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DIREITO DE FAMÍLIA – 7º PERÍODO – 2º BIMESTRE – PROF.

ADRIANA 1

DIREITO DE FAMÍLIA

Princípios Constitucionais da Família:

1. Reconhecimento da família como instituição básica da sociedade e como


objeto especial da proteção do Estado (art. 226, CF);

2. Existência e permanência do casamento civil ou religioso com base, embora


sem exclusividade, na família;

3. Competência da lei civil para regular os requisitos, celebração e eficácia do


casamento e sua dissolução;

4. Igualdade jurídica dos cônjuges (art. 226, §5º, CF);

5. Reconhecimento, para fins de proteção do Estado, da entidade familiar


formada pela união estável de homem e mulher, assim como da comunidade
formada por quaisquer dos pais ou descendentes (art. 226, §3º e §4º, CF);

6. Possível a dissolução do vínculo matrimonial pelo divórcio (art. 226, §6º, CF);

7. Direito de constituição e planejamento familiar, fundado no princípio da


paternidade responsável, competindo ao Estado propiciar recursos
educacionais e científicos para o seu exemplo (art. 226, §7º, CF);

8. Igualdade jurídica dos filhos, proibidas quaisquer designações discriminatórias


(art. 227, §6º, CF);

Resumos elaborados por: Bruna Moreschi, Betina Akashi, Carolina Ritzman, Isabella Mombelli,
João Guilherme Tulio e Victoria Slaviero.
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9. Proteção da infância, com o reconhecimento de direitos fundamentais à criança


e ao adolescente e responsabilidade da família, da sociedade e do Estado por
sua observância (art. 227, CF)

10. Atribuição aos pais do dever de assistência, criação e educação dos filhos
(art. 229, CF);

11. Proteção ao Idoso (art. 230, CF).

Há também outros princípios norteadores do Direito de Família, tais como:

1. Monogamia
a) O Estado considera crime a bigamia (at. 235, CP);
b) Pessoas casadas são impedidas de casar (art. 1.521, VI, CC);
c) A bigamia impõe a anulação do casamento (art. 1.548, II, CC)
d) A infidelidade serve de fundamento para a ação de separação, uma vez que
importa grave violação dos deveres do casamento, tornando insuportável a
vida em comum (art. 1.572, CC), de modo a, por si só, comprovar a
impossibilidade de comunhão de vida (art. 1.573, I, CC)
e) O legislador não empresta efeitos jurídicos às relações não eventuais entre
homem e mulher impedidos de casar, ou seja, o concubinato (art. 1727, CC)

2. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana


a) Mais universal de todos os princípios
b) Deste macro-princípio irradiam todos os demais: liberdade, igualdade, etc.
c) Pessoa humana no centro protetor do direito

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João Guilherme Tulio e Victoria Slaviero.
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2º BIMESTRE

UNIÃO ESTÁVEL
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher,
configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de
constituição de família.
§ 1º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se
aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou
judicialmente.
§ 2º As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.

 Requisitos:
Como dito, o CC de 2002 não chegou a inovar ao tratar da união estável em
cinco artigos. Este instituto jurídico já era reconhecido pela própria Constituição
(art. 226, §3º), pelas leis 8.971/94 e 9.278/96 e, antes disso tudo, já era quase
pacífico na jurisprudência essa possibilidade, como se vê, por exemplo, na súmula
380 do STF. O grande avanço em relação ao Código de 1916 se é que assim
podemos chamar, é que este último não tratava do assunto.
O reconhecimento da união estável depende de certos requisitos:
1) Que a união se dê entre homem e mulher: vê se que houve a exclusão da
união entre pessoas do mesmo sexo, nada obstante os reclamos de parcelas
sociais consideráveis que defendem a união amorosa homossexual
legalmente protegida.
2) Que haja convivência entre ambos: nota-se que a convivência é elemento
essencial para configurar a união estável. Disso também decorre o dever de
coabitação, embora a vida em domicílios diversos possa ser admitida em
situações excepcionais, interpretando-se extensivamente o *art. 1569* do
Código Civil. Não é obrigatória a coabitação, mas tem que existir a
convivência.
3) Que a convivência seja pública, contínua e duradoura: deste requisito
percebe-se que a convivência entre o homem e a mulher deve ser pública,

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isto é, não pode ser clandestina. A clandestinidade desconfigura a união


estável. Releva notar que o CC, a despeito de exigir que a relação seja
duradoura, não prevê qualquer requisito temporal expressamente, a teor
do que já acontecia na Lei 9278/96. As circunstâncias do caso concreto,
certamente em cotejo com os demais requisitos, é que indicarão se existe
ou não a união estável.
4) Que haja o objetivo de constituir família: para que se possa configurar a
união estável, necessário que haja o objetivo de se constituir família. Esse
requisito mereceu críticas de Regina Beatriz Tavares da Silva, para quem a
união estável existe diante da constituição de família e não do mero
objetivo de sua constituição. Se o objetivo de constituição de família
caracterizasse a união estável, um simples namoro ou um noivado - estes
sim, apenas com o objetivo de constituir família – já seriam equiparados
como tal.
Consequências do reconhecimento da união estável – equiparação com o
casamento: as consequências do reconhecimento da união estável são
diversas, embora todas possam se resumir naquelas decorrentes do
casamento, inclusive no que se refere a questões patrimoniais, obrigação
alimentar, deveres e até mesmo a sucessão (sobre a qual o Código preferiu
tratar no capítulo específico, conforme art. 1790). A propósito, a equiparação
entre ambos os institutos é tamanha que o §1º do artigo ora analisado é claro
ao estender os impedimentos do casamento (art. 1521, do Código Civil) à união
estável, isto é, os impedidos de casar também estão impedidos de ter
reconhecida a sua união estável. A única ressalva que se faz diz respeito ao
impedimento do inciso VI do art. 1521, segundo o qual estão impedidos de
casar (e de ter reconhecida a união estável) as pessoas casadas. Neste caso,
uma vez provada a separação de fato ou judicial convivente, cessa o
impedimento. Outrossim, a capacidade civil, que se exige para o casamento,
também é requisito essencial à existência de união estável. Pessoas incapazes,
assim como em regra não podem casar, também não podem manter união
estável.

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As causas suspensivas do art. 1523, §2º: seguindo nos comentários, conforme o §2º,
as causas do art. 1523 do CC não representam óbice a caracterização da união estável.

 Aspectos processuais
O pleito de reconhecimento da união estável deve ser deduzido em ação
declaratória, isto é, aquela em que o órgão jurisdicional declare que tal fato (a
convivência entre duas pessoas) existiu. Veja que de nossa afirmação surge uma
constatação importante: a união estável é fato ao qual a lei empresta consequências
jurídicas. Essa ação para o reconhecimento pode ser cumulada com ação de dissolução
da união estável, cujo caráter é constitutivo negativo, porque visa extinguir a relação
jurídica. Considerando que a união estável só se configura se houver convivência, bem
como que o instituto tem relação íntima com o casamento, as medidas de urgência das
relações matrimoniais se aplicam sem restrições a tais relações, o que permite, por
exemplo, o ajuizamento de ação cautelar para afastamento do companheiro do lar
(separação de corpos). As questões judiciais envolvendo união estável submetem=se
ao crivo das varas especializadas de família, onde estas existirem.

Art. 1724: As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade,
respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.

Neste dispositivo o Código elenca os deveres dos companheiros na união estável. A


fidelidade não vem explicita no dispositivo, mas esta evidentemente decorre da
lealdade e do respeito, cujos significados excluem definitivamente a bigamia. Também
não há previsão expressa quanto à coabitação, mas este dever acaba sendo absorvido
porque é um requisito para o próprio reconhecimento da união estável. De toda
forma, a violação da convivência entre os companheiros equivalerá à violação de um
dever da união estável e poderá ensejar sua dissolução. Muito embora a lei nada diga
a respeito, não parece exagero dizer-se que o débito conjugal é, também, um dever
resultante da união estável.

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Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às
relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.
Como se vê, a falta de contrato escrito entre os companheiros, a união entre
eles será regida pelas normas da comunicação parcial de bens (art. 1658 a 1666, do
Código Civil). Nada impede, portanto, que os companheiros disponham em contrato
que a união entre eles será pautada por regime diverso, como, por exemplo, o da
comunhão universal de bens. Tal contrato apenas não admitirá disposições contrárias
à lei, como a renúncia aos alimentos. Também entendemos que não poderão os
conviventes estabelecer um regime de bens diverso da separação nos casos do art.
1641, do CC. É de todo conveniente que esse contrato – se existir – seja feito por
escritura pública. Embora tal exigência não venha prevista na lei, é preciso interpretar
este dispositivo em harmonia com o art. 1653 do Código Civil, segundo o qual é nulo o
pacto antenupcial que não for feito por escritura pública. Ademais, ao que nos parece,
quaisquer alterações de regime de bens entre os companheiros dependerá de prévia
homologação judicial, no que se interpreta – mais uma vez sistematicamente – o art.
1639, §2º, do CC. Ou seja, o aditamento à escritura pública que trate do regime de
bens da união estável só será eficaz se judicialmente chancelado. A falta de adoção
dessas cautelas só poderá ser interpretada no prejuízo do casal, pelo que entendemos.
É que terceiros que tratam ou negociam com alguém em união estável não podem ser
prejudicados pela omissão do fato, pois não se presume a publicidade do regime de
bens entre os conviventes, como ocorre no casamento. Não é por outra razão que
tramita no Congresso Nacional um projeto lei que pretende acrescentar um parágrafo
ao dispositivo comentado, pelo qual os conviventes que vierem a firmar contratos com
terceiros devem mencionar a existência de união estável e a titularidade do bem
objeto de negociação, sob pena de responderem tanto na esfera cível quanto na
criminal. Tal providencia afastará de vez inconvenientes como aqueles que decorrem
quando um dos companheiros presta fiança sem o consentimento do outro, certo,
todavia, que nessas situações tem sido reconhecido o direito da companheira de
proteger sua meação ou até mesmo anular o ato pelas vias próprias. Nosso
entendimento é de que o ato não é nulo, porque a outorga uxória ainda não é exigível

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expressamente no caso de união estável, podendo então a companheira preservar sua


meação pelas vias ordinárias.
Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos
companheiros ao juiz e assento no Registro Civil.
Este dispositivo visa apenas reforçar a previsão constitucional de que a lei deverá
facilitar a conversão da união estável em casamento (art. 226, §3º, CF), repetindo a
regra do art. 8º da Lei 9.278/96. Denota-se, entretanto, que a lei criou reserva
jurisdicional para tanto, vale dizer, fica condicionada essa conversão da união estável
em casamento à homologação do juiz. Essa reserva jurisdicional tem merecido severas
e justas críticas da doutrina especializada, segundo a qual não se justifica a criação de
tal burocracia quando a própria Constituição determina que a lei deverá facilitar a
conversão. Não por outro motivo é que se cogita até mesmo da inconstitucionalidade
do dispositivo, o que não nos parece sem razão.
Com efeito, se duas pessoas solteira em regra podem se casar livremente, sem
qualquer intervenção jurisdicional, não se entende o porquê de duas pessoas que já
convivem em união estável também não poderem. A única explicação plausível para
tanto estaria ligada à proteção patrimonial dos conviventes, no sentido de que a
decisão judicial de conversão já consignaria quais bens adquiridos a título oneroso na
constância da união estável estariam sendo transmitidos ao casamento, evitando
discussões sobre o assunto numa futura dissolução da sociedade conjugal formada. De
toda forma, se os conviventes pretenderem realizar a conversão da união estável em
casamento, devem propor a respectiva ação perante as varas especializadas de família,
onde estas existirem. Trata-se de ação submetida à jurisdição voluntária na qual a
participação do Ministério Público será dispensada, salvo se envolver direitos de
incapazes.

Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar,
constituem concubinato.
Fica devidamente estampada a diferença entre união estável e concubinato. O
concubinato se refere às relações eventuais de pessoas que não podem se casar. A
união estável diz respeito às relações de pessoas não impedidas de casar, desde que

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preenchidos os demais requisitos imanentes ao assunto, nada obstante a ressalva das


pessoas separadas de fato. Anote-se, em tempo, que o concubinato não gera os
mesmos efeitos da união estável, esta última equiparada ao casamento. Afirma-se que
o novo Código, em seus arts. 1723 a 1727 (que dispõem sobre os aspectos
patrimoniais e pessoais do instituto), sintetizou os principais elementos das Leis
nº8.971/84 e 9.278/96.
O art. 1723 do novo diploma estabelece que “é reconhecida como entidade
familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência
pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de
família”. Esse conceito não traz a exigência de prazo rígido para a caracterização da
união estável. Há que se analisar, diante do caso concreto, se presentes a estabilidade,
convivência, ostensibilidade e afetividade da relação. Estabelecer esse prazo rígido
implicaria em possibilidade de negar a existência de uma união estável que de fato
estaria configurada ou de reconhecer como uniões estáveis relações que, embora
duradouras não tem como finalidade a constituição de família.
O referido art. 1723, §1º, dispõe expressamente que é possível a constituição
de uniões estáveis entre pessoas casadas, desde que separadas de fato ou
judicialmente. Tal entendimento já vinha sendo seguido pela jurisprudência
majoritária. É em consonância com o supramencionado §1º do art. 1723, que deve ser
interpretado o art. 1727 do CC. Estabelece este último que “as relações não eventuais
entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato”. Teve por
objetivo diferenciar a união estável do concubinato, entendido este como a relação
adulterina ou incestuosa. Visa resguardar o Princípio da Monogamia, ordenador de
todo o direito de família. Se o ordenamento jurídico pátrio só admite o casamento
monogâmico e, uma vez que há união estável entre pessoas que, embora não sendo
casadas, vivem como se o fossem, não há que se falar em união poligâmica. Todavia,
utilizou-se da expressão “impedidos de casar”, melhor teria sido a designação
“relações adulterinas ou incestuosas”, posto que, como visto, as pessoas separadas
judicialmente, apesar de impedidas de casar, podem constituir uniões estáveis.
O art. 1724, CC, estabelece os deveres de lealdade, respeito e assistência entre
os companheiros e de guarda, sustento e educação dos filhos. Nota-se que,

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paulatinamente, tais uniões vão deixando de ser “livres”, pois há cada vez mais
intervenção estatal, através da fixação de regras como estas.
No tocante às consequências patrimoniais, segundo o art. 1725 do CC, “na
união estável, salvo convenção válida entre os companheiros, aplica-se às relações
patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens”. Não mais existe
a possibilidade de comprovar ausência de esforço comum com o intuito de negar-se a
partilha de bens.
Quanto aos alimentos decorrentes da dissolução da união estável, de acordo
com o art. 1694 no novo diploma, os conviventes (assim como os cônjuges) podem
reclamar, reciprocamente, os alimentos de que necessitem para viver de modo
compatível com sua condição social. Neste passo, a melhor interpretação do
dispositivo é a de que devem se aplicar à obrigação alimentar dos conviventes, as
mesmas regras e os mesmos princípios que regem tal obrigação resultante da
separação judicial (arts. 1694 a 1710, CC).
Em relação aos direitos sucessórios dos companheiros o novo código andou
mal. Tratou de maneira absolutamente desigual os cônjuges e os companheiros, o que,
como visto, não se admite no regime constitucional vigente. Enquanto o cônjuge
sobrevivente é herdeiro necessário, com posição privilegiada (pois concorre em certos
casos com os ascendentes e os descendentes do de cujus), o companheiro continua
como herdeiro facultativo e só terá direito à totalidade da herança se não houver
colaterais sucessíveis (art. 1790, IV, CC). Trata-se de evidente retrocesso, uma vez que
pelo regime anterior (Lei nº 8.971/94), na ausência de ascendentes e descendentes do
companheiro morto, o convivente teria direito à totalidade da herança. O art. 1790,
caput, estabelece que somente quanto aos bens adquiridos na constância da união
estável, o companheiro ou companheira participará da sucessão do outro. Ressalte-se
que a totalidade da herança a que se refere o inciso IV do art. 1790, neste contexto,
limita-se aos bens adquiridos durante a união estável e, em sendo assim, se o de cujus
possuía outros bens, adquiridos anteriormente e, não havendo outros parentes
sucessíveis, tais bens não integrarão a herança do companheiro sobrevivente.
Passarão ao Município, ao Distrito Federal ou à União, conforme a hipótese do art
1844.

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Conclui-se que o convivente sobrevivente, quando do desfazimento da união


estável pela morte de seu companheiro, terá direito à metade dos bens adquiridos na
constância da convivência, além da quota hereditária que lhe é conferida em relação a
outra metade pelo art. 1790 e incisos.
Importa ainda saber se houve a integral revogação dos dois diplomas legais que
tratavam das uniões livres (Leis nº8.971/94 e nº9.278/96). O novo diploma civil não
optou pela revogação expressa, o que teria sido mais técnico; dessa feita, entendesse
que tão somente as normas contrárias ao Código Civil de 2002, ou as que tratarem de
matérias que por este diploma foram inteiramente reguladas encontram-se revogadas.
Por essa razão, infere-se que o direito real de habitação, conferido em caso de
dissolução da união estável pela morte de um dos companheiros (art. 7º, lei
nº9.278/96), teria sido mantido. O novo Código Civil silenciou quanto a este aspecto,
mas tal interpretação equivaleria a estabelecer tratamento paritário em relação ao
cônjuge sobrevivente, que tem o direito real de habitação garantido pelo art. 1631 do
multimencionado diploma.
Como se percebe, no tocante aos direitos hereditários, o tratamento conferido
à união estável é evidentemente discriminatório em relação ao estabelecido no
tocante às relações matrimoniais; em sendo assim, urge que o novo diploma seja
reformado nesta parte, para que seja respeita a Constituição Federal de 1988, posto
que as referidas disposições ferem de morte fundamentos constitucionais, tais como o
Princípio da Dignidade Humana, bem como o Princípio da Isonomia.

REGIME DE BENS
 Conceito
A convivência familiar enseja o entrelaçamento das vidas e dos patrimônios
daqueles que nele ingressam. Por este motivo, é indispensável que as questões
relativas aos bens, rendas e às responsabilidades de cada consorte fiquem definidas
antes do casamento. Esta preocupação foi captada pelo legislador, que, para regular
estas situações patrimoniais, disciplinou os regimes de bens, ou seja, modelos criados
pelo legislador e colocados a disposição dos noivos. O regime de bens pode ser

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entendido como uma das consequências jurídicas do casamento. Orlando Gomes


define o regime de bens da seguinte forma:
“Regime matrimonial é o conjunto de regras aplicáveis à sociedade conjugal
considerada sob o aspecto dos seus interesses patrimoniais. Em síntese, o estatuto
patrimonial dos cônjuges. Compreende esse estatuto as relações patrimoniais entre os
cônjuges e entre terceiros e a sociedade conjugal”.
Caio Mário da Silva Pereira entende que:
“O Regime de Bens constitui os princípios jurídicos que disciplinam as relações
econômicas entre os cônjuges, na constância do matrimônio”.
Assim, o Regime de Bens é um conjunto de regras decorrentes da comunhão
em vida, pertinente ao patrimônio dos cônjuges.
Meação: Quando da dissolução do casamento, o regime de bens eleito pelo casal é
que permite saber se existe um estado de mancomunhão, ou seja, se existe
patrimônio em comum, a dar direito à meação, que pode ser entendida como a
metade do universo patrimonial. Somente nos regimes em que há a comunhão de
patrimônios é que podemos falar em meação. Importante destacar que o direito a
meação não é renunciável, cessível ou penhorável na vigência do regime
matrimonial, sendo nula a cláusula em pacto antenupcial que dispuser de forma
contrária.
É indispensável que esteja definido o regime de bens que irá reger as questões
patrimoniais dos consortes. É necessária a existência de um regime de bens, porque o
matrimônio não pode subsistir sem ele. Salvo exceções do art. 1.641, CC.

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:

I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração
do casamento;

II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos;

III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

Os noivos podem deliberar o que quiserem e da forma que melhor lhes


aprouver sobre seus bens (art. 1639, CC).

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A Lei, de modo geral, não impõe qualquer restrição, assegurando plena


liberdade aos futuros cônjuges para fazer as estipulações que desejarem. Não estão
sequer condicionados às sugestões legais. Não há a imposição obrigatória de
escolherem um dos regimes disponibilizados pelo legislador. Livres são os nubentes,
podendo estabelecer um regime peculiar. Livremente, por pacto antenupcial,
promovem a auto-regulamentação com relação aos bens particulares e ao que for
adquirido durante o casamento. Pode ser adotado um regime e, com referência a
determinados bens, ser eleito outro. Assim, é possível ser escolhido o regime de
separação total, estipulando-se somente com relação a um bem presente ou futuro, o
regime de comunhão. Do mesmo modo, nada impede que seja escolhido um regime
para vigorar durante algum tempo, alterando-se para outro a partir de cerda data, ou
acontecimento, como por exemplo, o nascimento de filhos.

Nada justificaria a limitação da liberdade dos cônjuges, até porque, na união


estável, os companheiros tem liberdade para estabelecerem, em contrato escrito, tudo
que quiserem. Somente no silêncio dos companheiros é que se aplica o regime da
comunhão parcial.

Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às
relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.

Tem então os nubentes as seguintes opções:

1. Ficarem em silêncio, sujeitando-se ao regime da comunhão parcial de bens.

Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto
aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial.

2. Escolherem os regimes “pré-fabricados” pelo legislador.


3. Criarem, por intermédio de pacto antenupcial, o regime que quiserem, definindo,
da forma que melhor lhes aprouver, o destino dos bens passados, presentes e
futuros. O único limite é de natureza ética, que não deve afrontar disposição
absoluta de lei.

Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta
de lei.

O regime de bens passa a vigorar na data do casamento (art. 1639, §1º, CC).

Já é pacificada a jurisprudência no sentido de que é a separação de fato que


marca o fim da solidariedade familiar, não mais se justificando a mantença do regime
de bens. Para Maria Berenice Dias:

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“Não faz sentido a comunicabilidade de bens quando já desfeito o casamento pela


separação do casal, a ensejar indevido locupletamento do cônjuge que não deu sua
colaboração ao ato aquisitivo do patrimônio após separação de fato”.

Portanto, não mais subsiste o disposto no art. 1576 do CC, que diz que a
“separação judicial põe termo ao regime de bens”. Existe em nosso ordenamento
jurídico a previsão para quatro tipos de regimes de bens distintos. São eles:

 Regime legal: comunhão parcial de bens.


 Regimes convencionais: comunhão universal de bens; separação total de
bens; participação final nos aquestos; separação obrigatória de bens
(separação legal de bens);

 COMUNHÃO PARCIAL DE BENS

O regime de comunhão parcial de bens é o regime legal de nosso país, previsto nos
artigos 1.658 a 1.666 do CC.

O art. 1.640 estabelece que:

Art. 1.640. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos
bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial.

Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer


dos regimes que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela
comunhão parcial, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas.

Segundo Maria Berenice Dias e Rodrigo Cunha Pereira, nesse regime formam=se
três massas de bens: “os bens do marido, os bens da mulher e os bens comuns”.

Com o advento do casamento, segundo o art. 1.660 do CC: comunicar-se-ão os


bens adquiridos de forma comum, a título oneroso, por doação ou legado em favor de
ambos os cônjuges. E também as benfeitorias em bens particulares; os frutos dos bens

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comuns, ou dos participantes de cada um, percebidos na constância do casamento, ou


pendentes ao tempo de cessar a comunhão. Ficando assim excluídos da comunhão e
incomunicáveis a esta, aqueles previsto no artigo 1.659 e 1.661 do CC, ou seja:

a) Os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na


constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu
lugar.
b) Os de uso pessoal, e em decorrência da profissão.
c) As obrigações anteriores ao casamento, e as provenientes de atos ilícitos, salvo
reversão em proveito do casal.
d) Os proventos do trabalho pessoal, as pensões, meiossoldos, montepios e outras
rendas.
e) Os bens cuja aquisição tiver por título uma causa anterior ao casamento.

Bem observam Maria Berenice Dias e Rodrigo Cunha Pereira a respeito do inciso
VI do art. 1659 do CC que:

“Antes tivesse o legislador abortado a ressalva de incomunicabilidade dos


proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge, ainda que no regime de
comunhão parcial, quando se sabe que, de regra, é do labor pessoal de cada
cônjuge que advêm os recursos necessários à aquisição dos bens conjugais”.

Entram no patrimônio comum todos os bens adquiridos onerosamente após o


casamento (patrimônio comum), ficando excluídos da comunhão os bens anteriores ao
casamento e os bens adquiridos a título gratuito (herança, legado, doação). Tudo que
tinha antes do casamento é individual de cada um. Ao patrimônio comum cada qual
terá direito à metade ideal do patrimônio comum e, por óbvio, das dívidas.
Para que assim seja estipulado tal regime, se faz necessário a realização de um
pacto antenupcial, feito por instrumento público, perante o Tabelião do Cartório de
Notas, só vindo a ter eficácia com a efetiva realização do casamento e após este. Para
que tal regime tenha eficácia perante terceiros, se faz necessário o registro do cartório
imobiliário.
Como todo regime, neste também existem alguns bens que ficam excluídos da
comunhão, que são aqueles previstos no art. 1.668 do CC, ou seja:
a) Os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-
rogados em seu lugar.
b) Os gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de
realizada a condição suspensiva.

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c) As doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com cláusula de


incomunicabilidade.
d) As dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus
aprestos, ou reverterem em proveito comum.
Contudo, segundo o art. 1.669 do CC, os frutos dos bens incomunicáveis, quando
se perceberem ou vençam durante o matrimônio, pertencerão a ambos os
cônjuges.
Os bens particulares podem se sub-rogar, porém não entram na comunhão, pois
foram adquiridos exclusivamente com bens, valores particulares. Valores recebidos
por fatos eventuais (loteria, prêmios, título de capitalização) entram na comunhão.

 Valorização do bem particular: a valorização natural do patrimônio é tida


como bem particular, ou seja, não é partilhável.
 Benfeitorias nos bens particulares: comunicam=se todos os tipos de
benfeitorias (obras ou despesas feitas em bens já existentes), necessárias,
úteis ou voluptuárias. O entendimento é que o acréscimo no patrimônio
individual é resultado do emprego dos recursos do casal ou do esforço
comum.
 Frutos dos bens particulares: os frutos dos bens comuns ou particulares de
cada cônjuge, percebido na constância do casamento são partilháveis. Por
exemplo, aluguéis, rendas e juros de capital aplicado, ainda que oriundos de
bens exclusivos integram a massa patrimonial comum.
 Bens móveis que guarnecem a residência: a presunção legal é que o
mobiliário do casal foi adquirido na constância da união, sendo, portanto,
partilhável. Essa presunção, entretanto, admite prova em contrário, ou seja,
o interessado tem oportunidade de comprovar que a aquisição de algum
objeto ocorreu em data anterior ao casamento.
 Bens de uso pessoal: em regra, não se comunicam os bens destinados ao uso
particular de cada cônjuge. Livros, roupas, sapatos, relógios, joias, etc, todos
os bens que se vincularem a necessidade pessoal do seu titular são de
propriedade exclusiva. No entanto, os objetos adquiridos durante o

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casamento e que tenham significativo conteúdo econômico, relevantes


diante de toda a massa patrimonial comum, serão partilháveis (ex.:
automóveis, joias e relógios de valores consideráveis).
 Proventos do trabalho pessoa: essa locução é bastante complicada em razão
das possibilidades de interpretação. A doutrina não pacificou o tema. No
TJ/SP predomina o entendimento de que essa exclusão da lei deve ser
entendida apenas e tão-somente para o caso de separação do casal, vale
dizer, o que não se comunica é o direito abstrato ao recebimento do salário,
em razão do caráter personalíssimo de tal direito. Portanto, uma vez
recebida a remuneração, essa passará a integrar o patrimônio comum.
Diante da importância da questão, existe o projeto de lei (276/2007) com
objetivo de retirar do CC o inciso VI do art. 1659.
 Verbas trabalhistas: há precedente no STJ no sentido de serem partilháveis as
verbas trabalhistas pleiteadas judicialmente, desde que o período aquisitivo
coincida com o período do matrimônio: “Ao cônjuge casado pelo regime de
comunhão parcial de bens é devida à meação das verbas trabalhistas
pleiteadas judicialmente durante a constância do casamento. As verbas
indenizatórias decorrentes da rescisão do contrato de trabalho só devem ser
excluídas da comunhão quando o direito trabalhista tenha nascido ou tenha
sido pleiteado após a separação do casal”.
 FGTS: o tema não é pacífico. O STJ já se posicionou no sentido de ser
partilhável o saldo de conta vinculada do FGTS, formado na constância do
patrimônio. No TJ/SP não há consenso.
 Planos de previdência privada: esse tema também é causa de divergência na
doutrina. Na jurisprudência, o entendimento é que trata-se de uma aplicação
financeira, logo, os saldos são partilháveis, desde que possível o resgate do
montante aplicado, ou seja, apenas na hipótese de a separação do casal
ocorrer antes da conversão do capital em pensão.
 Ações e bônus: devem ser partilhadas as ações e os bônus cujo período
aquisitivo tenha se dado na constância do casamento.

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 Cotas sociais: não só as cotas sociais, mas também a valorização da


participação societária decorrente dos lucros reinvestidos são partilháveis.
Contudo, o cônjuge não se torna sócio da sociedade, mas sim titular do valor
patrimonial da quota.
 Direitos autorais: não há comunhão quanto aos direitos, pois somente o
autor pode explorar economicamente a sua obra, no entanto, os lucros
resultantes da exploração dos direitos autorais e da propriedade intelectual
ingressam na comunhão.
 Comunicação de passivos: as dívidas conjugais são solidárias entre marido e
mulher. A presunção legal é que a dívida foi contraída para atender as
necessidades do casal e da família. As obrigações contraídas do matrimônio e
relacionadas às núpcias ou a compra de bens conjugais, independentemente
de quem comprou, também obrigam ambos os cônjuges. Já as dívidas
particulares devem ser garantidas pelo patrimônio próprio do cônjuge que a
assumiu.
 Obrigações decorrentes de ato ilícito: em regra a responsabilidade pelo ato
ilícito é eminentemente pessoal, não se estendendo a obrigação ao outro
cônjuge.
 Fiança e aval: pessoas casadas sob o regime da comunhão parcial só podem
prestar aval ou fiança mediante prévio e expresso consentimento do seu
cônjuge. É a chamada outorga uxória. Assim, aval e fiança prestados sem a
anuência do cônjuge são anuláveis ou ineficazes. Em tese, só obrigará o
cônjuge que se vincular como fiador ou avalista.
 Bens recebidos por herança ou doação: os bens adquiridos por doação ou
sucessão hereditária não são partilhados com o outro cônjuge, no entanto, se
o bem for vendido e com recurso da venda for adquirido outro patrimônio,
sem nenhuma ressalva em relação à origem do dinheiro, o bem passará a
integrar a massa patrimonial comum. O regime de bens também é fator
determinante da legitimação sucessória e influi diretamente na sucessão
(transmissão hereditária). Assim, ocorrendo a morte de um dos cônjuges, o
outro poderá participar da herança do falecido, dependendo do regime de

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bens vigente durante o casamento. Quando casados sob o regime da


comunhão parcial de bens, o cônjuge sobrevivente herdará tão-somente se o
falecido houver deixado bens particulares (adquiridos antes do casamento).

 COMUNHÃO UNIVERSAL DE BENS

Neste regime, haverá uma união dos bens que ambos os cônjuges trazem ao se
casar, e os adquiridos a partir das núpcias. Assim, forma-se um único patrimônio
comum, passando cada qual a ter o direito à metade ideal do patrimônio comum e,
por óbvio, das dívidas. Para que assim seja estipulado tal regime, se faz necessário a
realização de um pacto antenupcial, feito por instrumento público, perante o Tabelião
do Cartório de Notas. É o meio pelo qual se estabelece tal regime, só vindo a ter
eficácia com a efetiva realização do casamento e após este. Para que tal regime tenha
eficácia perante terceiros, se faz necessário o registro no cartório imobiliário.

Como todo regime, neste também existem alguns bens que ficam excluídos da
comunhão, que são aqueles previstos no art. 1668 do CC, ou seja:

a) Os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-


rogados em seu lugar.
b) Os gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de
realizada a condição suspensiva.
c) Os referidos nos incisos V e VII do art. 1659, do CC.

V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;

VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.

d) As doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com cláusula de


incomunicabilidade.
e) As dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus
aprestos, ou reverterem em proveito comum.

Contudo, segundo o art. 1.669 do CC, os frutos dos bens incomunicáveis, quando
se perceberem ou vençam durante o matrimônio, pertencerão a ambos os cônjuges.

Tem uma comunhão muito maior, entra todos os bens que cada um já tem e ainda
somam-se todos aqueles que adquirirem de forma gratuita e onerosa (herança, legado
e doação, pertencem aos dois).

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Os únicos que ficam excluídos são os bens adquiridos a título gratuito com cláusula
ampla de não alienação (não comunicável, não penhorável, não alienável) ou
incomunicabilidade. Para casar em comunhão universal é só através de pacto.

 SEPARAÇÃO DE BENS

Neste regime, inexiste a comunhão dos bens dos cônjuges, tendo cada qual seu
patrimônio particular. Washington de Barros Monteiro explana acerca do regime de
separação de bens:

“Eis o regime em que cada cônjuge conserva exclusivamente para si os bens que
possuía quando casou, sendo também incomunicáveis os bens que cada um deles veio
a adquirir na constância do casamento”.

Como adverte Clóvis:

“O que caracteriza esse regime é a completa separação de patrimônio dos dois


cônjuges, nenhuma comunicação se estabelecendo entre as duas massas, os dois
acervos. A cada um o que é seu, aí está a fórmula individualista, que vem sintetiza o
aludido regime matrimonial”.

O casamento não repercute na esfera patrimonial dos cônjuges, podendo cada


um livremente alienar e gravar de ônus real o seu patrimônio e ainda prestar fiança ou
aval sem a participação do outro consorte.

Para melhor compreensão, pode tal regime ser divido em separação total de
bens, que convencionado pelas partes; e separação de bens obrigatória ou separação
legal de bens, quando imposto por nossa legislação.

 Separação total de bens (convencional)

Tal regime é previsto nos artigos 1687 e 1688 do CC. É convencionado pelos
cônjuges, por meio de pacto antenupcial, lavrado perante o tabelião de notas.

Neste regime, cada qual conserva com exclusividade o domínio, a posse e a


administração de seus bens presentes e futuros, assim como também a
responsabilidade pelos débitos decorrentes desses bens.

 Separação de bens obrigatória ou legal

No regime de separação de bens obrigatório ou legal inexiste a vontade dos


cônjuges, sendo este imposto pela lei, quando os cônjuges incorrerem nas hipóteses
dos incisos do art. 1641 do CC, ou seja:

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1. Das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da


celebração do casamento.
2. Da pessoa maior de 70 anos
3. De todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

Quando este regime de bens foi instituído pelo legislador de 1916, ele tinha
como objetivo proteger algumas pessoas, porém a sociedade atual é diferente daquela
de 1916. Assim, tal regime, hoje em dia, aparenta ser uma sanção e não uma proteção,
nas palavras de Maria Berenice Dias e Rodrigo da Cunha Pereira:

“Representa um inequívoco retrocesso, quando os rigores do regime legal de


separação de bens já haviam sido abrandados. Dúvidas certamente surgirão no
tocante à revogação do Enunciado nº377 do STF”. Conforme referencias precedentes,
manter a punição da adoção obrigatória de um regime sem comunicação de bens
porque pessoas casaram sem observarem as causas suspensivas da celebração do
casamento (art. 1641, I), ou porque contavam com mais de sessenta anos de idade
(art. 1641, II), ou ainda porque casaram olvidando-se do necessário suprimento judicial
(art. 1641, III), é ignorar princípios elementares de Direito Constitucional. Atinge direito
cravado na porta de entrada da Carta Política de 1988, cuja nova tábua de valores
coloca em linha de prioridade o princípio da dignidade humana, diretriz que já vinha
sendo preconizada pela Súmula nº377 do STF, ao ordenar a comunicação dos bens
adquiridos na constância do casamento, como se estivessem tratando da comunhão
parcial de bens”.

Assim, este regime, que a principio tinha um caráter de proteção, passou a


apresentar um efeito negativo e prejudicial e que não condiz com os anseios da
sociedade, pois o patrimônio adquirido pelo casal é escriturado na maioria das vezes
em nome unicamente do homem.

 PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS


O regime de participação final nos aquestos, disposto nos artigos 1672 a 1686 do
CC, é um regime híbrido, pois nele se aplicam regras atribuídas aos regimes de
separação de bens e de comunhão parcial. No regime de participação final nos
aquestos, existem bens particulares, que são os bens que cada cônjuge possuía ao se
casar, dos adquiridos por sub-rogação e dos recebidos por herança ou liberdade.
Também existem bens comuns, que foram adquiridos conjuntamente pelo casal no
curso do casamento. Temos ainda o patrimônio próprio, que são os bens particulares,

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somados aos bens adquiridos em seu nome exclusivamente na constância do


patrimônio.
Quando falamos em “aquestos”, estamos falando sobre os bens próprios de cada
um dos cônjuges, que foram amealhados durante o casamento, mais os bens
adquiridos por ele em conjunto. Este é o acervo que será partilhado e compensado
quando da dissolução do casamento.
Quando da separação, cada cônjuge ficará:
a) Com a totalidade dos seus bens particulares adquiridos antes do casamento.
b) Com metade dos bens comuns adquiridos em condomínio por ambos, durante
o casamento.
c) Com os bens próprios adquiridos durante o enlace.
d) Fará jus à metade da diferença do valor dos bens que o outro adquiriu no
próprio nome, na constância do vínculo conjugal, através de um sistema de
compensação.
Com referência às dívidas, estas caberão única e exclusivamente àquele que as
contrair, respondendo com seu patrimônio, desde que não tenham sido revertidas ao
proveito do outro cônjuge, que arcará com as mesmas na proporção de sua vantagem.
Segundo Silvio de Salvo Venosa, este regime é “adequado para aqueles casais que
atuam em profissões diversas em economia desenvolvida, já possuem um certo
patrimônio ao casar-se ou a potencialidade profissional de fazê-lo posteriormente”.
Tal regime, por ser deveras complexo, é destinado a uma pequena parcela da nossa
população. Provavelmente será pouco utilizado em nosso país.
Regime de compensação patrimonial, durante o casamento a uma separação de
patrimônio não há comunhão, se comprar algo em conjunto é condomínio, exige-se a
outorga uxória, no momento da dissolução do casamento, existe uma presunção de
que tudo que conseguiu durante o casamento.
Ocorreu por esforço mútuo, apesar de a aquisição ser individual aquele que
adquiriu mais durante o casamento compensa aquele que ficou com menos, tira do
patrimônio de um para compensar o outro, no oneroso se isso não ocorrer a
individualidade permanece, cada um sai com seu próprio patrimônio.

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O que adquire no seu próprio nome continua com a pessoa, pode haver
compensação com outros bens.

SÚMULA 377 do STF


“No regime de separação legal de bens comunicam-se os adquiridos na constância
do casamento”.
Isto significa que, a despeito do regime de bens entre os cônjuges ser o da
separação obrigatória por lei, atendendo aos casos arrolados no art. 1641 do CC, o
patrimônio amealhado durante a constância do casamento comunicar-se-á.
Há controvérsia sobre o alcance dessa Súmula: uns acreditam que ela só deve
ser aplicada quando a comunhão dos aquestos, no casamento realizado pelo regime
legal da separação de bens, for produto do esforço comum dos cônjuges. Assim, para o
marido ou a mulher fazer jus a 50% do patrimônio, teria que ter contribuído
onerosamente para aquisição de tais bens.
Noutra linha de pensamento, sustenta-se, ao revés, que os aquestos
comunicam-se incondicionalmente, portanto, não importando se hajam sido ou não
adquiridos com esforço mútuo, haja vista que a própria convivência gera uma
participação comum, tirando-se, assim, o foco da contribuição meramente econômica.
Esta última posição vem prevalecendo em julgamento no STJ. Contudo, os julgados
dessa Corte Superior mostram que ainda há uniformidade na matéria. A doutrina vem
enfrentando a Súmula, acolhendo o entendimento menos radical vinculando a
comunicação dos bens ao esforço comum. Entendemos, no entanto, que a Súmula,
que foi editada na vigência do CC de 1916, não foi recepcionada pela atual sistemática
civilista, porque totalmente incompatível com a ordem vigente do CC de 2002.
Não há que se falar em comunicação dos aquestos do regime de separação
legal de bens. É a situação de retrocesso admitir-se, ainda, a aplicação dessa Súmula,
pois ultrapassada e embasada em ordenamento jurídico outrora existente,
notadamente no art. 259, do velho CC, revogado, sem que dito dispositivo encontre
correspondente no novo CC.
Verifica-se que, na verdade, a Súmula 377, do STF, colide frontalmente com o
disposto no vigente CC, precisamente em seu art. 1641, salvo se interpretada com o

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alcance de reconhecer a partilha dos bens efetivamente adquiridos com o esforço


econômico comum.

Cria um regime próprio, com características próprias, mas se houver lacuna e não
houver nada expresso, a regra é que valha a Comunhão Parcial de bens, que é o
regime legal supletivo.
Na união estável o regime é a regra é a Comunhão Parcial de Bens, se outro não for
contratado pelos companheiros que não é feito por meio de pacto, porque pacto
nupcial só corre no casamento, também é dado a união estável escolher o tipo de
regime, porém se os companheiros quiserem que os efeitos sejam válidos perante
terceiros precisa ter o documento em cartório. Entre os companheiros basta um
contrato escrito particular com o regime escolhido, para terceiros continua valendo
o regime de Comunhão Parcial.
Não tem causas suspensivas na união estável.
SÚMULA 382: Não precisa morar sob o mesmo teto para constituir união estável.

DIREITO DE FAMÍLIA CONTEMPORÂNEO - ALIMENTOS


Decorrem de vínculo de família, relação conjugal, testamento, ato ilícito e contrato.
Princípio informador: solidariedade familiar.
Pressupostos: necessidade de quem pede, possibilidade de quem paga e
vínculo jurídico.
Espécies: necessários ou naturais (subsistência) ou civis (qualidade de vida).
O parente mais próximo, exclui o mais remoto, primeiro vai para a linha de
ascendentes e depois para os descendentes. Na falta deles, os alimentos limitam aos
irmãos! Tios, sobrinhos, e primos não tem obrigação de pagar alimentos.
As características da questão alimentícia são: pessoais, indisponíveis,
irrenunciáveis, intransmissíveis, incompensáveis, impenhoráveis, imprescritíveis.
Natureza jurídica: decorre do poder familiar, do parentesco, da dissolução do
casamento ou da união estável. Sempre pressupõe a existência de um vínculo jurídico.
A fundamentação do dever de alimentos encontra-se no princípio da solidariedade, ou

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seja, a fonte da obrigação alimentar são os laços de parentalidade que ligam as


pessoas que constituem uma família, independentemente do seu tipo.
O encargo alimentar decorrente do casamento e da união estável tem origem
no dever de mútua assistência, que existe durante a convivência e persiste mesmo
depois de rompido o vínculo afetivo. Cessada a vida em comum, a obrigação de
assistência cristaliza-se na modalidade de pensão alimentícia. Basta que um do par não
consiga prover a própria subsistência e o outro tenha condições de prestar o auxílio. A
obrigação alimentar persiste até depois de dissolvida a sociedade conjugal pelo
divórcio.
 ALIMENTOS NATURAIS:
São os indispensáveis para garantir a subsistência, como alimentação, vestuário,
saúde, habitação, educação, etc.
 ALIMENTOS CIVIS:
São os destinados a manter a qualidade de vida do credor de modo a preservar
o mesmo padrão e status social do alimentante.

As diferenças entre alimentos naturais e civis foi adotada pelo Código Civil, mas
com nítido caráter punitivo. Parentes, cônjuges e companheiros podem pedir
alimentos uns dos outros para viver de modo compatível com sua condição social,
inclusive para atender as necessidades de educação. Todos os beneficiários – filhos,
pais, parentes, cônjuges e companheiros – têm assegurado o padrão de vida de quem
sempre desfrutaram. Merecem alimentos civis, independentemente da origem da
obrigação. No entanto, a lei limita o valor do encargo sempre que é detectada a culpa
do alimentando (CC 1.694, § 2º, 1702 e 1704). Quem, culposamente, dá origem à
situação de necessidade faz jus a alimentos naturais, isto é, percebe somente o que
basta para manter a própria subsistência.

DIREITO PERSONALÍSSIMO

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O direito a alimentos não pode ser transferido a outrem, na medida em que visa a
preservar a vida e assegurar a existência do indivíduo que necessita de auxílio para
sobreviver. Como decorrência direta desse seu caráter personalíssimo, trata-se de
direito que não pode ser objeto de cessão (CC 1707), nem se sujeita a compensação
(CC 373, II), qualquer que seja a natureza da dívida que venha a lhe ser oposta.
A pensão alimentar é impenhorável: garante a subsistência do alimentado,
inadmissível que credores privem o alimentado dos recursos de que necessita para
assegurar a própria subsistência.
Alternatividade: em regra, os alimentos são pagos em dinheiro, dentro de
determinada periodicidade. Podem, no entanto, ser alcançados in natura, com a
concessão de hospedagem e sustento, sem prejuízo do direito à educação (art. 1701).
Ao magistrado incumbe, caso as circunstâncias assim exigirem, estipular a maneira de
cumprimento da obrigação (CC 1.701, parágrafo único). O descumprimento da
obrigação comporta a busca da execução de obrigação de fazer, com a estipulação de
pena pecuniária (CPC 461, § 5º). Sendo a obrigação prestada por terceiro, este fica
sub-rogado no direito do credor, podendo fazer uso da demanda executória.
Transmissibilidade: o NCC com concede tratamento uniforme o dever alimentar e
prevê (art. 1700): a obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do
devedor. Cabe a imposição do encargo alimentar até ser ultimada a partilha dos bens,
mediante a devida compensação, para que o alimentado-herdeiro não receba
duplamente. Essa, porém, não é a orientação da jurisprudência, em face dos claros
termos da lei. As parcelas recebidas a título de alimentos não são compensadas do seu
quinhão hereditário. O que se transmite é a obrigação alimentar, que pode ser
cobrada dos herdeiros. Para isso não é necessário que o encargo tenha sido imposto
judicialmente antes do falecimento do alimentante. A ação de alimentos pode ser
proposta depois da morte do alimentante. Como lembra Euclides de Oliveira, talvez o
obrigado viesse cumprindo a prestação alimentar por vontade própria. Sobrevindo sua
morte, por certo que a obrigação se transmite aos seus herdeiros.
Irrenunciabilidade
O Código Civil consagra a irrenunciabilidade aos alimentos, admitindo apenas que o
credor não exerça o direito (CC 1.707). Como a lei não admite qualquer exceção,

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inúmeras são as controvérsias que existem em sede doutrinária. Mas a lei é clara: Não
é mais possível admitir a renúncia. Todavia, pode haver a dispensa do pagamento da
pensão, que não veda ulterior pretensão alimentar. Hoje a tendência da
jurisprudência é a de que é possível buscar alimentos mesmo quando tenha ocorrido a
desistência dos alimentos na separação. No entanto, quando houve a renúncia dos
alimentos na separação, a tendência da jurisprudência é reconhecer a carência da
ação.
Periodicidade: como o encargo de pagar alimentos tende a estender-se no tempo –
ao menos enquanto o credor deles necessitar -, indispensável que seja estabelecida a
periodicidade para seu adimplemento. Quase todos percebem salários ou rendimentos
mensalmente, daí a tendência de estabelecer este mesmo período de tempo para o
atendimento da obrigação alimentar.
Anterioridade: pela própria finalidade da obrigação alimentar, se trata de um
encargo que necessita ser cumprido antecipadamente. Como os alimentos destinam-
se a garantir a subsistência do credor, precisam ser pagos com antecedência, tendo
vencimento antecipado.
Atualidade: efeitos corrosivos da inflação não podem aviltar o seu valor, o que viria
inclusive a afrontar o princípio da proporcionalidade. A própria lei determina a
atualização segundo índice oficial regularmente estabelecido. (CC art. 1.710). A
modalidade que melhor preserva sua atualidade é estabelecer o encargo em valor
percentual dos ganhos do alimentante. Não dispondo ele de fonte de rendimentos que
permita o desconto, a tendência é estabelecer em salários mínimos.

Alimentos no casamento nulo ou anulável e no casamento putativo


A decisão que reconhece a nulidade ou anula o casamento paralisa a produção de
seus efeitos, gerando, em princípio, a ideia de afastamento da obrigação alimentícia.
Alimentos e separação ou divórcio
O término do casamento, através da separação ou divórcio, por si só, não é causa
suficiente para a extinção da obrigação alimentar existente entre os consortes. De
idêntica forma, é preciso, também, que o alimentando comprove a necessidade
superveniente e capacidade contributiva do alimentante.

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Alimentos entre cônjuges sob o mesmo teto


Não é raro encontrar casais que, mesmo após o término da relação, permanecem
residindo sob o mesmo teto, por diferentes motivos, dentre os quais por falta de
condições econômicas. Nestas hipóteses, é possível a concessão de alimentos a quem
deles necessitar, apesar do casal permanecer morando no mesmo imóvel.
Alimentos entre companheiros
O art. 1.694 é claro ao estender a obrigação alimentícia também aos
companheiros, nas mesmas condições dos cônjuges. Aplicam-se aos alimentos entre os
companheiros os princípios, regras, características e limitações das obrigações
existentes entre os cônjuges. Assim, além do caráter recíproco dos alimentos
decorrentes da união estável, é de se afirmar que a pensão deve ser estabelecida
levando em consideração a proporcionalidade resultante da capacidade contributiva
de quem presta e da necessidade efetiva de quem recebe.
Alimentos decorrentes do parentesco
O dever de prestar alimentos é recíproco (CC art. 1.696). Na linha reta o parentesco
não encontra limites, seja a linha ascendente ou descendente, preferindo os mais
próximos aos mais remotos. De outra banda, não sendo possível satisfazer a
obrigação com os parentes em linha reta, o dever será imposto aos parentes em linha
colateral.
Alimentos prestados em favor de descendentes menores
O exercício do poder familiar impõe aos genitores a manutenção integral da sua
prole, estruturando-se assim uma obrigação alimentar independentemente dos
recursos do filho menor. Assim, mesmo que os filhos possuam rendimentos (ex.:
frutos de heranças, doações, etc.) os pais continuam obrigados a contribuir com os
alimentos, permanecendo intacto o seu patrimônio (que deverá ser resguardado para
o seu futuro), exceto se os genitores não tiverem condições de prestar o
pensionamento. Somente a emancipação legal (CC, Art. 5º, Parágrafo único, II a V)
exonera a obrigação alimentar, que poderá, noutra quadra, ser cobrada com base, dali
em diante, no parentesco (e não mais no poder familiar), se provadas as necessidades
do alimentando. Os alimentos devidos aos filhos menores pode ser pleiteados pelo

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Ministério Público, em substituição processual, excepcionando a regrado d art. 6ª do


CPC, consoante a legitimação reconhecida pelo art. 201, III do ECA.
Alimentos prestados em favor de descendentes maiores e capazes
De regra, a obrigação de sustento dos filhos pelos genitores cessa com o advento
da maioridade civil. No entanto, e não raramente, os alimentos podem continuar
sendo devidos, quando o filho ainda precise do apoio material dos pais para a sua
mantença. É o caso do filho maior que não trabalha, ainda estando em período de
formação intelectual, frequentando curso de ensino superior. Os pais poder ser
obrigados a prestar alimentos aos filhos maiores em três hipóteses: A) aos filhos
maiores e incapazes; B) aos filhos maiores e capazes que estão em formação escolar
profissionalizante ou em faculdade; C) aos filhos maiores e capazes, porem em
situação de indigência não proposital.
Alimentos prestados em favor de ascendente idoso
Aos filhos toca o dever de amparar e ajudar os pais na velhice, na carência ou na
enfermidade.(CF art. 229). O art. 12 do Estatuto do Idoso é o que impõe caráter
solidário à obrigação alimentícia em favor do idoso.
Alimentos Gravídicos
Por força da Lei n. 11.804/2008, as necessidades da genitora no período da
gestação, tutelando os direitos do nascituro. São dos denominados alimentos
gravídicos. A obrigação alimentar prevista no artigo 1694, do Código Civil, reclama a
demonstração da relação de parentesco, casamento ou união estável. Com base no
artigo 1696 do Código Civil, podem os netos pleitear alimentos aos avós, quando seus
progenitores não possuírem condições de arcar de forma suficiente com os alimentos.
A obrigação alimentar, com fundamento na relação de parentesco, estende-se, aos
ascendentes.
o Conversão dos alimentos gravídicos: O parágrafo único do artigo 6º, da lei que
disciplina os alimentos gravídicos, dispõe que: após o nascimento com vida os
alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do
menor até que uma das partes solicite sua revisão. O problema surge quando
após o nascimento a criança é registrada somente com o a filiação materna, já
que o pai não reconhece a paternidade. É certo que isso poderá ser resolvido

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através de um exame de DNA realizado na ação exoneratória, mas o problema é


a demora em se obter um provimento jurisdicional, ainda mais se se depender
de exame de DNA fornecido pelo Estado. O indigitado pai continuará pagando
ao menor os alimentos fixados anteriormente em "indícios de paternidade".

 Dispositivos legais:
i. Caráter punitivo - art. 1.694, CC;
ii. Culpa do alimentando (CC 1.694, § 2º, 1702 e 1704).
iii. Caráter da decisão: trânsito em julgado, possibilidade de revisão, art. 471 CPC.

 Alimentos provisórios são os arbitrados liminarmente pelo juiz, sem ouvir o réu,
no despacho inicial da ação de alimentos (Lei 5.478/68). Só é possível quando
houver prova pré-constituída do parentesco, casamento ou união estável.
Alimentos provisórios são os arbitrados liminarmente pelo juiz, sem ouvir o réu,
no despacho inicial da ação de alimentos (Lei 5.478/68). Só é possível quando
houver prova pré-constituída do parentesco, casamento ou união estável.
 Os alimentos provisionais são arbitrados em medida cautelar, preparatória ou
incidental, de ação de separação judicial, divórcio, nulidade ou anulabilidade de
casamento ou de alimentos, Depende da comprovação dos requisitos inerentes a
toda medida cautelar: fumus boni juris e o periculum in mora. Os provisionais
destinam-se a manter o suplicante e a prole durante a tramitação da lide principal.
Execução: dois ritos possíveis
1. Art. 732, CPC rito ordinário, execução de quantia certa contra devedor
solvente
2. Art. 733, CPC: rito especial, prisão civil
Extinção da Obrigação Alimentar:
Não ocorre de forma automática, tem que entrar com extinção da obrigação por meio
de uma ação, deve ter desaparecido o binômio necessidade x possibilidade.

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