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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DR. JUIZ DE DIREITO DA


________ VARA ________ DA COMARCA DE ________

Processo nº: ________

________ , ________ , ________ , inscrito no CPF


sob nº ________ , ________ , residente e domiciliado
na ________ , ________ , ________ , na Cidade de
________ , ________ , ________ , vem à presença de
Vossa Excelência, por meio do seu Advogado, infra
assinado, ajuizar

RECURSO DE APELAÇÃO

em face da decisão que ________ em ação ________


ajuizada ________ .

Requer, desde já o seu recebimento no efeito suspensivo,


com a imediata intimação do recorrido para, querendo,
oferecer as contrarrazões e, ato contínuo, sejam os autos,
com as razões anexas, remetidos ao Egrégio Tribunal de
Justiça do Estado de ________ para os fins aqui
aduzidos.

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


Termos em que pede e aguarda deferimento.

________ , ________ .

________ ,
________

RAZÕES RECURSAIS

Apelante: ________

Apelado: ________

Processo de origem nº ________ , ________ da Comarca de ________

EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA CÂMARA,

EMÉRITOS DESEMBARGADORES.

DA TEMPESTIVIDADE

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


Nos termos dos Arts. 219 e 1.003, §5º do CPC, o prazo para
interpor o presente recurso é de 15 dias úteis, sendo excluindo o dia do começo e
incluindo o dia do vencimento nos termos do Art. 224 do CPC/15.

Dessa forma, considerando que a decisão fora publicada no Diário


Oficial na data de ________ , tem-se por tempestivo o presente recurso,
devendo ser acolhido.

DO PREPARO

Informa que junta em anexo a devida comprovação do


recolhimento do preparo recursal.

BREVE SÍNTESE E DA DECISÃO RECORRIDA

Com a presente ação, objetiva-se a adjudicação compulsória do


imóvel ao Autor, com fulcro em Contrato firmado de Promessa de Compra e
Venda entre o Autor e ________ .

Referido contrato, pactuado livremente pelas partes,


estabelece como compromisso dos Autores o pagamento de ________ , o que
foi totalmente pago como atestam os comprovantes em anexo.

No entanto, após o recebimento dos valores pactuados, o


promitente ________ conforme provas em anexo, sem a efetiva outorga da
escritura, como comprometido.

Após contatos infrutíferos com os sucessores do falecido


________ , razão pela qual postula a presente demanda.

Após trâmite regular, a ação obteve a seguinte decisão:

________

Ocorre que, tratando-se de decisão definitiva, cabível o recurso de


apelação.

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


DO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL

O princípio da fungibilidade busca dar efetividade ao princípio da


cooperação processual previsto expressamente no Art. 6º do NCPC, pelo qual
"todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se
obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva."

No presente caso, todos os requisitos formais para ambos os


Recursos foram cumpridos, tais como:

Tempestividade - uma vez que o prazo de 15 dias foi


observado;
Legitimidade - uma vez que o recorrente é legítimo para
propor ambos os recursos;
Instrumentalidade - toda documentação, custas
processuais, argumentos, provas e requisitos formais
foram observados, sendo cabível para qualquer dos
recursos propostos.

No presente caso, não há que se falar em erro grosseiro uma vez


que existem dúvidas sobre qual recurso cabível uma vez que ________ .

Nesse sentido, a doutrina reforça o objetivo da cooperação


processual, ao lecionar sobre o tema:

"A decisão pela fungibilidade é acertada e é a que melhor


se adequa ao sistema do novo Código, que privilegia a
prolação de decisões de mérito em detrimento de decisões
meramente processuais para os litígios." (MITIDIERO,
Daniel. ARENHART, Sérgio Cruz. MARINONI, Luiz
Guilherme. Novo Código de Processo Civil Comentado -
Ed. RT, 2017. e-book, Art. 1.027)

Nesse mesmo sentido:

"O princípio da fungibilidade recursal decorre dos


princípios da boa-fé processual, da primazia da decisão

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


de mérito e da instrumentalidade das formas. De um
modo geral, deve aceitar-se um recurso pelo outro
sempre que não houver má-fé ou outro comportamento
contrário à boa-fé objetiva." (DIDIER JR, Fredie. Curso
Processual Civil. Vol. 3. 14ª ed. Editora JusPodivm, 2017.
p. 130)

Dessa forma, considerando o pleno atendimento aos requisitos


formais e instrumentais de um Recurso por outro, não há motivo
suficientemente plausível para o indeferimento de plano do recurso interposto.

Trata-se da efetivação do Princípio da Cooperação (Art. 6º do


CPC/15), em detrimento ao excesso de formalismo repugnado pela doutrina e
entendimento dos Tribunais Superiores:

"Além do compromisso com a Lei, o juiz tem um


compromisso com a Justiça e com o alcance da
função social do processo para que este não se
torne um instrumento de restrita observância da
forma se distanciando da necessária busca pela
verdade real, coibindo-se o excessivo formalismo.
Conquanto mereça relevo o atendimento às regras
relativas à técnica processual, reputa-se consentâneo
com os dias atuais erigir a instrumentalidade do
processo em detrimento ao apego exagerado ao
formalismo, para melhor atender aos comandos da lei e
permitir o equilíbrio na análise do direito material em
litígio. Recurso especial provido." (STJ - REsp: 1109357
RJ 2008/0283266-8, Relator: Ministra Nancy Andrighi)

De igual forma, a jurisprudência reforça o posicionamento sobre a


preponderância do princípio da fungibilidade em detrimento à formalidade
exacerbada:

PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. PREJUÍZO. O


princípio da fungibilidade é alicerçado na premissa de que

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


a forma não deve prejudicar o direito, em
consonância com a efetividade da prestação
jurisdicional e a instrumentalidade processual. Significa
dizer, em outras palavras, que o princípio da fungibilidade
recursal visa permitir que não haja prejuízo para a parte
na interposição de um recurso. (TRT da 3.ª Região; PJe:
0010536-35.2017.5.03.0012 (AP); Disponibilização:
22/02/2018, DEJT/TRT3/Cad.Jud, Página 3329; Órgão
Julgador: Decima Primeira Turma; Redator: Convocada
Ana Maria Espi Cavalcanti, #484462) #3084462

Somente se pode anular um ato quando manifestamente


prejudicial às partes e ao processo, quando diante de total inviabilidade do seu
aproveitamento, conforme leciona a doutrina sobre o tema, "não há
invalidade sem prejuízo":

"A invalidade processual é sanção que somente pode ser


aplicada se houver a conjugação do defeito do ato
processual (pouco importa a gravidade do defeito) com a
existência de prejuízo. (...) Há prejuízo sempre que o
defeito impedir que o ato atinja a sua finalidade. Mas não
basta afirmar a violação a uma norma constitucional
para que o prejuízo se presuma. O prejuízo,
decorrente do desrespeito a uma norma, deverá
ser demonstrado caso a caso." (DIDIER JR, Fredie.
Curso Processual Civil. Vol. 1. 19ª ed. Editora JusPodivm,
2017. p. 457)

O Novo CPC positivou expressamente o princípio da


instrumentalidade das formas ao dispor:

Art. 277. Quando a lei prescrever determinada forma, o


juiz considerará válido o ato se, realizado de outro
modo, lhe alcançar a finalidade.

Art. 282. (...) § 1º O ato não será repetido nem sua falta

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


será suprida quando não prejudicar a parte.

Art. 283.O erro de forma do processo acarreta unicamente


a anulação dos atos que não possam ser aproveitados,
devendo ser praticados os que forem necessários a fim de
se observarem as prescrições legais.

Parágrafo único. Dar-se-á o aproveitamento dos atos


praticados desde que não resulte prejuízo à defesa
de qualquer parte.

Trata-se de dar efetividade a atos diversos com a mesma


finalidade, o que a doutrina denomina de PRINCÍPIO DA
INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS:

"O princípio da instrumentalidade das formas, também


chamado epla doutrina de princípio da finalidade, tem
por objetivo conservar os atos processuais praticados de
forma diversa da prescrita na lei, mas que atingiram sua
finalidade e produziram os efeitos processuais previstos
na lei. Tal princípio se assenta no fato de o processo não
ser um fim em si mesmo, mas um instrumento de
realização da justiça." (SCHIAVI, Mauro. Manual de
Direito Processual do Trabalho. 13ª ed. Ed. LTR, 2018. p.
509)

A manutenção de decisão que nega tal princípio configura


formalismo excessivo, afastando-se da FINALIDADE pretendida pela lei,
em grave afronta ao princípio da RAZOABILIDADE e
PROPORCIONALIDADE, conforme destaca a doutrina:

"Os princípios da razoabilidade e da


proporcionalidade, que se inter-relacionam, cuidam
da necessidade de o administrador aplicar
medidas adequadas aos objetivos a serem
alcançados. De fato, os efeitos e consequências do ato

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


administrativo adotado devem ser proporcionais ao
fim visado pela Administração, sem trazer prejuízo
desnecessário aos direitos dos indivíduos envolvidos e à
coletividade." (SOUSA, Alice Ribeiro de. Processo
Administrativo do concurso público. JHMIZUNO. p. 74)

Com efeito, considerando, portanto, o cumprimento aos requisitos


formais do objeto pleiteado, tais como instrumento, tempestividade e pedido, a
simples denominação do recurso não pode servir como sucedâneo para o
afastamento da tutela jurisdicional, sendo devida a revisão da decisão, ora
recorrida.

DO MÉRITO DA AÇÃO

O direito dos Autores vem insculpido claramente no Código Civil,


ao dispor:

Do Direito do Promitente Comprador

Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que


se não pactuou arrependimento, celebrada por
instrumento público ou particular, e registrada no Cartório
de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador
direito real à aquisição do imóvel.

Art. 1.418. O promitente comprador, titular de


direito real, pode exigir do promitente vendedor,
ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos,
a outorga da escritura definitiva de compra e
venda, conforme o disposto no instrumento preliminar; e,
se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel.

Assim, diante da existência de um contrato, demonstração da


plena quitação das obrigações pactuados pelo Autor, outra não pode ser o
deslinde da ação, se não o deferimento da Adjudicação Compulsória, conforme
precedentes sobre o tema:

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


REQUISITOS DA ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA
DEMONSTRADOS – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO
IMPROVIDO. A adjudicação compulsória é o remédio
jurídico colocado à disposição de quem, munido de
contrato de promessa de compra e venda em que todas as
suas obrigações foram cumpridas, não logra êxito em obter
a escritura definitiva do imóvel, pela recusa injustificada
da outra parte em efetivá-la. Verificada a presença de
todos os requisitos autorizadores da adjudicação
compulsória, deve ser mantido o seu deferimento.
Recurso parcialmente conhecido, e, na parte
conhecida, improvido. (TJMS. Apelação n. 0026365-
64.2012.8.12.0001, Campo Grande, 4ª Câmara Cível,
Relator (a): Des. Dorival Renato Pavan, j: 07/02/2018, p:
19/03/2018)

Portanto, diante de toda documentação apresentada, bem como


________ , requer a imediata PROCEDÊNCIA DA AÇÃO.

DA OUTORGA DA ESCRITURA PÚBLICA

A outorga de regular escritura pública é decorrência lógica da


declaração de propriedade.

Dessa forma, nos termos do Art. 501 do Código de Processo Civil, a


ausência de escritura não impede a efetivação da transferênci, uma vez que for
reconhecido o direito de propriedade em decisão declaratória, in verbis:

Art. 501. Na ação que tenha por objeto a emissão de


declaração de vontade, a sentença que julgar procedente o
pedido, uma vez transitada em julgado, produzirá todos os
efeitos da declaração não emitida.

Ou seja, a decisão declaratória deve gerar todos os efeitos, em


especial o de outorga de escritura pública, conforme precedentes sobre o tema:

COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA - Outorga

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


compulsória de escritura pública - Ação de
obrigação de fazer (art. 466 do CPC) - Sentença
que julga procedente a ação e manda aplicar a
multa cominatória para a hipótese de
descumprimento da ordem judicial - Apelação
interposta pelos autores sob a alegação de que não
aplicado o disposto no art. 466-B do Código de Processo
Civil - Pretensão de que seja determinada a outorga
compulsória da escritura do imóvel, com a expedição de
ofício ao Cartório de Registro de Imóveis competente, para
suprir eventual descumprimento da ordem judicial pelos
réus - Possibilidade - Sentença que, uma vez transitada em
julgado, vale pela declaração de vontade não emitida pelos
réus - Acréscimo ao dispositivo da sentença que, sem
embargo do comando dele constante, que os apelante
promovam a execução do julgado na forma do artigo 466-
A do Código de Processo Civil de 1973 (agora 501 do
CPC/2015), na forma que requererem e o digno Juízo
ordenar - Sentença modificada para esse fim. Apelação
provida. (TJSP; Apelação Cível 0022710-
76.2008.8.26.0602; Relator (a): João Carlos Saletti; Órgão
Julgador: 10ª Câmara de Direito Privado; Foro de
Sorocaba - 1ª. Vara Cível; Data do Julgamento:
30/04/2019; Data de Registro: 03/06/2019)

Dessa forma, requer cumulativamente, seja determinado ao


Registro de Imóveis que outorgue devida escritura pública do imóvel ao Autor

DA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO

Pelo que se depreende da decisão recorrida, o pedido inicial foi


negado considerando o único argumento de que ________ .

Entretanto junto à ________ , foi requerido expressamente que


________ , sob o argumento de ________ , o que sequer foi analisado.

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


Ou seja, não há completa fundamentação que ampare a decisão do
Juiz pelo indeferimento do pedido. A ausência da devida fundamentação afronta
diretamente a Constituição Federal:

Art. 93 (...). IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder


Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar
a presença, em determinados atos, às próprias partes e a
seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a
preservação do direito à intimidade do interessado no
sigilo não prejudique o interesse público à informação;

Nesse mesmo sentido é a redação do CPC/15:

Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder


Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as
decisões, sob pena de nulidade.

Por tal razão que a decisão não fundamentada configura nulidade,


nos termos do Art. 1.013, §3º, in IV do CPC, amplamente reforçado pela
doutrina:

"O dever de fundamentação das decisões judiciais é


inerente ao estado Constitucional e constitui verdadeiro
banco de prova do direito ao contraditório das partes.
Sem motivação a decisão judicial perde duas
características centrais: a justificação da norma
jurisdicional para o caso concreto e a capacidade de
orientação de condutas sociais. Perde, em uma palavra, o
seu próprio caráter jurisdicional. O dever de
fundamentação é informado pelo direito ao contraditório
como direito de influência -não por acaso direito ao
contraditório e dever de fundamentação estão previstos
na sequência no novo Código Adiante, o art. 489, §§ 1º e
2º, CPC, visa a delinear de forma analítica o conteúdo do
dever de fundamentação."(MARINONI, ARENHART e

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


MITIDIERO CPC Comentado. 2ªed.rev.atual.. RT. 2016-
ref. artigo 11):

A fundamentação da decisão, portanto, não é uma faculdade, uma


vez que inerente e indispensável ao pleno exercício do contraditório e da ampla
defesa, razão pela qual artigo 489 do CPC corrobora o entendimento, expondo
taxativamente a fundamentação como requisito essencial da sentença:

Art. 489. São elementos essenciais da sentença:


(...)
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de
fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões
principais que as partes lhe submeterem.
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer
decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença
ou acórdão, que:

I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de


ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a
questão decidida;

II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem


explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;

III - invocar motivos que se prestariam a justificar


qualquer outra decisão;

IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no


processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão
adotada pelo julgador;

V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de


súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes
nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta
àqueles fundamentos;

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência
ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a
existência de distinção no caso em julgamento ou a
superação do entendimento.

Razão pela qual, se uma decisão judicial não é fundamentada,


carece dos requisitos legais de eficácia e validade, pois ilegal! Este entendimento
predomina nos tribunais:

APELAÇÃO CÍVEL. REINTEGRAÇAO DE POSSE.


SENTENÇA NÃO FUNDAMENTADA. NULIDADE. 1) A
Constituição da República de 1988, no artigo 93, IX, prevê
o princípio da motivação das decisões judiciais, segundo o
qual "todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob
pena de nulidade". Logo, é nula a sentença quando
inexistente a fundamentação e sem a observância
dos requisitos legais (art. 489, CPC). 2) O
acolhimento do pedido autoral de forma genérica, sem
apontar qualquer elemento fático-jurídico para tanto,
consubstancia-se em ausência de fundamentação,
impondo-se a nulidade do julgado. 3) Sentença cassada ex
officio. (TJ-AP - APL: 00250322420158030001 AP,
Relator: Desembargador ROMMEL ARAÚJO DE
OLIVEIRA, Data de Julgamento: 30/04/2019, Tribunal,
#584462)

DIREITO DO TRABALHO. SENTENÇA NÃO


FUNDAMENTADA. NULIDADE DA SENTENÇA POR
NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL.
Vislumbrando-se nos autos a ausência de
fundamentação da sentença quanto à totalidade
dos pleitos formulados na exordial, bem como o
não enfrentamento dos argumentos deduzidos no
processo capazes de, em tese, infirmar a
conclusão adotada pelo julgador, evidencia-se a

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


negativa da prestação jurisdicional ante a violação
ao disposto nos arts. 93, IX da CF/88 e 489 do
CPC. O retorno dos autos ao MM. Juízo de origem para
novo julgamento é medida que se impõe. Recurso
ordinário a que se dá provimento. (TRT-6 - RO:
00004602020165060006, Data de Julgamento:
06/02/2019, Quarta Turma, #884462)

PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. BUSCA E


APREENSÃO. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DE
MÉRITO. SENTENÇA SEM FUNDAMENTO VÁLIDO.
OFENSA AO ART. 489, II, CPC. NULIDADE. PRIMAZIA
DO JULGAMENTO DE MÉRITO. COMPROVAÇÃO DE
MORA DO DEVEDOR. OPORTUNIDADE. SENTENÇA
CASSADA.1. (...)1.1. Constatação de que o único
argumento que embasa a sentença é estranho à lide, pois a
autora sequer é assistida da Defensoria Pública.2. De
acordo com o art. 489, do CPC São elementos
essenciais da sentença: (...) II - os fundamentos,
em que o juiz analisará as questões de fato e de
direito. 2.1. É nula a sentença que contém
fundamentos que não se aplicam ao caso
concreto.3. (...). 6. Sentença cassada. Recurso provido.
(20170210001702APC, 2ª Turma Cível, DJE:
12/09/2017).5. Sentença cassada para que se profira uma
outra. (TJDFT, Acórdão n.1083204, 20170710019228APC,
Relator(a): JOÃO EGMONT, 2ª TURMA CÍVEL, Julgado
em: 14/03/2018, Publicado em: 20/03/2018, #684462)

Ao dispor sobre a fundamentação, a doutrina complementa:

"Fundamentação. A fundamentação das decisões


judiciais é ponto central em que se apoia o Estado
Constitucional, constituindo elemento inarredável de
nosso processo justo (art. 5º, LIV, CF). (...) A
fundamentação deve ser concreta, estruturada e

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


completa: deve dizer respeito ao caso concreto,
estruturar-se a partir de conceitos e critérios claros e
pertinentes e conter uma completa análise dos
argumentos relevantes sustentados pelas partes em suas
manifestações. Fora daí, não se considera fundamentada
qualquer decisão (arts. 93, IX, CF, e 9º, 10, 11 e 489, §§ 1º
e 2º, CPC)." (MARINONI, ARENHART e MITIDIERO CPC
Comentado. 2ªed.rev.atual.. RT. 2016- ref. artigo 489)

Razão pela qual, considerando que a decisão não se mostra


devidamente fundamentada, seve ser considerada nula para que seja
devidamente revista.

DA DECISÃO ULTRA PETITA

O CPC/15 dispõe claramente sobre os limites jurisdicionais do


processo:

Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos


pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não
suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.

No mesmo sentido, dispões o CPC:

Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza


diversa da pedida, bem como condenar a parte em
quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi
demandado.

Dessa forma, considerando que o pedido veio claramente da


seguinte forma:

________

Não poderia a decisão conceder ________ .

Ocorre que o pedido disposto na inicial configura limitador ao

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


julgamento, não podendo o Juiz, por livre arbítrio, conceder pedido distinto, o
que configura grave nulidade conforme destaca a doutrina sobre o tema:

"1. Princípio da Demanda. O princípio da demanda (ou


dispositivo em sentido material) concerne ao alcance da
atividade jurisdicional, representando o maior limite a
essa atividade. O artigo em comento, como manifestação
do princípio da demanda, visa a responder sobre o que
há de se pronunciar o juiz para que logre decidir a causa.
A decisão judicial que se pronuncia sobre fatos
essenciais não levantados nos articulados das
partes (decisão com excesso de pronúncia), que
não se pronuncia sobre os fatos essenciais alegados pelas
partes (decisão com deficiência de pronúncia) e que não
se limita a examinar o pedido tal como
engendrado pela parte, julgando extra, ultra ou
infra petita, ofende o art. 141, CPC (STJ, 1.ª Turma,
REsp 784.159/SC, rel. Min. Denise Arruda, j.
17.10.2006,DJ07.11.2006, p. 250). (...) 2. Mérito
Processual. Só interessa ao processo o litígio "nos
limites em que foi proposta". " (MITIDIERO, Daniel.
ARENHART, Sérgio Cruz. MARINONI, Luiz Guilherme.
Novo Código de Processo Civil Comentado - Ed. RT, 2017.
e-book, Art. 141., #484462)

Trata-se de concessão extra petita que deve ser decotada de


sentença, conforme precedentes sobre o tema:

LIQUIDAÇÃO SENTENÇA - INOBSERVÂNCIA À COISA


JULGADA I - A liquidação da sentença deverá ser
processada com estrita observância aos limites objetivos
da coisa julgada, sendo vedada qualquer alteração e/ou
inovação que os infrinja. A sentença, por sua vez, sob
pena de configurar julgamento extra, ultra ou
infra petita, não pode extrapolar o que está posto
na litiscontestatio, que se delimita pelas alegações

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


da petição inicial e da contestação - trata-se do
princípio da adstrição. II - (...). (TRT-1,
00706003120095010017, Relator Desembargador/Juiz do
Trabalho: Evandro Pereira Valadao Lopes, Quinta Turma,
Publicação: DOERJ 25-04-2018)

APELAÇÃO CÍVEL. REGULAMENTAÇÃO DE VISITA


AVOENGA. PRELIMINAR DE NULIDADE E
CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO VERIFICADO.
DECISÃO DENTRO DOS LIMITES REQUERIDOS NA
EXORDIAL. ALIENAÇÃO PARENTAL NÃO
DEMONSTRADA. PRECLUSÃO TEMPORAL.
VISITAÇÕES EM FÉRIAS ESCOLARES. MENOR QUE
REALIZA TRATAMENTO PSICOLÓGICO E
PSIQUIÁTRICO, O QUE A IMPEDE DE VIAJAR. NÃO
COMPROVADO IMPEDIMENTO DE INTERRUPÇÃO DO
TRATAMENTO PARA SE AUSENTAR EM CURTO
PERÍODO DE FÉRIAS ESCOLARES. RECURSO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO. "O autor fixa os
limites da lide e da causa de pedir na petição
inicial (...), cabendo ao juiz decidir de acordo com
esse limite. É vedado ao magistrado proferir
sentença acima (ultra), fora (extra) ou abaixo
(citra ou infra) do pedido. Caso o faça, a sentença
estará eivada de vício, corrigível por meio de recurso. A
sentença citra ou infra petita pode ser corrigida por meio
de embargos de declaração, cabendo ao juiz suprir a
omissão; a sentença ultra ou extra petita não pode ser
corrigida por embargos de declaração, mas só por
apelação. Cumpre ao tribunal, ao julgar o recurso, reduzi-
la aos limites do pedido". Nélson Nery Júnior e Rosa
Maria de Andrade Nery. "A preclusão temporal ocorre
quando a perda da faculdade de praticar ato processual se
dá em virtude de haver decorrido o prazo, sem que a parte
tivesse praticado o ato, ou tenha praticado a destempo ou
de forma incompleta ou irregular" (NERY JUNIOR,

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


Nelson. Código de Processo Civil comentado e legislação
extravagante. 14. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2014. p. 555. (TJSC, Apelação Cível n. 0002247-
21.2015.8.24.0054, de Rio do Sul, rel. Des. Sebastião César
Evangelista, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 01-03-
2018)

Requer, portanto, a exclusão da concessão de indicar , uma vez que


configurado ultra petita.

DA JUSTIÇA GRATUITA

Ao entender, equivocadamente, que a renda declarada é


incompatível com benefício pretendido, pode-se concluir que o Respeitável
magistrado criou novo parâmetro à concessão do benefício.

Trata-se de decisão contrária a princípios constitucionais da


isonomia e da razoabilidade preconizados no artigo 5º, XXXIV da Constituição
Federal, pelo qual determina:

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do


pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de


direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

Para tanto, em total observância ao Código de Processo Civil de


2015, o recorrente juntou prova do direito ao benefício em manifesta boa fé.

O Requerente atualmente trabalha como ________ , tendo sob


sua responsabilidade a manutenção de sua família, razão pela qual não poderia
arcar com as despesas processuais.

Para tal benefício o Requerente junta declaração de


hipossuficiência e comprovante de renda, os quais demonstram a inviabilidade
de pagamento das custas judicias sem comprometer sua subsistência, conforme
clara redação do Código de Processo Civil de 2015:

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser
formulado na petição inicial, na contestação, na petição
para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.

§ 1º - Se superveniente à primeira manifestação da parte


na instância, o pedido poderá ser formulado por petição
simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá
seu curso.

§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver


nos autos elementos que evidenciem a falta dos
pressupostos legais para a concessão de gratuidade,
devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a
comprovação do preenchimento dos referidos
pressupostos.

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de


insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural.

Assim, por simples petição, sem outras provas exigíveis por lei, faz
jus o Requerente ao benefício da gratuidade de justiça:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. JUSTIÇA GRATUITA.


INDEFERIMENTO DA GRATUIDADE PROCESSUAL.
AUSÊNCIA DE FUNDADAS RAZÕES PARA AFASTAR A
BENESSE. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. CABIMENTO.
Presunção relativa que milita em prol da autora que alega
pobreza. Benefício que não pode ser recusado de
plano sem fundadas razões. Ausência de indícios
ou provas de que pode a parte arcar com as custas
e despesas sem prejuízo do próprio sustento e o de
sua família. Recurso provido. (TJ-SP
22234254820178260000 SP 2223425-
48.2017.8.26.0000, Relator: Gilberto Leme, Data de
Julgamento: 17/01/2018, 35ª Câmara de Direito Privado,

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


Data de Publicação: 17/01/2018, #684462)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA


JUSTIÇA. CONCESSÃO. Presunção de veracidade da
alegação de insuficiência de recursos, deduzida
por pessoa natural, ante a inexistência de
elementos que evidenciem a falta dos
pressupostos legais para a concessão da
gratuidade da justiça. Recurso provido. (TJ-SP
22259076620178260000 SP 2225907-66.2017.8.26.0000,
Relator: Roberto Mac Cracken, 22ª Câmara de Direito
Privado, Data de Publicação: 07/12/2017)

A assistência de advogado particular não pode ser parâmetro ao


indeferimento do pedido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PEDIDO DE


GRATUIDADE DE JUSTIÇA. CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO. HIPOSSUFICIÊNCIA. COMPROVAÇÃO DA
INCAPACIDADE FINANCEIRA. REQUISITOS
PRESENTES. 1. Incumbe ao Magistrado aferir os
elementos do caso concreto para conceder o benefício da
gratuidade de justiça aos cidadãos que dele efetivamente
necessitem para acessar o Poder Judiciário, observada a
presunção relativa da declaração de hipossuficiência. 2.
Segundo o § 4º do art. 99 do CPC, não há
impedimento para a concessão do benefício de
gratuidade de Justiça o fato de as partes estarem
sob a assistência de advogado particular. 3. O
pagamento inicial de valor relevante, relativo ao contrato
de compra e venda objeto da demanda, não é, por si só,
suficiente para comprovar que a parte possua
remuneração elevada ou situação financeira abastada. 4.
No caso dos autos, extrai-se que há dados capazes de
demonstrar que o Agravante, não dispõe, no momento, de
condições de arcar com as despesas do processo sem

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


desfalcar a sua própria subsistência. 4. Recurso conhecido
e provido. (TJ-DF 07139888520178070000 DF 0713988-
85.2017.8.07.0000, Relator: GISLENE PINHEIRO, 7ª
Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE :
29/01/2018, #184462)

Assim, considerando a demonstração inequívoca da necessidade


do Requerente, tem-se por comprovada sua miserabilidade, fazendo jus ao
benefício.

Cabe destacar que o a lei não exige atestada miserabilidade do


requerente, sendo suficiente a "insuficiência de recursos para pagar as custas,
despesas processuais e honorários advocatícios"(Art. 98, CPC/15), conforme
destaca a doutrina:

"Não se exige miserabilidade, nem estado de


necessidade, nem tampouco se fala em renda familiar ou
faturamento máximos. É possível que uma pessoa
natural, mesmo com bom renda mensal, seja merecedora
do benefício, e que também o seja aquela sujeito que é
proprietário de bens imóveis, mas não dispõe de liquidez.
A gratuidade judiciária é um dos mecanismos de
viabilização do acesso à justiça; não se pode
exigir que, para ter acesso à justiça, o sujeito
tenha que comprometer significativamente sua
renda, ou tenha que se desfazer de seus bens,
liquidando-os para angariar recursos e custear o
processo." (DIDIER JR. Fredie. OLIVEIRA, Rafael
Alexandria de. Benefício da Justiça Gratuita. 6ª ed.
Editora JusPodivm, 2016. p. 60)

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição


Federal e pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça ao
requerente.

DOS PEDIDOS

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


Por estas razões REQUER:

1. O recebimento do presente recurso nos seus efeitos ativo e


suspensivo, nos termos do Art. 1.012 do CPC, com o
deferimento da antecipação da tutela recursal para fins de
________ ;

2. Seja deferido novo pedido de gratuidade de justiça, nos termos


do Art. 98 do CPC/15;

3. A intimação do Recorrido para se manifestar querendo, nos


termos do §1º, art. 1.010 do CPC;

4. A total procedência do recurso para reformar a decisão


recorrida e determinar ________

5. Informa que deixou de efetuar o preparo por ser beneficiário


da justiça gratuita

6. A condenação do recorrido ao pagamento das despesas


processuais e sucumbência.

Nestes termos, pede deferimento.

________ , ________ .

________ ,
________

Anexos:

1. Comprovante de renda

2. Declaração de hipossuficiência

3. Prova do comprometimento da renda

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021


4. Custas recursais - se não houver pedido de Justiça Gratuita

5. Procuração - Certificar a existência do instrumento no processo

6. Provas da miserabilidade - se houver pedido de Justiça Gratuita

#3084462 Mon Mar 29 16:09:48 2021

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