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TEORIA GERAL DO

PROCESSO
1. Introdução

1.1. Homem > ente social > sociedade > regras de convívio > direito > ordem
jurídica > harmonizar relações sociais intersubjetivas > não evita conflito de
interesses > muitos interesses poucos os bens disponíveis > autotutela > Estado
> jurisdição (esquema).

1.2. Conflito de interesses > eliminação: jurisdição

2. Meios alternativos de pacificação social (CPC, art. 3º, §§2º e 3º).

2.1. Conceito: prescindem da atuação do PJ para dirimir litígio. Pessoas maiores


e capazes; direitos disponíveis e patrimoniais.

2.2. Espécies:

2.2.1. Autotutela: imposição da vontade de apenas uma parte (vingança


privada). Exs. Art. 1.210,§1º, CC; direito de greve; direito de retenção
2.2.2. Autocomposição (também judiciais): solução do litígio em função do fato
de um (ou ambos) dos contendores abrir mão do seu interesse para permitir que
se encontre um resultado satisfatório para ambos.

2.2.2.1. Transação: concessões recíprocas

2.2.2.2. Desistência: renúncia à pretensão

2.2.2.3. Submissão: renúncia à resistência (reconhecimento proced.ped.)

2.2.2.4. Conciliação (art. 165,§2º): visa a induzir as partes a ditar a solução para
sua pendência. É a colaboração de um 3º imparcial na tentativa da obtenção da
autocomposição do litígio. Esse 3º possui papel ativo na autocomposição,
podendo sugerir soluções para o conflito. O conciliador procura obter a transação,
desistência ou submissão.
2.2.2.5. Mediação (art. 165,§3º e Lei n. 13.140/15): terceiro atua no intuito de
levar os litigantes a uma solução embasada na identificação e eliminação das
causas que geraram o conflito. Os litigantes chegam por si próprios à solução
mais acertada para a sua desavença, em comum acordo. A mediação presta-se
mais a prevenção da conflituosidade latente, que se torna recorrente por causa
de vínculos entre as partes (como em casos de família e vizinhança). A
conciliação visa à superação pontual do conflito estabelecido por vínculo
específico, como em relações obrigacionais. A finalidade de um e outro instituto
é levar à transação.

2.2.3. Heterocomposição: solução da controvérsia não é construída e definida


pelos próprios envolvidos, mas imposta por um terceiro encarregado de decidir a
controvérsia.

2.2.3.1. Arbitragem (Lei n. 9.307/96): renúncia à via judiciária, confiando as


partes a solução da lide a pessoas desinteressadas, mas não integrantes do PJ. A
sentença arbitral possui os mesmos efeitos da sentença do PJ.

2.2.3.2. Jurisdição estatal


3. Direito material e direito processual.

3.1. Direito material: conjunto de regras elaboradas pelo Estado que disciplinam
as relações jurídicas entre as pessoas na sociedade e em relação aos bens da vida

3.2. Direito processual: conjunto de regras, também elaboradas pelo Estado, que
disciplinam o exercício da jurisdição pelo Estado, da ação pelo demandante e da
defesa pelo demandado.

3.3. Importante:

a) O direito processual é um instrumento a serviço do direito material.


b) O direito material se realiza por meio do processo.
c) O que caracteriza a regra como de direito material ou de processo é a sua
matéria e a sua finalidade, esteja ela no corpo de leis em que estiver.
4. Princípios constitucionais destinados a disciplinar o processo civil:

O processo civil brasileiro é constituído a partir de um modelo estabelecido pela


CR. É o chamado “modelo constitucional de processo civil”, expressão que
designa o conjunto de princípios constitucionais destinados a disciplinar o
processo civil (constitucionalização do processo). O NCPC está em consonância
com a CR (art. 1º do CPC), objetivando dentro de uma duração razoável a
garantia de direitos fundamentais, privilegiando o direito material em
detrimento de sua forma, de maneira justa e assegurando a aplicação dos
princípios constitucionais.

4.1. Devido processo legal (ou constitucional) (CR, art. 5º, LIV)
4.2. Isonomia (CR, art. 5º e I)
4.3. Juiz natural (CR, art. 5º, LIII)
4.4. Inafastabilidade da jurisdição (CR, art. 5º, XXXV)
4.5. Contraditório (CR, art. 5º, LV)
4.6. Motivação das decisões judiciais (CR, art. 93, IX e X)
4.7. Duração razoável do processo (CR, art. 5º, LXXVIII).
5. Normas fundamentais que implementam os princípios constitucionais acima
(CPC, arts. 1º a 12):

5.1. Inafastabilidade da jurisdição (CPC, art. 3º)

5.2. Duração razoável do processo (CPC, art. 4º e CR, art. 5º, LXXVIII): não basta
obter-se a sentença em tempo razoável, devendo ser tempestiva a entrega do
resultado de eventual atividade executiva.

5.3. Primazia da resolução do mérito (CPC, at. 4º)

5.4. Boa-fé objetiva (art. 5º): comportamento de maneira como geralmente se


espera

5.5. Contraditório efetivo, prévio e dinâmico (arts. 7º, 9º e 10 e CR, art. 5º, LV):
participação com influência na formação do resultado e a não surpresa.

5.6. Isonomia (CR, art. 5º, caput e inciso I e CPC, art. 7º).
5.7. Cooperação (art. 6º): processo comparticipativo, policêntrico: todos
igualmente importantes na construção do resultado da atividade processual.

5.8. Dignidade da pessoa humana (CR, art. 1º, III e CPC, art. 8º)

5.9. Razoabilidade e proporcionalidade (CPC, art. 8º)

5.10. Legalidade (CPC, art. 8º)

5.11. Publicidade (CPC, art. 8º)

5.12. Eficiência (CPC, art. 8º e CR, art. 37): ou da economia processual: quanto
menos onerosos os meios empregados para a produção do resultado, mais
eficiente terá sito o processo.

5.13. Fundamentação das decisões judiciais (CR, art. 93, IX e CPC, art. 11)

5.14. Ordem cronológica de conclusão (CPC, art. 12).


LEI PROCESSUAL CIVIL

1. Processo é instrumento da jurisdição. Visa a atender o direito material. As


formas que a lei impõe ao processo não são um objetivo em si, mas uma garantia
dada aos que dele participam. Se, apesar de desrespeitadas, a finalidade for
atingida, não se decretará a nulidade do ato. INSTRUMENTALIDADE DAS
FORMAS.

2. O direito processual é ramo do direito público, pois suas normas disciplinam a


relação entre as partes e o poder estatal, no curso do processo. Mesmo que o
direito substancial invocado seja de natureza privada, as normas de processo têm
sempre natureza pública, razão ela qual, como regra, não podem ser objeto de
disposição das partes.

3. Norma jurídica.

3.1. Conceito: regra geral de conduta que tem as seguintes características:


a) Generalidade: todos
b) Imperatividade: impõe dever de conduta
c) Autorizamento: possibilidade de a parte lesada por sua violação exigir-lhe o
cumprimento
d) Permanência: prevalece até ser revogada
e) Emanação de autoridade competente

4. Classificação das normas jurídicas:

4.1. Cogentes: são as de ordem pública. Impõem de modo absoluto e não


podem ser derrogadas pela vontade do particular. São concernentes aos
interesses básicos e fundamentais da sociedade. Visam a assegurar o bom
andamento do processo e aplicação da jurisdição. Ex. tipo de procedimento.

4.2. Não cogentes: ou dispositivas. Não contêm um comando absoluto, sendo


dotadas de imperatividade relativa. Podem ser abolidas por interesses das
partes. Ex. NCPC art. 373, §3º, suspensão do processo ou da audiência de
instrução e julgamento por convenção.
5. Norma processual civil.

5.1. Conceito: compõem e integram o processo. Regulam o processo civil. Trata


das relações que se estabelecem entre os que participam do processo e do
procedimento, isto é, do modo pelo qual os atos processuais sucedem-se no
tempo. Tem normas dispositivas, mas a maioria é cogente.

5.2. Lei processual: compilado sob a forma de código. Há possibilidade de leis


extravagantes.

6. Eficácia ou aplicação da lei processual:

6.1. Conceito: a norma processual tem eficácia limitada no espaço e no tempo:


aplica-se dentro de determinado território e por certo período de tempo
6.2. Aplicação da lei processual no espaço (art. 13): regra geral: a lei processual
aplicável será a vigente no foro onde tramita o processo ou onde o juiz exerce a
sua jurisdição (princípio da territorialidade das lei processuais). Ou seja, quando
o processo tramitar no Brasil será observada a legislação processual brasileira.
Respeito à soberania dos países para edição de leis.
Exceção: art. 13: prevalência da norma processual convencional sobre a
processual legal. Atos no estrangeiro: “exequatur” do STJ.

6.3. Aplicação da lei processual no tempo (art. 14): Princípio da irretroatividade


da lei processual (art. 14): A lei processual não tem efeito retroativo. Não pode
prejudicar direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. A lei adotou
a teoria do isolamento dos atos processuais: a lei processual aplicável a cada ato
processual é a lei vigente ao tempo em que o ato processual é praticado (tempus
regit actum). A lei entra em vigor imediatamente, alcançando os processos em
curso. Não atinge fatos anteriores à sua existência. É necessário apurar se há
uma situação processual consolidada sob a égide da lei processual anterior a ser
respeitada. Vigora no momento da prática do ato formal, e não ao do tempo em
que o ato material se deu.

6.4. Aplicação subsidiária do CPC às demais leis processuais (art. 15): o CPC
veicula a lei processual comum, a ser aplicada como regra geral a todos os
processos judiciais ou administrativos em curso no Brasil, ressalvada apenas a
existência de lei específica (CPP, CLT, Lei de Proc. Administrativos Federais), ou,
no caso de omissão da lei específica, de incompatibilidade entre esta e a lei geral.
INSTITUTOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PROCESSUAL

O direito processual é construído sobre a estrutura composta por três


institutos fundamentais: processo, jurisdição e ação.

1. JURISDIÇÃO
Dizer direito; resolver litígios intersubjetivos; função precípua do PJ. É a
função estatal de solucionar as causas que são submetidas ao Estado,
por meio do processo, aplicando a solução juridicamente correta.

* Competência: resultado da divisão do trabalho jurisdicional.  

1.1. Natureza: poder, função e atividade do Estado

1.2. Escopos:
a) Jurídico: atuação concreta do direito
b) Político: preservar o ordenamento jurídico
c) Social: pacificação com justiça em cada caso concreto
1.3. Espécies:

1.3.1. Contenciosa: fundada na existência de conflito (contenda).

1.3.2. Voluntária: não tem como pressuposto a situação conflituosa.

1.3.2.1. Conceito: administração pública de interesses privados. Não lide:


negócio com a participação do magistrado.

1.3.2.2. Hipóteses legais: arts. 719 a 770.

1.3.2.3. Características:

a) Poder inquisitivo do juiz acentuado


b) Não sujeição ao princípio da legalidade estrita
c) Não há preclusão, nem coisa julgada.
1.3.2.4. Diferenças da jurisdição contenciosa:

a) Não há lide, há negócio jurídico consensual ou acordo de vontades


b) Não há partes, há participantes ou interessados
c) Não há processo, há procedimento
d) Não há sentença de mérito, há homologação
e) Não função jurisdicional, há atribuição administrativa.

2. Limites da jurisdição nacional (CPC, arts. 21 a 25):

2.1. Competência internacional (CPC, arts. 21 a 23): hipóteses em que o


Judiciário brasileiro está autorizado a exercer a função jurisdicional, sendo,
portanto, legítima a instauração no Brasil do processo judicial. A lei
estabelece em que caso cada Estado exercerá a função jurisdicional.

2.1.1. Hipóteses:
a) Competência internacional concorrente (arts. 21 e 22): perante o
judiciário brasileiro ou o estrangeiro

b) Competência internacional exclusiva (art. 23): só pode ser instaurado


perante o órgão jurisdicional brasileiro. Não se admite o
reconhecimento e a homologação de sentenças estrangeiras que
eventualmente tenham sido proferidas em outros Estados, nos termos
do art. 964.

2. Cooperação internacional (arts. 26 a 27): necessidade de que os Estados


soberanos distintos cooperem entre si. Será regida por tratado
internacional de que o Brasil seja parte. Brasil já tem com os países do
Mercosul e com o Chile, Bolívia, França e Itália. Na ausência de tratado,
a cooperação se dera com base em reciprocidade manifestada por via
diplomática (art. 26, §1º).

2.1. Espécies:
a) Auxílio direto (arts. 28 a 34): É técnica de cooperação internacional.
Dirigido diretamente à autoridade Central Brasileira designada no
tratado. Dispensa homologação ou juízo de delibação. Cabe quando a
medida não decorrer diretamente de decisão de autoridade
jurisdicional estrangeira a ser submetida a juízo de delibação
(homologação de decisão estrangeira ou concessão de exequatur a
carta rogatória) no Brasil. Nesses casos, então, o que há é um ato não
jurisdicional do Estado requerente destinado a postular um ato
jurisdicional do Estado requerido.

b) Carta rogatória (art. 36): É mecanismo de comunicação internacional,


utilizado quando não haja previsão em tratado ou acordo de cooperação, do
emprego de auxílio direto e, eventualmente, quando expressamente
indicado pelo ato internacional. Pode ter por objeto qualquer ato processual
que deva ser executado no Brasil, de conteúdo decisório ou não. Podem ser
os atos do art. 27 (citação, intimação, notificação judicial, colheita de provas,
obtenção de informações e de cumprimento de decisão interlocutória),
sempre que o ato estrangeiro constituir decisão a ser executada no Brasil.
Necessita de homologação “exequatur” do STJ.
c) Homologação de decisão estrangeira (arts. 960 a 965): exequatur.

COMPETÊNCIA INTERNA

1. Noções sobre a estrutura do PJ


- PJ: arts. 92 a 126 CR
- PJ: integrantes – magistratura: órgãos: juízes e tribunais
- Justiças especiais:
a) trabalhista
b) eleitoral
c) militar
- Justiças comuns:
a) estadual: supletiva
b) federal
- STJ: resguardar a lei federal infraconstitucional
- STF: para as questões relacionadas à CR
2. Conceito: jurisdição emana do poder estatal e é una. A divisão de
trabalho é por razões didáticas e administrativas. Busca solucionar os
conflitos de interesses aplicando a lei ao caso concreto, definitivamente.
Competência são os imites dentro dos quais cada juízo pode,
legitimamente, exercer a função jurisdicional.
Competência>modelo constitucional de processo (art. 5º, LIII CR)> art. 42
CPC
- Principio da perpetuatio jurisdictionis (art. 43): princípio da perpetuação
da jurisdição: a competência deve ser aferida pelas normas vigentes ao
tempo do ajuizamento da demanda que sejam aplicáveis ao caso
concreto. Exceções: supressão órgão ou alteração competência absoluta
(instalação de vara da família).
- modificação da competência no curso do processo: art. 45. Exceções.

3. Conceito de foro e de juízo:


3.1. foro (base territorial sobre a qual cada órgão judiciário exerce a sua
jurisdição) = comarca ou seções judiciárias: relativa – CPC (tratam da
atividade jurisdicional)
3.2. juízo (cada um dos órgãos jurisdicionais é um juízo) = varas: absoluta –
LOJ (normas que tratam da estruturação da justiça estadual e da
regulamentação e constituição dos órgãos judiciários). Dos foros centrais
e regionais é absoluta. Foro central: demanda em que o valor da causa
supere quinhentos salários mínimos.

4. Competência absoluta e relativa

a) absoluta: regras de competência imperativas e cogentes. Devem ser


conhecidas pelo juiz, de ofício, e não podem ser objeto de derrogação
pelas partes. Estabelecidas a partir de critérios de ordem política, de
interesse público, sob pena de grave prejuízo ao funcionamento do
judiciário.
b) relativa: regras de competência apenas dispositivas, de exclusivo alvedrio
das partes. Sujeitas a prorrogação e derrogação. Deve ser alegada pelo
réu por meio de preliminar na contestação (art. 64). Pode ser alterada
pelas partes por meio da eleição de foro. Liberdade das partes e
comodidade de seu acesso à justiça. Súmula 33 do STJ: a incompetência
relativa, por não constituir matéria de ordem pública, não pode ser
conhecida pelo juiz de ofício.
5. Da incompetência: regras: arts. 64 e 65.

6. Critérios para a fixação de competência segundo o gênero:

6.1. Competência absoluta:

6.1.1. Em razão da matéria discutida em juízo:


a) Justiça comum: Federal (CF, art. 109, I) e Estadual (CF, art. 125)
b) Justiça especializada: eleitoral (CF, art. 118); Trabalhista (CF, art. 111) e
Penal militar (CF, art. 122).
Obs. Ambas (a) e b)) são competências de jurisdição. Competência de juízo:
vara cível, criminal, de família.

6.1.2. Em razão da pessoa que participa do processo: união, autarquias e


empresas públicas federais = Justiça Federal.

6.1.3. Em razão da função ou que delimita o trabalho de cada juiz na mesma


relação processual (art. 62)
a) Horizontal por fases do processo. Ex. juiz da fase de conhecimento e do
cumprimento de sentença
b) Horizontal por objeto do juízo. Ex. recurso distribuído, mas em que há
arguição de inconstitucionalidade de lei municipal, deve passar primeiro pelo
pleno do TJ.
c) Vertical originária. Ex. Início da ação no TJ.
d) Vertical recursal. Ex. competência recursal.

6.2. Competência relativa:

6.2.1. Competência em razão do valor:


a) Juizado Especial Cível: até 40 salários mínimos.
b) Vara tradicional da justiça Estadual.

6.2.2. Competência territorial (ou de foro): território ou lugar dentro do


qual a jurisdição será exercida: comarca (justiça estadual) ou subseção
judiciária (justiça federal)
6.2.2.1. Regras gerais (só se não houver especial):

6.2.2.1.1. Domicílio do réu para ações de direito pessoal ou real sobre bem
móvel (art. 46):
- vale para as pessoas naturais e as jurídicas.
- ações pessoais: tendem à tutela de um direito pessoal, ou mais,
precisamente, o cumprimento de uma obrigação (relação entre pessoas).
Ex. aquelas que derivam de um contrato.
- ações reais: visam à tutela de um direito real (relação entre pessoa e a
coisa). Ex. ação reivindicatória.
- conceito de domicílio: arts. 70 a 76 do CC.

6.2.2.1.2. Foro do local da coisa para ação de direito real imobiliário (art.
47): local onde estiver situado o imóvel.
- Regra de caráter absoluto, com exceções de natureza relativa (§§ art. 47):
a) ações fundadas em direito real sobre imóveis. Opção do autor (§1º). Exs.
direito real de superfície; locação; comodato.
b) demandas possessórias relativas a bens imóveis (§2º)
6.2.2.1.2. Regras específicas quanto à competência territorial:

a) domicílio do réu: observar demais parágrafos do art. 46;


b) réu incapaz: domicílio representante ou assistente (art. 50);
c) pessoa jurídica ré: foro de sua sede (art. 53, III, “a”)
d) ações contra o espólio (art. 48), relacionados à sucessão mortis causa
(inventário, partilha, arrecadação, cumprimento de testamento, etc): último
domicílio do autor da herança.
e) ausente como réu: foro de seu último domicílio (art. 49)
f) ações que versem sobre direitos assegurados pelo Estatuto do Idoso: art.
53, III, “e”, combinado com o art. 80 da Lei 10.741/2003): foro de residência
do idoso. Regra de caráter absoluto.
f) outros foros territoriais: arts. 51, 52 e 53
7. Regras gerais para a apuração de competência:

a) originária do STF ou STJ


b) se de alguma justiça especial (eleitoral, trabalhista e militar)
c) se da justiça comum (federal ou estadual: examinar CR)
d) se originária dos tribunais estaduais ou federais
e) o foro competente: CPC
f) o juízo competente: LOJ

8. OS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS


- opção do autor: juízo comum ou o juizado
- no juizado: domicílio do réu, do local em que ele exerce as suas atividades
ou o do seu estabelecimento

9. MODIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIA
só da competência relativa
9.1. Causas de prorrogação da competência:

9.1.1. prorrogação legal (decorre da disposição da própria lei)


9.1.2. prorrogação voluntária (por ato de vontade das partes)

9.1.1. Casos de prorrogação legal:

9.1.1.1. conexão (CPC, arts. 54 e 55):

- relação que se estabelece entre duas ou mais demandas.


- reunião no juízo prevento: art. 58
- elementos da ação: art. 55.
- reunião das ações: art. 55,§3º: economia processual e evitar decisões
conflitantes
- não cabe mais a reunião se um dos processos já foi julgado (art. 55,§1º)
9.1.1.2. continência (CPC, art. 56):

- tal como a conexão, é uma relação, um vínculo que se estabelece entre


duas ou mais ações em andamento. Há necessidade de vínculo mais forte,
porque exige dois elementos comuns: as mesmas partes e a mesma causa
de pedir.
- os pedidos podem ser diferentes, mas um deve ser mais amplo e abranger
o outro.
- causa ampla: continente – causa restrita: contida
- só haverá continência quando a ação continente tiver sido proposta depois
da contida. Se antes, o processo deverá ser extinto sem resolução do
mérito, por absoluta ausência de interesse de agir (art. 57)

- ex. contrato celebrado por duas pessoas. Uma delas ajuíza ação de
anulação do contrato e a outra de anulação de uma cláusula daquele
contrato, ambas as demandas como o mesmo fundamento, o de ter
havido a participação de um relativamente incapaz na avença.
9.2. Casos de prorrogação voluntária:

9.2.1. convenção de eleição de foro (CPC, art. 63, §§): voluntária expressa.
Consiste na escolha de um foro que será o competente para a propositura
de futuras ações. Requisitos: art. 63,§1º.
- verificação, de ofício, da validade da cláusula por abusiva e prejudicar o
direito de defesa: §§3º e 4º. Ex. contrato de adesão.
9.2.2. não arguição da incompetência na contestação: voluntária tácita
(CPC, art. 65)

10. PREVENÇÃO.

- CPC, arts. 58, 59, 60: não é fator de determinação nem de modificação da
competência.
- o registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo
- regras as serem observadas quando há necessidade de fixação de
competência de um entre vários juízos, todos igualmente competentes
para determinada causa.
11. CONFLITO DE COMPETÊNCIA.
- art. 66 CPC: ocorre quando dois ou mais juízes dão-se por competentes (positivo
– art. 66, I) ou consideram-se incompetentes para uma determinada demanda
(negativo – art. 66, II) ou quando entre dois ou mais juízos, houver controvérsia
acerca da reunião ou separação de processo (art. 66, III).

12. Observações finais:

12.1. Competência da justiça federal de primeira instância (art. 109, CR):


fixada em razão da pessoa. Participação da União, de pessoas jurídicas de
direito público e empresas públicas federais e indígenas.
12.2. Competência da justiça federal de segunda instância (art. 108):
- competência dos Tribunais Regionais Federais
12.3. A decisão sobre a existência de interesse da União e entidades federais
- Súmula 150 do STJ: compete à Justiça Federal decidir sobre a existência de
interesse jurídico que justifique a presença, no processo, da União, suas
autarquias ou empresas públicas.
- ressalva: o juiz estadual não deve remeter sempre os autos à justiça federal, mas
só quando o pedido de ingresso estiver razoavelmente fundado
13. COOPERAÇÃO JUDICIÁRIA NACIONAL (arts. 67 a 69).

13.1. Conceito: meios pelos quais distintos órgãos jurisdicionais brasileiros


cooperam entre si. Dever recíproco. Inclusive entre órgãos de distintas
hierarquias. Ex. Juízo trabalhista e juízo estadual-

13.2. Formas:

a) auxilio direto (art. 69, I): pedido a um órgão jurisdicional para que pratique um
ato não jurisdicional. Ex. pedir informações acerca do teor e vigência de lei
municipal de outra comarca
b) reunião ou apensamento de processos (art. 69, II): casos de modificação da
competência por conexão ou continência.
c) prestação de informações (art. 69, III): solicitação de um órgão jurisdicional a
outro de algum dado para poder exercer suas funções. Ex. relator pede
informação para ajudar julgamento recurso.
d) atos concertados (previamente ajustados) entre os juízes cooperantes (art. 69,
IV): os atos estão previstos no §2º do art. 69, exemplificativamente.
AÇÃO
1. Conceito de ação (o caráter instrumental).

- Ação é o direito ao exercício da atividade jurisdicional (ou o poder de


exigir esse exercício) ou o direito subjetivo público de pleitear ao Poder
Judiciário uma decisão sobre uma pretensão. Mediante o exercício da ação
provoca-se a jurisdição, que por sua vez se exerce por meio daquele
complexo de atos que é o processo.
- Principal característica: autonomia do direito de ação: desprendido do
direito subjetivo material

2. Notícia das teorias a respeito do conceito de ação:

2.1. Teoria imanentista (clássica ou civilista: imanente ou inerente ao


próprio direito subjetivo):

- Savigny: ação seria uma qualidade de todo direito ou o próprio direito


reagindo a uma violação (a ação é elemento integrante do direito subjetivo)
- Consequências:
a) não há ação sem direito
b) não há direito sem ação
c) a ação segue a natureza do direito
2.2. Teoria concretista ou como direito concreto:
- só tinha ação quem tinha o direito a um provimento favorável
- somente admitia a efetiva existência da ação se e quando se tratasse de
hipótese em que a sentença fosse favorável ao autor
- Adolf Wach (1885) e Chiovenda (1903): não vingou
2.3. Teoria do direito abstrato de agir (adotado amplamente pela doutrina
brasileira):
- qualquer um é titular, e por meio da qual pode pedir a atuação
jurisdicional, tenha ou não razão naquilo que pede , detenha ou não o
direito que afirma deter
- se o juiz julga improcedente o pedido, isso significa que o autor não
tinha o direito material alegado. No entanto, tinha, e exerceu o direito de
ação – tanto que pediu a atuação jurisdicional e a recebeu (ainda que
mediante uma sentença desfavorável)
- o direito de ação não está condicionado à existência do direito material e
com ele não se confunde
- Para os abstratistas, terá havido exercício do direito de ação ainda que o
resultado seja a improcedência do pedido. A sua existência não está
condicionada à do direito.

2.4. Teoria abstrata moderada (eclética):


- a ação é abstrata, mas condicionada
- todos tem direito de pedir a atuação jurisdicional, mas nem todos tem
o direito de receber uma sentença de mérito (ainda que desfavorável). É
preciso preencher as condições da ação (Liebman)

- Conclusão:

- a autonomia do processo pôs fim à teoria concretista


- a ação surge como direito de exigir uma resposta do Poder Judiciário às
pretensões a ele dirigidas, independentemente da existência do direito
material.
- A ação, como direito a uma resposta de mérito, depende do
preenchimento de determinadas condições, necessárias para a sua
existência. Sem elas, não haverá resposta de mérito, e o autor será
considerado carecedor da ação. Haverá um processo, decorrente do direito
de demandar, mas não exercício do direito de ação.

3. Natureza jurídica:
- direito ou poder
- Dinamarco: poder: capacidade de produzir efeitos sobre a esfera
jurídica alheia
- tem natureza Constitucional (CR art. 5º, XXXV)
- garantia constitucional da ação tem como objeto o direito ao processo,
com todas as suas garantias (CR, art. 5º, LIV: devido processo legal).
- Direito público subjetivo, abstrato e instrumental de provocar o Poder
Judiciário para pleitear uma tutela jurisdicional.

4. Características da ação:
4.1. é um direito subjetivo: de cada um

4.2. é um direito subjetivo público: exerce-se contra o Estado para produzir


efeitos contra o réu

4.3. é um direito autônomo: não depende da existência do direito material;


conexo a uma pretensão

4.4. é um direito abstrato: independe do resultado, ainda que o autor não


tenha razão

4.5. instrumental ou processual: exercido por meio do processo (relação de


instrumentalidade entre o direito de ação e a pretensão). Sua finalidade é
dar solução a uma pretensão de direito material (conexo a uma situação
jurídica concreta)
CONDIÇÕES DA AÇÃO
1. Conceito

- para que exista o direito processual de ação devem estar presentes


determinados requisitos (direito de receber sentença de mérito ainda que
desfavorável)
- requisitos que a ação deve preencher para que se profira uma decisão de
mérito, ou seja, condições de admissibilidade do julgamento do pedido.
- as condições da ação são requisitos para que o juiz possa dar resposta à
pretensão formulada. Embora todos tenham acesso à justiça, nem todos
têm direito de receber uma resposta do juiz à pretensão formulada. Não
preenchidas as condições, o juiz porá fim ao processo, sem julgar o mérito
da pretensão que lhe foi dirigida.
- são aquelas necessárias para a própria existência da ação. A sua ausência
deve ser conhecida pelo juiz de ofício e a qualquer tempo, implicando
extinção do processo sem resolução de mérito.
Condições da ação é matéria de ordem pública, podendo ser suscitada a
qualquer momento.
2. Teoria da asserção (afirmação):

- a condições da ação devem ser verificadas de forma abstrata, pelo que


contém a petição inicial (só), presumindo-se, momentaneamente, que
aquilo que dela consta é verdadeiro. Ex. Se depois ficar provado que a
dívida é de jogo ao invés de cobrança por prestação de serviços, é matéria
de mérito, devendo ser a ação julgada improcedente e não reconhecer a
falta de interesse de agir do autor.
- as condições da ação são justificáveis no sistema apenas como medida de
economia processual, possibilitando, por meio de cognição superficial
(tendo em vista a simples afirmação de demandante) extinguir, desde logo,
processos que não possuem viabilidade alguma.

3. Teoria do exame em concreto das condições da ação:

- as condições da ação devem ser examinadas não apenas pelo que consta
da petição inicial, mas por tudo aquilo que foi trazido aos autos pelas partes.
4. CONDIÇÕES DA AÇÃO: ARTIGO 17 DO CPC
4.1. Legitimidade de parte (ou legitimidade ad causam):

Aptidão para ocupar, em um certo caso concreto, uma posição processual


ativa. Exige-se tal requisito não só para demandar, mas para praticar
qualquer ato de exercício do direito de ação.

- autor: aquele que afirma ser titular de determinado direito que precisa da
tutela jurisdicional (titular da pretensão ou do direito subjetivo material)

- réu: aquele a quem caiba a observância do dever correlato àquele hipotético


direito (sujeito à pretensão ou titular da obrigação correspondente.

- conceito: pertinência subjetiva entre o conflito trazido a juízo e a qualidade


para litigar a respeito dele, como demandante ou demandado – Buzaid. A
relação jurídica abrange, pelo menos, dois sujeitos e um objeto.

- Norma definidora: sujeitos da relação material.

- Ausência: extinção sem resolução do mérito (CPC, art. 485, VI)


4. 1.1. Legitimação:

4. 1.1.2. ordinária: ocorre quando a parte é titular da relação jurídica. Os


sujeitos vão a juízo litigar em nome próprio sobre os seus alegados
direitos.

4.1.1.3. extraordinária ou substituição processual: legitimidade atribuída por


lei a quem não é sujeito da relação jurídica deduzida no processo. Vai a
juízo em nome próprio postular ou defender direito alheio. Decorre de lei
expressa ou do sistema jurídico (CPC, art. 18). Exs. ação popular; MP
investigação de paternidade em favor do menor (Lei n. 8.560/92);
condômino que reivindica a coisa comum de terceiro.

4.1.2. Distinção entre substituição processual, representação processual


e sucessão processual.

a) substituição processual: alguém pleitear em nome próprio (não como


mero procurador) direito alheio, autorizado por lei (art. 18).
b) Representação: alguém vai a juízo em nome próprio postular direito
também próprio, mas representado por alguém. A parte é o representado.
Ex. Pais que representam filhos.

c) Sucessão processual: quando a parte vem a falecer, sendo sucedida, então,


por seu espólio ou seus herdeiros.

4.2. Interesse processual ou interesse de agir

- É a necessidade de se recorrer ao Judiciário para a obtenção do resultado


pretendido, independentemente da legitimidade ou legalidade da
pretensão.

- É constituído pelo binômio necessidade e adequação:

a) necessidade: ação é indispensável para que o sujeito obtenha o bem


desejado. Se puder sem recorrer ao judiciário, não terá interesse de agir
necessidade da via judicial. Ex. inquilino que já desocupou o imóvel.
b) adequação: o provimento seja útil a quem o postula. Escolha do meio
processual pertinente, que produza um resultado útil, ou seja, idoneidade
do provimento pleiteado.

Ou ainda:

c) utilidade: relação de utilidade entre a afirmada lesão de um direito e o


provimento de tutela jurisdicional pedido.

4.3. Momentos para o reconhecimento:

a) Inicial: art. 330, II e III.

b) Do julgamento conforme o estado do processo: arts. 354 e 485, VI.

c) Sentença

4.4. Consequências do reconhecimento da falta de condições da ação:

a) Renovação da ação (art. 486)

b) Coisa julgada formal (art. 485, VI)


5. Elementos da ação (elementos identificadores da ação):

5.1. Subjetivos: partes.


- sujeitos ativo e passivo (autor e réu)
- são caracterizados pelas posições que assumem na relação processual.
Podem figurar como titulares do direito em litígio, como substitutos
processuais, como representados por outras pessoas etc. Para fins de
comparação entre demandas, é necessário identificar a qualidade com que
age cada pessoa em cada demanda.
- o conceito de parte não interfere com o de parte legítima. As partes de
direito material são os titulares da relação jurídica controvertida no
processo e nem sempre coincidem com as partes deste.

5.2. Objetivos:
5.2.1 objeto: pedido do autor
- pretensão do autor
- Duas vertentes:
a) pedido imediato (vertente de natureza processual): espécie de provimento
jurisdicional (declaratória, constitutiva, etc).
b) pedido mediato (vertente de natureza material): bem da vida pretendido.

5.2.1. causa de pedir:

- conjunto de argumentos levados pelo autor a juízo, constituído pelos fatos e


pelo fundamento jurídico aplicável a eles. É o motivo de se ir ao PJ

a) Fatos em que se assenta a pretensão do autor (só fatos com ressonância


jurídica): causa de pedir remota

b) Fundamentos jurídicos: causa de pedir próxima: enquadramento da


situação concreta à previsão abstrata contida no ordenamento positivo ou
maneira como o ordenamento jurídico regula aquele tipo de situação.
- Basta a indicação dos fatos que constituem fundamento jurídico do pedido.
O direito brasileiro adota a teoria da substanciação.

- O que constitui a causa petendi é apenas a exposição dos fatos, não a sua
qualificação jurídica. Por isso é que, se a qualificação jurídica estiver errada,
mas mesmo assim o pedido formulado tiver relação com os fatos narrados,
o juiz não negará o provimento jurisdicional.

- Há necessidade de indicar os fatos e os fundamentos jurídicos na inicial.


Contudo, só os fatos é que servem para identificar a ação e apenas a ele o
juiz deve ater-se. Não é preciso que ele se prenda aos fundamentos
jurídicos do pedido, porque é de se presumir que o magistrado conhece a
lei.

- Exs. indenização acidente transportadora: alega culpa, embora a


responsabilidade civil seja objetiva; separação: adultério e não sevícias (v.
Exemplos de Marcus Vinicius às fls. 90/92)
6. Importância da identificação dos elementos:

- para a litispendência, a coisa julgada, conexão, continência, eventual


prejudicialidade, a qualificação da competência (ex. Incompetência
absoluta: foro da situação da coisa – art. 47, exclui outros).

- distinguir das ações já propostas, das que venham a sê-lo ou de qualquer


outra ação que se possa imaginar

- servem também para delimitar a extensão do julgamento a ser proferido


(CPC, art. 141, 492)

- importância: falta de indicação de qualquer dos elementos gera o


indeferimento da inicial.
7. Classificação das ações. 

7.1. Segundo o tipo de provimento requerido: conhecimento e execução

7.2. Segundo o tipo de tutela pedida no processo de conhecimento:

a) declaratória: visa a declaração da existência ou inexistência de relação


jurídica. Ex. investigação de paternidade; de falsidade ou autenticidade de
documento.

b) constitutiva: cria, modificação ou desconstitui, uma situação jurídica. Exs.


anulação contrato, separação, divórcio, ação em que se visa a substituição
de manifestação de vontade: sentença vale como titulo de transferência do
domínio.
c) condenatória: declara a existência do direito a uma prestação de conduta
e condena o réu ao cumprimento. Ex. indenização, cobrança.

d) mandamental: sentença contém ordem que se não cumprida importará


desobediência à autoridade estatal, passível de sanções. Exs. MS;
obrigações de fazer e não fazer (art. 497); interdito proibitório.

e) executiva lato sensu. Há na sentença uma autorização para executar. Pode


sem requerimento. Juiz age de ofício. Ex. reintegração de posse, despejo.

MILTON PAULO DE CARVALHO FILHO


Janeiro/2017
NATUREZA JURÍDICA DA EXCEÇÃO. CLASSIFICAÇÃO DAS EXCEÇÕES.

1. Bilateralidade da ação e do processo (tratamento igual no processo): a


demanda inicial apresenta-se como o pedido que uma pessoa faz ao órgão
jurisdicional de um provimento destinado a operar na esfera jurídica de
outra pessoa.

2. Exceção (contradizer): pretensão a que o pedido do autor seja rejeitado.


Poder de se manifestar a respeito da pretensão deduzida pelo autor, de
modo a que a prestação jurisdicional leve em conta as razões do réu.
contraditório: ciência bilateral dos atos e termos do processo, para
contrariá-los.

2.1. Conceito: possibilidade conferida ao réu para opor-se (pede a rejeição e


o autor pede o réu impede-resiste) à ação.

2.2. Natureza jurídica da exceção: direito público subjetivo, garantido


constitucionalmente, análogo e correlato à ação. Direito a que se levem em
conta as razões do réu.
3. Classificação das exceções:
3.1. exceção processual ou ritual: defesa contra o processo e a
admissibilidade da ação
3.1.1. peremptórias: se acolhidas, provocam a extinção do processo. Exs.
Coisa julgada; litispendência, falta de condições da ação.
3.1.2. dilatórias: dilatam o procedimento para correção do vício, não
extingue. Exs. Incompetência, impedimento, suspeição.
3.2. exceção de mérito (substancial): defesa de mérito:
3.2.1. direta: ataca a própria pretensão do autor, o fundamento de seu
pedido
3.2.2. indireta: opor fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do
direito alegado pelo autor, sem elidir propriamente a pretensão por este
deduzida (exs. prescrição, compensação, pagamento, novação)

4. Outras classificações.
- objeção: defesa que pode ser conhecida de ofício. Ex. incompetência
absoluta, coisa julgada e pagamento.
- contestação: no processo civil: toda e qualquer defesa de rito ou de mérito.
PROCESSO, PROCEDIMENTO E PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
Conceito: conjunto de atos coordenados destinados à composição da lide.
Caracteriza-se por sua finalidade de exercício do poder jurisdicional.
- O processo não pode mais ser compreendido como um mecanismo a ser
conduzido pelo juiz como seu sujeito mais importante. É preciso ter do
processo uma visão participativa, policêntrica, por força da qual juiz e
partes constroem, juntos, seu resultado final. Não existe uma relação
processual entre Estado-Juiz e partes, com o Estado em posição de
superioridade. O que existe é um procedimento em contraditório destinado
à construção dos provimentos estatais, em que todos os sujeitos
interessados participam, em igualdade de condições, na produção do
resultado. Este procedimento comparticipativo, policêntrico, que se
desenvolve em contraditório é, precisamente, o processo.
- procedimento: é o meio extrínseco pelo qual se instaura, desenvolve-se e
termina o processo. É o meio pelo qual a lei estampa os atos e fórmulas da
ordem legal do processo.
É comum a confusão entre processo, procedimento e autos:
a) procedimento é o mero aspecto formal do processo. (Ex. fases do
procedimento e não do processo)
b) Autos são a materialidade dos documentos em que se corporificam os
atos do procedimento. (Ex. consultar os autos e não o processo)

2. Natureza jurídica: relação jurídica processual. É uma relação entre os


sujeitos processuais juridicamente regulada. É a relação jurídica de direito
público que une Autor, Juiz e réu (configuração tríplice da relação
processual: actum trium personarum), que se exterioriza e se desenvolve
pela sequência ordenada de atos tendente ao ato-fim que é a sentença.
Trata-se de uma relação dinâmica, em constante desenvolvimento,
apresentando constantes mudanças em seu aspecto externo. Por força dela,
o juiz assume a obrigação concreta de decidir e realizar o direito deduzido
em juízo, e, de outro, as partes ficam obrigadas, perante ele, a prestar uma
colaboração indispensável e a submeter-se aos resultados dessa atividade
comum.

3. Relação jurídica processual e relação material: distingue-se por:

3.1. seus sujeitos: principais (juiz e partes), advogados, Ministério Público,


secundários (auxiliares da justiça e terceiros interessados).
3.2. pelo objeto: é o serviço jurisdicional que o Estado tem o dever de prestar,
consumando-o mediante o provimento final em cada processo .
3.3. seus pressupostos processuais: requisitos para a constituição de uma
relação processual válida.

4. Características da relação processual:


4.1. autonomia da relação processual: independe da rel. jur. substancial para
ter validade, pois a validade do processo vai depender de requisitos
próprios.
4.2. relação complexa: não compreende um único direito ou uma única
obrigação, mas um conjunto de direitos e deveres, poderes e ônus,
coordenados para um mesmo fim.
4.3. relação dinâmica ou progressiva: Realizam-se atos sucessivos. Relação
progressiva que se desenvolve de grau em grau. Consiste numa relação em
constante movimento.
4.4. unidade da relação processual: os atos processuais são praticados com
um fim comum: a providência jurisdicional solicitada.
4.5. relação de direito público: visam ao exercício da função jurisdicional que é
função do Estado.
4.6. caráter tríplice: existência de três sujeitos: Estado, autor e réu.
A propositura da ação faz nascer o processo e, com a citação válida,
completa-se a relação jurídica processual.

5.1. Pressupostos processuais.

5.2. Conceito: são circunstâncias de fato e de direito que permitem que a


relação processual se forme e se desenvolva validamente. Para que a
relação tenha existência e validade, sua constituição deverá subordinar-se a
determinados requisitos, aos quais a doutrina convencionou chamar-se de
pressupostos processuais, isto é, supostos prévios da relação processual, à
falta dos quais esta não tem existência jurídica ou validade. Inserem-se
entre os requisitos de admissibilidade do provimento jurisdicional.
5.2.1 Trata-se de matéria a respeito da qual não ocorre preclusão, nem para as
partes, nem para o juiz, podendo este se manifestar a respeito a todo
momento e em todo e qualquer grau de jurisdição, exceto no REsp e no
RExt que precisam ser argüidas e examinadas antes (prequestionamento).
Pressupostos positivos: existência e validade

5.3. Pressupostos processuais de existência ou constituição do processo


(essenciais à formação do processo, sem eles inexiste processo e sentença de
extinção, mas de mero cancelamento da distribuição):
a) petição inicial (demanda): instrumento por meio do qual o autor exerce o
direito de ação e invoca a prestação da tutela jurisdicional (fator de impulso
inicial do processo)
b) jurisdição ou juiz regularmente investido: órgão jurisdicional devidamente
investido dos poderes inerentes a essa função estatal
c) citação válida: antes da citação válida do réu não há processo (ciência da
existência do processo contra si). A relação processual só se aperfeiçoa com
a citação do réu, não obstante o processo já exista desde a simples
distribuição ou despacho da petição inicial.
d) capacidade postulatória: reflexo sobre a petição inicial: só do advogado
inscrito na OAB e que tenha recebido procuração da parte. Inexistentes os
atos praticados. Por direito de postular se entende o direito de agir e de falar
em nome das partes no processo (Calamandrei).
5.4. Pressupostos processuais de validade ou de desenvolvimento válido e
regular do processo (relacionam-se a aptidão de o processo produzir
efeitos válidos, quer no plano material, quer no plano processual – ausência
importa extinção sem resolução mérito – art. 485, IV):

a) petição inicial apta: válida para servir de canal condutor do pedido de


tutela estatal. Por isso, deve conter os requisitos previstos na lei. É também
essencial para o adequado exercício do direito de defesa por parte do réu

b) Órgão jurisdicional competente (relacionado ao segundo requisito acima)


e juiz imparcial (não suspeição): órgão jurisdicional competente para o
conhecimento daquele determinado tipo de provimento desejado pelo
autor (competência decorre da lei processual e das regras de organização
judiciária)

c) Capacidade para praticar atos processuais:

1) de ser parte (de direito ou de gozo, art. 1º CC – condição da ação): de


assumir direitos e obrigações na ordem civil
2) de estar em juízo (de fato ou de exercício - art. 70 - pressuposto processual):
(processual ou legitimatio ad processum): capacidade de estar em juízo,
defendendo direito e obrigações (filho menor representado pelo pai;
nascituro; pródigo, menor representados e assistidos). Mais amplo que a de
ser parte, por isso confere aos entes despersonalizados. Exs. espólio,
condomínio, massa falida, sociedade de fato, não têm personalidade.

5.5. Pressupostos processuais negativos (se situam fora da relação jurídica


processual analisada – extrínsecos ou exteriores ao processo –
correspondem a certos acontecimentos que não se devem fazer presentes
na relação processual, sob pena de extinção do processo, nos termos do art.
485, V do CPC):

a) litispendência

b) coisa julgada

c) impedimento de repropositura da ação (art. 486, §3º): perempção


5.6. Convenção de arbitragem: impedimento processual: as partes renunciam
à jurisdição estatal, preferindo nomear um árbitro para que resolva
eventual conflito existente entre elas. Não é pressuposto processual, mas
impedimento, porque precisa ser alegado pelo réu, no momento oportuno,
para que o juiz possa conhecer da matéria.
SUJEITOS DO PROCESSO.

Sujeitos principais: autor e réu

1. Sujeitos principais:
- demandante que formula uma pretensão em juízo (autor)
- demandado aquele em face de quem se formula tal pretensão (réu)

2. Das partes:
- pessoas que pedem ou em relação às quais se pede a tutela jurisdicional.
- demandante e demandado (processo conhecimento: autor e réu;
execução: exequente e executado, etc.)
- Liebman: os sujeitos do contraditório instituído perante o juiz ou sujeito
do processo diversos do juiz, para os quais este deve proferir o seu
provimento

- Aquisição da qualidade de parte:


a) com a propositura da ação o demandante passa a ser parte do processo

b) por meio da citação é que o demandado adquire a qualidade de parte no


processo (art. 240)

c) casos de sucessão processual: alienação do bem (art. 108) e causa mortis


(art. 110)
d) intervenção espontânea ou voluntária: assistência (arts. 119 a 124) e
recurso de terceiro (art. 996)

Dois conceitos:

a) parte legítima: aquela que está autorizada em lei a demandar sobre o


objeto da causa. Deve-se verificar a pertinência à relação jurídica material
deduzida na lei.

b) conceito simplesmente processual: aquela que tem capacidade para litigar,


sem se indagar, ainda, se tem legitimidade para tanto.
Princípios atinentes às partes:

a) da dualidade de partes: pressupõe duas partes distintas

b) da igualdade das partes: assegura a paridade de tratamento no


processo. As partes têm os mesmos direitos processuais e as mesmas
garantias, mas os mesmos deveres.

c) do contraditório: garante às partes a ciência dos atos e termos do


processo, com a possibilidade de impugná-los e com isso estabelecer
autêntico diálogo com o juiz

Capacidade processual (de estar em juízo)

- Capacidade de exercer direitos e deveres processuais; praticar


validadamente atos processuais (art. 70). Embora tenha capacidade de ser
parte, não tem para exercer por si esses direitos e deveres no processo.
Os absoluta e os relativamente incapazes podem ser parte, mas não
podem praticar atos processuais, pois não têm capacidade processual.
- Hipóteses legais:

a) Absolutamente incapaz (art. 3º): representação (art. 71)

b) Relativamente incapaz (art. 4º CC): assistência (art. 71)

c) Pessoas jurídicas e entes despersonalizados: art. 75.

- Falta de capacidade processual: consequências: art. 76.

Direitos, obrigações, deveres, ônus e responsabilidade das partes:

O processo, como relação jurídica que é, implica a criação de direitos


processuais (derivados da própria garantia de ação e ampla defesa, bem
como do devido processo legal), obrigações (que sujeitam a prestações de
cunho econômico), deveres (prestações que não têm expressão
econômica) e ônus (imperativos do próprio interesse) (Humberto Th. Jr.)
- Direitos processuais:
a) isonomia (CPC, art. 139, I)

b) ser julgado por juiz imparcial (CPC, arts. 144 e 145)

- Obrigações processuais:

a) custo econômico do processo: antecipação custas e pagamento final pelo


vencido (arts. 82 a 97 CPC)

- DEVERES DAS PARTES (arts. 5º, 77 e 78): todos devem colaborar com a
administração da justiça, agindo com boa-fé, ter respeito pelos padrões
éticos e não podem desviar de uma decisão justa.

a) dever de cooperação (art. 6º)

b) colaborar com o descobrimento da verdade (art. 378)

c) comparecer em juízo para ser interrogado (art. 379, I)

d) submeter-se à inspeção judicial (art. 379, II)


ÔNUS PROCESSUAIS DAS PARTES: arts. 82 a 97:
*Importantes: arts. 82, 85, §§2º e 11, 86.
- Da gratuidade da justiça: arts. 98, §3º, 99,§§2º e 3º e 100
- Dos procuradores: arts. 104, 105 e 107.

DO JUIZ (arts. 139 a 148)

1. Garantias: vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios.


2. Principal característica: imparcialidade.
3. Suspeição (art. 145): circunstâncias subjetivas: deve ser alegada na primeira
oportunidade sob pena de preclusão.
4. Impedimento (art. 144): circunstâncias objetivas: permanece ao longo do
tempo.
5. Poderes-deveres do juiz (art. 139):
a) Isonomia (I)
b) Zelo pela razoável duração do processo (II)
c) Prevenção e repressão contra atos atentatórios à dignidade da justiça (III)
d) Medidas para assegurar o cumprimento de ordem judicial (IV)
e) Incentivar mecanismos alternativos para a solução dos litígios (V)
f) Flexibilizar o procedimento para dar maior efetividade ao processo (VI)
g) Exercer poder de polícia (VII)
h) Determinar comparecimento das partes (VIII)
i) Poder de sanear (IX)
j) Potencializar a utilização dos mecanismos de solução coletiva de conflitos (X)

6. Outros poderes-deveres:

a) Indeclinabilidade da jurisdição (art. 140, caput)


b) Decidir por equidade só nos casos autorizados por lei (art. 140, §único).
Equidade: juiz está liberado para decidir segundo princípios ou regras que
elabora no próprio momento da decisão, à vista das circunstâncias do caso
concreto, orientado por razões de ordem moral ou social, não se limitando à
precisa regulamentação legal. (Ex. CPC, art. 723)
c) Observar a iniciativa da parte (art. 141)
d) Obstar o conluio entre as partes (colusão) (art. 142).

7. Responsabilidade do juiz (art. 143).


Ministério Público (CPC arts. 176 a 181)

1. Conceito: Órgão do Estado que exerce, junto ao Poder Judiciário (não faz
parte deste, nem está ligado a nenhum poder da república), a tutela dos
interesses sociais e individuais indisponíveis (arts. 127 a 130 da CF) .

2. Princípios que o regem (art. 127, §1º):


a) Unidade e indivisibilidade (não é pessoal, mas do próprio órgão)
b) independência funcional (evitar sejam submetidos a pressões que possam
prejudicar o cumprimento de sua missão constitucional)

3. Estrutura (CF, art. 128):


a) subdividido em Federal, do Trabalho, militar e do Distrito Federal e dos
territórios (atua: STJ, STF, Justiça Federal)
b) dos Estados: justiças estaduais
4. Garantias (art. 128, §5º, I):
a) vitaliciedade
b) inamovibilidade e
c) irredutibilidade de subsídio

5. Vedações do Ministério Público: CF, arts. 127 a 129 (seis hipóteses)

6. Responsabilidade: responde quando agir com dolo ou fraude no exercício de


suas funções (art. 181, CPC)

7. Atividade:

a) processo penal: órgão que formula a acusação nos crimes de ação pública e
acompanha toda ação penal, em qualquer caso, fiscalizando a reta aplicação da
lei, e, inclusive, as garantias do acusado.

b) processo civil: intervém na defesa de um interesse público, elemento, alias,


que caracteriza sempre a intervenção desse órgão no cível.
8. Classificação das funções do Ministério Público:

a) como autor (art. 177), na defesa de interesses públicos (de ordem pública,
isto é, concernente aos interesses básicos e fundamentais da sociedade), nas
causas em que esteja legitimado para agir ou para contestar. Só tem
legitimidade quando expressamente autorizado em lei (direito material – Lei de
alimentos, CPC, arts. 720, 616, VII e 951; ação de nulidade de casamento (art.
1549 CC), ação rescisória (art. 967, III, CPC); ação direta de
inconstitucionalidade (art. 129, IV, CF)).

b) como fiscal da lei (“custos legis”) (art. 178): como representante da lei ou
fiscal da lei, com imparcialidade, nos casos de interesse público ou social;
interesse de incapaz e litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana. Exs.
MS (art. 12 da Lei 12.016/09), alimentos (art. 9º da Lei 5.478/68); art. 721.

9. Prazo em dobro: art. 180


O ADVOGADO (CF, art. 133)

1. Função no processo:
a) não é parte (representante da parte)
b) presença obrigatória (indispensável à administração da justiça – art. 133 CF):
c) capacidade postulatória (pressuposto processual) (exceção JEC)
d) conhecimento técnico (exercício do contraditório)

2. Regime jurídico: direitos, deveres, forma de atuação e responsabilidade:


- Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil: Lei n. 8.906/1994
- bacharel em direito inscrito na OAB: deve passar por exame de ordem
- direitos: art. 107 do CPC e 6º e 7º da Lei 8.906/94
- deveres: arts. 77, 78 e 105 do CPC e Código de Ética

3. Procuração:
a) “ad judicia”: para fins judiciais. Instrumento público ou particular, sem
reconhecimento de firma, salvo poderes especiais (art. 105 CPC)
b) prazo: urgência; 15 dias (art. 104) e ausência: ato ineficaz (art. 104,§2º)
4. Responsabilidade: art. 32 do EOAB: dolo e culpa (censura, suspensão, multa,
exclusão)

5. Advocacia Pública e Defensoria pública


- Advocacia Pública (CF e CPC, arts. 182 a 186): interesses da União, Estados e
Municípios. Prazo em dobro e int. pessoal (art. 183, e §1º). Resp.: art. 184.
- Defensoria Pública (CF e CPC, arts. 185 a 187): assistência jurídica às pessoas
desprovidas de recursos. Goza de prazo em dobro e int. pessoal (art. 186 e §1º)

Dos Auxiliares da Justiça (sujeitos secundários do processo)

1. Conceito: são auxiliares do juízo todas as pessoas que são convocadas a


colaborar com a justiça, ou por dever funcional permanente ou por
eventualidade de determinada situação.

- Os juízes e os tribunais (órgãos do Poder Judiciário) são órgãos principais e os


auxiliares são órgãos secundários.
2. Classificação: órgãos da fé pública: investidos da fé pública (salvo prova em
contrário – presunção iuris tantum), na prática de seus atos:

2.1. auxiliares da justiça, propriamente ditos: aqueles que permanentemente


por função pública atuam como órgãos de apoio ao juiz. São eles:
Serventuários e funcionários judiciais: Escrivão, chefe de secretaria e oficial de
justiça: arts. 150 a 155.

2.2. auxiliares de encargo judicial: aqueles que, mesmo mantendo sua


condição de particulares, são convocados a colaborar com a justiça. Praticam
atos de gestão, por isso, eventualmente. São eles: 1. Perito (arts. 156 a 158); 2.
Depositário e administrador (arts. 159 a 161); 3. Intérprete e tradutor (arts. 162
a 164); 4. Conciliador e mediador (arts. 165 175); partidor (art. 651);
distribuidor; contabilista (contador) (art. 524) e o regulador de avarias (art 707).

2.3. auxiliares extravagantes: órgãos que ordinariamente não são judiciários


ou jurisdicionais, mas que prestam serviços à administração da justiça ou à
execução de suas decisões (Exs. Correios ou imprensa)
DOS ATOS PROCESSUAIS

1. Conceito: é toda conduta dos sujeitos do processo que tenha por efeito a
criação, modificação ou extinção de situações jurídicas processuais. Os atos de
criação são aqueles ligados à instauração da relação jurídica processual (petição
inicial, citação e contestação), enquanto os de modificação movimentam o
procedimento para o ato de extinção (sentença).

2. Características:

a) são formais: com requisitos de validade previstos em lei e criados para


assegurar o atingimento de sua finalidade (art. 188).

b) são públicos, em regra (art. 189). Exceções segredo de justiça: art. 189, I a III,
§§1º e 2º.

c) praticados pela forma escrita ou oral, desde que reduzidos a termo nos autos

d) Uso obrigatório da língua portuguesa e de documento estrangeiro traduzido


(art. 192)
3. Classificação:

3.1. Subjetivos: atos dos órgãos judiciários (juiz e auxiliares) e atos das partes.

3.1.1. Pronunciamentos do juiz (arts. 203 a 205):

3.1.1.1. Provimentos: são os pronunciamentos do juiz no processo, seja


solucionando questões, seja determinando providências. Vêm definidos no
artigo 203:

a) Sentença (art. 203,§1º): pronunciamento por meio do qual o juiz, com


fundamentos nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento
comum, bem como extingue a execução. Podem ser:

1. terminativas: são de forma anômala de extinção do processo, sem análise do


mérito, por ocorrência de alguma das hipóteses do art. 485 do CPC. Fazem coisa
julgada meramente formal, possibilitando à parte a repropositura da demanda,
mesmo porque não pacificam socialmente.
2. Definitivas: ocasionam a extinção do processo mediante a prolação de uma
sentença de mérito, com abordagem definitiva da questão de direito material
discutida nos autos, acolhendo ou não a pretensão do autor (art. 487). Faz coisa
julgada formal e material, impossibilitando à parte o recebimento de um novo
julgamento.

b) Decisão interlocutória (art. 203, §2º): todo pronunciamento judicial de


natureza decisória que não se enquadre no §1º. Toda decisão de primeiro grau
será sentença ou decisão interlocutória, logo, quando não for a primeira será a
segunda.

c) Despachos (art. 203,§3º): todos os demais pronunciamentos do juiz. Sem


qualquer conteúdo decisório e têm por finalidade apenas impor a marcha normal
do procedimento, ante o que reza o princípio do impulso oficial. Não comporta
recurso (art. 1001).

d) Acórdãos (art. 204): julgamento colegiado proferido pelos tribunais. A não


colegiada é definida como monocrática.
3.1.1.2. Atos materiais: não têm qualquer caráter de resolução ou determinação.
Espécies: a) instrutórios (realizar inspeções em pessoas ou coisas, ouvir
alegações dos procuradores das partes, etc.), b) de documentação (rubricar fls.
dos autos, referentes a ato em que haja intervindo, assinar a folha final)

3.1.2. Atos dos auxiliares (arts. 206 a 211):

a) de movimentação processual: a conclusão (“cls.”) dos autos ao juiz, a vista às


partes, a remessa ao contador, a expedição de mandados e ofícios.
b) de documentação: a lavratura dos termos referentes à movimentação (cls.,
vista, etc), a feitura do termo de audiência, o lançamento de certidões, etc.
c) de execução: atos realizados fora do cartório, em cumprimento a mandado
judicial (penhora, prisão, busca e apreensão, etc.)
d) de comunicação processual: consistente em citações ou intimações, é
realizada pelo escrivão, com auxílio dos correios, ou pelo oficial de justiça, em
cumprimento a mandados judiciais.

3.1.3. Atos das partes


3.1.3.1. postulatórios: manifestam suas pretensões em juízo (ex. pet. Inicial).

3.1.3.2. instrutórios: influir na formação do resultado do processo (alegações e


atos probatórios: juntada de documentos e depoimentos pessoais).

3.1.3.3. dispositivos (negócios processuais): partes regulam suas posições


jurídicas no processo:

- ART. 190: cláusula geral de negócios processuais: possibilidade de as partes


dentro de certos limites estabelecidos pela lei, celebrarem negócios dos quais
dispõem de suas posições processuais. Não podem alcançar posições
processuais do juiz. Pode ser pré-processual.
- Requisitos: a) partes plenamente capazes;
b) direitos que admitem autocomposição;
c) partes iguais.

3.2. Atos objetivos:


a) atos processuais simples e complexos: ao lado dos atos processuais simples,
que são a grande maioria dos atos do processo (demanda inicial, citação,
contestação, sentença) e praticamente se exaurem em uma conduta só, existem
os atos complexos que se apresentam como um conglomerado de vários atos
unidos pela contemporaneidade e pela finalidade comum. Ex.audiência.

b) termos: consistem na documentação escrita de atos, autenticados pelo


escrivão porque realizados em sua presença. Exs. Juntada, vista, recebimento,
assentada, ata, auto (fora do cartório), conclusão, data-remessa (art. 367).

TEMPO E LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS

1. Ato processual no tempo (arts. 212 a 216):


a) realização dos atos: CPC, art. 212 e §§.
b) Atos processuais praticados nas férias e feriados (não recesso forense): CPC,
arts. 214 e 215.

2. Ato processual no espaço ou lugar: art. 217: sede do juízo = dependências


do fórum.
3. Prazos (arts. 218 a 235):
3.1. Termos inicial “dies a quo” e final “dies ad quem”
3.2. - ano e mês: mesmo dia do ano seguinte (art. 132, §§3º e 4º do CC)
– dias: dia a dia
– hora: minuto a minuto
- Interrupção (Ex. 1026) e suspensão (arts. 220 e 221)
- Ato prematuro ou precoce: validade (art. 218, §4º)

3.3. Classificação dos prazos:

a) Próprio: estabelecido para as partes. Acarreta preclusão (art. 223, “caput”).


Ler arts. 225, 229 a 231.
b) Impróprio: estabelecido para o juiz e seus auxiliares: sem consequências
processuais. Ler arts. 226 a 228.
c) Legais: predeterminados no código (art. 218, “caput”ex. art. 335)
d) Judiciais: prazos fixados pelo juiz (art. 218,§1º. Ex. art. 76)
** Inexistência de prazo legal ou judicial: 5 dias (art. 218, §3º)
e) convencionais: prazos acertados de comum acordo pelas partes (ex. art. 313,
II)
f) peremptórios: não podem ser alterados por vontade das partes e pelo juiz
(interesse público). (Art. 222, §1º)

3.4. Contagem: dias úteis (art. 219)

3.4.1. Distinção contar e correr:

a) correr: flui a partir do seu início (termo inicial: data em que foi intimada). Ex.
foi intimada da sentença hoje.

b) contar: a partir do momento em que se completa a primeira unidade


temporal (arts. 219 e 224 e §§) – importante!

3.5. Penalidades aos servidores, procuradores, MP e Juiz: CPC, arts. 233 a 235.

3.6. Preclusão:

a) temporal: é a perda da faculdade de praticar um ato processual em virtude


da não-observância de um prazo estabelecido em lei ou pelo juiz (decurso
tempo)
b) consumativa: é a perda da faculdade de praticar o ato de maneira diversa, se
já praticado anteriormente por uma das formas facultadas em lei. Esgota a
oportunidade – ato praticado de outra maneira. Exs. Oferecimento de petição
inicial sem rol de testemunha (art. 677).

c) lógica: é a perda da faculdade pela prática de um ato anterior incompatível


com o ato posterior que se pretende realizar. Exs. Devolução da chave do
imóvel e recurso contra a sentença de despejo.

FORMAÇÃO DO PROCESSO (CPC, art. 312).

1. início do processo por provocação das partes (art. 2º).


2. Petição inicial dirigida ao juiz.
3. Protocolo e distribuição (art. 284) da petição inicial: momento em que se
forma o processo para o autor. Recebimento: deferimento ou indeferimento.
4. Citação e seus efeitos: o processo se completa com a participação do réu,
estabelecendo-se a relação jurídica processual (art. 240).
5. Artigo 329: estabilização da demanda: impossibilidade de alteração das
partes (estabilização subjetiva) ou da causa de pedir e pedido (estabilização
objetiva)
SUSPENSÃO DO PROCESSO (CPC, arts. 313 e 315).

1. Hipóteses excepcionais em que a marcha do processo pode ser paralisada,


praticando-se apenas atos de urgência (art. 314), sob pena de serem
considerados inexistentes:

a) morte ou perda da capacidade das partes, representante legal ou procurador


(inciso I): habilitação herdeiros (art. 313, §§1º e 2º e art. 689) e constituição
novo procurador (art. 313, §3º)

b) convenção das partes (inciso II): prazo seis meses (art. 313, §4º) – observar
art. 313, §5º

c) arguição de impedimento ou de suspeição ((inciso III): art. 146

d) admissão IRDR (inciso IV) (art. 982, I): prazo uma ano (art. 980, §único)

e) questão prejudicial: interna e externa (inciso V) – PRAZO: I ANO (§4º)


- questão prejudicial: questão de mérito (não processual): a solução influi na
resolução da questão posterior. Objetivo: evitar decisões conflitantes.

- Espécies:

1) Interna (art.313, V, “b”): questão prejudicial no mesmo processo. Não


suspende o processo (suspensão imprópria). Ex. carta precatória.

2) Externa (art. 313, V, “a”): questão prejudicial em outro processo.


Exs. 1) alimentos > questão prejudicial > investigação de paternidade; 2)
descumprimento contrato > questão prejudicial > contrato nulo; 3) processo
crime: inexistência do fato (art. 315) (letra “a”: prejudicialidade externa)

f) motivo de força maior (inciso VI): situação imprevisível, alheia à vontade das
partes e do juiz, que torne impossível a realização de determinado ato
processual. Exs. Causas naturais (enchentes, tempestades) e ações humanas
(ameaça de bomba). Sem prazo legal.
g) Questão decorrente de acidentes e fatos da navegação de competência do
Tribunal Marítimo (inciso VII): prejudicialidade externa: sem prazo legal.

h) Outras hipóteses legais (inciso VIII): art. 76, 134, §3º, 678, 919,§1º e 955.

i) Parto ou concessão de adoção (inciso IX): advogada única patrona da causa.


Prazo suspensão: 30 dias (§6º) (Lei n. 13.363/16)

j) Advogado tornou-se pai (inciso X): único patrono da causa.


Prazo suspensão: 8 dias (§7º) (Lei n. 13.363/16)
2. Momento da suspensão: momento em que o juiz toma conhecimento do
fato suspensivo.

3. Efeitos:

a) vedação da prática de atos processuais enquanto durar a suspensão:


ineficazes ou inexistentes (art. 314).

b) suspende-se o prazo, voltando a contar pelo que sobrava.

c) prosseguimento do processo, por impulso oficial, esgotado o tempo durante


o qual esteve suspenso (art. 313,§5º)
RESOLUÇÃO DO PROCESSO (ARTS. 485 a 488)

1. JULGAMENTO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO (CPC, art. 485)


(observar art. 317): forma anômala de extinção: circunstâncias que impedem o
julgamento do mérito.

1.1. exame preliminar dos pressupostos processuais e condições da ação


1.2. possibilidade de repetição da ação: correção do vício (art. 486, §1º) e
pagamento de custas (CPC, art. 486)
1.3. não há coisa julgada material. Exceção: perempção, litispendência e coisa
julgada.
1.4. Retratação: art. 485,§7º
1.5. Resolução pelo mérito: art. 488

1.6. Hipóteses (art. 485):

a) indeferimento da inicial (inciso I) (CPC, art. 330, I e §1º)


b) negligência das partes (inciso II) (observar §1º)
c) abandono da causa pelo autor (inciso III) (observar §1º e §6º)

d) pressupostos processuais (inciso IV)

e) ocorrência de perempção (inciso V) (CPC, art. 486, §3º), litispendência (CPC,


art. 337, §3 º) ou a coisa julgada (CPC, art. 337, §4 º): pressupostos processuais
objetivos negativos

f) condições da ação (inciso VI)

g) convenção arbitral e competência juízo arbitral (inciso VII)

h) desistência (inciso VIII) – observar §§ 4 e 5º; art. 335,§2º, e art. 200, §único
(não alcança o direito material)

i) morte da parte em ação intransmissível (inciso IX) – direitos personalíssimos.


Ex: poder familiar, alimentos, separação judicial.
j) Demais casos legais (inciso X): arts. 115, §único e 313, §2º, II.
1.7. Conhecimento de ofício: CPC, art. 485, §3º, incisos IV, V, VI e IX.

2. JULGAMENTO DO PROCESSO COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO (CPC, art. 487)


(geram efeitos sobre as relações materiais):

2.1. Hipóteses:

a) acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou reconvenção (inciso I)


b) decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou
prescrição (inciso II), observar parágrafo único
c) homologar (inciso III):

1. reconhecimento da procedência do pedido (submissão não forçada à


pretensão do autor) formulado na ação ou na reconvenção (letra a): necessita
homologação para produzir efeitos.
2. transação (letra b) (concessões recíprocas; efeitos imediatos: art. 200)
3. Renúncia (ao direito material, não desistência) à pretensão formulada na
ação ou na reconvenção (letra c)

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