Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Em primeiro plano, observa-se que o direito processual cuida das relações dos
sujeitos processuais, da posição de cada um deles no processo, da competência para
se realizar os atos processuais e do modo – forma, tempo e lugar – de fazê-lo,
enquanto que o direito material regula o interesse primário sobre o qual aquele
incide.
Várias foram as denominações atribuídas ao direito processual, desde a sua
concepção, até a atualidade. Durante o período romano e canônico, por volta do ano
1.271, denominava-se Speculum iudiciale. Posteriormente e por influência do iudicium
romano, recebeu o nome de Direito Judiciário, alterando-se para Direito Processual,
sob a influência dos alemães.
1
1.3.1. SUBDIVISÕES DO DIREITO PROCESSUAL
O Direito é uno, assim como uno é o Direito Processual, mas para efeitos
didáticos, pode-se subdividi-lo, conforme a natureza da lide, em Direito Processual
Penal e Civil.
Recentemente, sob a influência do constitucionalismo moderno, concebe-se uma
nova subdivisão, qual seja o Direito Processual Constitucional.
A questão que, atualmente, vem merecendo a atenção dos juristas é saber se a
influência que a Constituição exerce sobre o processo, de um lado, e que o direito
processual exerce sobre a Constituição, de outro, justifica, ou não, a criação de um
novo ramo do direito processual, e, ainda, se esse novo ramo seria melhor
denominado Direito Processual Constitucional ou Direito Constitucional
Processual.
Entendemos que, embora sem autonomia científica apta a justificar a existência
de um específico ramo do direito processual, o certo é que a alocação, na
Constituição, de considerável número de normas de caráter processual - muitas
delas já existentes na ordem jurídica - justifica um novo recorte no direito
processual, ao menos com a finalidade de se estudar, de forma específica, tais
normas.
Opinamos que esse novo ramo deve ser chamado Direito Processual
Constitucional, quanto às regras processuais inseridas na Constituição, e que
constituem objeto temático da Teoria Geral do Processo.
3
1.4. LEI PROCESSUAL NO TEMPO E NO ESPAÇO
Inicialmente, não se pode perder de vista que a expressão “lei” é utilizada, aqui,
em seu sentido amplo, com o significado de norma jurídica, e não em seu sentido
estrito, de “lei ordinária”, “lei delegada” ou “lei complementar” - uma das espécies
normativas enfeixadas no art. 59, da CF.
1.4.1. NO TEMPO
A regra geral é que a lei processual – como toda norma jurídica – tem efeito
imediato e geral, entrando em vigor quarenta e cinco dias de sua publicação no
órgão oficial, salvo disposição em contrário, consignada no próprio texto legal.
4
É o caso do art. 90, da Lei 9.099/95, que exclui a aplicação da lei processual nova
aos processos pendentes, mas, por imposição do princípio constitucional da
irretroatividade da lei penal maléfica (art. 5º, XL da CF) e processual penal (art. 2º
do CPP), aplicou-se, sim – e com muito acerto - a lei processual nova a todos os
processos que, quando a lei processual entrou em vigor, se encontravam em
andamento.
A Teoria do Isolamento dos Atos Processuais considera o processo como uma
sequência ordenada de atos processuais, de forma que, entrando em vigor uma lei
nova, ela se aplica, prontamente, ao ato processual seguinte, respeitando-se a
validade dos atos processuais já praticados sob a égide da lei processual anterior.
Esta é a teoria aplicável, como regra geral, tal como, aliás, se encontra
estabelecido na legislação processual pátria (art. 2º do CPP e 1.211 do CPC).
Há, porém, uma exceção a esta regra, ditada pelo caráter de interesse público da
lei que estabeleceu a impenhorabilidade de bem de família (Lei n. 8.009/90). Neste
caso, ainda que o ato processual da penhora tenha sido praticado sob a vigência da
lei anterior, é possível obter-se a declaração de nulidade do ato processual, porque
viola a lei processual vigente, até porque a moradia é um direito social, assegurado
pela CF.
1.4.2. NO ESPAÇO
A regra de aplicação da lei processual no espaço é a lei do lugar, ou Lex Fori (art.
1º do CPC e do CPP), ou seja, a norma jurídica em vigor tem aplicação em todo o
território nacional, bem assim nas extensões territoriais por ficção jurídica - as
aeronaves e as embarcações. Nos corpos diplomáticos, vige o tratado internacional
do qual o Brasil é signatário, que confere imunidade aos embaixadores, cônsules e
respectivas famílias, cujos membros residam na Embaixada ou no Consulado, e
funcionários do corpo diplomático.
Excepciona esta regra geral a norma contida nos artigos 7 a 11 da LINDB.