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PROJUDI - Processo: 0009808-88.2022.8.16.0017 - Ref. mov. 44.

1 - Assinado digitalmente por Israel Alves Pereira


13/03/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO DE RECURSO. Arq: APELAÇÃO - ADRIANA ROSA RODRIGUES

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJTNS 6FK4B XPX89 LDR83
AO DOUTO JUÍZO DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE
MARINGÁ - FORO CENTRAL DE MARINGÁ 5ª VARA CÍVEL DE
MARINGÁ

Processo de n° 0009808-88.2022.8.16.0017

ADRIANA ROSA RODRIGUES

Devidamente qualificada nos autos da ação civil que move contra CLUBE CARE
ADMINISTRADORA DE BENEFICIOS LTDA e a empresa HUMANA
SAUDE SUL LTDA, igualmente qualificadas nestes autos, vem, respeitosamente
perante V. Exa., por meio de seu procurador in fine assinado, conforme
documento procuratório em anexo, interpor o presente:

RECURSO DE APELAÇÃO

Em face da r. sentença que julgou IMPROCEDENTE os pedidos aduzidos na


exordial, o que faz conforme suas razões em anexo.

Uma vez observadas as formalidades legais e sendo o recurso


apresentado no prazo legal de 15 dias úteis da intimação (art. 1009, CPC), requer
sejam os autos remetidos ao E. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, para seu
conhecimento e provimento.

Deixa de apresentar o recolhimento das custas processuais, eis que


a apelante é beneficiária da justiça, conforme decisão de seq. 10, item 3:

3. Da justiça gratuita. Considerando a renda mensal líquida auferida


pela autora, inferior a dois salários, conforme holerites de eventos 1.6 a
1.8, demonstrando sua hipossuficiência econômica, concedo-lhe os
benefícios da gratuidade da justiça Código de Processo Civil.
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Ainda mais, Requer seja o presente recurso recebido em seu efeito
suspensivo, na forma do art. 1.1012, do CPC, com a intimação das apeladas para
que ofereçam suas contrarrazões.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Mandaguaçu-PR, 13 de março de 2023.

(ASSINADO DIGITALMENTE)

ISRAEL ALVES PEREIRA


OAB/PR nº 109.730
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AO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DO PARANÁ

Autos nº: 0009808-88.2022.8.16.0017

Vara de Origem: 5ª VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA REGIÃO


METROPOLITANA DE MARINGÁ.

Apelante: ADRIANA ROSA RODRIGUES

Apelados: CLUBE CARE ADMINISTRADORA DE BENEFICIOS LTDA e


HUMANA SAUDE SUL LTDA

COLENDA CÔRTE

EMÉRITOS DESEMBARGADORES JULGADORES

RAZÕES DO RECURSO

ADRIANA ROSA RODRIGUES, devidamente qualificada nos autos, vêm,


respeitosamente perante Vossas Excelências, apresentar suas razões de
RECURSO DE APELAÇÃO, o que fazem consubstanciados nos termos que
passa a expor.
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I - DA TEMPESTIVIDADE E DA DISPENSA DO PREPARO

1.1 - DA TEMPESTIVIDADE

A r. decisão que indeferiu a denunciação da lide foi publicada no


dia 16/02/2023, nos termos do art. 1.003, parágrafo 5º do CPC/15, é, portanto,
tempestivo o presente recurso, uma vez o prazo finda-se no dia 13/03/2023.

Prazo para o recurso Agravo de Instrumento (15 dias). NCPC

Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em


que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a
Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão.

§ 5º Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os


recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.

1.2 – DA DISPENSA DO PREPARO

A autora é beneficiária da justiça gratuita, conforme decisão


prolatada pelo douto juízo de primeiro grau, sendo assim, conforme o art. 98, §
1°, inciso VIII do CPC, O beneficiário da justiça gratuita é dispensado do
recolhimento do preparo recursal, vejamos:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com


insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais
e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na
forma da lei.

§ 1º A gratuidade da justiça compreende:

(...)

VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para


propositura de ação e para a prática de outros atos processuais inerentes
ao exercício da ampla defesa e do contraditório;
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2 - SINTESE FÁTICA E PROCESSUAL

Trata-se a presente demanda de ação de indenização por danos


morais movida pela autora, ora apelante, tendo em vista a má prestação de
serviços concernentes ao plano de saúde administrado pelas Apeladas CLUBE
CARE ADMINISTRADORA DE BENEFICIOS LTDA e a empresa HUMANA
SAUDE SUL LTDA que implicou em diversos transtornos para a Apelante. Isso
porque no momento em que mais precisou do plano de saúde teve negado o
atendimento de forma injusta pelas Apeladas, no qual houve o cancelamento
indevido de seu plano de saúde próximo do parto, sendo que tal falha contribuiu
para o agravamento psicológico da autora, pois já estava sofrendo muito pelo
descolamento da placenta, sentindo fortes dores abdominais intensas,
sangramento vaginal intenso e precisava estar em repouso total.

Isto posto, no dia 01/11/2021, ao dirigir-se para o local da


consulta agendada, a Apelante recebeu a informação da recepcionista de que seu
havia sido cancelando por motivo de falta de pagamento e teve sua consulta
cancelada. Ao contatar as apeladas, foi informada que seu plano havia sido
cancelado por falta de pagamento relativo ao mês de 10/2021. Questionou o
motivo do cancelamento, pois estava em dia com o pagamento do plano, que o
atraso de poucos dias foi em decorrência da não emissão do boleto e que
precisaria restabelecer o plano, urgentemente, devido a sua gestação estar em alto
grau de risco.

Com a intensão de resolver o erro cometido pelas apeladas,


solicitou o envio do boleto para a devida regularização, mas recebeu a negativa
da empresa, pois, de acordo com mensagem enviada por e-mail no dia
08/11/2021, não seria possível visto que o plano já havia sido cancelado, vejamos:
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Sem êxito, a apelante acionou a ANS (AGÊNCIA NACIONAL
DE SAÚDE SUPLEMENTAR) e denunciou o ocorrido. Constado a irregularidade
cometida pelas as apeladas, o planto foi restabelecido há poucos dias do parto.

Após o grande sofrimento vivenciado, fisicamente e


psicologicamente, a Apelante decidiu ingressar com ação judicial por danos
morais em face do erro cometido pelas Apeladas que cancelaram seu plano de
saúde indevidamente, pois sempre pagou em dia os boletos, e ainda tentou
regularizar, mas não houve êxito.

Como fundamento da pretensão, aduziu-se, por ocasião do


ajuizamento da ação, que a relação jurídica existente entre a Apelante e a
Apeladas era qualificada como de consumo, razão pela qual há necessidade da
questão ser avaliada pela ótica do Código de Defesa do Consumidor. Como
consectário da incidência das normas do supracitado código ao caso, agregado à
hipossuficiência da Apelante, requereu-se a inversão do ônus da prova.
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Ademais, foi alegado também descumprimento de cláusula
contratual e da lei 9.656/98, art. 13, parágrafo único, inc. ii, que diz:

Art. 13. Os contratos de produtos de que tratam o inciso I e o § 1° do


art. 1° desta Lei têm renovação automática a partir do vencimento do
prazo inicial de vigência, não cabendo a cobrança de taxas ou qualquer
outro valor no ato da renovação.

Parágrafo único. Os produtos de que trata o caput, contratados


individualmente, terão vigência mínima de um ano, sendo vedadas:

(…) II - a suspensão ou a rescisão unilateral do contrato, salvo por


fraude ou não-pagamento da mensalidade por período superior a
sessenta dias, consecutivos ou não, nos últimos doze meses de vigência
do contrato, desde que o consumidor seja comprovadamente notificado
até o qüinquagésimo dia de inadimplência;’ (gn).

Da leitura do dispositivo legal, infere-se que é permitida a


rescisão unilateral no contrato de plano de saúde em razão do não pagamento da
mensalidade por período superior a 60 dias, consecutivos ou não, nos últimos
doze meses de vigência do contrato, desde que o consumidor seja
comprovadamente notificado até o quinquagésimo dia de inadimplência.

Da mesma forma, o art. 51, XI da Lei 8078/90 afirma:

Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas


contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:[...] XI-
autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que
igual direito seja conferido ao consumidor;

Ao final, pugnou-se pela condenação da Apelada ao pagamento


de danos morais causados a Apelante pelo sofrimento psicológico sofrido, visto
que, o dano moral caracteriza-se pela ofensa aos atributos da personalidade, tal
como a integridade moral e o abalo ao estado anímico, a ponto de romper o
equilíbrio psicológico e emocional da pessoa, ultrapassando mero dissabor,
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13/03/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO DE RECURSO. Arq: APELAÇÃO - ADRIANA ROSA RODRIGUES

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJTNS 6FK4B XPX89 LDR83
somado ao fato de que se encontrava em estado grave pelo descolamento da
placenta, que ocasionou:

• Sangramento
• Dores abdominais
• Mal-estar
• Dores nas costas

Após, a Apelada apresentou sua defesa (seq.28) na qual foram


aduzidas as seguintes teses: a) Existência de inadimplemento b)
Descaracterização do Ônus da Prova e c) Da não configuração do dano moral. A
apelante impugnou a contestação na seq. 33

Ato contínuo as partes foram intimadas para especificarem as


provas a serem produzidas, sendo que ambas as partes informaram não ter
outras provas a serem produzidas (seq.37 e 38)

Na sequência os autos foram conclusos, sendo que o Juízo de


primeiro grau julgou o feito TOTALMENTE IMPROCEDENTE (seq. 41)

Eminentes Julgadores, conforme exposto na exordial, o


cancelamento indevido do plano da autora causou agravamento do seu estado
psicológico, pois tal abuso já é passível de indenização, visto que há violação dos
direitos da personalidade, quanto mais de uma gestante às vésperas do parto e
com a placenta descolada.

É o breve resumo fático.

3 – DA DECISÃO GARREADA

Em que pese o conhecimento jurídico do Juiz a quo, no presente


caso, não agiu com o costumeiro acerto, necessitando a sentença proferida ser
reformada.
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AUTOS N° 0009808-88.2022.8.16.0017

SENTENÇA

Note-se que o plano de saúde réu não comprovou o atraso reiterado de


parcelas, sugerindo que houve o atraso apenas da parcela de outubro/2021 (atraso
pontual), ocasião em que a autora solicitou o envio do boleto para pagamento, por e-mail,
enviado em 01/11/2021 (evento 1.10). Do mesmo modo, não restou demonstrada a
notificação prévia à beneficiária e ora autora, acerca da inadimplência da parcela, que
deveria ser enviada pela ré, conforme previsão contratual, inserida no tópico “Regras de
Rescisão e/ou Suspensão (fls. 5, evento 1.9).

A prática realizada pelo plano de saúde réu se revela abusiva,


porquanto houve o cancelamento imediato do plano em decorrência de uma única parcela
em atraso, na qual a autora solicitou o envio do boleto para pagamento. Tanto é que após
reclamação junto à ANS, o plano foi restabelecido, em 24/11/2021 (evento 28.2). (gn)

No caso, a autora comprovou por meio dos documentos


acostados no evento 1.13 que no período em que houve o cancelamento do plano,
estava grávida (evento 1.13), evidenciando a necessidade de uso do plano de
saúde no período, para acompanhamento do pré-natal. (gn)

Outrossim, não entendo que o fato em si causou dano moral


indenizável à autora, mas mero aborrecimento da vida cotidiana, porquanto
embora indevido o cancelamento do plano na hipótese e condição da autora (grávida), o
atraso no pagamento da parcela referente a outubro/2021 restou incontroverso. Além do
mais, a autora não comprovou efetivo prejuízo sofrido no período em que ficou com o plano
de saúde cancelado (cerca de um mês), tampouco que teria descoberto que o plano foi
cancelado já na consulta médica, inexistindo demonstração de situação vexatória
enfrentada, ou que despendeu valores com o tratamento no período que deveriam ser
custeados pelo plano.(gn)

Outrossim, a autora não comprovou que após o cancelamento do plano


sua gravidez teria evoluído para de risco, devido ao descolamento de placenta, e que a
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situação teria sido causada pela atitude da parte ré, ou seja, que houve o agravamento do
seu estado de saúde em razão da prática da ré.

3. Dispositivo.

Diante do exposto, com amparo no artigo 487, inciso I, do Código de


Processo Civil, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão formulada por ADRIANA
ROSA RODRIGUES em face de HUMANA PARANÁ S/A e CLUBE CARE
ADMINISTRADORA DE BENEFICIOS LTDA.

Diante da sucumbência, condeno a autora ao pagamento das custas


processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% sobre o valor da causa, com
amparo no artigo 85, §2° do Código de Processo Civil. Todavia, suspensa a exigibilidade
da cobrança nos termos do artigo 98, § 3° do referido Código, diante da gratuidade
judiciária concedida na decisão de evento 10.

Em breve síntese da sentença proferida pelo juízo a quo, é


possível concluir que houve o reconhecimento do abuso cometido pelas
Apelantes, no qual houve efetivo prejuízo a Apelante pelo cancelamento
indevido, conforme documentação acostada nos autos, demonstrando, ainda, a
intenção da autora e em resolver a irregularidade, vejamos o trecho da sentença:

“A prática realizada pelo plano de saúde réu se revela abusiva,


porquanto houve o cancelamento imediato do plano em decorrência de
uma única parcela em atraso, na qual a autora solicitou o envio do boleto
para pagamento. Tanto é que após reclamação junto à ANS, o plano foi
restabelecido, em 24/11/2021 (evento 28.2).”

Sucedendo, ainda é reconhecido pelo douto juízo a quo a


necessidade do uso do plano de saúde para acompanhamento do pré-natal,
vejamos:
“No caso, a autora comprovou por meio dos documentos acostados no
evento 1.13 que no período em que houve o cancelamento do plano,
estava grávida (evento 1.13) evidenciando a necessidade de uso do plano
de saúde no período, para acompanhamento do pré-natal”
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Pois bem, apresentado estes dois pontos na sentença, que
evidenciam a irregularidade cometida Apeladas ao cancelar indevidamente o
plano de saúde e da necessidade da Apelante de seu uso em momento crucial de
sua gestação, a decisão do emérito juízo, respeitosamente, precisar ser revisada,
pois o douto juízo não agiu com o costumeiro acerto, pois decide:

“Outrossim, não entendo que o fato em si causou dano moral


indenizável à autora, mas mero aborrecimento da vida cotidiana,
porquanto embora indevido o cancelamento do plano na hipótese e
condição da autora (grávida), o atraso no pagamento da parcela
referente a outubro/2021 restou incontroverso. Além do mais, a autora
não comprovou efetivo prejuízo sofrido no período em que ficou
com o plano de saúde cancelado (cerca de um mês), tampouco que teria
descoberto que o plano foi cancelado já na consulta médica, inexistindo
demonstração de situação vexatória enfrentada, ou que despendeu
valores com o tratamento no período que deveriam ser custeados pelo
plano.”

Contudo, ao ser julgada improcedente a ação a Apelante entende


a necessidade de reexame pelo E. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, para
que julgue procedente a presente demanda, conforme outros julgamentos em
casos similares, uniformizando, dessa forma, o entendimento jurisprudência
deste egrégio tribunal.

A Apelante faz jus à indenização de dano moral, a r.sentença


deverá ser reformada considerando os motivos e fundamentos que passaremos a
expor.

3 – DO MÉRITO RECURSAL

É incontroverso o fato de que houve abuso por parte das


Apeladas sobre o cancelamento indevido do plano de saúde, descumprindo
cláusula contratual, a lei 9.656/98, art. 13, parágrafo único, inc. ii e o art. 51, XI da
Lei 8078/90. Contudo, o mérito do presente recurso está na caracterização do
Dano Moral, bem como o quantum indenizatório. À vista disto, é o que passa a
argumentar:
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3.1 – DO DANO MORAL JURIDICAMENTE INDENIZÁVEL
E DA DESCARACTERIZAÇÃO DE MERO
ABORRECIMENTO DA VIDA COTIDIANA

Na sentença prolatada no juízo a quo, é dito que a “...autora não


comprovou efetivo prejuízo sofrido no período em que ficou com o plano de saúde
cancelado...”. Ora, ressalta-se que o dano moral, em si, não é passível de prova,
pois acontece no íntimo do ser humano, em sua esfera psicológica, de modo que
não é possível demonstrá-lo materialmente, sendo, portanto, considerado in re
ipsa. É o que ensina, com acuidade, Sérgio Cavalieri Filho, in verbis:

"O dano moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade do


ilícito em si. Se a ofensa é grave e de repercussão, por si só justifica a
concessão de uma satisfação de ordem pecuniária ao lesado. Em outras
palavras, o dano moral existe 'in re ipsa'; deriva inexoravelmente do
próprio ato ofensivo, de tal modo que, provada a ofensa, 'ipso facto' está
demonstrado o dano moral à guisa de uma presunção natural, uma
presunção 'hominis' ou 'facti', que decorre das regras de experiência
comum." (in Programa de Responsabilidade Civil, 2003, p. 102)

Com efeito, diante do quadro fático narrado na decisão de


primeira instância, é impossível negar a ocorrência de sofrimento interior e
angústia experimentada pela Apelante, diante da alteração das condições do seu
plano de saúde, tornando extremamente dificultoso o pagamento da sua
assistência à saúde. Observe-se que o fato de o plano de saúde ter sido restituído
através da denúncia apresentada a ANS (Agência Nacional de Saúde
Suplementar), não afasta o sofrimento e angústia vividos pela Apelante e
tampouco elide o pagamento da indenização, podendo, no máximo, ser
circunstância a ser considerada na quantificação do montante indenizatório.

Presente, também, o nexo de causalidade entre a conduta da


reclamada e o dano sofrido pelo reclamante, já que essa foi a causa adequada e
suficiente para a ocorrência desse. Em situações semelhantes, destacam-se os
seguintes precedentes desta Corte superior:
PROJUDI - Processo: 0009808-88.2022.8.16.0017 - Ref. mov. 44.1 - Assinado digitalmente por Israel Alves Pereira
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"RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA
LEI Nº 13.015/2014. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
ALTERAÇÃO DAS CONDIÇÕES EM QUE O PLANO FOI
DISPONIBILIZADO APÓS A DISPENSA DO RECLAMANTE.
DANO IN RE IPSA. INDENIZAÇÃO DEVIDA. Trata-se de pedido
de indenização por danos morais decorrentes da alteração das condições
em que o plano de saúde foi disponibilizado ao reclamante após o
momento em que foi encerrado seu contrato de trabalho. In casu, após a
dispensa do autor (trabalhador aposentado que permaneceu na ativa), e
diante da majoração do valor do seu plano de saúde pelas reclamadas,
foi ajuizada reclamação, objetivando o reestabelecimento do plano nos
mesmos moldes em que o autor usufruía na vigência do contrato de
trabalho. O Regional manteve a sentença em que se concedeu a
antecipação de tutela, reestabelecendo o plano de saúde nas condições
anteriores, contudo, julgou improcedente o pedido de indenização a
título de danos morais. A Corte a quo destacou que "não houve
comprovação de que ele tenha ficado sem atendimento médico ou sofrido
qualquer outro prejuízo, na medida em que o plano de saúde foi
prontamente restabelecido". Entretanto, expressamente consignou que
é "inegável que a conduta das reclamadas causou transtorno ao
recorrente". No caso dos autos, verifica-se que as reclamadas, ao
alterarem as condições em que o plano de saúde foi disponibilizado ao
reclamante, majorando o seu valor, descumpriram seu dever de manter
inalteradas as condições contratuais vigentes, agindo com abuso do seu
poder diretivo. Patente, pois, a conduta dolosa para a ocorrência do ato
ilícito perpetrado. A alteração do plano de saúde violou os direitos da
personalidade do reclamante, que se viu abalado psicologicamente
porque teve dificultado seu acesso à assistência à saúde. Assim, a
conduta das reclamadas configurou ato ilícito e causou dano moral, apto
a ensejar a sua responsabilização civil. Ressalta-se que o dano moral, em
si, não é passível de prova, pois acontece no íntimo do ser humano, em
sua esfera psicológica, de modo que não é possível demonstrá-lo
materialmente, sendo, portanto, considerado in re ipsa. Com efeito,
diante do quadro fático narrado na decisão Regional, é impossível negar
a ocorrência de sofrimento interior e angústia experimentada pelo
reclamante, diante da alteração das condições do seu plano de saúde,
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13/03/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO DE RECURSO. Arq: APELAÇÃO - ADRIANA ROSA RODRIGUES

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
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tornando extremamente dificultoso o pagamento da sua assistência à
saúde. Presente, também, o nexo de causalidade entre a conduta das
reclamadas e o dano sofrido pelo reclamante, já que essa foi a causa
adequada e suficiente para a ocorrência desse. Por fim, cumpre
esclarecer que a configuração do dano moral, no caso dos autos , não
caracteriza reexame de fatos e provas, mas mero reenquadramento
jurídico dos fatos registrados no acórdão recorrido, visto que o Tribunal
de origem expressamente reconheceu o dano vivenciado pelo autor, ao
consignar que é inegável que a conduta das reclamadas causou
transtornos a ele. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-13379-
78.2015.5.15.0021, 2ª Turma, Relator Ministro José Roberto
Freire Pimenta, DEJT 14/2/2020, grifou-se).

RECURSO DE REVISTA. LEI 13.015/2014. INDENIZAÇÃO


POR DANOS MORAIS. SUPRESSÃO DO PLANO DE SAÚDE.
DISPENSA SEM JUSTA CAUSA. O Tribunal Regional manteve a
sentença que condenou a reclamada ao pagamento de indenização por
danos morais. Consignou que: a) o reclamante contribuía mensalmente
para manutenção do plano de saúde; b) o plano de saúde foi cancelado
pela reclamada por ocasião da dispensa sem justa causa do reclamante;
c) a reclamada não oportunizou ao reclamante a manutenção no plano
de saúde; d) o reclamante tinha previamente agendado uma cirurgia de
autotransplante conjuntiva do olho esquerdo; e) o reclamante ficou
impossibilitado de fazer o procedimento cirúrgico. A jurisprudência
desta Corte é no sentido de que, nos termos dos artigos 30 e 31 da Lei
9.656/98, o empregado aposentado ou que teve o contrato de trabalho
rescindido sem justa causa, ou, ainda, que tenha aderido à programa de
incentivo ao desligamento (PID), tem direito a manutenção do plano de
saúde nas mesmas condições assistenciais que usufruía durante a
vigência do contrato de trabalho, desde que assuma integralmente o seu
pagamento. Conforme consignado pelo Tribunal Regional, a reclamada
não oportunizou ao reclamante sobre a opção de manutenção da
condição de beneficiária do plano de saúde que gozava quando da
vigência do contrato de trabalho, tal conduta se revela omissiva e
antissocial, violando o direito social de proteção à saúde, porque priva o
empregado dispensado sem justa causa do acesso ao serviço de saúde
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coberto pelo plano. Assim, cancelado o plano de saúde do reclamante,
por ato unilateral do empregador, em momento de maior fragilidade,
fica caracterizado ato ilícito, revelando-se o dano moral in re ipsa,
passível de indenização, nos moldes dos arts. 5º, X, da Constituição
Federal e 927 do Código Civil. Precedentes. A decisão regional está em
harmonia com a jurisprudência desta Corte. Incidência do óbice da
Súmula 333 do TST e art. 896, §7º da CLT. Recurso de revista não
conhecido." (RR-20565-38.2014.5.04.0331, 2ª Turma, Relatora
Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 18/10/2019, grifou-se).

Diante do exposto, constata-se ocorrência de danos morais in re


ipsa e verifica-se que a sentença, ao proferir o julgamento de improcedência do
pleito, foi proferida em ofensa ao artigo 5º, incisos V e X, da Constituição Federal,
que explana:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da


indenização por dano material, moral ou à imagem;

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das


pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;

E quanto ao aborrecimento do dia a dia, o Enunciado nº 159 do


Conselho da Justiça Federal, na III Jornada de Direito Civil, afirma que o dano
moral não se confunde com os meros aborrecimentos decorrentes de prejuízo
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material. O aborrecimento do dia a dia é aquele em que se constata o simples
constrangimento e dissabores, corriqueiros da vida comum.

Já o DANO MORAL INDENIZÁVEL se configura quando há


um prejuízo íntimo tão grande que gera um sofrimento interno insuportável,
ferindo a afeição ou o psicológico. A análise deste aborrecimento se mostra mais
visível com a verificação de situações em concreto, em que se constata que houve
um dano moral, mas não indenizável, já que qualquer pessoa estaria sujeita
àquela situação, tratando-se de mero dissabor e não efetivo abalo psicológico.

Ora, o sofrimento vivenciado pela Apelante na presente


demanda não caracteriza mero aborrecimento ou dissabor, mas dano moral
passível de indenização, pois é preciso considerar:

• As condições psicológicas da Apelante, ou seja, o abalo


efetivamente sofrido por estar às vésperas do parto, sem
conseguir realizar os últimos exames e acompanhamento
do pré-natal, somado ao fato de que já estava sofrendo
pelas fortes dores em decorrência do descolamento da
placenta e em repouso total;

• O dano moral sofrido extrapolar o limite do suportável, a


ponto de retirar a vítima de sua tranquilidade diária e a
afetar consideravelmente, sendo algo além da chateação e
irritação comum do dia a dia;

• Ser exposta a situação Vexatória perante terceiros ao


constatar o cancelamento do plano e ter sua consulta
cancelada

Ora, Excelências, a Apelante sempre honrou os pagamento dos


boletos relativos ao plano de saúde, conforme já demonstrado na peça exordial,
e esperava passar, pelo menos, o último mês de sua gestação com o mínimo de
paz e tranquilidade, visto já estar sofrendo pelo descolamento da placenta,
contudo vivenciou momento de grande angustia que abalou seu psicológico em
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decorrência da ação indevida das Apeladas, que ,em momento algum, buscaram
resolver o problema, mas negaram atendimento e deixaram a Apelante em estado
desesperador.

Além do mais, a condenação em danos morais firma o


compromisso da tutela jurisdicional em face das irregularidades cometidas,
sendo, portanto, uma forma de prevenir que novos direitos sejam lesionados e a
improvável improcedência do pedido motivará o seu cometimento, o que,
desde já, mostra-se deplorável.

Neste sentido, pronunciou-se o E. Tribunal de Justiça do Paraná:

“O dano simplesmente moral, sem repercussão no patrimônio, não há


como ser provado. Ele existe tão somente pela ofensa, e dela é presumido,
sendo bastante para justificar a indenização” (TJPR - Rel.Wilson
Reback – RT 681/163).

A respeito, o doutrinador Yussef Said Cahali aduz:

“O dano moral é presumido e, desde que verificado ou pressuposto da


culpabilidade, impõe-se a reparação em favor do ofendido” (Yussef Said
Cahali, in Dano e sua indenização, p. 90).

3.2 – DA EXPOSIÇÃO A SITUAÇÃO VEXATÓRIA

Na data do dia 01 de novembro de 2021, em uma consulta de


rotina de pré-natal, a requerente tomou o conhecimento de que o seu plano de
saúde havia sido CANCELADO. Todavia, na sentença é dito:

“Além do mais, a autora não comprovou efetivo prejuízo sofrido no


período em que ficou com o plano de saúde cancelado (cerca de um mês),
tampouco que teria descoberto que o plano foi cancelado já na consulta
médica, inexistindo demonstração de situação vexatória
enfrentada, ou que despendeu valores com o tratamento no período que
deveriam ser custeados pelo plano.”
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Todavia, Excelências, conforme conversa pelo whatsapp com a
Dra. Elaine Silvério de Oliveira, fica provado o agendamento da consulta para o
referido dia (01/11/2021). Vejamos:

Sendo assim, resta configurado a situação vexatória em que a


Apelante foi exposta perante terceiros, violando os direitos de personalidade,
caracterizando ato ilícito, gerando o dever de indenizar.

No caso concreto, a Apelante demonstrou que vivenciou


situação vexatória e constrangedora o bastante para ultrapassar a barreira do
mero transtorno comum do cotidiano de forma a perturbar seu equilíbrio
psicológico. Ora, a exposição a situação vexatória ofende a moral do indivíduo e
faz nascer o dever de reparação. Tal situação representa desrespeito à dignidade
da pessoa humana, ensejando a reparação por danos morais.
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Neste sentido, o art. 71 do CDC Dispõe:

Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação,


constrangimento físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou
enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o
consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu
trabalho, descanso ou lazer:

Pena Detenção de três meses a um ano e multa.

3.3 – DO QUANTUM INDENIZATÓRIO

Excelências, considerando o todo narrado, o quatum


indenizatório precisa considerar o grau de culpa e sofrimento causado a Apelante

Em relação ao quantum da indenização pecuniária,


considerando:

I. o caráter pedagógico, preventivo e sancionatório do


referido instituto;

II. a condição econômica do ofensor, que se trata de uma das


maiores seguradoras do país;

III. as circunstâncias do fato, uma vez que a Apelante estava


em um momento crucial de sua gestação, sofrendo já com
o descolamento da placenta, com dificuldades de
locomoção e fortes dores.

IV. A situação vexatória em foi exposta perante terceiros ao


ter sua consulta agendada negada devido ao
cancelamento indevido do plano, sendo humilhada
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Em julgamento semelhante este egrégio tribunal decide:

PLANO DE SAÚDE COLETIVO. INOCORRÊNCIA DE


INADIMPLEMENTO A ENSEJAR A RESCISÃO DO
CONTRATO. CANCELAMENTO INDEVIDO.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DA OPERADORA E DA
ADMINISTRADORA DE PLANO DE ASSISTÊNCIA A SAÚDE.
DANO MATERIAL E MORAL CONFIGURADOS. QUANTUM
INDENIZATÓRIO MANTIDO. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. NÃO
CABIMENTO. EXEGESE DO 88 CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. APELAÇÃO DA RÉ NÃO PROVIDA.
APELAÇÃO DA DENUNCIADA PROVIDA. (TJPR - 10ª C.
Cível - XXXXX-85.2015.8.16.0024 - Almirante Tamandaré - Rel.:
Desembargador Albino Jacomel Guérios - J. 16.05.2019).

Em que pese o grau de subjetivismo que envolve o tema da


fixação da reparação, vez que não existem critérios determinados e fixos para a
quantificação do dano moral, a reparação do dano há de ser fixada em montante
que desestimule o ofensor a repetir o cometimento do ilícito.

E na aferição do quantum indenizatório, CLAYTON REIS


(Avaliação do Dano Moral, 1998, Forense), em suas conclusões, assevera que
deve ser levado em conta o grau de compreensão das pessoas sobre os seus
direitos e obrigações, pois "quanto maior, maior será a sua responsabilidade no
cometimento de atos ilícitos e, por dedução lógica, maior será o grau de apenamento
quando ele romper com o equilíbrio necessário na condução de sua vida social". Continua
dizendo que "dentro do preceito do 'in dubio pro creditori' consubstanciada na norma do
art. 948 do Código Civil Brasileiro, o importante é que o lesado, a principal parte do
processo indenizatório seja integralmente satisfeito, de forma que a compensação
corresponda ao seu direito maculado pela ação lesiva."

Assim, requer a reforma da r. sentença, para o fim de condenar


as Apeladas ao pagamento de indenização por danos morais.
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PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO

Diante do exposto, requer-se a esta Egrégia Turma Recursal:

I. Provimento ao presente Recurso de Apelação para


reforma da r. decisão recorrida, nos termos da
fundamentação antes exposta, condenando as Apeladas a
indenização de ordem moral pelo sofrimento vivenciado
e pela exposição a situação vexatória perante terceiros no
valor total de R$ 50.00,00 (cinquenta mil reais),
considerando a condição econômica do ofensor, a
condição econômica do ofensor e as circunstâncias do fato
em que a Apelante se encontrava e como o cancelamento
indevido do plano lhe agravou ainda mais seu
psicológico.

II. Caso vossas Excelências entendam que o valor ora


requerido seja demasiadamente excessivo, que sejam as
Apeladas condenadas a pagar valor indenizatório
suficiente para reparar os danos suportados pela
Apelante.

Por derradeiro, e em conformidade com o disposto no artigo 272


e 273 do Código de Processo Civil, requer que todas as publicações e demais
intimações judiciais atinentes ao feito sejam expedidas, sob pena de nulidade, em
nome do Dr. ISRAEL ALVES PEREIRA, advogado inscrito na OAB/PR sob o nº
109.730, com escritório situado à Rua Humaitá, 244, Mandaguaçu-PR.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Mandaguaçu-PR, 13 de março de 2023.

(ASSINADO DIGITALMENTE)

ISRAEL ALVES PEREIRA


OAB/PR N° 109.730

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