Discentes: Ítalo de Castro Novaes (202102312922) & Monalisa Franklin Haine

Almeida (201808391861)

AO DOUTO JUÍZO DA __VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE

SALVADOR-BA

ANTÔNIA MOREIRA SOARES, casada, médica, CPF/CNPJ, endereço eletrônico,

domicílio/residência, por seu advogado XXX.XXX, inscrito na OAB sob o número
XXX.XXX, com endereço eletrônico profissional, onde recebe intimações, vem
respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 693 e
seguintes do CPC/15, propor:

AÇÃO DE DIVÓRCIO COM PEDIDO DE TUTELA CAUTELAR

em face de PEDRO SOARES, casado, dentista, CPF/CNPJ, endereço eletrônico,

domicílio/ residência, o que faz nos termos seguintes

1. DOS FATOS

A Autora informa que é casada há mais de trinta anos com o Réu e que na
constância do matrimônio teve dois filhos, Joaquim e Maria das Dores, ambos
maiores e capazes, além de ter constituído um vasto patrimônio, fruto do esforço
comum do casal.
Aduz a autora que após tanto tempo de casada, descobriu que o Réu vem
mantendo um relacionamento extraconjugal, razão pela qual deseja se divorciar.
Informa ainda a Autora, que o Réu ao tomar ciência do desejo de divórcio,
pretende doar dois automóveis da marca Toyota, sendo um de modelo SW4 e o
outro um modelo corola, a doação seria para a Irmã do Réu, de nome Isabel
Soares.
Sustenta a autora que além da doação pretendida, o Réu vem realizando
sucessivos saques em uma das contas conjuntas do casal.
2. DA TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA CAUTELAR
ANTECEDENTE

A pretensão de doação dos dois automóveis do casal para a senhorita Isabel

Soares, irmã do réu e os diversos saques em uma das contas conjuntas do casal,
foi o meio que o Réu encontrou de burlar a atual situação financeira do casal,
agindo de forma a dificultar uma possível partilha de bens, se desfazendo do
patrimônio conquistado fruto do esforço do casal, a qual a autora é
legitimamente umas das partes detentora de direito, causando-a um prejuízo
inimaginável.
Mediante o exposto resta comprovado a presença do “FUMUS BONI IURIS”,
uma vez que evidencia-se elementos de um direito pela Autora, bem como o
“PERICULUM IN MORA”, no que se refere ao risco ao resultado útil do
processo, para concessão do pedido de Tutela Provisória De Urgência
Cautelar em Caráter Antecedente:
“Art. 300. A tutela de urgência será
concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado
útil do processo.”

Deste modo que seja concedido também o pedido de arresto dos bens, uma vez
que a autora desconhece os bens que tem direito:

“Art. 301. A tutela de urgência de

natureza cautelar pode ser efetivada
mediante arresto, sequestro, arrolamento
de bens, registro de protesto contra
alienação de bem e qualquer outra
medida idônea para asseguração do
direito.”

Segundo o doutrinador Fredie Didier, tutela cautelar pode ser conceituada a que:
“não visa à satisfação de um direito (ressalvada, obviamente, o próprio direito
à cautela), mas, sim, a assegurar a sua futura satisfação, protegendo-o.”

3. FUNDAMENTOS JURÍDICOS

3.1. DO DIREITO POTESTATIVO AO DIVÓRCIO

Diante o exposto a autora quer que haja a dissolução da sociedade conjugal

conforme disposto no artigo 2°, inciso IV e parágrafo único da lei n° 6.515/77:

Art. 2º - A Sociedade Conjugal termina:

IV - pelo divórcio.
 Parágrafo único - O casamento válido
somente se dissolve pela morte de um dos
cônjuges ou pelo divórcio.

Em consonância, o art. 226, § 6° da CF, dispõe em seu texto que o casamento

civil pode ser dissolvido pelo divórcio e a autora não tem mais interesse na
união, sendo seu direito potestativo divorciar-se do marido, diante da falta de
vontade de seguir casada.
Art. 226. A família, base da sociedade,
tem especial proteção do Estado.
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido
pelo divórcio. (Redação dada Pela
Emenda Constitucional nº 66, de 2010).

3.2. DA PARTILHA DE BENS

Considerando o regime de bens em que o casal é casado, existe direito de

partilha de patrimônio a qual deverá seguir os trâmites legais, no entanto
observa-se que o réu vem dilapidando o patrimônio comum do casal.

Corrobora com este entendimento a decisão do tribunal de justiça de São Paulo,

senão vejamos:
DIVÓRCIO LITIGIOSO CUMULADO
COM TUTELA CAUTELAR
ANTECEDENTE PARA
ARROLAMENTO E PARTILHA DE
BENS – NULIDADE PROCESSUAL E
DEMAIS PRELIMINARES
AFASTADAS - DIVISÃO NA FORMA
DO REGIME DA COMUNHÃO
UNIVERSAL DE BENS – BENS (E
DÉBITOS) QUE DEVEM SER
PARTILHADOS ENTRE AS PARTES
EM DECORRÊNCIA DO REGIME
PATRIMONIAL – - PLANO VGBL
UTILIZADO COMO APLICAÇÃO
FINANCEIRA – DESVIRTUADA A
NATUREZA SECURITÁRIA –
PARTILHA DEVIDA -
INSTRUMENTOS E IMPLEMENTOS
AGRÍCOLAS, QUE SERÃO
UTILIZADOS PELAS PARTES APÓS
A PARTILHA - ALIMENTOS -
OBRIGAÇÃO ALIMENTAR ENTRE
CÔNJUGES (OU COMPANHEIROS)
QUE É EXCEPCIONAL E SOMENTE
EM DETERMINADOS CASOS –
PAGAMENTO DA VERBA ATÉ A
 PARTILHA DE BENS – SENTENÇA
DE PARCIAL PROCEDÊNCIA
MANTIDA – RECURSO NÃO
PROVIDO.

(TJ-SP - AC: 10002633320178260062 SP

1000263-33.2017.8.26.0062, Relator:
Erickson Gavazza Marques, Data de
Julgamento: 21/08/2020, 5ª Câmara de
Direito Privado, Data de Publicação:
21/08/2020)

Diante de tais fatos e o desconhecimento de todos os bens que tem direito, não
restou outra via para que a Autora tenha seus direitos garantidos, senão
socorrer do poder judiciário, requerendo que seja efetivado o arrolamento dos
bens para que no final da lide tenha-os garantidos.

4. DOS PEDIDOS

Diante o exposto, requer:

a) A concessão da tutela de urgência cautelar para tornar indisponível o

patrimônio, oficiando-se os órgãos competentes;
b) A citação do réu, para contestar a demanda, sob pena de revelia;
c) A procedência do pedido, decretando o divórcio e efetivando a partilha dos
bens;
d) Seja julgado procedente o pedido para condenar o réu ao pagamento dos
ônus de sucumbência.

5. DAS PROVAS

Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, conforme disposto

no art. 369 do CPC/15, em especial a documental.

6. VALOR DA CAUSA

Dá se a causa o valor de R$ 1.000.000,00

Nestes termos, pede deferimento.

Salvador - BA
21 de março de 2023
Advogado OAB/UF nº XXX.XXX