo 3
3.2.6. Perícia em incêndio 2ª fase do júri 5
No caso de incêndio, os peritos verificarão a causa e o lugar em que Lei de drogas 5
houver começado, o perigo que dele tiver resultado para a vida ou para 3.3.3.2. Extranumerárias
o patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor e as demais São ouvidas por iniciativa do juiz13. Elas não se incluem no numero
circunstâncias que interessarem à elucidação do fato (art. 173 do CPP). máximo de testemunhas do procedimento.
3.3. Prova testemunhal 3.3.3.3. Informantes
3.3.1. Conceito Os informantes não prestam o compromisso de dizer a verdade14. São
Testemunha é pessoa desinteressada que afirma em juízo o que sabe considerados informantes:
a respeito dos fatos através das percepções colhidas pelos sentidos I. O ascendente ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda
(visão e audição, por exemplo). que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado;
3.3.2. Características II. Doentes e deficientes mentais;
3.3.2.1. Judicialidade III. Menores de 14 anos.
A prova testemunhal deve ser produzida em juízo, ou seja, em processo 3.3.3.4. Própria
judicial em que haja o contraditório e a ampla defesa. Prestam depoimento sobre os fatos criminosos.
3.3.2.2. Oralidade 3.3.3.5. Imprópria, instrumental ou fedatária
O depoimento será prestado oralmente, não sendo permitido à Prestam depoimento sobre fato ocorrido na instrução criminal, não
testemunha trazê-lo por escrito (art. 204, caput, CPP). relacionado diretamente ao fato.
Contudo, a testemunha pode fazer breve consulta a apontamentos (art. 3.3.3.6. Abonatória, de antecedente ou de beatificação
204, § único, do CPP). Prestam depoimento sobre os antecedentes do réu.
Embora a prova testemunhal deva ser produzida oralmente, há algumas 3.3.3.7. Inócua
exceções: Trata-se da pessoa que nada sabe sobre fato que interesse à decisão
I. Presidente e vice-presidente da república, presidentes da Câmara dos da causa (art. 209, § 2º, do CPP).
Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal12; 3.3.4. Recusa e proibição
II. Mudo e surdo-mudo. Conforme o art. 202 do CPP, toda pessoa poderá ser testemunha.
3.3.2.3. Objetividade Contudo, algumas pessoas podem se recusar a depor, e outras estão
simplesmente proibidas de depor.
O magistrado não permitirá que a testemunha manifeste suas
apreciações pessoais, exceto quando inseparáveis da narrativa do fato 3.3.4.1 Recusa
(art. 213 do CPP). Segundo o art. 206, do CPP, podem recusar-se a depor o ascendente
3.3.2.4. Individualidade ou descendente, o afim em linha reta, o cônjuge, ainda que desquitado,
o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo quando não
As testemunhas serão inquiridas cada uma de per si, de modo que umas for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova do fato e
não saibam nem ouçam os depoimentos das outras, devendo o juiz
de suas circunstâncias.
adverti-las das penas cominadas ao falso testemunho (art. 210, caput,
do CPP). Ressalte-se que, mesmo que depuserem os sujeitos acima citados, eles
não prestarão o compromisso de dizer a verdade.
Para a garantia da individualidade da prova testemunhal, antes do início
da audiência e durante a sua realização, serão reservados espaços 3.3.4.2. Proibição
separados para a garantia da incomunicabilidade das testemunhas (art. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério,
210, § único, do CPP). ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela
parte interessada, quiserem dar o seu testemunho. Neste caso, haverá
3.3.2.5. Retrospectividade
o compromisso de dizer a verdade.
As testemunhas depõem sobre aquilo o que já aconteceu.

12 O Presidente e o Vice-Presidente da República, os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal
poderão optar pela prestação de depoimento por escrito, caso em que as perguntas, formuladas pelas partes e deferidas pelo juiz, Ihes serão
transmitidas por ofício (art. 221, § 1º, do CPP).
13 Art. 209. O juiz, quando julgar necessário, poderá ouvir outras testemunhas, além das indicadas pelas partes.
§ 1o Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a que as testemunhas se referirem.
14 Art. 208. Não se deferirá o compromisso a que alude o art. 203 aos doentes e deficientes mentais e aos menores de 14 (quatorze) anos, nem às

pessoas a que se refere o art. 206.


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3.3.5. Deveres da testemunha Na redação do depoimento, o juiz deverá cingir-se, tanto quanto
3.3.5.1. Comparecimento possível, às expressões usadas pelas testemunhas, reproduzindo
fielmente as suas frases (art. 216 do CPP).
Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer sem
motivo justificado, o juiz poderá requisitar à autoridade policial a sua O depoimento da testemunha será reduzido a termo, assinado por ela,
apresentação ou determinar seja conduzida por oficial de justiça, que pelo juiz e pelas partes. Se a testemunha não souber assinar, ou não
poderá solicitar o auxílio da força pública (art. 218 do CPP). puder fazê-lo, pedirá a alguém que o faça por ela, depois de lido na
presença de ambos.
Contudo, constituem mitigações ao dever de comparecimento:
Se o juiz verificar que a presença do réu poderá causar humilhação,
I. As pessoas impossibilitadas, por enfermidade ou por velhice, de temor, ou sério constrangimento à testemunha ou ao ofendido, de modo
comparecer para depor, serão inquiridas onde estiverem (art. 220 do que prejudique a verdade do depoimento, fará a inquirição por
CPP). videoconferência e, somente na impossibilidade dessa forma,
II. O Presidente e o Vice-Presidente da República, os senadores e determinará a retirada do réu, prosseguindo na inquirição, com a
deputados federais, os ministros de Estado, os governadores de presença do seu defensor (art. 217 do CPP).
Estados e Territórios, os secretários de Estado, os prefeitos do Distrito 3.3.7. Testemunho de militares e funcionários públicos
Federal e dos Municípios, os deputados às Assembléias Legislativas 3.3.7.1. Militares
Estaduais, os membros do Poder Judiciário, os ministros e juízes dos Os militares deverão ser requisitados à autoridade superior (art. 221, §
Tribunais de Contas da União, dos Estados, do Distrito Federal, bem 2º, do CPP).
como os do Tribunal Marítimo serão inquiridos em local, dia e hora 3.3.7.2. Funcionários públicos
previamente ajustados entre eles e o juiz (art. 201, caput, do CPP).
A expedição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da
3.3.5.2. Compromisso de dizer a verdade repartição em que servirem, com indicação do dia e da hora marcados
A testemunha fará, sob palavra de honra, a promessa de dizer a (art. 221, § 3º, do CPP).
verdade do que souber e Ihe for perguntado, devendo declarar seu 3.3.8. Inquirição de testemunhas por precatória e rogatória
nome, sua idade, seu estado e sua residência, sua profissão, lugar onde A testemunha que morar fora da jurisdição do juiz será inquirida pelo
exerce sua atividade, se é parente, e em que grau, de alguma das juiz do lugar de sua residência, expedindo-se, para esse fim, carta
partes, ou quais suas relações com qualquer delas, e relatar o que precatória, com prazo razoável, intimadas as partes (art. 222, caput, do
souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as CPP).
circunstâncias pelas quais possa avaliar-se de sua credibilidade (art. A expedição da precatória não suspenderá a instrução criminal (art. 222,
203 do CPP). § 1º, do CPP).
Cumpre ressaltar que o ascendente ou descendente, o afim em linha Findo o prazo marcado, poderá realizar-se o julgamento, mas, a todo
reta, o cônjuge, ainda que desquitado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho tempo, a precatória, uma vez devolvida, será junta aos autos (art. 222,
adotivo do acusado, bem como doentes e deficientes mentais e os § 2º, do CPP).
menores de 14 (quatorze) anos não prestam o compromisso de dizer a Súmula 155 do STF:
verdade. É relativa a nulidade do processo criminal por falta de intimação da
3.3.5.3. Fácil localização expedição de precatória para inquirição de testemunha.
As testemunhas comunicarão ao juiz, dentro de um ano, qualquer A oitiva de testemunha poderá ser realizada por meio de
mudança de residência, sujeitando-se, pela simples omissão, às penas videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons
do não comparecimento (art. 224 do CPP). e imagens em tempo real, permitida a presença do defensor e podendo
ser realizada, inclusive, durante a realização da audiência de instrução
3.3.6. Procedimento para o depoimento
e julgamento (art. 222, § 3º, do CPP).
3.3.6.1. Procedimento
3.4. Interrogatório
I. Comparecimento em dia e hora designados; 3.4.1. Conceito
II. Compromisso de dizer a verdade (art. 210 do CPP); Trata-se de ato através do qual o magistrado procede à oitiva do réu.
III. Oitiva separada das testemunhas; 3.4.2. Natureza Jurídica
IV) Qualificação da testemunha (art. 203 do CPP); O interrogatório é meio de defesa e meio de prova.
e) Contradita (art. 214 do CPP15): 3.4.3. Características
3.3.6.2. Depoimento 3.4.3.1. Obrigatoriedade
As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha. A designação do interrogatório é indispensável, sob pena de nulidade
Cuida-se do sistema direct examination, ou seja, a inquirição do processual (art. 564, inciso III, “e”, do CPP).
depoente é feita diretamente pela parte que arrolou (acusação ou 3.4.3.2. Personalíssimo
defesa). Somente o réu é quem pode ser interrogado.
O juiz não pode indeferir as perguntas feitas diretamente pelas partes, 3.4.3.3. Oralidade
salvo aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com O interrogatório, embora seja oral, admite exceções, quais sejam:
a causa ou importarem na repetição de outra já respondida (art. 215 do a) Art. 192 do CPP: O interrogatório do mudo, do surdo ou do surdo-
CPP). mudo será feito pela forma seguinte:

15Art. 214. Antes de iniciado o depoimento, as partes poderão contraditar a testemunha ou argüir circunstâncias ou defeitos, que a tornem suspeita
de parcialidade, ou indigna de fé. O juiz fará consignar a contradita ou argüição e a resposta da testemunha, mas só excluirá a testemunha ou não
Ihe deferirá compromisso nos casos previstos nos arts. 207 e 208.
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I - ao surdo serão apresentadas por escrito as perguntas, que ele elas esteve antes da prática da infração ou depois dela; III - onde estava
responderá oralmente; ao tempo em que foi cometida a infração e se teve notícia desta; IV - as
II - ao mudo as perguntas serão feitas oralmente, respondendo-as por provas já apuradas; V - se conhece as vítimas e testemunhas já
escrito; inquiridas ou por inquirir, e desde quando, e se tem o que alegar contra
III - ao surdo-mudo as perguntas serão formuladas por escrito e do elas; VI - se conhece o instrumento com que foi praticada a infração, ou
mesmo modo dará as respostas. qualquer objeto que com esta se relacione e tenha sido apreendido; VII
b) Art. 193 do CPP: Quando o interrogando não falar a língua nacional, - todos os demais fatos e pormenores que conduzam à elucidação dos
o interrogatório será feito por meio de intérprete. antecedentes e circunstâncias da infração; VIII - se tem algo mais a
alegar em sua defesa.
3.4.3.4. Publicidade
3.4.7. Interrogatório do réu preso
O interrogatório, em regra, será ato público. Nada obstante, o
magistrado pode restringir a publicidade do interrogatório se houver O interrogatório do réu preso será realizado, em sala própria, no
risco de escândalo, inconveniente grave ou perigo de perturbação da estabelecimento em que estiver recolhido, desde que estejam
ordem. garantidas a segurança do juiz, do membro do Ministério Público e dos
3.6.3.5. Individualidade auxiliares bem como a presença do defensor e a publicidade do ato (art.
185, § 1º, do CPP).
Havendo mais de um acusado, serão interrogados separadamente
(art.191 do CPP). 3.4.8. Interrogatório por videoconferência
3.4.4. Da entrevista pessoal e reservada Segundo o art. 185, § 2º, do CPP, excepcionalmente, o juiz, por decisão
Em qualquer modalidade de interrogatório, o juiz garantirá ao réu o fundamentada, de ofício ou a requerimento das partes, poderá realizar
direito de entrevista prévia e reservada com o seu defensor; se realizado o interrogatório do réu preso por sistema de videoconferência ou outro
por videoconferência, fica também garantido o acesso a canais recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real,
telefônicos reservados para comunicação entre o defensor que esteja desde que a medida seja necessária para atender a uma das seguintes
no presídio e o advogado presente na sala de audiência do Fórum, e finalidades:
entre este e o preso (art. 185, § 5º, do CPP). I - prevenir risco à segurança pública, quando exista fundada suspeita
3.4.5. Direito ao silêncio de que o preso integre organização criminosa ou de que, por outra
razão, possa fugir durante o deslocamento;
Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da
acusação, o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o II - viabilizar a participação do réu no referido ato processual, quando
interrogatório, do seu direito de permanecer calado e de não responder haja relevante dificuldade para seu comparecimento em juízo, por
perguntas que lhe forem formuladas (art. 186 do CPP). enfermidade ou outra circunstância pessoal;
3.4.6. Procedimento III - impedir a influência do réu no ânimo de testemunha ou da vítima,
desde que não seja possível colher o depoimento destas por
O interrogatório é dividido em duas partes: a 1ª parte diz respeito à videoconferência, nos termos do art. 217 deste Código;
pessoa do réu (art. 187, § 1º, do CPP); a 2ª parte relaciona-se aos fatos
(art. 187, § 2º, do CPP). IV - responder à gravíssima questão de ordem pública.
I. Qualificação do acusado Da decisão que determinar a realização de interrogatório por
videoconferência, as partes serão intimadas com 10 (dez) dias de
O acusado que comparecer perante a autoridade judiciária, no curso do antecedência (§ 3º).
processo penal, será qualificado e interrogado na presença de seu
defensor, constituído ou nomeado (art. 185 do CPP). Nessa fase, o réu Antes do interrogatório por videoconferência, o preso poderá
não pode mentir ou omitir informações sobre sua qualificação. Se acompanhar, pelo mesmo sistema tecnológico, a realização de todos os
mentir, incorrerá no crime de falsa identidade. Se omitir a verdade, atos da audiência única de instrução e julgamento de que tratam os arts.
responderá pela contravenção do art. 6816 da Lei das Contravenções 400, 411 e 531 deste Código (§ 4º).
Penais. 3.4.9. Novo interrogatório no curso do processo
II. Advertência quanto ao direito ao silêncio A todo tempo o juiz poderá proceder a novo interrogatório de ofício ou a
III. Realização das perguntas pelo juiz pedido fundamentado de qualquer das partes (art. 196 do CPP)
Esta fase compreende a realização de perguntas subjetivas e objetivas. 3.5. Confissão
a) Perguntas subjetivas (art. 187, § 1º, do CPP): 3.5.1. Conceito
Na primeira parte o interrogando será perguntado sobre a residência, A confissão é o ato através do qual o réu reconhece a imputação que
meios de vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce a lhe é feita.
sua atividade, vida pregressa, notadamente se foi preso ou processado 3.5.2. Valoração pelo magistrado
alguma vez e, em caso afirmativo, qual o juízo do processo, se houve A confissão não tem força probatória absoluta, devendo ser confrontada
suspensão condicional ou condenação, qual a pena imposta, se a com as demais provas existentes nos autos (art. 200 do CPP).
cumpriu e outros dados familiares e sociais. 3.5.3. Classificação
b) Perguntas objetivas (art. 187, § 2º, do CPP): 3.5.3.1. Quanto ao momento
Na segunda parte será perguntado sobre: I - ser verdadeira a acusação a) Judicial: feita perante o magistrado.
que lhe é feita; II - não sendo verdadeira a acusação, se tem algum
b) Extrajudicial: realizada a outra autoridade que não a judiciária.
motivo particular a que atribuí-la, se conhece a pessoa ou pessoas a
quem deva ser imputada a prática do crime, e quais sejam, e se com 3.5.3.2. Quanto à natureza

16 Art. 68. Recusar à autoridade, quando por esta, justificadamente solicitados ou exigidos, dados ou indicações concernentes à própria identidade,
estado, profissão, domicílio e residência:
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a) Real: o réu, verdadeiramente, confessa os fatos que lhe são c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos
imputados. falsificados ou contrafeitos;
c) Ficta: há uma presunção legal da confissão. Não foi recepcionada d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de
pela constituição. crime ou destinados a fim delituoso;
3.5.3.3. Quanto à forma e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
a) Escrita. f) apreender cartas, abertas ou não17, destinadas ao acusado ou em seu
b) Oral. poder, quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo
possa ser útil à elucidação do fato;
3.5.3.4. Quanto ao conteúdo
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
a) Simples: o réu se limita a confirmar a verdade que os fatos que lhe
h) colher qualquer elemento de convicção.
são imputados.
3.6.3.2. Objeto da busca pessoal
b) Qualificada: o réu, além de confirmar a autoria da infração penal,
alega em seu favor teses defensivas, como a legitima defesa ou o Dar-se-á à busca pessoal quando houver fundada suspeita de que
estado de necessidade. alguém oculte consigo:
a) arma proibida;
Súmula 545 do STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação b) coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art.
c) instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados
65, III, d, do Código Penal.
ou contrafeitos;
Súmula 630 do STJ: A incidência da atenuante da confissão d) armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou
espontânea no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o destinados a fim delituoso;
reconhecimento da traficância pelo acusado, não bastando a mera e) objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
admissão da posse ou propriedade para uso próprio.
f) cartas, abertas ou não18, destinadas ao acusado ou em seu poder,
3.5.4. Conteúdo quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa
A confissão deve ter: ser útil à elucidação do fato;
a) Verossimilhança; g) qualquer elemento de convicção.
b) Certeza; 3.6.4. Espécies
Como visto no tópico anterior, a busca pode ser domiciliar ou pessoal.
c) Clareza;
3.6.4.1. Busca domiciliar
d) Persistência;
A Constituição tutela a inviolabilidade do domicílio. De fato, a casa é
e) Coincidência;
asilo inviolável, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do
f) Deve ser livre e voluntária. morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
3.5.5. Divisibilidade e retratabilidade socorro, ou durante o dia, por determinação judicial.
A confissão será divisível e retratável, sem prejuízo do livre As buscas domiciliares serão executadas de dia, salvo se o morador
convencimento do juiz, fundado no exame das provas em conjunto. consentir que se realizem à noite, e, antes de penetrarem na casa, os
Assim, o juiz pode considerar apenas parte da confissão verdadeira, executores mostrarão e lerão o mandado ao morador, ou a quem o
bem como o réu pode se retratar daquilo que confessou em juízo ou na represente, intimando-o, em seguida, a abrir a porta (art. 245 do CPP).
fase de investigação policial. No caso de determinação judicial, durante o dia, o mandado de busca
3.6. Busca e apreensão deverá indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será
3.6.1. Conceito realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador;
ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la
Busca é o conjunto de diligências realizadas com o objetivo de se ou os sinais que a identifiquem; mencionar o motivo e os fins da
descobrir objetos ou pessoas que se relacionem a delitos. A apreensão diligência; e ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que
é o resultado exitoso da busca. o fizer expedir (art. 243 do CPP).
3.6.2. Legitimados O conceito de casa encontra-se no art. 150, § 4º, do CP. Considera-se
Segundo o art. 242 do CPP, a busca será determinada pela autoridade casa:
judiciária, de ofício ou a requerimento das partes. a) qualquer compartimento habitado (p. ex.: imóveis onde pessoas
3.6.3. Objeto residem);
3.6.3.1. Objeto da busca domiciliar b) aposento ocupado de habitação coletiva (p. ex.: quarto de hotel,
A busca domiciliar é medida de todo invasiva, logo, pressupõe a desde que ocupado);
existência de fundadas razões que a autorizem. A medida se presta a: c) compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão
Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a ou atividade (p. ex.: escritório de advocacia).
autorizarem, para: Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os
a) prender criminosos; moradores mais do que o indispensável para o êxito da diligência (art.
248 do CPP).
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;

17 As cartas fechadas não podem ser objeto de busca e apreensão, dada a proteção constitucional dada ao sigilo das correspondências, por força do
ar. 5º, inciso XII.
18 As cartas fechadas não podem ser objeto de busca e apreensão, dada a proteção constitucional dada ao sigilo das correspondências, por força do

ar. 5º, inciso XII.


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3.6.4.2. Execução da medida
A execução da medida compreende os seguintes pressupostos:
5. JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA
I. Realização por oficiais de justiça ou policiais. 5.1. Informativos do STF:
II. Antes do ingresso na residência, os executores lerão o mandado ao Informativo 711: Em conclusão, ante a inadequação da via eleita, a 1ª
morador ou a quem o represente. Turma julgou extinto habeas corpus — substitutivo de recurso
constitucional — em que se pretendia fosse declarada a nulidade de
III. A pessoa será intimada a abrir a porta; se não atender, a porta será processo-crime a partir da audiência para oitiva de testemunha, sob o
arrombada. argumento de não concessão, naquela oportunidade, de entrevista
IV. Se o morador for recalcitrante, criando obstáculos através de reservada entre o acusado e o defensor público — v. informativo 672.
objetos, por exemplo, poderá haver o emprego de força contra a coisa. Pontuou-se não haver obrigatoriedade de assegurar-se à defesa, já
V. Descoberta a coisa, esta será apreendida e ficará sob custódia da anteriormente constituída, fosse ela pública ou privada, a realização de
autoridade. entrevista prévia ao réu antes do início de audiência para inquirição de
testemunhas. Asseverou-se ser diversa a situação caso se tratasse de
V. A diligência será findada com a lavratura do auto circunstanciado.
interrogatório do paciente, ocasião em que se poderia cogitar de
Não sendo encontrada a pessoa ou coisa procurada, os motivos da
eventual necessidade de prévio aconselhamento do réu com seu
diligência serão comunicados a quem tiver sofrido a busca, se o
advogado, para subsidiá-lo com elementos técnicos para a produção da
requerer (art. 247 do CPP). defesa pessoal do acusado (CPP, art. 185, § 5º). Ademais, rejeitou-se,
3.6.5. Busca pessoal por maioria, proposta formulada pelo Min. Marco Aurélio no sentido de
A busca pessoal, salvo exceções citadas a seguir, também pressupõe concessão da ordem, de ofício. O Min. Luiz Fux, relator, reajustou o
ordem judicial. voto.
3.6.5.1. Dispensa de mandado Informativo 747: Em conclusão de julgamento, a 1ª Turma, por maioria,
A busca pessoal independerá de mandado (art. 244): denegou “habeas corpus” impetrado contra acórdão do STJ que
denegara idêntica medida ao fundamento de que, apesar de imprópria
a) no caso de prisão; a designação de interrogatório no mesmo dia da citação (antes do
b) quando houver fundada suspeita de que a pessoa esteja na posse de advento da Lei 11.719/2008), a ausência de prejuízos inviabilizaria a
arma proibida ou de objetos ou papéis que constituam corpo de delito; declaração de nulidade do feito, em obediência ao princípio “pás de
c) quando a medida for determinada no curso de busca domiciliar nullité sans grief” — v. Informativo 563. A defesa alegava nulidade
3.6.5.2. Busca feita em mulher absoluta de processo-crime, por ausência de citação do paciente, uma
vez que ele fora apenas requisitado para comparecer em juízo e, no
Art. 249. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar
mesmo dia, realizara-se a audiência de interrogatório, na qual nomeado
retardamento ou prejuízo da diligência. defensor “ad hoc”. Sustentava, ainda, violação à garantia constitucional
da ampla defesa, ao argumento de que o paciente não tivera
conhecimento prévio da acusação formulada e que não pudera
constituir advogado de sua confiança. A Turma enfatizou que,
4. SÚMULAS RELACIONADAS consoante demonstrado nos autos, a Defensoria Pública assistira o
Súmula 74 do STJ: Para efeitos penais, o reconhecimento da paciente não desde o momento em que houvera a citação e o
menoridade do reu requer prova por documento hábil. interrogatório, mas ainda na fase do inquérito policial. Consignou, ainda,
Súmula 165 do STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar crime que, durante o referido interrogatório, o magistrado nomeara o mesmo
de falso testemunho cometido no processo trabalhista. defensor público que já acompanhava o caso e que, inclusive,
propusera, dias antes, incidente de insanidade mental do acusado.
Súmula 273 do STJ: Intimada a defesa da expedição da carta Assim, tendo em conta que o paciente não se encontrava sem defensor,
precatória, torna-se desnecessária intimação da data da audiência no reputou não ter havido prejuízo da defesa. Em voto-vista, o Ministro
juízo deprecado. Roberto Barroso acrescentou que a jurisprudência da Corte seria no
Súmula 500 do STJ: A configuração do crime do art. 244-B do ECA sentido de que, no período anterior à Lei 11.719/2008, que alterou o art.
independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de 185, § 2º, do CPP, a realização do interrogatório do acusado no mesmo
delito formal. dia da citação não acarretaria a automática anulação do processo-crime
Súmula 502 do STJ: Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se por cerceamento de defesa. Vencido o Ministro Marco Aurélio, que
típica, em relação ao crime previsto no art. 184, § 2º, do CP, a conduta deferia a ordem. Assentava que, na espécie, o prejuízo seria ínsito, na
de expor à venda CDs e DVDs piratas. medida em que o paciente não tivera contato prévio com o advogado de
sua livre escolha, o qual lhe seria constitucionalmente garantido.
Súmula 545 do STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação
Informativo 815: A Corte asseverou que, no ponto, mais uma vez o
do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no art.
legislador teria se preocupado em criar mecanismos que impedissem a
65, III, d, do Código Penal.
circulação ou o extravasamento das informações relativas ao
Súmula 630 do STJ: A incidência da atenuante da confissão espontânea contribuinte. Diante das cautelas fixadas na lei, não haveria
no crime de tráfico ilícito de entorpecentes exige o reconhecimento da propriamente quebra de sigilo, mas sim transferência de informações
traficância pelo acusado, não bastando a mera admissão da posse ou sigilosas no âmbito da Administração Pública. Em relação ao art. 3º, §
propriedade para uso próprio. 3º, da LC 105/2001 — a determinar que o Banco Central do Brasil
(Bacen) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) forneçam à
Súmula 155 do STF: É relativa a nulidade do processo criminal por falta Advocacia-Geral da União (AGU) “as informações e documentos
de intimação da expedição de precatória para inquirição de testemunha. necessários à defesa da União nas ações em que seja parte” —,
Súmula 361 do STF: No processo penal, é nulo o exame realizado por ressaltou que essa previsão seria prática corrente. Isso se daria porque,
um só perito, considerando-se impedido o que tiver funcionado, de fato, os órgãos de defesa da União solicitariam aos órgãos federais
anteriormente, na diligência de apreensão. envolvidos em determinada lide informações destinadas a subsidiar a
elaboração de contestações, recursos e outros atos processuais. E de

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nada adiantaria a possibilidade de acesso dos dados bancários pelo dessa prova, diante da peculiaridade do caso concreto, acarretaria, em
Fisco se não fosse possível que essa utilização legítima fosse objeto de síntese, a necessidade de mais de 954 horas de audiência para a
defesa em juízo por meio do órgão por isso responsável, a AGU. Por tomada de declarações das 638 vítimas, a nova exposição delas ao
fim, julgou parcialmente prejudicada uma das ações, relativamente ao cenário traumático em que os fatos teriam se desenvolvido e a repetição
Decreto 4.545/2002. O Ministro Roberto Barroso reajustou seu voto para de relatos que não auxiliariam no esclarecimento dos fatos. Além disso,
acompanhar o relator. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de o paciente deixara de requerer, na resposta à acusação, a oitiva de
Mello, que conferiam interpretação conforme aos dispositivos legais todas as vítimas. A Turma acrescentou, ainda, que o rito especial do
atacados, de modo a afastar a possibilidade de acesso direto aos dados tribunal do júri limita o número de testemunhas a serem inquiridas e, ao
bancários pelos órgãos públicos, vedado inclusive o compartilhamento contrário do procedimento comum, não exclui dessa contagem as
de informações. Este só seria possível, consideradas as finalidades
testemunhas que não prestam compromisso legal. Anotou, também,
previstas na cláusula final do inciso XII do art. 5º da CF, para fins de
que a inobservância do prazo para o oferecimento da denúncia não
investigação criminal ou instrução criminal. Nesse sentido, a decretação
contamina o direito de apresentação do rol de testemunhas. A exibição
da quebra do sigilo bancário, ressalvada a competência extraordinária
das CPIs (CF, art. 58, § 3º), pressuporia, sempre, a existência de ordem desse rol, tanto pela acusação quanto pela defesa, não se submete a
judicial, sem o que não se imporia à instituição financeira o dever de prazo preclusivo, visto que referidas provas devem ser requeridas, por
fornecer à Administração Tributária, ao Ministério Público, à Polícia expressa imposição legal, na denúncia e na defesa preliminar. Desse
Judiciária ou, ainda, ao TCU, as informações que lhe tivessem sido modo, não há vinculação temporal à propositura da prova, mas sim
solicitadas. associação a um momento processual. A aludida atuação se sujeita, na
Informativo 816: A exigência de realização do interrogatório ao final da realidade, à preclusão consumativa. Logo, por não vislumbrar
instrução criminal, conforme o art. 400 do CPP, é aplicável no âmbito de ilegalidade, não se concedeu a ordem de ofício.
processo penal militar. Essa a conclusão do Plenário, que denegou a Informativo 843: A Segunda Turma negou provimento a recurso
ordem em “habeas corpus” no qual pleiteada a incompetência da justiça ordinário em “habeas corpus” no qual se questionava a licitude de prova
castrense para processar e julgar os pacientes, lá condenados por força obtida por policiais durante investigação sobre crime contra a economia
de apelação. A defesa sustentava que eles não mais ostentariam a popular, caracterizado pela formação de cartel no mercado de gás de
condição de militares e, portanto, deveriam se submeter à justiça penal cozinha no Distrito Federal (DF).
comum. Subsidiariamente, alegava que o interrogatório realizado seria No caso, agentes da Polícia Civil do DF, após o cumprimento de
nulo, pois não observado o art. 400 do CPP, na redação dada pela Lei mandado de busca e apreensão na residência do paciente, obtiveram,
11.719/2008, mas sim o art. 302 do CPPM. No que se refere à questão por meio de interceptação telefônica, ciência da existência de
da competência, o Colegiado assinalou que se trataria, na época do documento relacionado ao objeto das investigações, que estaria
fato, de soldados da ativa. De acordo com o art. 124 da CF e com o art. escondido no interior do automóvel de um dos investigados.
9º, I, “b”, do CPM, a competência seria, de fato, da justiça militar. Por A defesa alegava que, cumprido o primeiro mandado de busca e
outro lado, o Tribunal entendeu ser mais condizente com o contraditório apreensão — com a lavratura do respectivo auto —, a apreensão de
e a ampla defesa a aplicabilidade da nova redação do art. 400 do CPP documentos no interior de automóvel do paciente, que estava
ao processo penal militar. Precedentes com o mesmo fundamento estacionado, trancado e sem condutor, exigiria nova autorização
apontam a incidência de dispositivos do CPP, quando mais favoráveis judicial. Argumentava, ademais, que a busca veicular poderia ser
ao réu, no que diz respeito ao rito da Lei 8.038/1990. Além disso, na equiparada à busca pessoal apenas nas hipóteses taxativas do art. 244
prática, a justiça militar já opera de acordo com o art. 400 do CPP. O do Código de Processo Penal (CPP).
mesmo também pode ser dito a respeito da justiça eleitoral. Entretanto, O Colegiado decidiu que as medidas cautelares, por reclamarem
o Plenário ponderou ser mais recomendável frisar que a aplicação do especial urgência, não prescindem de agilidade, mas também não
art. 400 do CPP no âmbito da justiça castrense não incide para os casos podem se distanciar das necessárias autorizações legais e judiciais.
em que já houvera interrogatório. Assim, para evitar possível quadro de Consignou, também, que as apreensões de documentos no interior de
instabilidade e revisão de casos julgados conforme regra estabelecida veículos automotores, por constituírem hipótese de busca pessoal —
de acordo com o princípio da especialidade, a tese ora fixada deveria caracterizada pela inspeção do corpo, das vestes, de objetos e de
ser observada a partir da data de publicação da ata do julgamento. O veículos (não destinados à habitação do indivíduo) —, dispensam
Ministro Marco Aurélio, por sua vez, também denegou a ordem, mas ao autorização judicial quando houver fundada suspeita de que neles estão
fundamento de que a regra geral estabelecida no CPP não incidiria no ocultados elementos necessários à elucidação dos fatos investigados,
processo penal militar. A aplicação subsidiária das regras contidas no a teor do disposto no art. 240, § 2º, do CPP.
CPP ao CPPM somente seria admissível na hipótese de lacuna deste
Informativo 869: A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, por
diploma, e o CPPM apenas afasta a aplicação das regras nele contidas
maioria, indeferiu ordem de “habeas corpus” em que se discutia a
se houvesse tratado ou convenção a prever de forma diversa, o que não
ilicitude de provas colhidas mediante interceptação telefônica durante
seria o caso.
investigação voltada a apurar delito de tráfico internacional de drogas.
Informativo 823: Não há direito absoluto à produção de prova. Em
No caso, o juízo de origem determinou a prisão preventiva do paciente
casos complexos, há que confiar no prudente arbítrio do juiz da causa,
em razão da suposta prática de homicídio qualificado. O impetrante
mais próximo dos fatos, quanto à avaliação da pertinência e relevância
sustentou a ilicitude das provas colhidas, a inépcia da denúncia e a falta
das provas requeridas pelas partes. Assim, a obrigatoriedade de oitiva
de justa causa para o prosseguimento da ação penal.
da vítima deve ser compreendida à luz da razoabilidade e da utilidade
prática da colheita da referida prova. Com base nesse entendimento, a O Colegiado afirmou que a hipótese dos autos é de crime achado, ou
Primeira Turma não conheceu de “habeas corpus” em que se pretendia seja, infração penal desconhecida e não investigada até o momento em
a oitiva da totalidade das vítimas sobreviventes de incêndio ocorrido em que se descobre o delito. A interceptação telefônica, apesar de
boate. O Colegiado assentou que o magistrado, em observância ao investigar tráfico de drogas, acabou por revelar crime de homicídio.
sistema da persuasão racional, motivara a dispensa da oitiva de todas Assentou que, presentes os requisitos constitucionais e legais, a prova
as vítimas do homicídio tentado. Segundo o juiz de origem, a produção deve ser considerada lícita. Ressaltou, ainda, que a interceptação

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telefônica foi autorizada pela justiça, o crime é apenado com reclusão e Informativo 557: É lícita a apreensão, em escritório de advocacia, de
inexistiu o desvio de finalidade. drogas e de arma de fogo, em tese pertencentes a advogado, na
No que se refere à justa causa, considerou presente o trinômio que a hipótese em que outro advogado tenha presenciado o cumprimento da
caracteriza: tipicidade, punibilidade e viabilidade. A tipicidade é diligência por solicitação dos policiais, ainda que o mandado de busca
observada em razão de a conduta ser típica. A punibilidade, em face da e apreensão tenha sido expedido para apreender arma de fogo
ausência de prescrição. E a viabilidade, ante a materialidade, supostamente pertencente a estagiário do escritório - e não ao
advogado - e mesmo que no referido mandado não haja expressa
comprovada com o evento morte, e a autoria, que deve ser apreciada
indicação de representante da OAB local para o acompanhamento da
pelo tribunal do júri.
diligência.
Vencido o ministro Marco Aurélio, que deferiu a ordem. Pontuou não
Informativo 577: Os dados bancários entregues à autoridade fiscal pela
haver justa causa e reputou deficiente a denúncia ante a narração do
sociedade empresária fiscalizada, após regular intimação e
que seria a participação do paciente no crime. independentemente de prévia autorização judicial, podem ser utilizados
Informativo 901: A Segunda Turma, com base no Enunciado 691 da para subsidiar a instauração de inquérito policial para apurar suposta
Súmula do Supremo Tribunal Federal (1), não conheceu de impetração, prática de crime contra a ordem tributária.
mas concedeu a ordem de ofício para, por força da matriz constitucional Informativo 617: Não há ilegalidade na perícia de aparelho de telefonia
do “devido processo legal” (CF, art. 5º, inciso LIV), assegurar a oitiva celular pela polícia, sem prévia autorização judicial, na hipótese em que
das testemunhas arroladas pela defesa dos pacientes. seu proprietário – a vítima – foi morto, tendo o referido telefone sido
entregue à autoridade policial por sua esposa.
Na espécie, em fase de defesa prévia, a oitiva de todas as testemunhas Informativo 623: A existência de denúncias anônimas somada à fuga
indicadas pela defesa dos pacientes fora indeferida, ao fundamento de do acusado, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o
que o requerimento seria protelatório, haja vista que as testemunhas ingresso policial no domicílio do acusado sem o seu consentimento ou
não teriam, em tese, vinculação com os fatos criminosos imputados aos determinação judicial.
pacientes. Informativo 623: É possível a utilização de dados obtidos pela
A Turma entendeu que as circunstâncias expostas nos autos Secretaria da Receita Federal, em regular procedimento administrativo
encerravam situação de constrangimento ilegal apta a justificar a fiscal, para fins de instrução processual penal.
concessão da ordem de ofício. 5.3. Jurisprudência em teses, STJ:
O ministro Celso de Mello, ao se reportar aos fundamentos do voto do 1) A decisão que determina a produção antecipada de provas com base
relator, acentuou que o direito à prova é expressão de uma inderrogável no art. 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a
prerrogativa jurídica, que não pode ser, arbitrariamente, negada ao réu. justificando unicamente o mero decurso do tempo. (Súmula n. 455/STJ)
O ministro Edson Fachin, também ao fazer referência ao voto do relator, 2) A propositura da ação penal exige tão somente a presença de indícios
destacou o princípio do livre convencimento motivado (CPP, art. 400, § mínimos de materialidade e de autoria, de modo que a certeza deverá
1º), que faculta ao juiz o indeferimento das provas consideradas ser comprovada durante a instrução probatória, prevalecendo o
irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. Afirmou ser recomendável, princípio do in dubio pro societate na fase de oferecimento da denúncia.
em um juízo de discricionariedade regrada, haver a possibilidade de 3) A incidência da qualificadora rompim’ento de obstáculo, prevista no
limitar uma expansão demasiadamente criativa que adentre o campo da art. 155, § 4º, I, do Código Penal, está condicionada à comprovação por
protelação. No entanto, observou que, no caso, teria havido o laudo pericial, salvo em caso de desaparecimento dos vestígios, quando
indeferimento de todas as testemunhas de defesa. a prova testemunhal, a confissão do acusado ou o exame indireto
Dessa forma, evidente a infringência à matriz constitucional do devido poderão lhe suprir a falta.
processo legal, visto que frustrou a possibilidade de os acusados 4) É válido e revestido de eficácia probatória o testemunho prestado por
produzirem as provas que reputam necessárias à demonstração de policiais envolvidos em ação investigativa ou responsáveis por prisão
suas alegações. em flagrante, quando estiver em harmonia com as demais provas dos
autos e for colhido sob o crivo do contraditório e da ampla defesa.
5.2. Informativos do STJ: 5) O reconhecimento fotográfico do réu, quando ratificado em juízo, sob
a garantia do contraditório e ampla defesa, pode servir como meio
Informativo 532: Verificada a falta de peritos oficiais na comarca, é
idôneo de prova para fundamentar a condenação.
válido o laudo pericial que reconheça a qualificadora do furto referente
ao rompimento de obstáculo (art. 155, § 4º, I, do CP) elaborado por duas 6) A folha de antecedentes criminais é documento hábil e suficiente a
pessoas idôneas e portadoras de diploma de curso superior, ainda que comprovar os maus antecedentes e a reincidência, não sendo
sejam policiais. necessária a apresentação de certidão cartorária.
Informativo 543: Os dados obtidos pela Receita Federal com 7) Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer
fundamento no art. 6º da LC 105/2001, mediante requisição direta às prova por documento hábil. (Súmula n. 74/STJ)
instituições bancárias no âmbito de processo administrativo fiscal sem 8) O registro audiovisual de depoimentos colhidos no âmbito do
prévia autorização judicial, não podem ser utilizados para sustentar processo penal dispensa sua degravação ou transcrição, em prol dos
condenação em processo penal. princípios da razoável duração do processo e da celeridade processual,
Informativo 547: As autoridades com prerrogativa de foro previstas no salvo comprovada demonstração de necessidade.
art. 221 do CPP, quando figurarem na condição de investigados no 9) É possível o arrolamento de testemunhas pelo assistente de
inquérito policial ou de acusados na ação penal, não têm o direito de acusação (art. 271 do Código de Processo Penal), desde que respeitado
serem inquiridas em local, dia e hora previamente ajustados com a o limite de 5 (cinco) pessoas previsto no art. 422 do CPP.
autoridade policial ou com o juiz. Isso porque não há previsão legal que
10) O réu não tem direito subjetivo de acompanhar, por sistema de
assegure essa prerrogativa processual, tendo em vista que o art. 221
videoconferência, audiência de inquirição de testemunhas realizada,
do CPP se restringe às hipóteses em que as autoridades nele elencadas
presencialmente, perante o Juízo natural da causa, por ausência de
participem do processo na qualidade de testemunhas, e não como
previsão legal, regulamentar e principiológica.
investigados ou acusados.

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11) Em delitos sexuais, comumente praticados às ocultas, a palavra da
vítima possui especial relevância, desde que esteja em consonância
com as demais provas acostadas aos autos.
12) Nos delitos praticados em ambiente doméstico e familiar,
geralmente praticados à clandestinidade, sem a presença de
testemunhas, a palavra da vítima possui especial relevância,
notadamente quando corroborada por outros elementos probatórios
acostados aos autos.
13) É possível a antecipação da colheita da prova testemunhal, com
base no art. 366 do CPP, nas hipóteses em que as testemunhas são
policiais, tendo em vista a relevante probabilidade de esvaziamento da
prova pela natureza da atuação profissional, marcada pelo contato
diário com fatos criminosos.
14) Não há cerceamento de defesa quando a decisão que indefere oitiva
de testemunhas residentes em outro país for devidamente
fundamentada.
15) É ilícita a prova colhida mediante acesso aos dados armazenados
no aparelho celular, relativos a mensagens de texto, SMS, conversas
por meio de aplicativos (WhatsApp), e obtida diretamente pela polícia,
sem prévia autorização judicial.
16) É desnecessária a realização de perícia para a identificação de voz
captada nas interceptações telefônicas, salvo quando houver dúvida
plausível que justifique a medida.
17) É necessária a realização do exame de corpo de delito para
comprovação da materialidade do crime quando a conduta deixar
vestígios, entretanto, o laudo pericial será substituído por outros
elementos de prova na hipótese em que as evidências tenham
desaparecido ou que o lugar se tenha tornado impróprio ou, ainda,
quando as circunstâncias do crime não permitirem a análise técnica.
18) O laudo toxicológico definitivo é imprescindível para a configuração
do crime de tráfico ilícito de entorpecentes, sob pena de se ter por
incerta a materialidade do delito e, por conseguinte, ensejar a
absolvição do acusado.
19) É possível, em situações excepcionais, a comprovação da
materialidade do crime de tráfico de drogas pelo laudo de constatação
provisório, desde que esteja dotado de certeza idêntica à do laudo
definitivo e que tenha sido elaborado por perito oficial, em procedimento
e com conclusões equivalentes.
20) É prescindível a apreensão e a perícia de arma de fogo para a
caracterização de causa de aumento de pena prevista no art. 157, § 2º-
A, I, do Código Penal, quando evidenciado o seu emprego por outros
meios de prova.

ANOTAÇÕES

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EXERCÍCIOS
1. LEI PROCESSUAL PENAL d) nova lei processual penal, ainda que desfavorável ao réu,
respeitando-se os atos já praticados, admitindo o Código de Processo
01. Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RS Prova: VUNESP - 2019 Penal interpretação extensiva, mas não aplicação analógica da lei
- TJ-RS - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Provimento processual;
Imagine que, no curso de uma ação penal, nova lei processual extinga e) nova lei processual penal, ainda que desfavorável ao réu,
com um recurso que era exclusivo da defesa, antes da prolação da respeitando-se os atos já praticados, admitindo o Código de Processo
decisão anteriormente recorrível. A esse respeito, é correto afirmar que Penal interpretação extensiva e aplicação analógica da lei processual.
a) poderá ser manejado o recurso, por se tratar de possibilidade
exclusiva da defesa. 04. Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP -
b) não será possível manejar o recurso, pois a lei processual penal 2018 - PC-BA - Investigador de Polícia
aplicar-se-á desde logo. Em havendo conflito entre o Código de Processo Penal e uma lei
c) poderá ser manejado o recurso, pois o fato criminoso foi cometido especial que contenha normas processuais, a solução será a
sob a vigência da regra estabelecida pela lei anterior. a) aplicação da norma que for mais recente, independentemente de
d) não será possível manejar o recurso, pois a nova lei busca a eventual benefício ao réu.
igualdade processual (paridade de armas). b) aplicação da lei especial e, quando omissa, subsidiariamente do
e) poderá ser manejado o recurso, pois o processo se iniciou sob a Código de Processo Penal.
vigência da regra estabelecida pela lei anterior. c) aplicação do que for mais favorável ao acusado, independentemente
da data de promulgação.
02. Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 d) conjugação de ambos os diplomas, aplicando-se as normas que
- PC-SP - Delegado de Polícia forem mais benéficas ao acusado.
Tício está sendo processado pela prática de crime de roubo. Durante o e) prevalecência da regra geral do Código de Processo Penal, em
trâmite do inquérito policial, entra em vigor determinada lei, reduzindo o virtude da proibição constitucional dos juízos de exceção.
número de testemunhas possíveis de serem arroladas pelas partes no
procedimento ordinário.
05. Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP -
A respeito do caso descrito, é correto que 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia
a) não se aplica a lei nova ao processo de Tício em razão do princípio Aplicar-se-á a lei processual penal, nos estritos termos dos arts. 1o , 2o
da anterioridade. e 3o do CPP,
b) a lei que irá reger o processo é a lei do momento em que foi praticado a) aos processos de competência da Justiça Militar.
o crime, à vista do princípio tempus regit actum.
b) ultrativamente, mas apenas quando favorecer o acusado.
c) em razão do sistema da unidade processual, pelo qual uma única lei
c) retroativamente, mas apenas quando favorecer o acusado.
deve reger todo o processo, a lei velha continua ultra-ativa e, por isso,
não se aplica a nova lei, mormente por ser esta prejudicial em relação d) desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a
vigência da lei anterior.
aos interesses do acusado.
d) não se aplica a lei revogada ao processo de Tício em razão do e) com o suplemento dos princípios gerais de direito sem admitir,
contudo, interpretação extensiva e aplicação analógica.
princípio da reserva legal.e) não se aplica a lei revogada porque a
instrução ainda não se iniciara quando da entrada em vigor da nova lei.
2. SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS
03. Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: TJ-SC Prova: FGV - 2018 - TJ-SC 06. Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: MPE-RJ Prova: FGV - 2019 - MPE-
- Técnico Judiciário Auxiliar RJ - Oficial do Ministério Público
No curso de ação penal em que Roberto figurava como denunciado, Ao longo do tempo, os sistemas processuais penais, tradicionalmente,
entrou em vigor lei que versava sobre processamento de ação penal em vêm sendo classificados como inquisitivo, acusatório e misto. A
procedimento comum ordinário, com conteúdo exclusivamente definição da classificação considera as principais características do
processual penal, prejudicial ao réu. Processo Penal e os princípios que o informam.
O técnico judiciário, no momento de auxiliar no processamento do feito, Considerando as previsões constitucionais e do Código de Processo
deverá aplicar a: Penal, o sistema processual penal brasileiro pode ser classificado como:
a) lei processual penal em vigor na época dos fatos, em virtude do a) inquisitivo no momento do inquérito policial, de modo que não pode o
princípio da irretroatividade da lei mais gravosa, não admitindo o Código advogado do indiciado ter acesso ao inquérito e aos elementos
de Processo Penal interpretação extensiva ou analógica da lei informativos produzidos, ainda que já documentados, antes de sua
processual; conclusão;
b) lei processual penal em vigor na época dos fatos, em virtude do b) acusatório, primordialmente, razão pela qual não se aplica o sistema
princípio da irretroatividade da lei mais gravosa, admitindo o Código de de prova tarifada, podendo a infração penal que deixa vestígios ser
Processo Penal interpretação extensiva, mas não aplicação analógica comprovada por qualquer meio de prova, inclusive, unicamente, a
da lei processual; confissão;
c) lei processual penal em vigor na época dos fatos, em virtude do c) inquisitivo no momento do inquérito policial, admitindo-se que seja
princípio da irretroatividade da lei mais gravosa, admitindo o Código de decretada a prisão temporária, ainda durante as investigações, pelo
Processo Penal interpretação extensiva e aplicação analógica da lei prazo inicial de 10 (dez) dias, em sendo investigada a prática do crime
processual; de roubo simples;

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d) misto, podendo o magistrado, no momento da sentença, considerar III. predominância da oralidade no processo, imparcialidade do juiz e
fatos não narrados na denúncia, mas identificados durante a instrução, supremacia da confissão do réu como meio de prova.
para dar nova capitulação jurídica, em respeito ao instituto da mutatio IV. celeridade do processo e busca da verdade real, o que faculta ao
libelli;
juiz determinar de ofício a produção de prova.
e) acusatório, primordialmente, de modo que não pode o magistrado
decretar prisão preventiva, antes do início da ação penal, de ofício, sem Estão certos apenas os itens
representação do Ministério Público ou da autoridade policial. a) I e II.
b) I e IV.
07. Ano: 2019 Banca: Instituto Acesso Órgão: PC-ES Prova: c) II e III.
Instituto Acesso - 2019 - PC-ES - Delegado de Polícia
d) I, III e IV.
A referida classificação do sistema brasileiro como um sistema
acusatório, desvinculador dos papéis dos agentes processuais e das e) II, III e IV.
funções no processo judicial, mostra-se contraditória quando
confrontada com uma série de elementos existentes no processo.”
(FERREIRA. Marco Aurélio Gonçalves. A Presunção da Inocência e a 3. DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS
Construção da Verdade: Contrastes e Confrontos em perspectiva APLICÁVEIS AO PROCESSO PENAL
comparada (Brasil e Canadá). EDITORA LUMEN JURIS, Rio de
Janeiro, 2013). Leia o caso hipotético descrito a seguir. 11. Ano: 2019 Banca: IADES Órgão: SEAP-GO Prova: IADES - 2019
O Ministro OMJ, do Supremo Tribunal Federal, rejeitou o pedido da - SEAP-GO - Agente de Segurança Prisional
Procuradoria-Geral da República (PGR), de arquivamento do inquérito Considere hipoteticamente que uma pessoa cometa um homicídio e que
aberto para apurar ofensas a integrantes do STF e da suspensão dos o fato seja noticiado nos jornais. Todos os juízes tomam conhecimento,
atos praticados no âmbito dessa investigação, como buscas e
porém nada podem fazer, pois a persecução penal deve ser deflagrada
apreensões e a censura a sites. Assinale a alternativa INCORRETA
quanto a noção de sistema acusatório. pelo Ministério Público.
a) Inquérito administrativo instaurado no âmbito da administração Esse caso refere-se ao princípio da jurisdição denominado princípio
pública. do(a)
b) A determinação de ofício de instauração de inquérito policial pelo juiz. a) juiz natural.
c) A Instauração de inquérito policial pelo Delegado de Polícia. b) indeclinabilidade da jurisdição.
d) A requisição de instauração de inquérito policial pelo Ministério c) indelegabilidade da jurisdição.
Público.
d) direito de agir do Estado.
e) Inquérito instaurado por comissões parlamentares.
e) unidade de jurisdição.
08. Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Câmara Legislativa do Distrito
Federal Prova: FCC - 2018 - Câmara Legislativa do Distrito Federal 12. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 -
- Consultor Legislativo - Direitos Humanos, Minorias, Cidadania e TJ-AM - Assistente Judiciário
Sociedade Com relação a provas, julgue o próximo item.
Uma reforma que pretenda incorporar traços do sistema acusatório na Provas obtidas por meios ilícitos podem excepcionalmente ser
legislação processual penal vigente deve orientar-se no sentido de
admitidas se beneficiarem o réu
a) concentrar a gestão da prova na pessoa do juiz.
( ) CERTO ( ) ERRADO
b) ampliar os espaços de oralidade nos atos processuais.
c) reduzir a imediação judicial na produção da prova.
d) limitar a publicidade dos atos processuais. 13. Ano: 2019 Banca: IDIB Órgão: Prefeitura de Petrolina - PE
Prova: IDIB - 2019 - Prefeitura de Petrolina - PE - Guarda Civil
e) ampliar a tarifação e a taxatividade das provas.
Sobre as disposições constitucionais aplicáveis ao Direito Processual
Penal, analise os itens a seguir:
09. Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: ABIN Prova: CESPE - 2018 -
I. Costuma-se falar que o princípio da individualização da pena tem
ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - Área 2
caráter meramente relativo, já que não foi contemplado na Constituição
Acerca dos princípios gerais, das fontes e da interpretação da lei Federal.
processual penal, bem como dos sistemas de processo penal, julgue o
item que se segue. II. Na seara processual penal, o princípio da razoável duração do
processo deve ser harmonizado com outros princípios constitucionais,
A publicidade, a imparcialidade, o contraditório e a ampla defesa são
não podendo ser considerado de maneira isolada e descontextualizada
características marcantes do sistema processual acusatório.
do caso concreto, a pretexto de acelerar a condenação do acusado.
( ) CERTO ( ) ERRADO
III. O princípio da não autoincriminação garante o pleno direito ao
silêncio do acusado, mas não impede que o mesmo seja investigado
10. Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: DPE-AL Prova: CESPE - 2017 pelos fatos sobre os quais não se pronunciou.
- DPE-AL - Defensor Público
Analisados os itens, pode-se afirmar corretamente que:
No processo penal, as características do sistema acusatório incluem
a) Apenas o item I está correto.
I. clara distinção entre as atividades de acusar e julgar, iniciativa
probatória exclusiva das partes e o juiz como terceiro imparcial e b) Apenas o item II está correto.
passivo na coleta da prova. c) Apenas o item III está correto.
II. neutralidade do juiz, igualdade de oportunidades às partes no d) Apenas os itens I e II estão corretos.
processo e repúdio à prova tarifada. e) Apenas os itens II e III estão corretos.

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14. Ano: 2019 Banca: MPE-SP Órgão: MPE-SP Prova: MPE-SP - 18. Ano: 2018 Banca: COMPERVE Órgão: TJ-RN Prova:
2019 - MPE-SP - Promotor de Justiça Substituto COMPERVE - 2018 - TJ-RN - Juiz Leigo
Assinale a alternativa INCORRETA. O processo penal brasileiro tem um sistema probatório informado por
a) A ação persecutória do Estado para revestir-se de legitimidade não variados princípios, dentre eles o do contraditório, estabelecendo
pode se apoiar em elementos probatórios ilicitamente obtidos, sob pena ciência bilateral que visa contrariar afirmações por meio da produção de
de ofensa à garantia constitucional do devido processo legal, que tem, provas e estando intimamente relacionado à noção de defesa técnica.
no dogma da inadmissibilidade das provas ilícitas, uma de suas mais Nesse contexto, inclui-se o direito de não praticar qualquer
expressivas projeções concretizadoras no plano do nosso sistema de comportamento ativo que possa incriminá-lo, tal como a
direito positivo. a) participação em momento de reconhecimento de pessoas.
b) Na hipótese de o órgão legitimado pela investigação e propositura b) autorização para realização de exame grafotécnico.
das medidas judiciais pertinentes demonstrar que obteve legitimamente c) participação em reconstituição do crime.
novos elementos de informação a partir de uma fonte autônoma de d) condução coercitiva para interrogatório, mesmo para reconhecimento
prova, esta deverá ser admitida, porque não se considera corrompida do acusado.
pela nódoa da ilicitude originária.
c) Considerando a inidoneidade jurídica da prova ilicitamente obtida, 19. Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: MPE-PE Prova: FCC - 2018 - MPE-
eventual prova produzida de modo válido em momento subsequente, PE - Técnico Ministerial - Administrativa
mas derivada de prova comprometida da ilicitude originária, deve ser
declarada ilícita por derivação (a doutrina dos frutos da árvore O princípio do Direito Processual Penal que impede a criação de
envenenada). tribunais de exceção refere-se ao princípio
d) A realização de gravação ambiental por um dos interlocutores sem a) do contraditório.
conhecimento do outro é considerada lícita. b) da verdade real.
e) Por meio de um juízo de ponderação de interesses, a garantia c) da oficiosidade.
constitucional da inadmissibilidade da prova ilícita pode ser afastada a d) do juiz natural.
fim de permitir, no caso concreto, a prevalência do interesse público e) da indisponibilidade.
consubstanciado na eficácia da repressão penal.
20. Ano: 2018 Banca: FGV Órgão: AL-RO Prova: FGV - 2018 - AL-
15. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: PGE-PE Prova: CESPE - 2019 RO - Consultor Legislativo - Assessoramento Legislativo
- PGE-PE - Assistente de Procuradoria Analise as assertivas a seguir, que tratam sobre os princípios aplicáveis
No que se refere aos direitos individuais e à aplicação dos princípios do ao Direito Processual Penal.
contraditório e da ampla defesa, julgue o item a seguir. I. Com base no princípio da presunção de inocência, a prisão preventiva
É nula a sentença condenatória fundamentada exclusivamente em deve ser decretada apenas quando as medidas cautelares alternativas
elementos colhidos em inquérito policial. não forem suficientes, não mais havendo prisão automática em razão
( ) CERTO ( ) ERRADO de sentença condenatória de primeira instância; II. Inspirado no princípio
de que ninguém é obrigado a produzir provas contra si, o agente pode
16. Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-MA Prova: FCC - 2018 - DPE- se recusar a realizar exame de etilômetro (bafômetro), podendo, porém,
MA - Defensor Público o crime ser demonstrado por outros meios de prova; III. Com base no
princípio da irretroatividade da lei processual penal, uma lei de conteúdo
“Um homem acusado de assalto foi morto por linchamento pela exclusivamente processual penal, em sendo mais gravosa ao réu, não
população em São Luís do Maranhão. Segundo a Polícia Militar (PM), poderá retroagir para atingir fatos anteriores a sua entrada em vigor.
J.F.B agiu com um comparsa na abordagem de um eletricista em uma
parada de ônibus, na Avenida Marechal Castelo Branco" (Portal G1 MA, Com base na jurisprudência dos Tribunais Superiores, está(ão)
10/04/2018). A notícia acima demonstra a NÃO observância do seguinte correta(s), apenas, as assertivas previstas nos itens
princípio do processo penal democrático: a) I, II e III.
a) contraditório. b) I e II.
b) jurisdicionalidade ou necessidade. c) I e III.
c) imparcialidade. d) II e III.
d) juiz natural. e) I.
e) paridade de armas.
4. INQUÉRITO POLICIAL
17. Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: TJ-SP Prova: VUNESP - 2018 21. Ano: 2019 Banca: IADES Órgão: SEAP-GO Prova: IADES - 2019
- TJ-SP - Juiz Substituto - SEAP-GO - Agente de Segurança Prisional
São princípios constitucionais processuais penais explícitos e implícitos, A partir do momento em que determinado delito é praticado, surge para
respectivamente: o Estado o poder-dever de punir o suposto autor do ilícito. Assim, para
a) intranscendência das penas e motivação das decisões; e intervenção que o Estado possa deflagrar a persecução criminal em juízo, é
mínima (ou ultima ratio) e duplo grau de jurisdição. indispensável a presença de elementos de informação quanto à autoria
b) contraditório e impulso oficial; e adequação social e favor rei (ou in e quanto à materialidade da infração penal. Diferencia-se o inquérito
dubio pro reo). policial da instrução processual por esse motivo. Acerca do valor
c) dignidade da pessoa humana e juiz natural; e insignificância e probatório do inquérito policial, assinale a alternativa correta.
identidade física do juiz. a) Os elementos de informação, em que pese sejam colhidos na fase
d) não culpabilidade (ou presunção de inocência) e duração razoável do de investigação, possuem valor probatório absoluto no processo penal,
processo; e não autoacusação (ou nemo tenetur se detegere) e quando inexistir outro elemento de prova que possa servir de convicção
paridade de armas. ao juízo.

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b) Os elementos de informação, colhidos na fase inquisitorial, jamais 24. Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: MPE-RJ Prova: FGV - 2019 - MPE-
serão admitidos como base de convicção jurisdicional. RJ - Analista do Ministério Público - Processual
c) Levando-se em consideração que os elementos de informação Em matéria Penal, através das provas, as partes pretendem influenciar
quanto à autoria e à materialidade do delito não são colhidos sob a égide o convencimento do julgador, além de demonstrar a veracidade de
do contraditório e da ampla defesa, deduz-se que o inquérito policial tem determinado fato.
valor probatório relativo.
O Código de Processo Penal disciplina o tema, trazendo previsões
d) Os elementos do inquérito não podem influir na formação do livre gerais e regras próprias para as provas em espécie.
convencimento do juiz para a decisão da causa, mesmo quando
complementam outros indícios e provas que passam pelo crivo do Sobre o tema, de acordo com as previsões do Código de Processo
contraditório em juízo. Penal, é correto afirmar que:
e) Não há o que se falar em produção de elementos de informação em a) em razão do livre convencimento motivado, ao Ministério Público,
inquérito policial, sem que haja irrestrito respeito à ampla defesa e ao assim como ao acusado, é facultado apresentar quesitos e indicar
contraditório. assistente técnico por ocasião da prova pericial, mas o laudo elaborado
não vincula o juiz, que poderá aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em
parte;
22. Ano: 2019 Banca: MPE-GO Órgão: MPE-GO Prova: MPE-GO -
2019 - MPE-GO - Promotor de Justiça - Reaplicação b) em razão do direito de presença do acusado, o Código de Processo
Penal não admite o interrogatório por videoconferência com fundamento
Sobre o inquérito policial, marque a alternativa incorreta:
no risco para segurança pública com fundada suspeita de fuga do preso
a) Se necessário á prevenção e á repressão dos crimes relacionados durante o deslocamento para audiência;
ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de
polícia poderão requisitar, independentemente de autorização judicial, c) no procedimento do Tribunal do Júri, durante o interrogatório do réu
ás empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou em sessão plenária, as perguntas deverão ser feitas diretamente pelas
telemática que disponibilizem imediatamente os meios técnicos partes e pelos jurados, cabendo ao juiz apenas complementá-las;
adequados - como sinais, informações e outros - que permitam a d) com base no princípio da inércia, o sistema a ser observado quando
localização da vítima ou dos suspeitos do delito em curso. da oitiva das testemunhas é o cross examination, não podendo o
b) O Ministério Público não poder· requerer a devolução do inquérito à magistrado complementar as perguntas das partes;
autoridade policial, senão para novas diligências, imprescindíveis ao e) diante do caráter inquisitório do inquérito policial, os elementos
oferecimento da denúncia. Não cabe ao delegado de polícia recusar as informativos não poderão ser mencionados na sentença, nem mesmo
diligências requisitadas pelo Ministério Público, salvo as para corroborar a decisão do juiz fundamentada em provas.
manifestamente ilegais.
c) Segundo a doutrina, no chamado arquivamento indireto, o juiz, em
virtude do não oferecimento da denúncia pelo Ministério Público, 25. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 -
fundamentado em razões de incompetência da autoridade jurisdicional, TJ-AM - Analista Judiciário - Direito
recebe tal manifestação como se tratasse de um pedido de Lúcio é investigado pela prática de latrocínio. Durante a investigação,
arquivamento. Assim, em caso de discordância, deve o juiz remeter os apurou-se a participação de Carlos no crime, tendo sido decretada de
autos ao Procurador-Geral de Justiça, em analogia ao artigo 28, do ofício a sua prisão temporária.
Código de Processo Penal.
A partir dessa situação hipotética e do que dispõe a legislação, julgue o
d) Em regra, não cabe recurso da decisão judicial que determina o item seguinte.
arquivamento do inquérito policial, mesmo nos casos de ação penal
privada subsidiaria da pública. Caso o juiz determine o arquivamento da Como Lúcio está solto, o inquérito policial não terá prazo para ser
investigação policial de ofício, caberá a correição parcial, em virtude do concluído.
ato judicial tumultuário ( ) CERTO ( ) ERRADO

23. Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RJ Prova: VUNESP - 2019 26. Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de Valinhos - SP
- TJ-RJ - Juiz Substituto Prova: VUNESP - 2019 - Prefeitura de Valinhos - SP - Guarda Civil
Nos literais e expressos termos do art. 13 do CPP, incumbe à autoridade Municipal – SSPC
policial, entre outras funções:
Uma vez instaurado o inquérito policial, a autoridade competente para
a) providenciar o comparecimento do acusado preso, em Juízo, mandar arquivá-lo, nas hipóteses previstas no Código de Processo
mediante prévia requisição. Penal, é
b) manter a guarda de bens apreendidos e objetos do crime até o
a) o Delegado de Polícia que o instaurou.
trânsito em julgado da ação penal.
c) fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à b) o Delegado de Polícia chefe imediato do Delegado que o instaurou.
instrução e julgamento dos processos. c) o Promotor de Justiça.
d) cumprir as ordens de busca e apreensão e demais decisões d) a Procuradoria do Estado.
cautelares que tenha requisitado.
e) o Juiz.
e) servir como testemunha em ações penais quando arrolada por
qualquer das partes.

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27. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - O delegado de polícia não poderia deixar de lavrar o auto de prisão em
TJ-AM - Assistente Judiciário flagrante de Jaime, mesmo que tivesse observado a ausência da
A respeito de ação penal e do disposto na Lei de Juizados Especiais atualidade do flagrante, nem caberia a ele sugerir o arquivamento do
Cíveis e Criminais (Lei n.º 9.099/1995), julgue o item seguinte. inquérito em relatório final, uma vez que a ação do delegado em sede
O inquérito policial é dispensável para a promoção da ação penal desde de investigações policiais é regida pelo princípio do in dubio pro
que a denúncia esteja minimamente consubstanciada nos elementos societate e deve fazer prevalecer o interesse público sobre o individual.
exigidos em lei. ( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
30. Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: TJ-CE Prova: FGV - 2019 - TJ-CE
28. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - - Técnico Judiciário - Área Judiciária
TJ-AM - Assistente Judiciário Lauro figura como indiciado em inquérito policial em que se investiga a
Texto associado prática do crime de concussão. Intimado a comparecer na Delegacia
Jaime foi preso em flagrante por ter furtado uma bicicleta havia dois para prestar declarações, fica preocupado com as medidas que
meses. Conduzido à delegacia, Jaime, em depoimento ao delegado, no poderiam ser determinadas pela autoridade policial, razão pela qual
auto de prisão em flagrante, confessou que era o autor do furto. Na procura seu advogado.
audiência de custódia, o Ministério Público requereu a conversão da Com base nas informações expostas, a defesa técnica de Lauro deverá
prisão em flagrante em prisão preventiva, sob o argumento da gravidade esclarecer que:
abstrata do delito praticado. No entanto, após ouvir a defesa, o juiz a) a reprodução simulada dos fatos poderá ser determinada pela
relaxou a prisão em flagrante, com fundamento de que não estava autoridade policial, não podendo, contudo, ser Lauro obrigado a
presente o requisito legal da atualidade do flagrante, em razão do lapso participar contra sua vontade;
temporal de dois meses entre a consumação do crime e a prisão do
autor. Dias depois, em nova diligência no inquérito policial instaurado b) a defesa técnica do indiciado não poderá ter acesso às peças de
pelo delegado para apurar o caso, Jaime, já em liberdade, retratou-se informação constantes do inquérito, ainda que já documentadas, em
da confissão, alegando que havia pegado a bicicleta de Abel como razão do caráter sigiloso do procedimento;
forma de pagamento de uma dívida. Ao ser ouvido, Abel confirmou a c) o indiciado e o eventual ofendido, diante do caráter inquisitivo do
narrativa de Jaime e afirmou, ainda, que registrou boletim de ocorrência inquérito policial, não poderão requerer a realização de diligências
do furto da bicicleta em retaliação à conduta de Jaime, seu credor. Por durante a fase de investigações;
fim, o juiz competente arquivou o inquérito policial a requerimento de d) o procedimento investigatório, caso venha a ser arquivado com base
membro do Ministério Público, por atipicidade material da conduta, sob na falta de justa causa, não poderá vir a ser desarquivado, ainda que
o fundamento de ter havido entendimento mútuo e pacífico entre Jaime surjam novas provas;
e Abel acerca da questão, nos termos do relatório final produzido pelo
e) a autoridade policial, em sendo de interesse das investigações,
delegado.
poderá determinar a incomunicabilidade do indiciado pelo prazo de 10
A respeito da situação hipotética precedente, julgue o item a seguir. (dez) dias.
A decisão de arquivamento do inquérito por atipicidade impede que
Jaime seja denunciado posteriormente pela mesma conduta, ainda que
sobrevenham novos elementos de informação. 5. PRISÃO EM FLAGRANTE
( ) CERTO ( ) ERRADO 31. Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: Prefeitura de São José dos
Campos - SP Prova: VUNESP - 2019 - Prefeitura de São José dos
29. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - Campos - SP - Procurador
TJ-AM - Assistente Judiciário Nos exatos termos do art. 302 do CPP, considera-se em flagrante delito
Texto associado quem
Jaime foi preso em flagrante por ter furtado uma bicicleta havia dois a) cometeu a infração penal nas últimas 24h.
meses. Conduzido à delegacia, Jaime, em depoimento ao delegado, no b) é imediatamente reconhecido como autor do crime pela vítima.
auto de prisão em flagrante, confessou que era o autor do furto. Na
c) é avistado em conduta que gera fundada suspeita, logo após o crime.
audiência de custódia, o Ministério Público requereu a conversão da
prisão em flagrante em prisão preventiva, sob o argumento da gravidade d) é encontrado com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
abstrata do delito praticado. No entanto, após ouvir a defesa, o juiz presumir ser ele autor da infração.
relaxou a prisão em flagrante, com fundamento de que não estava e) é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por
presente o requisito legal da atualidade do flagrante, em razão do lapso qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração.
temporal de dois meses entre a consumação do crime e a prisão do
autor. Dias depois, em nova diligência no inquérito policial instaurado
pelo delegado para apurar o caso, Jaime, já em liberdade, retratou-se 32. Ano: 2019 Banca: SELECON Órgão: Prefeitura de Cuiabá - MT
da confissão, alegando que havia pegado a bicicleta de Abel como Prova: SELECON - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Técnico de
forma de pagamento de uma dívida. Ao ser ouvido, Abel confirmou a Nível Superior - Direito
narrativa de Jaime e afirmou, ainda, que registrou boletim de ocorrência P. é surpreendido pela atuação de agentes policiais que preparam um
do furto da bicicleta em retaliação à conduta de Jaime, seu credor. Por flagrante em seu desfavor. No caso, resta caracterizado o denominado
fim, o juiz competente arquivou o inquérito policial a requerimento de crime:
membro do Ministério Público, por atipicidade material da conduta, sob a) presumido
o fundamento de ter havido entendimento mútuo e pacífico entre Jaime b) putativo
e Abel acerca da questão, nos termos do relatório final produzido pelo
delegado. c) impossível
A respeito da situação hipotética precedente, julgue o item a seguir. d) impertinente

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33. Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: MPE-RJ Prova: FGV - 2019 - MPE- 36. Ano: 2019 Banca: FEPESE Órgão: SJC-SC Prova: FEPESE -
RJ - Analista do Ministério Público - Processual 2019 - SJC-SC - Agente Penitenciário
Bernardo foi preso em flagrante e indiciado pela prática do crime do art. De acordo com o Código de Processo Penal, é correto afirmar:
24-A da Lei nº 11.340/06 (Descumprir decisão judicial que defere a) A concessão de liberdade provisória deverá impor, como condição, a
medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: pena – detenção, garantia do juízo por meio de fiança.
de 3 (três) meses a 2 (dois) anos). O auto de prisão em flagrante foi b) O delegado de polícia, entendendo a inadequação das medidas
encaminhado para os órgãos competentes, sendo determinada a cautelares, poderá revogar a prisão em flagrante.
realização, de imediato, da audiência de custódia. Foi acostada a Folha
c) A prisão em flagrante somente poderá ser relaxada após fixada a
de Antecedentes Criminais, indicando que Bernardo, de fato, havia sido
fiança pela autoridade judicial.
intimado da aplicação de medidas protetivas de urgência em favor de
sua ex-companheira, mas que não possuía condenação definitiva em d) Ao receber o auto de prisão em flagrante, a autoridade judiciária
seu desfavor. poderá conceder liberdade provisória de forma fundamentada.
Considerando as informações narradas, a prisão em flagrante a ser e) A autoridade policial, ao lavrar o auto de prisão em flagrante, deverá,
analisada em audiência de custódia é: fundamentadamente, relaxar a prisão em caso de ilegalidade.
a) legal, cabendo conversão da prisão em flagrante em preventiva para
garantia das medidas protetivas de urgência aplicadas, mesmo diante 37. Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: MPE-RJ Prova: FGV - 2019 - MPE-
da pena em abstrato inferior a 4 (quatro) anos e da primariedade do RJ - Oficial do Ministério Público
custodiado; Lucas, oficial do Ministério Público, enquanto cumpria sua função em
b) legal, mas considerando a pena em abstrato prevista e a via pública, por volta de 15h, depara-se com Antônio conduzindo uma
primariedade técnica do indiciado, não será possível a conversão da motocicleta com simulacro de arma de fogo na cintura e se surpreende
prisão em flagrante em preventiva por ausência dos pressupostos com aquela situação, tendo em vista que identificou, pela placa, que
legais; aquela moto era de propriedade de seu colega de trabalho. Diante disso,
Lucas entra em contato com seu colega, que confirma que fora vítima
c) legal, mas diante da pena em abstrato prevista, poderia a autoridade
de um crime de roubo que teria sido praticado 30 minutos antes,
policial ter arbitrado fiança;
descrevendo as características do autor do fato, que coincidiam com as
d) ilegal, porque a pena máxima é inferior a 4 (quatro) anos e Bernardo de Antônio.
é primário, devendo a prisão ser relaxada; Considerando as informações expostas, em sendo confirmada a
e) ilegal, porque a pena máxima é inferior a 4 (quatro) anos e Bernardo autoria, é correto afirmar que Lucas:
é primário, devendo a prisão ser revogada. a) não poderá realizar a prisão captura de Antônio, tendo em vista que,
apesar da situação de flagrante, o ato somente pode ser realizado por
34. Ano: 2019 Banca: FEPESE Órgão: SJC-SC Prova: FEPESE - agentes de segurança pública;
2019 - SJC-SC - Agente Penitenciário b) não poderá realizar a prisão captura de Antônio, uma vez que inexiste
De acordo com o Código de Processo Penal, a prisão de qualquer situação de flagrante prevista em lei, apesar da identificação da autoria;
pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente: c) poderá realizar a prisão captura de Antônio, pois constatada a
1. ao Ministério Público. situação de flagrante próprio prevista em lei;
2. ao Departamento Prisional. d) poderá realizar a prisão captura de Antônio, uma vez constatada a
3. à família do preso. situação de flagrante presumido;
4. à defensoria pública ou ao advogado do preso. e) poderá realizar a prisão captura de Antônio, já que há situação de
flagrante esperado.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
a) São corretas apenas as afirmativas 1 e 3.
38. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 -
b) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4 TJ-AM - Assistente Judiciário
c) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3. Acerca de prisão, medidas cautelares e liberdade provisória, julgue o
d) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4. item subsecutivo.
e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4. A prisão em flagrante do autor de crime de ação penal pública
condicionada à representação substitui a necessidade de manifestação
do ofendido para instauração de inquérito policial.
35. Ano: 2019 Banca: FEPESE Órgão: SJC-SC Prova: FEPESE -
2019 - SJC-SC - Agente Penitenciário ( ) CERTO ( ) ERRADO
De acordo com o Código de Processo Penal, a nota de culpa deverá
conter: 39. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 -
1. a assinatura do preso. TJ-AM - Assistente Judiciário
Texto associado
2. o nome da autoridade policial.
3. os motivos da prisão. Jaime foi preso em flagrante por ter furtado uma bicicleta havia dois
meses. Conduzido à delegacia, Jaime, em depoimento ao delegado, no
4. o nome do condutor.
auto de prisão em flagrante, confessou que era o autor do furto. Na
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas. audiência de custódia, o Ministério Público requereu a conversão da
a) São corretas apenas as afirmativas 3 e 4. prisão em flagrante em prisão preventiva, sob o argumento da gravidade
b) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3. abstrata do delito praticado. No entanto, após ouvir a defesa, o juiz
c) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4. relaxou a prisão em flagrante, com fundamento de que não estava
presente o requisito legal da atualidade do flagrante, em razão do lapso
d) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4. temporal de dois meses entre a consumação do crime e a prisão do
e) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4. autor. Dias depois, em nova diligência no inquérito policial instaurado

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pelo delegado para apurar o caso, Jaime, já em liberdade, retratou-se IV - Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado regularmente
da confissão, alegando que havia pegado a bicicleta de Abel como intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem motivo justo;
forma de pagamento de uma dívida. Ao ser ouvido, Abel confirmou a deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo;
narrativa de Jaime e afirmou, ainda, que registrou boletim de ocorrência descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança;
do furto da bicicleta em retaliação à conduta de Jaime, seu credor. Por resistir injustificadamente a ordem judicial; praticar nova infração penal
fim, o juiz competente arquivou o inquérito policial a requerimento de dolosa ou culposa.
membro do Ministério Público, por atipicidade material da conduta, sob Pode-se afirmar que:
o fundamento de ter havido entendimento mútuo e pacífico entre Jaime a) Apenas I e II estão corretas.
e Abel acerca da questão, nos termos do relatório final produzido pelo
b) Apenas I está correta.
delegado.
c) Apenas II e III estão corretas.
A respeito da situação hipotética precedente, julgue o item a seguir.
d) Apenas III e IV estão corretas.
O relaxamento da prisão em flagrante de Jaime implica, por derivação,
a ilicitude das provas produzidas diretamente em decorrência do
flagrante. 42. Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RO Prova: VUNESP - 2019
- TJ-RO - Juiz de Direito Substituto
( ) CERTO ( ) ERRADO
Caio foi denunciado pelo Ministério Público pela prática do crime de
induzir o uso ilegal de drogas, previsto no artigo 33, parágrafo 2° , da
40. Ano: 2019 Banca: IDIB Órgão: Prefeitura de Petrolina - PE Lei n° 11.343/2006 (apenado com detenção, de 1 ano a 3 anos e multa).
Prova: IDIB - 2019 - Prefeitura de Petrolina - PE - Guarda Civil Recebida a denúncia, não sendo possível a citação pessoal, o Juiz
Sobre a prisão e as medidas cautelares, analise os itens a seguir: determinou a citação por edital. Publicado o edital, Caio não
compareceu em Juízo e tampouco constituiu advogado. Nos termos do
I. Considera-se em flagrante delito quem é encontrado, logo depois, com artigo 366 do Código de Processo Penal, o Juiz determinou a suspensão
instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele do processo e do prazo prescricional. Na mesma decisão, o Juiz
autor da infração. decretou a prisão preventiva de Caio, fundamentando-a no fato de ele
II. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o ter sido definitivamente condenado, há dois anos, por crime idêntico,
agente for homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do bem como para assegurar a aplicação da lei penal. Diante da situação
filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. hipotética, assinale a alternativa correta.
III. São medidas cautelares diversas da prisão, dentre outras, a a) O artigo 366 do Código de Processo Penal aplica-se aos crimes
monitoração eletrônica e o comparecimento periódico em juízo, no previstos na Lei n° 11.343/2006, entretanto, conforme ressalva
prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar expressa de referido diploma legal, a suspensão perdurará por prazo
atividades. máximo de 2 anos.
Analisados os itens, pode-se afirmar corretamente que: b) A decretação da prisão preventiva não se aplica ao caso, pois
somente é admitida para crimes apenados com pena máxima superior
a) Apenas o item I está correto. a 4 anos.
b) Apenas o item II está correto. c) A decretação da prisão preventiva aplica-se ao caso, em vista de Caio
c) Apenas o item III está correto. contar com condenação anterior definitiva, em crime doloso.
d) Apenas os itens I e II estão corretos. d) O artigo 366 do Código de Processo Penal não se aplica aos crimes
previstos na Lei n° 11.343/2006, conforme ressalva expressa de
e) Todos os itens estão corretos.
referido diploma legal.
e) A decretação da prisão preventiva não se aplica ao caso, pois
6. PRISÃO PREVENTIVA somente é admitida para garantia da ordem pública, da ordem
econômica e por conveniência da instrução criminal.
41. Ano: 2019 Banca: MPE-GO Órgão: MPE-GO Prova: MPE-GO -
2019 - MPE-GO - Promotor de Justiça - Reaplicação
43. Ano: 2019 Banca: MPE-GO Órgão: MPE-GO Prova: MPE-GO -
Sobre a prisão cautelar, outras medidas cautelares e a liberdade 2019 - MPE-GO - Promotor de Justiça Substituto - Anulada
provisória previstas no Código de Processo Penal, analise as Sobre o tem a relacionado à prisão, assinale a alternativa incorreta:
afirmativas abaixo:
a) Há julgados do STF no sentido de que a prisão do réu condenado por
I - A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou decisão soberana do Tribunal do Júri, ainda que sujeita a recurso, não
responsável por crianças ou pessoas com deficiência será substituída viola o princípio constitucional da presunção da inocência. Nessa linha
por prisão domiciliar, desde que não tenha cometido crime com violência de entendimento, sendo o réu condenado pelo Tribunal do Júri e tendo
ou grave ameaça a pessoa e não tenha cometido o crime contra seu o Juiz Presidente fixado, por exemplo, uma pena de dez anos, a ser
filho ou dependente. cumprida em regime inicialmente fechado, na própria sessão de
II - Dentre outas situações previstas em lei, poderá o juiz substituir a julgamento já pode ser decretada a prisão do réu, para fins de execução
prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for maior de 70 provisória da pena, ainda que o acusado tenha permanecido em
(setenta) anos; extremamente debilitado por motivo de doença grave; liberdade ao longo do processo e ainda que tenha interposto recurso de
ou quando o acusado for imprescindível aos cuidados especiais de apelação da decisão condenatória do Júri.
pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência. b) O art. 318-A do CPP dispõe que "a prisão preventiva imposta à
III - Embora o Código de Processo Penal seja silente sobre o assunto, mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas
a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou que o homem, com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que: I - não
caso seja o ˙nico responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa; II - não
anos de idade incompletos, poder· ser beneficiado com a prisão tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente ." Essa nova lei
domiciliar, por questões humanitárias e em analogia à situação da praticamente repetiu o teor de julgado do STF proferido no âmbito de
mulher. um habeas corpus coletivo (HC n. 143.641/SP), deixando, todavia, de

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consignar no dispositivo legal a ressalva feita no referido HC no sentido foi encaminhado ao Poder Judiciário e, posteriormente, ao Ministério
de que em situações excepcionalíssimas, devidamente fundamentadas, Público.
poderiam os juízes denegar tal benefício (substituição da prisão Entendendo que existe risco de reiteração delitiva, já que testemunhas
preventiva por prisão domiciliar). Diante desse contexto, a indicavam que Mariana, que se encontrava solta, já teria praticado
jurisprudência dominante do STJ tem aplicado literalmente o dispositivo delitos semelhantes, no mesmo local, em outras ocasiões, poderá o
legal do art. 318-A do CPP, não admitindo, fora as exceções previstas Promotor de Justiça com atribuição requerer que seja:
na própria lei (incisos 1 e II), que o Magistrado deixe de proceder a a) fixada cautelar alternativa de comparecimento mensal em juízo,
substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar, mesmo que de proibição de contato com as testemunhas, mas não o recolhimento
forma concretamente fundamentada e em situações domiciliar no período noturno por ausência de previsão legal;
excepcionalíssimas.
b) fixada cautelar alternativa de proibição de frequentar, por
c) O Estatuto da OAB assegura aos advogados presos provisoriamente determinado período, o estabelecimento lesado, mas não a decretação
o recolhimento em sala de Estado Maior ou, na sua falta, em prisão da prisão preventiva ou temporária;
domiciliar (art. 7° , inciso V, da Lei n. 8.906/1994). Não obstante, a
c) fixada a cautelar alternativa de internação provisória, que gera
jurisprudência dominante do STJ tem perfilhado o entendimento de que
detração da pena, mas não a prisão preventiva ou temporária;
a simples ausência de Sala de Estado Maior não autoriza
automaticamente a prisão domiciliar do advogado, preso d) decretada a prisão temporária da indiciada;
preventivamente, caso esteja ele segregado em cela separada do e) decretada a prisão preventiva da indiciada.
convívio prisional, em condições dignas de higiene e salubridade,
inclusive com banheiro privativo. 46. Ano: 2019 Banca: FUNDATEC Órgão: Prefeitura de Gramado -
d) o âmbito das prisões cautelares, a fundamentação per relationem, na RS Prova: FUNDATEC - 2019 - Prefeitura de Gramado - RS -
qual o magistrado adota como razões de decidir, por exemplo, o parecer Advogado
do Ministério Público, tem sido admitida pela jurisprudência dos De acordo com o Código de processo Penal, a prisão preventiva
Tribunais Superiores. imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças
ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde
44. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - que:
TJ-AM - Assistente Judiciário I. Não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa.
Texto associado II. Não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.
Jaime foi preso em flagrante por ter furtado uma bicicleta havia dois III. Se submeta à monitoração eletrônica.
meses. Conduzido à delegacia, Jaime, em depoimento ao delegado, no Quais estão corretas?
auto de prisão em flagrante, confessou que era o autor do furto. Na a) Apenas I.
audiência de custódia, o Ministério Público requereu a conversão da
prisão em flagrante em prisão preventiva, sob o argumento da gravidade b) Apenas II.
abstrata do delito praticado. No entanto, após ouvir a defesa, o juiz c) Apenas III.
relaxou a prisão em flagrante, com fundamento de que não estava d) Apenas I e II.
presente o requisito legal da atualidade do flagrante, em razão do lapso e) Apenas I e III.
temporal de dois meses entre a consumação do crime e a prisão do
autor. Dias depois, em nova diligência no inquérito policial instaurado
47. Ano: 2019 Banca: IESES Órgão: TJ-SC Prova: IESES - 2019 - TJ-
pelo delegado para apurar o caso, Jaime, já em liberdade, retratou-se
SC - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Remoção
da confissão, alegando que havia pegado a bicicleta de Abel como
forma de pagamento de uma dívida. Ao ser ouvido, Abel confirmou a Com relação às prisões processuais, é INCORRETO afirmar:
narrativa de Jaime e afirmou, ainda, que registrou boletim de ocorrência a) Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar, entre
do furto da bicicleta em retaliação à conduta de Jaime, seu credor. Por outros casos, quando o acusado for maior de 80 anos.
fim, o juiz competente arquivou o inquérito policial a requerimento de b) A prisão temporária prevista na Lei nº 7.960/1989, cabível apenas
membro do Ministério Público, por atipicidade material da conduta, sob quando houver fundados indícios de autoria e prova de materialidade
o fundamento de ter havido entendimento mútuo e pacífico entre Jaime de crime doloso praticado com violência ou grave ameaça e punido com
e Abel acerca da questão, nos termos do relatório final produzido pelo pena privativa de liberdade máxima superior a quatro anos de reclusão,
delegado. será decretada quando imprescindível para as investigações do
A respeito da situação hipotética precedente, julgue o item a seguir. inquérito policial ou quando o indiciado não tiver residência fixa ou não
Na hipótese de decretação de prisão preventiva de Jaime, não bastaria fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade.
que o juiz fundamentasse a decisão apenas na gravidade abstrata do c) Na hipótese de crime hediondo, a prisão temporária sobre a qual
delito, sendo imprescindível também a demonstração de insuficiência dispõe a Lei nº 7.960/1989, quando presentes os requisitos legais, terá
da aplicação de medida cautelar diversa da prisão. prazo máximo de trinta dias, prorrogável por mais trinta em caso de
( ) CERTO ( ) ERRADO extrema e comprovada necessidade. Nas demais hipóteses cabíveis na
referida legislação, a prisão temporária terá prazo de cinco dias,
também prorrogável por mais cinco em caso de extrema e comprovada
45. Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: TJ-CE Prova: FGV - 2019 - TJ-CE necessidade.
- Técnico Judiciário - Área Judiciária
d) Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal,
Mariana, tecnicamente primária e com endereço fixo, foi identificada, a havendo prova da existência de crime e indício suficiente de autoria,
partir de câmeras de segurança, como autora de um crime de furto poderá ser decretada, fundamentadamente, a prisão preventiva, nos
simples (Pena: 01 a 04 anos de reclusão e multa) em um crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima
estabelecimento comercial. O inquérito policial com relatório conclusivo, superior a quatro anos, desde que para a garantia da ordem pública, da
acompanhado da Folha de Antecedentes Criminais com apenas uma ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para
outra anotação referente à ação penal em curso, sem decisão definitiva, assegurar a aplicação da lei penal, ainda que o acusado seja primário.

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48. Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: 7. PRISÃO TEMPORÁRIA
INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Investigador
A legislação processual penal faz distinções entre as prisões 51. Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RO Prova: VUNESP - 2019
temporária e preventiva. Qual alternativa apresenta a informação - TJ-RO - Juiz de Direito Substituto
correta a respeito delas? Tendo em vista a Lei de Lavagem de Dinheiro e a Lei de Prisão
a) Tanto a prisão temporária como a prisão preventiva exigem prova de Temporária, assinale a alternativa correta.
indício suficiente de autoria, mas apenas a primeira exige o requisito de a) As medidas assecuratórias de bens só podem ser decretadas se a
que sua decretação se dê apenas nos crimes dolosos punidos com pena requerimento do Ministério Público ou mediante representação da
privativa de liberdade máxima superior a 4 anos. Autoridade Policial.
b) A prisão temporária será decretada pelo Juiz, em face da b) Decretada medida assecuratória de bens, comprovada
representação da autoridade policial ou de requerimento do Ministério posteriormente a origem lícita, o juiz determinará a liberação, mantendo,
Público, e terá o prazo de 5 dias, prorrogável por igual período em caso contudo, a constrição de bens suficientes à reparação dos danos e
de extrema e comprovada necessidade, enquanto a prisão preventiva demais encargos decorrentes da infração penal.
não possui prazo fixo para seu término.
c) O crime de lavagem de dinheiro é sempre de competência da Justiça
c) Os presos temporários deverão permanecer, obrigatoriamente, Federal.
separados dos demais detentos, enquanto os presos preventivos
podem repartir espaços com os apenados de sentença já transitada. d) A prisão temporária, cabível na fase de inquérito, quando decretada
em investigação por crime de lavagem de dinheiro, terá prazo de 30
d) Caberá prisão temporária para se assegurar a ordem econômica e (trinta) dias, prorrogável por igual período, em caso de extrema
caberá prisão preventiva para tutelar a lei penal quando o indiciado não
necessidade.
tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao
esclarecimento de sua identidade. e) A prisão temporária pode ser decretada de ofício pelo Judiciário, mas,
no caso de representação pela Autoridade Policial, o Juiz, antes de
e) É possível decretar prisão preventiva para acusados de cometerem
crime de associação criminosa de pena abstrata de reclusão de 1 a 3 decidir, ouvirá o Ministério Público.
anos, mas não é possível a decretação de prisão provisória para
acusados que cometerem crime de extorsão de pena abstrata de 52. Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: TRF - 3ª REGIÃO Prova: FCC -
reclusão de 4 a 10 anos. 2019 - TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário - Administrativa
Considere os seguintes casos hipotéticos:
49. Ano: 2019 Banca: INSTITUTO AOCP Órgão: PC-ES Prova: I. Paulo, funcionário público no exercício do seu cargo, cometeu crime
INSTITUTO AOCP - 2019 - PC-ES - Escrivão de Polícia de corrupção passiva ao exigir dinheiro de uma determinada pessoa
O Código de Processo Penal autoriza que o juiz substitua prisão para deixar de praticar determinado ato de ofício.
preventiva pela prisão domiciliar quando o agente for II. Júlio cometeu crime de cárcere privado (artigo 148, do Código Penal)
a) maior de 60 anos. ao invadir a casa da ex-namorada, que não queria reatar o
b) debilitado por motivo de doença. relacionamento amoroso.
c) mulher, com filho de até 8 anos incompletos. III. Afonso cometeu crime de roubo (artigo 157, do Código Penal) contra
d) homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até um hipermercado situado na cidade de São Paulo, em comparsaria com
12 anos. outros elementos.
e) imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 8 anos IV. Manoel, funcionário público, cometeu crime de peculato após se
de idade ou com deficiência. apropriar de dinheiro de que teve a posse em razão do seu cargo.
Presentes todos os requisitos legais previstos na Lei n° 7.960/1989, que
dispõe sobre a prisão temporária, o magistrado competente poderá
50. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-BA Prova: CESPE - 2019 -
TJ-BA - Juiz de Direito Substituto decretar a prisão temporária de:
Acerca de prisão, de liberdade provisória e de medidas cautelares, a) Paulo, Júlio e Manoel, apenas.
assinale a opção correta, com base no entendimento dos tribunais b) Paulo, Júlio, Afonso e Manoel.
superiores. c) Paulo, Afonso e Manoel, apenas.
a) A gravidade específica do ato infracional e o tempo transcorrido d) Júlio e Afonso, apenas.
desde a sua prática não devem ser considerados pelo juiz para análise e) Júlio e Manoel, apenas.
e deferimento de prisão preventiva.
b) A decisão sobre o pedido de prisão preventiva formulado durante
audiência dispensa a oitiva da defesa, por se tratar de medida cautelar. 53. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 -
TJ-AM - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador
c) A presença do defensor técnico é dispensável por ocasião da
formalização do auto de prisão em flagrante, desde que a autoridade Lúcio é investigado pela prática de latrocínio. Durante a investigação,
policial informe ao preso os seus direitos constitucionalmente apurou-se a participação de Carlos no crime, tendo sido decretada de
garantidos. ofício a sua prisão temporária.
d) A decretação de prisão preventiva fundada na garantia da ordem A partir dessa situação hipotética e do que dispõe a legislação, julgue o
pública dispensa a prévia análise do cabimento das medidas cautelares item seguinte.
diversas da prisão previstas no CPP. Recebida a denúncia, não será mais cabível prisão temporária para
e) Quando o MP representar por prisão temporária, não será possível Lúcio e Carlos.
que se decrete a prisão preventiva, uma vez que isso representaria ( ) CERTO ( ) ERRADO
ofensa ao princípio da inércia da jurisdição.

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54. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - c) A cassação da fiança ocorrerá na hipótese em que, instado a reforçá-
TJ-AM - Analista Judiciário - Direito la, o acusado não o fizer.
Lúcio é investigado pela prática de latrocínio. Durante a investigação, d) Não se cogita de liberdade provisória mediante fiança nas hipóteses
apurou-se a participação de Carlos no crime, tendo sido decretada de em que estejam presentes os requisitos de que depende a decretação
ofício a sua prisão temporária. da prisão preventiva e da temporária.
A partir dessa situação hipotética e do que dispõe a legislação, julgue o
item seguinte.
É ilegal a prisão temporária de Carlos, porque, apesar de o crime de 57 Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RO Prova: VUNESP - 2019
latrocínio admiti-la, não poderia ter sido decretada de ofício pelo juiz. - TJ-RO - Juiz de Direito Substituto
( ) CERTO ( ) ERRADO Tício foi preso em flagrante por ter praticado o crime de descumprimento
de medida protetiva de urgência (apenado com detenção de 3 meses a
55. Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: TJ-CE Prova: FGV - 2019 - TJ-CE 2 anos), em razão de ter ido à casa da ex-mulher, violando a medida
- Técnico Judiciário - Área Judiciária protetiva anteriormente imposta por Juízo Cível. A Autoridade Policial
Alan, funcionário público de determinado Tribunal de Justiça, estava arbitrou fiança e, uma vez paga, Tício foi posto em liberdade. Intimado
sendo investigado, em inquérito policial, pela suposta prática dos crimes posteriormente para prestar depoimento, Tício não comparece, razão
de associação criminosa e corrupção passiva. Decorrido o prazo das pela qual a Autoridade Policial considerou quebrada a fiança,
investigações, a autoridade policial encaminhou os autos ao Poder determinando a imediata prisão. Tendo em conta a situação hipotética,
Judiciário solicitando novo prazo para prosseguimento dos atos assinale a alternativa correta.
investigatórios. O Ministério Público apenas concordou com o a) É correta a concessão de fiança pela Autoridade Policial. Contudo,
requerimento de prorrogação do prazo, não apresentando qualquer somente a Autoridade Judicial poderia decidir pela prisão, em vista do
outro requerimento. O magistrado, por sua vez, ao receber os autos,
quebramento da fiança.
concedeu mais 15 (quinze) dias para investigações e, na mesma
decisão, decretou a prisão temporária de Alan pelo prazo de 05 (cinco) b) É errada a concessão de fiança a Tício, pois somente a Autoridade
dias, argumentando que a cautelar seria imprescindível para as Judicial pode conceder fiança em crime de descumprimento de medida
investigações do inquérito policial. protetiva.
Alan foi preso temporariamente e mantido separado dos demais c) É errada a concessão de fiança a Tício, pois o crime de
detentos da unidade penitenciária. Ao final do 4º dia de prisão, a descumprimento de medida protetiva é inafiançável.
autoridade judicial prorrogou por mais 05 (cinco) dias a prisão
d) É correta a concessão de fiança pela Autoridade Policial, já que se
temporária, esclarecendo que os motivos que justificaram a decisão
trata de crime apenado com privativa de liberdade máxima inferior a 4
permaneciam inalterados, ainda sendo necessária a medida drástica
para as investigações. anos.
Procurado pela família do preso, o advogado de Alan deverá esclarecer e) São corretas tanto a concessão de fiança quanto a posterior
que: decretação de prisão pela Autoridade Policial, em decorrência do
a) a prisão temporária foi decretada e prorrogada de maneira válida, quebramento da fiança.
mas houve ilegalidade na sua execução, tendo em vista que os presos
temporários não podem ser mantidos separados dos demais detentos; 58. Ano: 2019 Banca: FEPESE Órgão: SJC-SC Prova: FEPESE -
b) a prisão temporária não poderia ter sido prorrogada pelo prazo de 05 2019 - SJC-SC - Agente Penitenciário
(cinco) dias, já que essa cautelar somente tem prazo máximo total de
05 (cinco) dias, que foi o período inicialmente fixado; De acordo com o Código de Processo Penal, é correto afirmar:
c) a prisão temporária, mesmo que presentes os requisitos legais, não a) A concessão de liberdade provisória deverá impor, como condição, a
poderia ter sido decretada de ofício pela autoridade judicial; garantia do juízo por meio de fiança.
d) a prisão temporária foi decretada e prorrogada de maneira válida, não b) O delegado de polícia, entendendo a inadequação das medidas
havendo também qualquer ilegalidade em sua execução; cautelares, poderá revogar a prisão em flagrante.
e) o crime de associação criminosa não admite a decretação da prisão c) A prisão em flagrante somente poderá ser relaxada após fixada a
temporária por não estar previsto no rol da Lei nº 7.960/89. fiança pela autoridade judicial.
d) Ao receber o auto de prisão em flagrante, a autoridade judiciária
8. LIBERDADE PROVISÓRIA MEDIANTE poderá conceder liberdade provisória de forma fundamentada.
FIANÇA e) A autoridade policial, ao lavrar o auto de prisão em flagrante, deverá,
fundamentadamente, relaxar a prisão em caso de ilegalidade.
56. no: 2019 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: MPE-
MG Prova: FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2019 - MPE-MG -
Promotor de Justiça Substituto 59. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 -
Acerca do instituto da liberdade provisória e das disposições que a TJ-AM - Assistente Judiciário
disciplinam, é incorreta a afirmação seguinte: Acerca de prisão, medidas cautelares e liberdade provisória, julgue o
a) O quebramento injustificado da fiança importa na perda de metade item subsecutivo.
de seu valor, com a consequente imposição de outras medidas
É vedada a concessão de liberdade provisória a autor de crime
cautelares, aí incluída a prisão preventiva, se presentes seus requisitos.
inafiançável.
b) A perda da fiança decorrente da não apresentação do condenado
para o cumprimento da pena imposta independe de que esta seja ( ) CERTO ( ) ERRADO
privativa de liberdade ou não.

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60. Ano: 2019 Banca: IDIB Órgão: Prefeitura de Petrolina - PE b) No caso de ter sido praticado mais de um crime, um deles com o
Prova: IDIB - 2019 - Prefeitura de Petrolina - PE - Guarda Civil objetivo de se conseguir impunidade em relação ao outro, a
Com base no Código de Processo Penal, assinale abaixo a situação em competência será determinada pela conexão.
que é possível a concessão de fiança: c) Ocorrerá a conexão intersubjetiva por reciprocidade se duas ou mais
a) Quando o réu estiver sendo investigado pela prática de crime de infrações forem cometidas por duas pessoas contra terceira pessoa sem
tortura. unidade de desígnios.
b) Quando o réu tiver praticado infrações penais de menor potencial d) A precedência da distribuição fixará a competência quando em
ofensivo. comarcas contíguas houver mais de um juiz competente, face o início
c) Quando o réu tiver sofrido prisão civil ou militar. da execução ou o resultado do crime.
d) Quando estiverem presentes os motivos que autorizam a decretação e) É de competência da justiça estadual o julgamento dos crimes de
da prisão preventiva. embriaguez ao volante e contrabando descobertos em diligência
policial, por se tratar de competência por conexão instrumental.
e) Quando o réu estiver sendo investigado pela prática de crimes
hediondos.
64. Ano: 2019 Banca: FUNDEP (Gestão de Concursos) Órgão: MPE-
MG Prova: FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2019 - MPE-MG -
9. COMPETÊNCIA Promotor de Justiça Substituto
61. Ano: 2019 Banca: MPE-GO Órgão: MPE-GO Prova: MPE-GO - Sobre competência, sua fixação e modificação no processo penal, é
2019 - MPE-GO - Promotor de Justiça - Reaplicação correto afirmar que:
A respeito da competência, de acordo com as Súmulas dos a) é desconhecida, no processo penal, a hipótese de foro de eleição.
Tribunais Superiores È incorreto afirmar: b) na conexão de crimes de competência das justiças federal e estadual,
a) Tendo o condutor do veículo apresentado ao Policial Rodoviário o entendimento prevalente, mas não unânime, é no sentido de
Federal a carteira nacional de habilitação falsificada, a competência promover-se a separação dos processo
para o processo e julgamento do caso penal È da Justiça Estadual do c) o provimento do incidente de deslocamento de competência
local onde o crime foi cometido. provocado pelo Procurador-Geral da República somente depende de
b) A competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos restringe- que, diante de grave violação a direitos humanos, tenha sido proposta
se aos crimes de competência da Justiça comum estadual; nos demais ação penal e haja possibilidade de responsabilização internacional do
casos, a competência originária caber· ao respectivo tribunal de Estado brasileiro.
segundo grau. d) configurado desacato à autoridade de juiz de Direito no exercício de
c) É relativa a nulidade decorrente da inobservância da competência funções eleitorais, a competência para o julgamento do crime será da
penal por prevenção. Justiça Federal.
d) A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o
foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela 65. Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: TRF - 3ª REGIÃO Prova: FCC -
Constituição Estadual. 2019 - TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário - Administrativa
Sobre a competência penal da Justiça Federal, é INCORRETO afirmar
62. Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RJ Prova: VUNESP - 2019 que compete
- TJ-RJ - Juiz Substituto a) aos juízes federais processar e julgar os crimes previstos em tratado
No que concerne à competência, o STF entende, por súmula, que ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o
a) o foro competente para o processo e o julgamento dos crimes de resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou
estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem reciprocamente.
provisão de fundos, é o do local onde o título foi emitido (521). b) aos juízes federais processar e julgar os crimes cometidos a bordo
b) a competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos se restringe de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar.
aos crimes de competência da Justiça comum estadual; nos demais c) aos Tribunais Regionais Federais julgar originariamente os membros
casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de do Ministério Público da União nos crimes comuns, ressalvada a
segundo grau (702). competência da Justiça Eleitoral.
c) salvo ocorrência de tráfico para o exterior ou entre Estados da d) ao Superior Tribunal de Justiça julgar, em recurso ordinário, decisões
Federação, quando, então, a competência será da Justiça Federal, concessivas de habeas corpus decididos em última ou única instância
compete à Justiça dos Estados o processo e o julgamento dos crimes pelos Tribunais Regionais Federais.
relativos a entorpecentes (522). e) aos Tribunais Regionais Federais processar e julgar as revisões
d) o foro por prerrogativa de função estabelecido pela Constituição criminais de julgados dos juízes federais da região.
Estadual prevalece sobre a competência constitucional do Tribunal do
Júri (721). 66. Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: TRF - 3ª REGIÃO Prova: FCC -
e) é competente o Supremo Tribunal Federal para julgar conflito de 2019 - TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área Judiciária
jurisdição entre juiz de direito do Estado e a Justiça Militar local (555). Tácito, empresário, residente na cidade de Campo Grande-MS, durante
uma fiscalização realizada em sua empresa por um auditor fiscal da
63. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-PA Prova: CESPE - 2019 - receita federal, no mês de novembro de 2018, ofereceu ao referido
TJ-PA - Juiz de Direito Substituto. funcionário público a quantia de R$ 20.000,00 para que sua empresa
A respeito de jurisdição e competência no processo penal, assinale a não fosse autuada após a constatação de sonegação tributária,
opção correta. cometendo, portanto, o crime de corrupção ativa, disposto no artigo 333
do Código Penal. No curso das investigações, Tácito foi eleito no último
a) Em caso de crime praticado por prefeito em concurso com partícipe
pleito eleitoral para o cargo de Senador da República. O inquérito
que não tenha foro privilegiado, a separação do processo será
policial foi relatado e o Ministério Público Federal deverá oferecer
obrigatória, e a competência para julgamento será do tribunal de justiça.

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denúncia. Nesse caso hipotético, a competência para processar e julgar d) o promotor de justiça criminal da comarca do Rio de Janeiro terá
a ação penal que será instaurada contra o atual Senador Tácito será atribuição para o oferecimento de denúncia em face de Gabriel,
a) do Supremo Tribunal Federal. devendo ocorrer a separação entre a jurisdição comum e o juízo de
b) de uma das Varas Federais de Campo Grande-MS, com competência menores;
criminal. e) os Promotores de Justiça do Ministério Público do Estado do Rio de
c) do Superior Tribunal de Justiça. Janeiro não têm atribuição para o oferecimento de denúncia ou
oferecimento de representação, já que o crime se consumou fora do
d) do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
país.
e) de uma das varas criminais da Justiça Comum Estadual, da comarca
de Campo Grande-MS.
69. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 -
TJ-AM - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador
67. Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: MPE-RJ Prova: FGV - 2019 - MPE-
Hugo é investigado pela prática de lesão corporal seguida de morte
RJ - Analista do Ministério Público - Processual
contra Márcia, crime esse cometido em Manaus. A autoridade policial
Renato foi preso em flagrante pela suposta prática dos crimes conexos realizou interceptação telefônica e tomou conhecimento de que Hugo
de lesão corporal seguida de morte (Pena: reclusão, de 04 a 12 anos), havia confessado ser o autor do crime ao irmão da vítima, Miguel.
ocultação de cadáver (Pena: reclusão, de 01 a 03 anos, e multa) e dois
Acerca dessa situação hipotética, julgue o item a seguir, com base no
delitos de furto qualificado em razão do rompimento de obstáculo (Pena:
que dispõe a legislação de regência
reclusão, de 02 a 08 anos, e multa). De acordo com as informações
obtidas, na cidade de Niterói, Renato, mediante rompimento de A competência para processar e julgar Hugo, se este figurar como réu,
obstáculo, subtraiu bens de duas residências, sem emprego de violência será do tribunal do júri da comarca de Manaus.
ou grave ameaça à pessoa. Já quando estava com os bens dentro de ( ) CERTO ( ) ERRADO
um caminhão, na cidade de São Gonçalo, veio a ser encontrado por
uma das vítimas, iniciando-se uma discussão. Durante a discussão, 70. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 -
Renato desferiu um golpe na cabeça da vítima, com intenção de lesioná- TJ-AM - Assistente Judiciário
la, mas acabou por causar o resultado morte de maneira culposa. Texto associado
Temendo pelas consequências de seus atos, Renato enterrou o corpo
Jaime foi preso em flagrante por ter furtado uma bicicleta havia dois
da vítima em Itaboraí, evadindo-se, em seguida, para se esconder em
meses. Conduzido à delegacia, Jaime, em depoimento ao delegado, no
sua residência, localizada em Silva Jardim. Ocorre que o autor do fato
auto de prisão em flagrante, confessou que era o autor do furto. Na
foi localizado e preso em flagrante por policiais, em Rio Bonito, antes de
audiência de custódia, o Ministério Público requereu a conversão da
chegar em sua casa.
prisão em flagrante em prisão preventiva, sob o argumento da gravidade
Considerando apenas as informações narradas, terá atribuição para abstrata do delito praticado. No entanto, após ouvir a defesa, o juiz
oferecimento da denúncia de todos os crimes conexos pelos quais relaxou a prisão em flagrante, com fundamento de que não estava
Renato foi indiciado, o promotor de justiça da comarca de: presente o requisito legal da atualidade do flagrante, em razão do lapso
a) Niterói; temporal de dois meses entre a consumação do crime e a prisão do
b) São Gonçalo; autor. Dias depois, em nova diligência no inquérito policial instaurado
c) Itaboraí; pelo delegado para apurar o caso, Jaime, já em liberdade, retratou-se
d) Rio Bonito; da confissão, alegando que havia pegado a bicicleta de Abel como
forma de pagamento de uma dívida. Ao ser ouvido, Abel confirmou a
e) Silva Jardim.
narrativa de Jaime e afirmou, ainda, que registrou boletim de ocorrência
do furto da bicicleta em retaliação à conduta de Jaime, seu credor. Por
68. Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: MPE-RJ Prova: FGV - 2019 - MPE- fim, o juiz competente arquivou o inquérito policial a requerimento de
RJ - Oficial do Ministério Público membro do Ministério Público, por atipicidade material da conduta, sob
Gabriel, 19 anos, juntamente com o adolescente David, 16 anos, o fundamento de ter havido entendimento mútuo e pacífico entre Jaime
receberam, mediante fraude, vantagem indevida da vítima Joana, fato e Abel acerca da questão, nos termos do relatório final produzido pelo
que se adequaria à figura típica do crime de estelionato. Durante as delegado.
investigações, restou constatado que todos os envolvidos (executores e A respeito da situação hipotética precedente, julgue o item a seguir.
vítima) eram brasileiros, que Gabriel e David seriam os autores do fato Caso Jaime seja indígena, a competência para processá-lo e julgá-lo é
e que a execução do delito, em território nacional, iniciou-se em Niterói, da justiça comum federal.
mas que o último ato de execução fora praticado na cidade do Rio de
( ) CERTO ( ) ERRADO
Janeiro. Apesar disso, o crime se consumou fora do país.
Com base apenas nas informações expostas, de acordo com as
previsões do Código de Processo Penal, é correto afirmar que: 10. AÇÃO PENAL
a) o promotor de justiça criminal da comarca de Niterói terá atribuição 71. Ano: 2019 Banca: CONSULPLAN Órgão: MPE-PA Prova:
para o oferecimento de denúncia em face de Gabriel, atraindo, ainda, a CONSULPLAN - 2019 - MPE-PA - Estagiário - Direito
competência da justiça comum para julgamento da ação socioeducativa
A ação penal inicia-se com o oferecimento da denúncia ou queixa,
em face de David;
se pública ou privada. A demanda será considerada ajuizada a
b) o promotor de justiça criminal da comarca do Rio de Janeiro terá partir do momento em que há o recebimento da peça inicial pelo
atribuição para o oferecimento de denúncia em face de Gabriel, juiz, sendo aperfeiçoada a relação processual com citação do réu.
atraindo, ainda, a competência da justiça comum para julgamento da Sobre a ação penal é correto afirmar que:
ação socioeducativa em face de David;
a) Somente ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo
c) o promotor de justiça criminal da comarca de Niterói terá atribuição caberá intentar a ação pública.
para o oferecimento de denúncia em face de Gabriel, devendo ocorrer
b) A ação penal, nas contravenções, será iniciada com a queixa
a separação entre a jurisdição comum e o juízo de menores;
efetuada pelo ofendido, acompanhada de parecer do Ministério Público.

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c) Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio b) equivocado, pois os requisitos da suspensão condicional da pena não
ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. se confundem com os da suspensão condicional do processo e somente
d) Se o ofendido for mentalmente enfermo, o direito de queixa poderá o réu tecnicamente reincidente não faz jus ao benefício;
ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento c) correto, mas, discordando o magistrado, deverá este submeter a
do Ministério Público. questão ao Procurador-Geral de Justiça, aplicando-se, por analogia, as
previsões do art. 28 do CPP;
72. Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RJ Prova: VUNESP - 2019 d) correto, mas, diante da discordância, o magistrado poderá oferecer
- TJ-RJ - Juiz Substituto diretamente a proposta de suspensão condicional do processo, já que
se trata de direito subjetivo do réu;
Oferecendo o ofendido ação penal privada subsidiária da pública, o
Ministério Público, nos exatos termos do art. 29 do CPP, e) correto e, ainda que o magistrado discorde, nada poderá ser feito,
tendo em vista que o Ministério Público é o titular da iniciativa das ações
a) perde interesse processual e deixa de intervir nos autos. penais públicas.
b) pode intervir em todos os termos do processo, contudo, sem
capacidade recursal.
75. Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: MPE-RJ Prova: FGV - 2019 - MPE-
c) perde a possibilidade de representar pelo arquivamento do inquérito RJ - Analista do Ministério Público - Processual
e não pode repudiar a queixa.
Através do oferecimento de denúncia, o Ministério Público inicia um
d) pode aditar a queixa. processo em que se imputa a determinada pessoa um crime de ação
e) deixa de ser parte e passa a atuar como custos legis e não pode, por penal pública.
exemplo, fornecer elementos de prova. Com base nas previsões do Código de Processo Penal, existem
formalidades legais que devem ser observadas pelo Promotor de
73. Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: TRF - 3ª REGIÃO Prova: FCC - Justiça no momento de apresentar a inicial acusatória.
2019 - TRF - 3ª REGIÃO - Técnico Judiciário - Administrativa A denúncia deverá conter:
Maurício esteve em uma festa realizada em uma casa noturna, situada a) a classificação do crime, a qual não vincula o magistrado, que poderá
na cidade de São Paulo, no dia 10 de julho de 2019. Acabou se dar nova classificação jurídica no momento da sentença com base em
envolvendo em uma briga e foi agredido por duas pessoas não novos fatos descobertos durante a instrução, ainda que sem qualquer
identificadas. Maurício registrou Boletim de Ocorrência e foi submetido alteração da inicial acusatória;
a exame de corpo de delito, que constatou que ele sofreu lesões b) a qualificação do acusado, mas, caso sua identificação através do
corporais de natureza leve. No curso das investigações, de posse das nome seja desconhecida, poderão constar esclarecimentos pelos quais
imagens das câmeras de segurança do estabelecimento, foi possível possa ser identificado, tornando certa a identidade física;
identificar os dois agressores. Maurício compareceu ao Distrito Policial c) a exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias, não
e realizou o reconhecimento pessoal dos seus agressores em 15 de podendo a agravante da reincidência ser reconhecida se não imputada
agosto de 2019, os quais foram devidamente qualificados nessa data. na inicial acusatória;
No dia 10 de setembro de 2019, Maurício faleceu em decorrência de um
d) a classificação do crime, que vinculará o magistrado no momento da
infarto, deixando uma esposa, Fabíola. No caso hipotético apresentado,
sentença, ainda que não haja necessidade de alteração dos fatos
tratando-se de crime que se processa mediante representação do
narrados;
ofendido, Fabíola, na condição de cônjuge do falecido, deverá ofertar a
necessária representação para ver os agressores do seu finado esposo e) o rol de testemunhas, computando-se no limite máximo as
processados criminalmente no prazo de testemunhas referidas.
a) 03 meses, contado a partir da data do óbito de Maurício.
b) 06 meses, contado a partir do dia 10 de julho de 2019. 76. Ano: 2019 Banca: FEPESE Órgão: SJC-SC Prova: FEPESE -
2019 - SJC-SC - Agente Penitenciário
c) 06 meses, contado a partir do dia 15 de agosto de 2019.
De acordo com o Código de Processo Penal, é correto afirmar:
d) 06 meses, contado a partir da data do óbito de Maurício.
a) O direito de representação somente poderá ser exercido
e) 03 meses, contado a partir do dia 10 de julho de 2019. pessoalmente pelo ofendido.
b) A ação penal deverá ser proposta no prazo de até quinze dias após
74. Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: MPE-RJ Prova: FGV - 2019 - MPE- reduzida a representação a termo.
RJ - Analista do Ministério Público - Processual c) A representação deverá ser feita diretamente à autoridade policial.
Promotor de Justiça ofereceu denúncia em face de Luiz, imputando-lhe d) Ação penal decorrente de representação criminal deverá ser
a prática do crime de estelionato (Pena: reclusão, de 01 a 05 anos, e instruída, obrigatoriamente, com a cópia do inquérito policial.
multa). Em que pese a pena mínima de um ano, deixou de oferecer e) A representação conterá todas as informações que possam servir à
proposta de suspensão condicional do processo, sob o fundamento de apuração do fato e da autoria.
que deveriam ser observados os requisitos da suspensão condicional
da pena e que Luiz ia a três outras ações penais pela suposta prática
de crimes contra o patrimônio. No momento de avaliar o recebimento da 77. Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: Câmara de Fortaleza - CE Prova:
denúncia, o magistrado competente não concordou com o não FCC - 2019 - Câmara de Fortaleza - CE - Agente Administrativo
oferecimento de proposta de suspensão condicional do processo. Sobre a ação penal privada é correto afirmar que
Considerando as informações narradas, com base na jurisprudência do a) será promovida por denúncia do Ministério Público ou por requisição
Supremo Tribunal Federal, o promotor de justiça, ao não oferecer o do Ministro da Justiça.
benefício despenalizador, está: b) seu exercício depende de representação do Ministério Público e
a) equivocado, já que somente o réu reincidente não faz jus ao benefício aceitação da vítima.
da suspensão condicional do processo, apesar de os requisitos da c) pode ser intentada tanto pelo ofendido quanto por quem tenha
suspensão condicional da pena realmente terem de ser observados; qualidade para representá-lo.

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d) deve ser proposta no prazo de trinta dias da descoberta do crime pelo atribuição se manteve inerte no prazo previsto para oferecimento de
ofendido. denúncia.
e) pode ser exercida por qualquer pessoa que saiba do crime e Considerando a inércia do Ministério Público e a existência de justa
independe da vontade do ofendido. causa, o lesado, através de sua defesa técnica, poderá:
a) oferecer representação administrativa em desfavor do Promotor de
78. Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: MPE-RJ Prova: FGV - 2019 - MPE-
RJ - Oficial do Ministério Público Justiça, mas nada poderá fazer em relação ao início da ação penal, já
João ofereceu queixa-crime em face de José, imputando-lhe a prática que a previsão do Código de Processo Penal de ação penal privada
do crime de calúnia majorada. No curso da instrução, após recebimento subsidiária da pública não foi recepcionada pela Constituição da
da queixa-crime, João não compareceu para dar prosseguimento ao República de 1988, que previu que o Ministério Público é o titular das
feito, sendo certificado pelo oficial de justiça que não foi possível intimar ações penais públicas;
João pelo fato de a área de sua residência ser de risco. O Ministério b) oferecer representação administrativa em desfavor do Promotor de
Público, na qualidade de custos legis, através de seus próprios Justiça, mas nada poderá fazer em relação ao início da ação penal, em
servidores, auxiliou o Oficial de Justiça e foi realizada a intimação do
razão da natureza de ação penal pública incondicionada, já que a queixa
querelante para dar prosseguimento ao feito e informando sobre a data
subsidiária somente é aplicável em ações penais de natureza pública
da audiência designada. Passados 30 (trinta) dias, João manteve-se
inerte e não compareceu à audiência de instrução e julgamento. condicionada à representação;
Considerando apenas os fatos narrados, é correto afirmar que: c) dar início à ação penal privada subsidiária da pública, não podendo o
a) o reconhecimento da extinção da punibilidade em razão do perdão Ministério Público fornecer elementos de prova, mas caberá ao órgão
do ofendido ocorrido depende de requerimento do Ministério Público, retomar a ação como parte principal em caso de negligência do
não podendo ser declarada de ofício pelo magistrado; querelante;
b) a perempção restou configurada, gerando a extinção da punibilidade d) apresentar queixa, iniciando ação penal privada subsidiária da
do agente, aplicando-se o princípio da disponibilidade das ações penais pública, podendo, porém, o Ministério Público repudiar a queixa e
privadas;
oferecer denúncia substitutiva;
c) a renúncia restou configurada, gerando a extinção da punibilidade do
querelado, em respeito ao princípio da oportunidade das ações penais e) apresentar queixa subsidiária da pública, não cabendo mais ao
privadas; Ministério Público realizar qualquer intervenção no processo.
d) o perdão do ofendido restou configurado, gerando a extinção da
punibilidade do querelado, independentemente de sua concordância;
e) o procedimento deve prosseguir, cabendo ao Ministério Público 11. SUJEITOS DO PROCESSO
assumir o polo ativo diante da omissão do querelante. 81. Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RO Prova: VUNESP - 2019
- TJ-RO - Juiz de Direito Substituto
79. Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: TJ-CE Prova: FGV - 2019 - TJ-CE
A respeito do assistente da acusação, assinale a alternativa correta.
- Técnico Judiciário - Área Judiciária
Hugo foi vítima de crime de dano simples, tendo ele identificado que a a) O assistente da acusação, na fase de ação penal, só é admitido até
autora do fato seria sua ex-namorada Joana. Acreditando que a ex- a fase de sentença.
namorada adotou o comportamento em um momento de raiva, b) Ao assistente da acusação é permitido propor todos os meios de
demonstra seu desinteresse em vê-la processada criminalmente. prova admitidos em direito, inquirir testemunhas, bem como aditar a
Ocorre que os fatos chegaram ao conhecimento da autoridade policial
denúncia ofertada pelo órgão de acusação.
e do Ministério Público.
Considerando que o crime de dano simples é de ação penal privada, se c) O assistente da acusação é admitido tanto na fase de inquérito quanto
aplica, ao caso, o princípio da: na fase de ação penal, seja nas de iniciativa pública ou privada.
a) indivisibilidade, de modo que Hugo tem obrigação de apresentar d) O corréu pode figurar como assistente da acusação quanto ao outro
queixa-crime em desfavor de todos os autores do fato, a partir da réu, no mesmo processo.
identificação da autoria;
e) O Código de Processo Penal não prevê recurso contra a decisão que
b) disponibilidade, podendo, porém, o Ministério Público oferecer
inadmitir a habilitação a assistente da acusação.
denúncia em caso de omissão do ofendido pelo prazo de 06 (seis)
meses;
c) obrigatoriedade, devendo Hugo apresentar queixa-crime em desfavor 82. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 -
de Joana, sob pena de intervenção do Ministério Público; TJ-AM - Analista Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador
d) disponibilidade, de modo que deve ser reconhecido que houve, na Hugo é investigado pela prática de lesão corporal seguida de morte
hipótese, perempção;
contra Márcia, crime esse cometido em Manaus. A autoridade policial
e) oportunidade, de modo que cabe a Hugo decidir por apresentar ou realizou interceptação telefônica e tomou conhecimento de que Hugo
não queixa-crime em desfavor de Joana.
havia confessado ser o autor do crime ao irmão da vítima, Miguel.
80. Ano: 2019 Banca: FGV Órgão: TJ-CE Prova: FGV - 2019 - TJ-CE Acerca dessa situação hipotética, julgue o item a seguir, com base no
- Técnico Judiciário - Área Judiciária que dispõe a legislação de regência
Após concluir investigações, a autoridade policial encaminha relatório Miguel poderá habilitar-se como assistente de acusação enquanto não
conclusivo ao Ministério Público, indiciando Jorge pela suposta prática transitar em julgado a sentença penal.
do crime de estelionato, crime esse de ação penal pública ( ) CERTO ( ) ERRADO
incondicionada. Recebidos os autos, o Promotor de Justiça com

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83. Ano: 2019 Banca: IESES Órgão: TJ-SC Prova: IESES - 2019 - TJ- c) é legítima apenas quando o investigado não tiver atendido,
SC - Titular de Serviços de Notas e de Registros - Remoção injustificadamente, prévia intimação.
Em relação à figura do assistente da acusação, prevista nos artigos 268 d) é válida, quando ocorrer em substituição à medida mais grave, como
e seguintes do Código de Processo Penal, é correto afirmar: a prisão preventiva ou temporária.
a) O corréu no mesmo processo poderá, ainda antes da sentença, e) não foi recepcionada pela Constituição de 1988, pois representa
intervir como assistente do Ministério Público, o qual será ouvido restrição à liberdade de locomoção e viola a presunção de não
previamente sobre a admissão. culpabilidade.
b) A realização das provas propostas pelo assistente de acusação
poderá ser deferida pelo juiz caso o Ministério Público não manifeste 12. ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL
objeção. 86. Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: Prefeitura de Caruaru - PE Prova:
c) O assistente será admitido a qualquer tempo até a prolação de FCC - 2018 - Prefeitura de Caruaru - PE - Procurador do Município
sentença em primeiro grau, recebendo a causa, contudo, no estado em A norma inserida no art. 366 do Código de Processo Penal possui
que se achar. natureza dúplice, não podendo ser cindida. Sobre o tema, é correto
d) Ao assistente será permitido, entre outras ações, propor meios de afirmar que
prova, requerer perguntas às testemunhas, participar dos debates orais, a) enquanto suspenso o processo, a conduta criminosa é imprescritível.
interpor recurso de apelação quando o Ministério Público não o fizer no b) ao ser suspenso o processo, o mesmo deve ocorrer com o prazo
prazo legal, bem como arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério decadencial.
Público. c) período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo
da pena cominada.
d) a suspensão do processo interrompe os prazos prescricional e
84. Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: DPE-SP Prova: FCC - 2019 - DPE- decadencial.
SP - Defensor Público e) a suspensão condicional do processo não pode ser cindida enquanto
Após atender uma mulher vítima de violência doméstica, o Núcleo de não citado o acusado.
Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres da Defensoria Pública
de São Paulo solicita a instauração de inquérito policial e passa a 87. Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: MPE-PE Prova: FCC - 2018 - MPE-
acompanhar, para garantia dos direitos da ofendida, a correspondente PE - Técnico Ministerial - Administrativa
ação penal. Ao ser citado, o suposto ofensor – um empresário com Acerca do que dispõe o Código de Processo Penal sobre as diversas
renda mensal de R$ 10 mil – se recusa a constituir advogado de sua modalidades de comunicação processual,
confiança. Ao ser intimado para a defesa do acusado, o Defensor a) se o réu estiver preso, será citado na pessoa de seu defensor.
Público que atua na Vara de Violência Doméstica e Familiar, com b) se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
atribuição de defesa criminal, deverá adotar a seguinte providência: advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo
a) Promover a defesa criminal do acusado e, ao final, pleitear o prescricional.
arbitramento de honorários advocatícios. c) estando o acusado no estrangeiro, em lugar sabido, será citado
b) Assumir a defesa do acusado e oficiar ao Núcleo de Promoção e mediante carta precatória.
Defesa dos Direitos das Mulheres para deixar de patrocinar os d) a intimação do defensor constituído, do advogado do querelante e do
interesses da vítima, em razão da priorização da defesa do acusado na assistente far-se-á por oficial de justiça.
área criminal. e) verificando que o réu se oculta para não ser citado, será citado por
edital, com o prazo de 15 dias.
c) Declinar da defesa criminal, visto que a vítima já está sendo
patrocinada pela Defensoria Pública.
88. Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-RS Prova: FCC - 2018 - DPE-
d) Declinar da defesa criminal, visto que o acusado não é pessoa
RS - Defensor Público
necessitada.
Sobre a defesa no processo penal, considere:
e) Promover, se necessário, as medidas de urgência em favor do
I. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir
acusado no prazo de até 10 (dez) dias e declinar de sua defesa. advogado, deverá o juiz nomear-lhe defensor para viabilizar o imediato
prosseguimento do processo-crime, resguardando, assim, o
85. Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: DPE-SP Prova: FCC - 2019 - DPE- contraditório e o direito de mais ampla defesa.
SP - Defensor Público II. É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo
O artigo 260 do Código de Processo Penal prevê que: aos elementos de prova que, já documentados em procedimento
investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
Se o acusado não atender à intimação para o Interrogatório, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser III. Configurado o abandono de causa pelo único defensor constituído
realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo a sua presença. que assistia ao réu, deve o juiz nomear-lhe para assistência o Defensor
Sobre a aplicação do disposto nesse artigo, para o ato de interrogatório, Público, independentemente de intimação pessoal do acusado.
é correto dizer que a condução coercitiva Está correto o que consta de:
a) foi recepcionada pela Constituição de 1988, sendo importante a) I, apenas.
instrumento de política criminal, para assegurar a instrução criminal, b) I e II, apenas.
evitando que os imputados estabeleçam versões concatenadas dos c) III, apenas.
fatos. d) I, II e III.
b) é constitucional e não viola qualquer direito fundamental. e) II, apenas.

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89. Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: ALESE Prova: FCC - 2018 - c) Não se admite a indicação pela parte de mais de um assistente
ALESE - Analista Legislativo - Processo Legislativo técnico por perícia.
Em decorrência do princípio da ampla defesa, bem como do devido d) Nas perícias de laboratórios, os laudos obrigatoriamente devem ser
processo legal, previstos, inclusive, pela Constituição Federal, é ilustrados com fotografias, desenhos ou esquemas, sendo ainda exigido
imprescindível que os acusados sejam cientificados da existência do que os peritos guardem material suficiente para eventual contraprova.
processo e de seu desenvolvimento. Sobre as citações e intimações, o e) O Juiz pode rejeitar a perícia requerida pelas partes, quando se
Código de Processo Penal dispõe: mostrar irrelevante para o deslinde da causa.
a) A citação inicial far-se-á pelo correio, quando o réu estiver no território
sujeito à jurisdição do juiz que a houver ordenado.
93. Ano: 2019 Banca: MPE-GO Órgão: MPE-GO Prova: MPE-GO -
b) Quando o réu estiver fora do território da jurisdição do juiz 2019 - MPE-GO - Promotor de Justiça Substituto - Anulada
processante, será citado mediante carta de ordem.
Sobre as provas no processo penal, assinale a alternativa
c) A citação por hora certa não é prevista no processo penal. incorreta:
d) As citações que houverem de ser feitas em legações estrangeiras a) Considera-se indício a circunstância conhecida e provada, que, tendo
(embaixadas e consulados) serão efetuadas mediante carta precatória. relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de
e) O dia designado para funcionário público comparecer em juízo, como outra ou outras circunstâncias. No sentido narrado, o Código de
acusado, será notificado assim a ele como ao chefe de sua repartição. Processo Penal considera os indícios como prova indireta.
b) Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame dé
90. Ano: 2018 Banca: FCC Órgão: DPE-AP Prova: FCC - 2018 - DPE- corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do
AP - Defensor Público acusado. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito
quando se tratar de crime que envolva: I - violência doméstica e familiar
A citação
contra mulher; II - violência contra criança, adolescente, idoso ou
a) por mandado pode ser dispensada se for evidente que o réu sabe
pessoa com deficiência.
que está sendo processado criminalmente.
c) A testemunha não poderá eximir-se da obrigação de depor. Poderão,
b) será pessoal sempre que o réu estiver preso.
entretanto, recusar-se a fazê-lo o ascendente ou descendente, o afim
c) por edital suspende o processo e o prazo prescricional no momento em linha reta, o cônjuge, mesmo que separado judicialmente ou
da sua publicação no diário oficial. divorciado, o irmão e o pai, a mãe, ou o filho adotivo do acusado, salvo
d) por carta precatória confere prazo em dobro para a apresentação de quando não for possível, por outro modo, obter-se ou integrar-se a prova
resposta escrita à acusação. do fato e de suas circunstâncias.
e) por hora certa é exclusiva do processo civil, pois inexiste citação ficta d) As cartas particulares, interceptadas ou obtidas por meios criminosos,
no processo penal brasileiro. não serão admitidas em juízo. Entretanto, as cartas poderão ser
exibidas em juízo pelo respectivo destinatário, para a defesa de seu
direito, devendo constar o consentimento expresso do signatário,
13. PROVAS evitando-se a violação da privacidade e a ilicitude da prova.
91. Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RJ Prova: VUNESP - 2019
- TJ-RJ - Juiz Substituto 94. Ano: 2019 Banca: MPE-GO Órgão: MPE-GO Prova: MPE-GO -
Nos termos do art. 158, parágrafo único, do CPP, dar-se-á prioridade à 2019 - MPE-GO - Promotor de Justiça Substituto - Anulada
realização do exame de corpo de delito quando se tratar de crime Conforme prescreve o Código de Processo Penal, sobre a prova é
a) cometido por idoso. incorreto afirmar:
b) cometido por réu preso temporariamente. a) O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida
c) cometido por réu preso preventivamente. em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão
exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação,
d) hediondo.
inclusive as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.
e) que envolva violência doméstica e familiar contra mulher.
b) De acordo com os julgados do Superior Tribunal de Justiça, é legítimo
o reconhecimento pessoal ainda quando realizado de modo diverso do
92. Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RO Prova: VUNESP - 2019 previsto no art. 226 do Código de Processo Penal, servindo o paradigma
- TJ-RO - Juiz de Direito Substituto legal como mera recomendação.
Tendo em conta as disposições do Código de Processo Penal c) Os documentos originais, juntos a processo findo, quando não exista
relacionadas à prova, exame de corpo e delito e perícias em geral, motivo relevante que justifique a sua conservação nos autos, poderão,
assinale a alternativa correta. mediante requerimento, e ouvido o Ministério Público, ser entregues à
a) As partes poderão apresentar quesitos para que os peritos parte que os produziu, ficando traslado nos autos.
respondam, por escrito, em laudo complementar, inexistindo previsão, d) O ofendido será comunicado dos atos processuais relativos ao
contudo, para requerer a oitiva deles, em audiência. ingresso e à saída do acusado da prisão, à designação de data para
b) Negando a pessoa a quem se atribui o escrito de fornecer material audiência e à sentença e respectivos acórdãos que a mantenham ou
para comparação, o exame grafotécnico somente poderá ser realizado modifiquem. Por opção dele, as comunicações poderão ser feitas por
com base em documentos que contem com reconhecimento judicial de meio eletrônico.
terem partido do seu punho.

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95. Ano: 2019 Banca: FCC Órgão: TJ-MA Prova: FCC - 2019 - TJ-MA 99. Ano: 2019 Banca: IDIB Órgão: Prefeitura de Petrolina - PE
- Oficial de Justiça Prova: IDIB - 2019 - Prefeitura de Petrolina - PE - Guarda Civil
O exame de corpo de delito Acerca do exame de corpo de delito, assinale a alternativa correta:
a) deve ser realizado por perito oficial ou pelo próprio juiz. a) Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando
b) deve ser realizado quando se mostrar ausente vestígio do crime, se tratar de crime que envolva violência contra criança, adolescente,
assegurado o direito de apresentação de quesitos pelas partes. idoso ou pessoa com deficiência.
c) será feito de maneira indireta no caso de competência do Tribunal do b) A confissão do acusado supre o exame de corpo de delito indireto,
Júri. mesmo quando a infração deixar vestígios.
d) poderá ser substituído pela acareação ou pelo reconhecimento em c) Na falta de perito oficial, o exame será realizado por 3 (três) pessoas
crimes contra a fé pública. idôneas, portadoras de diploma de curso superior preferencialmente na
e) será realizado com prioridade em caso de violência doméstica e área específica, dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada
familiar contra a mulher. com a natureza do exame.
d) O exame de corpo de delito poderá ser feito durante o dia ou,
mediante autorização judicial, no período noturno.
96. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - e) O juiz ficará adstrito ao laudo, podendo aceitá-lo, rejeitá-lo ou
TJ-AM - Assistente Judiciário
determinar novo exame de corpo de delito.
Com relação a provas, julgue o próximo item.
O depoimento de policial em juízo é dotado de fé pública, exceção de
100. Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: Câmara de Piracicaba - SP
prova tarifada dentro do sistema adotado no processo penal brasileiro
Prova: VUNESP - 2019 - Câmara de Piracicaba - SP - Advogado
da persuasão racional do juiz.
Joaquim e Antonieta são casados há cinco anos. Sempre houve uma
( ) CERTO ( ) ERRADO
relação de intensa cumplicidade entre ambos, que tinham acesso a
senhas de contas bancárias particulares, de e-mails e de telefone
97. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - celular. Numa tarde de domingo, Joaquim dormia e Antonieta foi usar o
TJ-AM - Assistente Judiciário computador do marido para fazer um trabalho de faculdade, quando
Com relação a provas, julgue o próximo item. descobriu, através do e-mail que estava aberto, a traição do cônjuge
Provas obtidas por meios ilícitos podem excepcionalmente ser com a sua vizinha. Antonieta, aproveitando o sono do marido, copiou
admitidas se beneficiarem o réu todos os arquivos em um pen drive, tirou extratos de contas bancárias
( ) CERTO ( ) ERRADO exclusivas de Joaquim, e ainda trasladou todas as conversas do celular
dele, para fazer prova da traição. Diante dos fatos, é certo afirmar que
98. Ano: 2019 Banca: CESPE Órgão: TJ-AM Prova: CESPE - 2019 - a) todas as atitudes de Antonieta se configuram como crime e por isso
TJ-AM - Assistente Judiciário as provas colhidas são ilícitas.
Texto associado b) apenas a cópia dos e-mails é ilícita, pois se equipara à violação de
Jaime foi preso em flagrante por ter furtado uma bicicleta havia dois correspondência.
meses. Conduzido à delegacia, Jaime, em depoimento ao delegado, no c) o que Antonieta copiou do computador não é prova ilícita, pois
auto de prisão em flagrante, confessou que era o autor do furto. Na tacitamente o marido autorizava a esposa a ter acesso aos seus
audiência de custódia, o Ministério Público requereu a conversão da arquivos. Já as conversas extraídas do celular são consideradas ilícitas.
prisão em flagrante em prisão preventiva, sob o argumento da gravidade d) a única prova ilícita é a cópia dos extratos bancários, pois Antonieta
abstrata do delito praticado. No entanto, após ouvir a defesa, o juiz não era correntista da conta consultada.
relaxou a prisão em flagrante, com fundamento de que não estava
presente o requisito legal da atualidade do flagrante, em razão do lapso e) todas as provas são lícitas, pois a relação de cumplicidade do casal
temporal de dois meses entre a consumação do crime e a prisão do é concordância tácita de Joaquim para com Antonieta, não havendo
autor. Dias depois, em nova diligência no inquérito policial instaurado qualquer prática que se tipifique como crime ou invasão de privacidade.
pelo delegado para apurar o caso, Jaime, já em liberdade, retratou-se
da confissão, alegando que havia pegado a bicicleta de Abel como
forma de pagamento de uma dívida. Ao ser ouvido, Abel confirmou a
narrativa de Jaime e afirmou, ainda, que registrou boletim de ocorrência
do furto da bicicleta em retaliação à conduta de Jaime, seu credor. Por
fim, o juiz competente arquivou o inquérito policial a requerimento de
membro do Ministério Público, por atipicidade material da conduta, sob
o fundamento de ter havido entendimento mútuo e pacífico entre Jaime
e Abel acerca da questão, nos termos do relatório final produzido pelo
delegado.
A respeito da situação hipotética precedente, julgue o item a seguir.
Sendo a confissão retratável e divisível, o delegado ou o juízo não
poderiam deixar de registrar a retratação de Jaime nos autos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
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GABARITO
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
B E E B D E B B C A
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
D C E E C B D C D B
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
C A C A E E C C E A
31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
E C A A E D D E C E
41 42 43 44 45 46 47 48 49 50
B C B C B D B B D C
51 52 53 54 55 56 57 58 59 60
B D C C C C B D E B
61 62 63 64 65 66 67 68 69 70
A B B D D B B D E E
71 72 73 74 75 76 77 78 79 80
C D C C B E C B E D
81 82 83 84 85 86 87 88 89 90
E E D A E C B E E B
91 92 93 94 95 96 97 98 99 100
E E D A E E C C A E

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