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Teoria Geral do Processo 2º Bimestre – T3, T4, T5 e T6

T3 – Histórico (fases) do Direito Processual


Sincretismo: Não havia noção do direito processual como ramo autônomo do direito e, muito menos, elementos para
a sua autonomia científica. Mistura e confusão entre DM e DP. O processo era simples meio de exercício dos direitos,
mas sem regras próprias e especificas.
Autonomista: marcada pelas grandes construções científicas do direito processual, erigindo-se definitivamente uma
ciência processual. Em 1868, o DP passa a ser uma ciência autônoma, distinguindo-se do DM, com regras próprias,
com procedimentos a serem seguidos, que eram rigorosos, formalistas e inflexíveis.
Instrumentalidade: processo é um instrumento do direito material, no qual busca-se que a norma seja interpretada de
maneira mais flexível, o processo passa a ser também um instrumento de realização da justiça, somando técnica com
o resultado.
Diz-se que, no decorrer dessa fase ainda em andamento, tiveram lugar três ondas renovatórias, a saber: a) uma
consistente nos estudos para a melhoria da assistência judiciária aos necessitados; b) a segunda voltada à tutela dos
interesses supra-individuais, especialmente no tocante aos consumidores e à higidez ambiental (interesses coletivos e
interesses difusos); c) a terceira traduzida em múltiplas tentativas com vistas à obtenção de fins diversos, ligados ao
modo-de-ser do processo (simplificação e racionalização de procedimentos, conciliação, equidade social distributiva,
justiça mais acessível e participativa etc.).

Se em um processo restar comprovada a existência de uma nulidade sanável, não há que se falar em extinção
do processo. Trata-se da aplicação do Princípio do Aproveitamento dos Atos Processuais, cumulado aos
Princípios da Celeridade, Economicidade Processual, Instrumentalidade, dentre outros.
CLT: código sincrético (DM+DP)

T4 – Norma Processual – Natureza

Tem natureza publica, pois quem presta o serviço jurisdicional (tutela) é o Estado e ele o faz sob as regras do direito
processual. Sociedade e Estado desejam que estas normas prevaleçam sobre convenções privadas.
Em regra, as normas são obrigatórias, ou seja, as partes não podem dispor livremente sobre as normas processuais,
salvo em situações excepcionais:

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente
capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus
ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.

Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste artigo,
recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que
alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.
Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos processuais,
quando for o caso.

Reforma trabalhista tirou um pouco da natureza publica da CLT


Todo contrato assinado que for contra normas publicas é nulo
O CPC permite que as partes proponham acordos em casos como: divisão de custas, ampliação de prazos,
definição de quem produzirá provas.
Código de processos tem competências, ou seja, na lei para cada situação há um juiz competente
Instancias: 1º grau (comarca/foro); 2º grau (tribunais dos Estados, TRT, TRE, TRF); 3º grau (STJ, STF)
T5 – Fontes da Norma Processual

Fontes são meios dos quais se vale o operador do direito para justificar a sua tese
São formas de solução de um conflito/lide

Lei abrange, em primeiro lugar, as disposições de ordem constitucional, como aqueles preceitos da Constituição
Federal que criam e organizam tribunais, que estabelecem as garantias da Magistratura, que fixam e discriminam
competências, que estipulam as diretrizes das organizações judiciárias estaduais, que tutelam o processo como
garantia individual. A lei tem caráter vinculante e obrigatório e é a principal fonte do direito.

Usos e Costumes são conjuntos de normas de comportamento a que as pessoas obedecem de maneira uniforme e
constante pela convicção de sua obrigatoriedade. Os costumes podem justificar ou influenciar a criação de normas
legais.

Negócio Jurídico é uma subcategoria da modalidade relação jurídica. Relação jurídica, por sua vez, "consiste em um
vínculo entre dois ou mais sujeitos de direito, segundo formas que são previstas pelo ordenamento jurídico e geram
direitos e/ou obrigações para as partes. O negócio jurídico processual é fruto da autonomia da vontade privada das
partes. Em outras palavras, o fato jurídico das partes é voluntário, onde qualquer uma das partes podem ter escolhas
sobre determinadas situações, sendo estas jurídicas processuais, onde estariam resguardadas pelo ordenamento
jurídico. Exemplo: um fato, contratos, boletim, testemunhas, fotografias e fatos a serem analisados.

Jurisprudência é o conjunto das decisões dos tribunais, no exercício da aplicação da lei. Representa a visão do tribunal,
em determinado momento, sobre as questões legais levadas a julgamento.
Jurisprudências variam e oscilam, há câmaras que pensam de um jeito e outras de outro
O código pede que os juízes uniformizem suas jurisprudências
Doutrina “o conjunto da produção intelectual dos juristas, que se empenham no conhecimento teórico do direito”. É
aquilo que é transmitido pelos “doutores”, pessoas que se dedicam à interpretação do texto legal.
Precedentes são, do ponto de vista prático, decisões anteriores que servem como ponto de partida ou modelo para as
decisões subsequentes, ou seja, decisões que foram se confirmando ao decorrer do tempo.
Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente.
§ 1o Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os tribunais editarão
enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante.
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;
II - os enunciados de súmula vinculante;
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal
de Justiça em matéria infraconstitucional;
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal
de Justiça em matéria infraconstitucional;

Sumulas se originam de uma divergência de entendimentos jurisprudenciais, podem nascer de precedentes e da


interpretação da lei (?) e não tem caráter obrigatório.

Súmula Vinculante é dotada de teor obrigatório, e diferente da Súmula, ela só pode ser criada pelo STF mediante
decisão de dois terços de seus membros.

CF, art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos
seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação
na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública
direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na
forma estabelecida em lei.
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja
controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança
jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.

LICC, art. 4º - Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito.

T6 – A Eficácia da Norma Processual no Tempo e no Espaço

Toda norma jurídica tem eficácia limitada no espaço e no tempo, isto é, aplica-se apenas dentro de dado território e
por um certo período de tempo.

Espaço: o princípio que regula a eficácia espacial das normas de processo é o da territorialidade, que impõe sempre a
aplicação da lex fori.
CPC, art. 1o O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os valores e as normas fundamentais
estabelecidos na Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código.
CPC, art. 16. A jurisdição civil é exercida pelos juízes e pelos tribunais em todo o território nacional, conforme as
disposições deste Código.
CPP, art. 1º. O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código, ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
[...]
CP, art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime
cometido no território nacional.

Resumindo, não importa quem estiver litigando, as normas processuais brasileiras serão aplicadas em todo
território nacional

Tempo: princípio da aplicabilidade imediata A lei processual em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato
jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada (LICC, art. 6a). A própria Constituição Federal assegura a
estabilidade dessas situações consumadas em face da lei nova (art. 5a, inc. xxxvi). Não se destinando a vigência
temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue (dec-lei n. 4.657, art. 2a - Lei de Introdução ao
Código Civil).

“CF, art. 5º, XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;” princípio da
irretroatividade. Em regra, a lei nova não atinge os atos já praticados.
CPC, art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos processos pendentes,
ficando revogada a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973
o
CPP, art. 2 . A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência
da lei anterior.
CPC, art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados
os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada.

Em matéria penal, a lei não retroage, salvo se for em benefício do réu


Uma nova lei/norma processual não atinge um processo extinto (respeito a coisa julgada)
Uma nova lei/norma processual atinge processos em andamento e processos que irão se iniciar
A lei processual nova respeita os atos que já foram praticados e aplica-se aos atos que virão de ser praticados

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