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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA DE EXECUÇÃO

FISCAL DO DISTRITO FEDERAL.

PROCESSO N.º : XXXXXXX-XX.XXXX.X.XX.XXXX.


EXEQUENTE : DISTRITO FEDERAL.
EXECUTADO : XXXXXXXX.

FULANO DE TAL, devidamente qualificado nos autos


epigrafados, por seus advogados, vem, respeitosamente perante V. Exa., se
manifestar quanto ao bloqueio judicial realizado via sistema SISBAJUD,
aduzindo o seguinte:

DO BLOQUEIO DE PROVENTOS DE APOSENTADORIA

Conforme se verifica pelo Detalhamento da Ordem Judicial


de Bloqueio de Valores do Sistema SISBAJUD juntada no ID XXXXXXXX,
esse d. Juízo levou a efeito penhora no importe de R$ 3.000,00 (três mil reais),
dos quais R$ 2.715,12 (dois mil, setecentos e quinze reais e doze centavos) se
referem a verba destinada à subsistência do Executado, sendo, portanto,
impenhorável na forma do artigo 833, IV, do CPC, valendo transcrever:

Art. 833. São impenhoráveis:


[...]
IV - os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as
remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios
e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de
terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os
ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional
liberal, ressalvado o § 2º; [...]”

Em aplicação ao artigo supracitado, a jurisprudência do e.


TJDFT já consagrou o caráter impenhorável dos valores percebidos a título de

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proventos de aposentadoria. Nesse sentido nos cumpre transcrever recentes
julgados acerca do tema, a saber:
PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO
DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. PENHORA ON LINE EM CONTA
SALÁRIO. IMPENHORABILIDADE DOS PROVENTOS DE
APOSENTADORIA. DECISÃO REFORMADA. 1.  É inadmissível a
penhora de valor recebido a título de proventos de aposentadoria, por
ter natureza eminentemente salarial. 2.  O Superior Tribunal de
Justiça, no julgamento do REsp 1.184.765/PA, submetido ao rito dos
recursos repetitivos, ainda na vigência do Código de Processo Civil de
1973, ratificou o entendimento de que "a penhora dos valores
depositados nas contas bancárias não pode descurar-se da norma
inserta no artigo 649, IV, do CPC (com a redação dada pela Lei
11.382/2006), segundo a qual são absolutamente impenhoráveis 'os
vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de
aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas
por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua
família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de
profissional liberal'." 3.  Agravo de Instrumento conhecido e provido.
Unânime.
(Acórdão 1033406, 07038644320178070000, Relator: FÁTIMA
RAFAEL, 3ª Turma Cível, data de julgamento: 26/7/2017, publicado
no DJE: 4/8/2017. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL.


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. PENHORA DE SALÁRIO.
NATUREZA ALIMENTAR. IMPOSSIBILIDADE. PRESUNÇÃO
DE ESSENCIALIDADE À SUBSISTÊNCIA. RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO. 1.    É impenhorável o recurso oriundo
de salário, a exceção daquelas situações apontadas pelo artigo 833, §§
1º ao 3º do Código de Processo Civil. In casu, há a presunção da
essencialidade da verba salarial à subsistência do devedor e de sua
família. 2.   AGRAVO CONHECIDO E PROVIDO.
(Acórdão 1285667, 07140009420208070000, Relator: LUÍS
GUSTAVO B. DE OLIVEIRA, 4ª Turma Cível, data de julgamento:
17/9/2020, publicado no DJE: 30/9/2020. Pág.: Sem Página
Cadastrada).

No caso em tela, em 29 de novembro de 2021 o Executado


recebeu a título de proventos a importância de R$ 3.715,12 (três mil, setecentos
e quinze reais e doze centavos). Ato contínuo, nessa mesma data, sobrevieram
dois bloqueios judicias, um no importe de R$ 90,00 (noventa reais) e outro no
valor de R$ 2.910,0 (dois mil novecentos e dez reais).

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Ressalta-se que, a despeito de se tratar de gratificação
natalina, essa verba tem a natureza salarial, ou no caso do Executado que é
aposentado, de proventos de aposentadoria, mantendo a impenhorabilidade
absoluta, conforme entendimento do TJDFT:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. PERCENTUAL DA REMUNERAÇÃO DO
DEVEDOR. IMPENHORABILIDADE. ART. 833, INC. IV E § 2º,
DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. DECISÃO REFORMADA.  1.
A hipótese consiste na avaliação da possibilidade de penhora de
percentual da remuneração recebida pela devedora como meio de
satisfação do crédito constituído em favor da recorrente. 2. O artigo
833, inc. IV, do CPC, estabelece a impenhorabilidade dos
vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de
aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios, ou mesmo das quantias
recebidas por liberalidade de terceiro, destinadas ao sustento do
devedor e sua família, dos ganhos de trabalhador autônomo e dos
honorários de profissional liberal. 2.1. A penhora pode ser procedida
em relação aos valores que ultrapassem o montante de 50 (cinquenta)
salários-mínimos mensais, nos termos do art. 833, § 2º, do CPC.  3. O
art. 833, § 2º, do CPC, estabelece uma ressalva que possibilita a
penhora desses valores apenas para a satisfação de crédito alimentar.
4. No caso o resultado perseguido pelos agravados contraria de
maneira manifesta o disposto no art. 833, inc. IV, do CPC, pois os
valores em questão são, por natureza, impenhoráveis. 5. A Terceira
Turma Cível deste Egrégio Tribunal de Justiça já consolidou seu
entendimento jurisprudencial no sentido minoritário referido no
julgamento do EREsp 1.582.475-MG, a partir da edição do novo
Código de Processo Civil, atenta à regra contida no art. 833 do
referido diploma normativo, em particular ao critério disposto no §
2º do mencionado dispositivo, que expressamente excepcionou as
situações que proporcionariam a não aplicação da regra de
impenhorabilidade. 6. A situação descrita nos autos revela que a
pretensão recursal diz respeito à constrição de valores que têm
natureza remuneratória. 7.1. Esses valores, incluindo o décimo
terceiro salário, portanto, devem ser protegidos, pois se
encontram sob o manto da impenhorabilidade absoluta, nos
termos do art. 833, inc. IV, do CPC. 7. Recurso conhecido e
provido.
 
(Acórdão 1308413, 07282339620208070000, Relator: ALVARO
CIARLINI, 3ª Turma Cível, data de julgamento: 14/10/2020,
publicado no DJE: 27/1/2021. Pág.: Sem Página Cadastrada.)

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É inquestionável o caráter salarial da verba bloqueada, de
sorte que se trata de verba alimentar destinada à mantença do Executado e de
sua família, sendo certo que a razão da sua impenhorabilidade repousa tanto na
proteção da dignidade das pessoas, direito fundamental consignado no artigo 1º,
III, da Constituição Federal, quanto na tutela do salário, conforme artigo 7º, X,
do referido diploma legal, sendo estendida pelo artigo 833, IV, do CPC.

Diante disso, o Executado invoca os d. Suprimentos desse


Juízo, a fim de que seja reconhecida que a penhora que se deu de maneira
indevida alcançando verbas originárias de proventos de aposentadoria,
absolutamente impenhoráveis, conforme demonstra a documentação anexa,
sendo medida de justiça a restituição da importância de R$ 3.000,00 (três mil
reais) penhorados na conta corrente mantida pelo peticionário junto ao Banco
do Brasil, sendo o saldo residual liberado em favor do Exequente.

Termos em que
Pede e Espera Deferimento.

Brasília - DF, 7 de dezembro de 2021.

ADVOGADO
OAB/DF nº XX.XXX

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