Você está na página 1de 16

Teoria

Geral do
Processo
Manual de Direito Processual Civil, de Sidnei Amendoeira Jr.
Direito Processual Civil Esquematizado, de Marcus Vinicius Rios Gonçalves.

Direito Processual - Considerações Iniciais:


● Coube ao Direito a normatização da conduta humana, através de um
conjunto de normas gerais e positivas, visando disciplinar a vida social.
● O Estado – função administrativa (gestão ordinária de serviços públicos) –
função legislativa (traçar as normas de conduta que formam o direito
objetivo) – função jurisdicional (incumbência do Poder Judiciário na
pacificação dos litígios).
● Processo – instrumento utilizado pelo Estado com objetivo imediato da
aplicação da lei ao caso concreto – nominado conforme direito material
vinculado ao conflito.
● Normas Jurídicas – de direito processual (formal ou instrumental) como
instrumento de atuação da vontade concreta das leis – de direito material
(substancial) que cuida de estabelecer normas de conduta social, regulando
as relações jurídicas entre as pessoas.
● O Estado Democrático – veda a justiça privada – assume o dever de prestar
a tutela jurídica.
● As Primeiras Normas – se referiam apenas à aplicação das sanções penais
e à composição dos litígios civis.
ASPECTOS RELEVANTES
O processo civil como o principal instrumento do Estado para o exercício do Poder
Jurisdicional. Normas e princípios básicos subsidiam os diversos ramos do direito
processual. Atribuição ao Estado do poder-dever de solucionar conflitos de
interesses. Edição de normas e conflitos de interesses. Regras de condutas
violadas. Fenômeno sociológico.Solução imparcial perante o Judiciário.

PRESTAÇÃO JURISDICIONAL
–Tutela de determinado direito para a solução do conflito. Esta prestação também
permite através do processo que o Estado-Juiz adote ,quando necessário,
medidas de urgência para a proteção do autor.

CONCEITO
É o ramo da ciência jurídica que trata do complexo das normas reguladoras do
exercício da jurisdição civil e da aplicação da lei ao caso concreto. O Direito
Processual é o instrumento do exercício da jurisdição.
DIREITO MATERIAL E PROCESSUAL
Interesse primário (normas indicativas do direito de cada um) e interesse
secundário (normas instrumentais). O Direito Processual é o conjunto de normas e
princípios que regulamentam e objetivam a aplicação do direito material da melhor
forma.
RELAÇÃO PROCESSUAL
Sujeitos: partes (autor e réu) e juiz.
OBS: A depender da ação, em se tratando das partes, as nomenclaturas poderão
variar.

RAMO DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL


● Subgrupo do Direito Processual.
● Categoria do Direito Público.
● Relação posta em juízo.
PROCESSO CIVIL E CONSTITUIÇÃO
Reprodução de princípios constitucionais no CPC-2015. Processo como
instrumento político, ético e humanizado.
TEORIA GERAL DO PROCESSO
Estuda os princípios e institutos fundamentais da ciência processual, aplicáveis ao
processo civil, ao penal, ao trabalhista, ao tributário, etc
Institutos Fundamentais:
● Jurisdição, ação, processo, defesa, partes.
● Arcabouço estrutural.
● Formas alternativas de solução de conflitos.
A ciência processual, seja penal, seja civil, seja mesmo a trabalhista, obedece a
uma estrutura básica, comum a todos os ramos, fundada nos institutos jurídicos da
ação, da jurisdição e do processo. Nos três tipos de processo mencionados, a
intervenção do Poder Jurisdicional é condicionada ao exercício da ação e, portanto,
todos se iniciam, se desenvolvem e se concluem com a participação de três
sujeitos: autor, réu e juiz.
Exposição de Motivos do NCPC
1. Harmonia da Lei Ordinária em relação à Constituição Federal da República
Inclusão dos princípios constitucionais no CPC.
2. Conversão do Processo em instrumento incluído no contexto social.
Satisfação efetiva com a participação das partes no processo. Mediação.
3. Simplificação dos atos processuais
4. Maior rendimento do processo

O CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015


Processo e Constituição:
●Instrumentalismo (formalismo excessivo).
-Evolui para o formalismo-valorativo (instrumento para a realização da justiça);
●Influência do Neoprocessualismo.
-Busca dos valores constitucionais na aplicação do direito
●Prevalência da lealdade processual e boa-fé

1. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS APLICÁVEIS AO PROCESSO CIVIL


a) Princípio da Inércia da Jurisdição:
-Artigo 2º, CPC – “O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por
impulso oficial [...]”. Tem a função de garantir a imparcialidade do juízo.
b) Princípio do Acesso à Justiça (inafastabilidade da jurisdição):
Artigo 3º do CPC – artigo 5º, XXXV. CF. Possibilidade do acesso aos meios
alternativos consensuais de solução de conflitos.
c) Princípio da Investidura:
Ligado à forma de ingresso dos legitimados a exercer o poder. O juiz precisa ter
sido aprovado em um concurso de provas e títulos (Artigo 37,II, CF).
d) Princípio da Igualdade: Previsto no caput do art.5º da CF. Decorre do
sistema de Common Law adotado no Brasil. As decisões devem estar
vinculadas a lei. O julgador deverá aplicar o fundamento das decisões de
forma igualitária para os interessados. Artigo 7º, CPC.
e) Princípio do Contraditório: O contraditório passa a ser mais do que mera
garantia de bilateralidade processual. É mecanismo que permite a
participação das partes no processo de construção da norma jurídica
individualizada, refletida no ato decisório. Vedação de decisões-surpresa
(arts. 7º e 10, CPC).
f) Princípio da Eficiência Processual: Artigo 4º, CPC – inciso LXXVIII, art.
5º, CF. A atividade jurisdicional pode compreender o processo sincrético.
g) Princípio da Boa-fé Objetiva: Artigo 5º, CPC. Fonte de criação de deveres.
Elemento de regulamentação do exercício de direitos. Delimita
comportamentos desejados no plano do processo. §3º, art. 489, CPC.
h) Princípio da Duração Razoável do Processo: Artigo 5º, LXXVIII, CF/88.
Decorre do princípio de que todos têm direito a uma resposta tempestiva ao
direito de ir ao juiz para buscar a realização de seus direitos. Art. 4º, CPC.
i) Princípio da Publicidade: Artigo 11, CPC. É uma garantia jurídica do
cidadão, sendo restrito nas situações de defesa da intimidade ou em razão
do interesse social. Artigo 93, IX da CF/88.
j) Princípio da Fundamentação: Princípio da Motivação das Decisões. Art.
93, IX, CF/88. – 371 e 489, §1º, CPC. A CF exige que os atos decisórios dos
órgãos da jurisdição sejam motivados, assegurando às partes o
conhecimento das razões do convencimento do juiz.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO


- Diretrizes gerais sobre as quais se apoiam as ciências.Super Normas (normas
gerais). Normas fundamentais do sistema jurídico.
Princípios Informativos:
● Lógico:
Sequência dos atos do processo obedecem regramento lógico.
● Econômico:
Melhor resultado com menor esforço e recursos.
● Jurídico:
Respeito às regras estabelecidas.
● Político:
● Busca da pacificação social.

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS PROCESSUAIS

I. Princípio da Demanda: Art. 5º, caput, da CF/88.Vinculado à garantia de


liberdade. Dimensiona a garantia de acesso à justiça. Liberdade de recorrer, ou
não, à tutela jurisdicional. Proibição da justiça pelas próprias forças. O Estado:
prestação da tutela aos direitos subjetivos em crise. Tutela Jurisdicional:
heterocomposição e autocomposição.
II. Princípio do Devido Processo Legal: Art. 5º, LIV, CF: “Ninguém será privado
da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Megaprincípio (José
Cretella Neto). Princípio fundamental sobre o qual todos os outros se sustentam.
III. Princípio do Acesso à Justiça: Art. 5º, XXXV, CF. “A lei não excluirá da
apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a direito”. Princípio da
inafastabilidade da jurisdição.
IV. Princípio do Contraditório: - Art. 5º, LV, CF. "Aos litigantes, em processo
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.” É a oportunidade de se
manifestar.
Se aplica às duas partes.
Na esfera civil: faculdade da parte se defender.
Na esfera penal: nomeação de advogado dativo.
Plenitude da defesa”: no processo penal, não pode o réu ficar sem defesa (mesmo
que não queira).
Contraditório Diferido: a posteriori (tutela provisória e de evidência). Inaudita altera
pars.
V. Princípio da Ampla Defesa: Art. 5º, LV, CF. Aplica-se apenas ao réu.
Asseguramento que é dado ao réu de trazer para o processo todos os elementos
permitidos na lei que possam esclarecer a verdade. Esgotamento de todos os
meios e recursos legais previstos para a defesa dos interesses e direitos das
partes no processo.
VI. Princípio da Proibição da Prova Ilícita: Art. 5º, LVI, CF. “São inadmissíveis, no
processo, as provas obtidas por meios ilícitos.”
VII. Princípio da Motivação das Decisões:Art. 93, IX, CF. Exige que os atos
decisórios dos órgãos da jurisdição sejam motivados. Pena de nulidade.
Indispensável à fiscalização da atividade judiciária.
OBS: Motivação suficiente/objetiva (Castro Meira – STJ) x Motivação
exauriente (Art. 489, §1º, CPC).Na motivação suficiente/objetiva, o juiz não é
obrigado a justificar todos os pontos da sentença, somente os mais importantes. Já
na motivação exauriente, o juiz deve falar de todos os pontos.
*ENTENDIMENTO (STJ. 1º seção. Edcl no MS 21.315-DF. Rela. Diva
Malerbi. J. 08/06/2016): motivação suficiente (mais célere).
VIII. Princípio da Duração Razoável do Processo: Art. 5º, LXXVIII, CF. “A todos,
no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do
processo e os meios que garantem a celeridade de sua tramitação”. Evitar atos
desnecessários. Aproveitamento de atos.
IX. Princípio da Publicidade: Art. 5º, LX, CF. Garantia da transparência do
procedimento. Exceção quando houver interesse social ou defesa da intimidade.
OBS:“Nos processos que correm em segredo de justiça, o direito de consultar os
autos e de pedir certidões é restrito às partes e seus procuradores, mas o terceiro
que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da
sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio e separação
(art. 189, §§ 1o e 2o)” (GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios, 2019, p. 81).

X. Princípio da Imparcialidade:Art. 5º, LIII e XXXVII, CF. Garantia de um


julgamento proferido por juiz equidistante das partes. A Jurisdição deve ser
exercida por um terceiro imparcial que não tenha interesse em favorecer, nem em
prejudicar. Autoridade competente. Vedação da criação de juízos ou tribunais de
exceção.
XI. Princípio da Isonomia: Art. 5º, caput e inciso I, CF. Estabelece que são iguais
perante a lei. Isonomia formal e real.
“A igualdade formal consiste no tratamento igualitário a todos, sem levar em
consideração eventuais diferenças entre os sujeitos de direito, ou, no que concerne
ao processo civil, aos sujeitos do processo. (...) Daí a necessidade de evolução
para uma ideia de isonomia real, em que o legislador, na criação das normas, e o
juiz, na sua aplicação, devem levar em conta as peculiaridades de cada sujeito”
(GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios, 2019, p. 68).
XII. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: Art. 1º, III, CF. Atendimento aos
fins sociais e às exigências do bem comum na aplicação do ordenamento jurídico.

PRINCÍPIOS PROCESSUAIS
➢ Processo civil
I. Dispositivo: Art. 2º, CPC. Possibilita a autocomposição. Ajuizamento e
prosseguimento da ação
II. Boa-fé: Art. 5º, CPC. Lealdade processual. Litigância de má-fé (multa de 1 a
10% do valor da causa) e ato atentatório à dignidade da Justiça (multa de até 10%
do valor da execução).
*A responsabilidade criminal não está incluída na multa (Ex: multa +
responsabilidade criminal).
III. Cooperação: Art. 6º, CPC. Desdobramento da boa-fé e lealdade processual.
Cooperação entre as partes (cooperação processual).
“Constitui desdobramento do princípio da boa-fé e da lealdade processual.
Mas vai além, ao exigir, não propriamente que as partes concordem ou ajudem
uma à outra — já que não se pode esquecer que há um litígio entre elas —, mas
que colaborem para que o processo evolua adequadamente” (GONÇALVES,
Marcus Vinicius Rios, 2019, p. 91).
IV. Oralidade: Maior prática nos juizados especiais. Evidência nas audiências de
mediação e conciliação.
➢ Processo Penal
I. Do Estado de Inocência: Como consequência direta do princípio do devido
processo legal.
II. Da Verdade Real: Estabelece o direito de punir somente contra aquele que
praticou a infração penal e nos exatos limites de sua culpa.
III. Da Obrigatoriedade: Obriga a autoridade policial a instaurar o inquérito policial
e ao MP promover a ação penal (ação penal pública).
IV. Da Indisponibilidade do Processo: Instaurado o processo, não pode ser
paralisado indefinidamente ou arquivado
➢ Processo do Trabalho
I. Da Preclusão: Perda de uma faculdade ou direito processual. Consumativa:
direito de praticar o ato uma vez. Temporal: pelo decurso do tempo. Lógica: não
pode praticar um ato e depois praticar outro . A contradição entre os atos não é
permitida.
II. Da Proteção: Visa colocar os litigantes num mesmo patamar de igualdade
econômica.
III. Da Finalidade Social: Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais.
IV. Da Conciliação: Dissídios individuais ou coletivos serão submetidos à
conciliação.

SOLUÇÕES DE CONFLITOS – MEIOS ALTERNATIVOS DE COMPOSIÇÃO.

Conceito de conflito: Interação de pessoas interdependentes que


percepcionam a existência de objetivos, desejos e valores opostos, e que encaram
a outra parte como potencialmente capaz de interferir na realização desses
desideratos.
Causas:
● De ordem pessoal: se relacionam com seu emocional.
● Interpessoais: gerados por diferenças entre pensamentos de indivíduos em
uma mesma questão – divergência de interesses.

FATORES PREPONDERANTES DA INSUFICIÊNCIA DA TUTELA ESTATAL


EXCLUSIVA:
● o formalismo; a complicação procedimental; a burocratização; a dificuldade
de acesso ao Poder Judiciário; o aumento das causas de litigiosidade em
uma sociedade cada vez mais complexa e conflituosa; a própria mentalidade
dos operadores do direito.
FORMAS ALTERNATIVAS PARA SOLUÇÃO DE CONFLITOS:
Benefícios: Novas garantias de acesso à justiça.; Monopólio da jurisdição exercida
pelo Estado; Proximidade ao sistema do common Law; Redução de demandas
judiciais. .

I. AUTOCOMPOSIÇÃO:
As Partes originárias do conflito buscam a solução para o litígio, Principal
fundamento é a vontade das partes, Promove a celeridade processual, Uso do
consenso, sem o emprego da força.
Principais formas de autocomposição:
● Autodefesa/Autotutela.
● Conciliação.
● Mediação.
● Transação
Classificação:
a) Quanto à manifestação de vontade:
*Unilateral: manifestação de vontade por uma das partes (ex.: renúncia).
*Bilateral: manifestação de vontade por ambas as partes (ex.: transação).
b) Quanto ao local de realização:
*Intraprocessual: dentro do processo (ex.: tentativas de conciliação).
*Extraprocessual: fora do processo (CCT, ACT, CCPM).
Espécies:
a) Renúncia: ocorre quando o titular do direito abdica dele, acabando com o
conflito.
b) Submissão: ocorre quando o sujeito se submete à pretensão contrária,
ainda que entenda ter o direito.
c) Transação: envolve o sacrifício recíproco de interesses.
Subespécies de Transação:
● Negociação: transação entre as partes, sem a intervenção de
terceiros.
● Mediação: presença de um terceiro que, sem apresentar soluções,
tem a função de construir um diálogo entre as partes.
● Conciliação: presença de um terceiro que se encontra equidistante
das partes, tendo o papel de oferecer soluções.

II. HETEROCOMPOSIÇÃO:
As partes elegem um terceiro para analisar e julgar o litígio, e se submetem à
decisão é a forma Utilizada na solução de conflitos por meio da jurisdição
(Estado-Juiz). Aplicada na arbitragem como método alternativo.
–As duas formas principais são: Arbitragem (Lei 9307/96) e Jurisdição.
Formas:
a) Arbitragem: os envolvidos no conflito buscam a solução junto a um
terceiro (um juízo arbitral). O terceiro é quem compõe o conflito, proferindo uma
sentença arbitral, em que a decisão vincula os envolvidos.
● Conceito: é uma técnica reconhecida por lei, a qual as partes convencionam
através de contrato ou em juízo, a escolha privada por intermédio de um
árbitro (juiz arbitral), a solução do conflito. Estabelece uma decisão com a
mesma eficácia da sentença judicial, mas sem intervenção estatal.
● Previsão Legal: Lei 13.105/2015, §1º do art. 3º (NCPC) - nº 9.307/1996 -
Art.114, §§1º e 2º da Constituição Federal.
● Objeto (Art. 31, Lei 9.307/96): só pode se dirigir a acertamento de direitos
patrimoniais disponíveis
● Vantagens na Aplicação do Instituto: a privacidade do processo, o nível de
especialização do julgador, as partes envolvidas escolhem as partes
neutras, celeridade e escolha de normas (art. 2º, Lei 9307/96).
● Desvantagens Apontadas: a falta de controle da qualidade dos árbitros, a
não responsabilização das partes neutras, não existência de precedentes,
pesa-se também que em regra geral não há o cabimento de recursos das
decisões.
● A Força da Decisão Arbitral (Art. 31, Lei 9307/96): “A sentença arbitral
produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença
proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui
título executivo”; força executiva judicial (art. 515, VII, CPC-2015).
● O Árbitro: a escolha do árbitro deve ocorrer fora dos quadros da
magistratura (“Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a
confiança das partes” (art. 13, Lei 9307/96)). O árbitro deverá proceder com
imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição.
● Lei dos Juizados (Lei n. 9.099/95, art. 24, § 2º): prevê que os árbitros, nos
Juizados Especiais, serão escolhidos entre os juízes leigos.
*OBS: Lei de Arbitragem e o Princípio da Inafastabilidade do Acesso à
Jurisdição:
●Posicionamento do STF: o princípio constitucional.
●Ex: Direito do Consumidor: se tiver no contrato de adesão uma cláusula de
arbitragem que colocar o consumidor em desvantagem, é abusiva/ilegal.

b) Jurisdição: submeter o conflito à apreciação de um juiz cuja autoridade


não deriva das partes, mas é definida por uma organização política, de acordo com
um conjunto predeterminado de normas.

Equivalente jurisdicionais (ou formas alternativas de composição)

I. AUTOTUTELA:
É a forma mais antiga de solução dos conflitos. Lei do mais forte”.
*Consiste no sacrifício integral do interesse de uma das partes envolvidas no
conflito em razão do exercício da força pela parte vencedora.
Fundamento:
*Não se limita ao aspecto físico, podendo-se verificar nos aspectos afetivo,
econômico, religioso, etc.
Características: Contrária às prerrogativas do Estado democrático de
direito.Remonta às sociedades mais rudimentares. Prevalência do domínio da
força. No atual direito é considerada excepcional (ex: legítima defesa). Única forma
de solução alternativa de conflitos que pode ser amplamente revista pelo Poder
Judiciário.
Previsão Legal: Código Civil: artigos 188, I (legítima defesa); 319 (direito de
retenção); 1210, §1º (desforço imediato no esbulho) e 1467, I (apreensão do bem
com penhor legal). Constituição Federal: art. 9º (direito de greve). Código Penal:
Art. 23, I (estado de necessidade); art. 23, II.
Aplicação: Considerada exceção, Deve ter interpretação restritiva., Aplica-se as
quando houver certeza do seu cabimento., Está condicionada à existência de lei
que a preveja, Deve se condicionar aos limites legais.
Requisitos: Excepcionalidade: se configura na exemplificação de um rol taxativo –
é exercida em casos específicos.
● Emergencialidade: visa salvaguardar um direito que pode perecer e causar
grave dano, de difícil reparação.
Definição: Método de composição de litígios determinado pela ausência de um juiz
independente e imparcial e pela imposição da vontade de uma parte sobre a outra.
É crime. Uso da autotutela, mesmo se tiver razão.

II. CONCILIAÇÃO:

É o método em que as partes agem na composição do conflito, sendo dirigida por


um terceiro. Significa harmonizar, pôr em acordo. Constitui o objetivo de quem se
dispõe a pacificar duas ou mais pessoas em conflito.

Previsão Legal: Artigo 2º, P.U., VI (Código de Ética e Disciplina da Ordem dos
Advogados do Brasil – OAB), art. 3º, §3º, CPC-2015 e art. 5º, XXXV, CF.
Objeto: Art. 31, Lei 9307/96., Só pode se dirigir ao acertamento de direitos
patrimoniais disponíveis.
Função do Conciliador: Administrar a forma de resolução do conflito. Controlar as
negociações. Sugerir e formular propostas. Apontar vantagens e desvantagens na
composição do conflito.
“Uma vez que o conciliador atua em situações em que inexiste vínculo prévio,
poderá sugerir soluções para o litígio, vedada qualquer forma de constrangimento
ou intimidação para que as partes conciliem. Se as próprias partes não
conseguirem encontrar uma solução, o concilia-dor fará sugestões e verificará pela
reação e pela manifestação dos envolvidos, se vai ou não se aproximando uma
possível autocomposição” (GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios, 2019, p. 323).
Características:Administração do conflito por um terceiro neutro e imparcial.
Terceiro com força condutora dinâmica conciliatória. Possui ampla aplicação
jurídica. Integra o quotidiano do profissional do Direito. Melhoria no relacionamento
entre as partes envolvidas.
Indicação: Em conflitos pontuais e novos (doutrina) – ex: acidentes de trânsito,
consumidor.
Vantagens: Redução de custo. Agilidade. Sigilo. Rapidez na solução da lide.
Desvantagens: Intervenção do conciliador nas sugestões de propostas para a
solução do conflito.

III. MEDIAÇÃO:
Forma de autocomposição dos conflitos, com o auxílio de um terceiro imparcial,
neutro e especialmente treinado, que nada decide, mas apenas auxilia as partes na
busca de uma solução
Previsão Legal: Lei 13.140/2015 - Artigo 3º, §3º, CPC-2015 - art. 5º, XXXV, CF.

Objetivo:Auxiliar as partes na busca de uma solução satisfatória para ambas.


Preservar as relações que existiam antes do conflito. Solucionar o conflito através
de soluções promovidas pelas próprias partes.
Objeto da Mediação: Art. 3º, Lei 13140/15. Conflito que verse sobre direitos
disponíveis ou sobre direitos indisponíveis que admitam transação. Pode versar
sobre todo o conflito ou parte dele.
Direitos Indisponíveis que Admitem Mediação: A cessão dos direitos de
imagem. Da disposição de tecidos, órgãos e partes do corpo humano para
transplante. Da mudança de sexo. Do direito a alimentos. Dos direitos trabalhistas
e previdenciários. Dos contratos de concessão de serviços públicos. Do crédito
tributário.
OBS: transação no aspecto econômico e no exercício do direito (doutrina).
O Mediador: Art. 4º, Lei 13.140/15. Escolhido pelo tribunal ou pelas partes.
Aplicam-se hipóteses de impedimento e suspeição do juiz (art. 144-145, CPC). Não
poderá ser árbitro nem testemunha em processos judiciais ou arbitrais pertinentes
a conflito em que foi mediador.
Função do Mediador: Restabelecer a comunicação produtiva e colaborativa entre
os interessados - auxiliar as partes na busca de uma solução satisfatória para
ambas. Não opinar diretamente sobre a lide em questão. Estabelece técnicas que
propiciem oportunidades para que as decisões sejam tomadas pelos interessados
.
“O papel do mediador não é formular sugestões ou propostas, que possam ser
acatadas pelos envolvidos, porque se parte do princípio de que isso talvez possa
solucionar um embaraço pontual, mas não o conflito. Mais do que uma solução
consensual, o mediador deverá buscar, dentro do possível, uma reconciliação, ou
uma pacificação ou apaziguamento, para que a relação, que tem caráter
permanente ou prolongado, possa ser retomada sem obstáculos ou embaraços”
(GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios, 2019, p. 323).

Vantagens: Confidencialidade.As próprias partes decidirão pacificamente a melhor


solução. Preservação das relações. Se traduzir em benefícios mútuos para as
partes. Agilidade na conclusão do processo.
Desvantagens: A possibilidade de fragmentação das audiências em tantas
sessões quantas sejam necessárias para viabilizar a solução consensual.
Composição da Mediação Judicial: Deverá ser conduzida, preferencialmente,
por uma equipe interdisciplinar composta por, pelo menos, um mediador com
formação em Psicologia e um profissional do direito que será chamado, tão
somente, para esclarecer dúvidas de caráter jurídico.
OBS: as partes deverão estar acompanhadas de seus advogados ou defensores
públicos.
Audiência na Mediação Judicial: Art. 696, CPC. Poderá haver a divisão do
procedimento em diversas sessões.
Mediação Extrajudicial:
Princípios: imparcialidade do mediador, isonomia entre as partes, oralidade,
informalidade, autonomia da vontade das partes, busca do consenso,
confidencialidade e boa-fé.
Objeto: conflito que verse sobre direitos disponíveis ou sobre direitos indisponíveis
que admitam transação (art. 3º, Lei 13.140/15).
Mediador Extrajudicial: qualquer pessoa capaz que tenha a confiança das partes
e seja capacitada para fazer mediação (a parte poderá escolher o mediador).
Mediador Judicial: Art. 11, Lei 13140/15. Pessoa capaz. Graduada em curso de
ensino superior. Capacitação em escola ou instituição de formação de mediadores.
Inscrição no cadastro de mediadores judiciais. Não está sujeito à prévia aceitação
das partes.
Forma de Realização: Art. 46, Lei 13140/15
“Poderá ser feita pela internet ou por outro meio de comunicação que permita a
transação à distância, desde que as partes estejam de acordo”.
Estágios do Processo de Mediação:
a) Iniciação: submissão a uma entidade pública ou privada, ou a uma parte
neutra privada, ou por decisão judicial;
b) Preparação: compete aos advogados para melhor representar seu cliente
nas alegações/defesas/soluções;
c) Introdução: o mediador explica a natureza e o formato do processo e
estimula as partes a continuar negociações diretas;
d) Declaração do Problema: as partes começam a discutir abertamente sua
disputa, sob a atenção do mediador;
e) Esclarecimento do Problema: o mediador isola as questões puramente
básicas em disputa. Realização de reuniões separadas. O mediador auxilia
as partes a agrupar prioridade;
f) Geração e Avaliação de Alternativas: condução das partes para produzir
alternativas ou opções. Sugestão de abordagens alternativas para estimular
o acordo.
g) Seleção de Alternativa: objetiva fazer com que as partes decidam quanto a
uma solução praticável;
h) Acordo: o mediador resume e esclarece os termos do acordo a que se tiver
chegado. A redação do acordo é realizada pelas partes e seus
representantes.
–Princípios Norteadores da Mediação:
i) Liberdade das Partes: autonomia para participar; escolha do mediador;
administrar o conflito como melhor convier à parte; escolha da mediação
(voluntária ou mandatária);
j) Não Competitividade: não há uma parte vencedora e outra vencida. A
solução deverá ser interessante para todos;
k) Poder de Decisão das Partes: o mediador, sob nenhuma hipótese, poderá
propor ou influenciar uma das partes ou ambas para uma determinada
solução;
l) Participação de Terceiro Imparcial: indispensável a participação de um
terceiro – mediador – imparcial e equidistante em relação a ambas as
partes;
m) Competência do Mediador: deve agir sempre de forma pacificadora, usar
de inteligência e criatividade para administrar situações, possibilitando o
diálogo construtivo entre as partes;
n) Informalidade do Processo: os atos devem ser realizados de forma
simples - não se submete ao Direito Processual;
o) Confidencialidade no Processo: é essencial para mediação; compromisso
com o sigilo processual (credibilidade);
p) Independência: o mediador não pode ter qualquer relação anterior com as
partes, devendo ser neutro;
q) Diligência: deve privilegiar procedimentos menos onerosos e dispendiosos
às partes. O mediador deve trabalhar de maneira consciente, prudente e
eficaz.

Você também pode gostar