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DIREITO CONVIVENCIAL

 DA UNIÃO ESTÁVEL

Art. 226, § 3º CF/1988

Arts.1.723 a 1.727

FADISMA - Direito das Famílias


Profª. Luciane de Freitas
Casamento e união estável - Semelhanças

● União de duas pessoas, baseada no afeto, reconhecida e


regulamentada pelo Estado, e com objetivo de constituir família;
● Monogamia (vide concubinato Art. 1.727,CC);
● Liberdade de união;
● Comunhão de vida ou comunhão indivisa.

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do


Estado.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável
entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar
sua conversão em casamento.

Conceituação: CC, Art. 1723:


“É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e
a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura
e estabelecida com o objetivo de constituição de família.”
Família Convivencial
Até 1988, as relações patrimoniais entre pessoas não casadas
eram regidas por regras do Direito Civil alheias
ao Direito de Família, enfrentando décadas de
negativas de direitos e preconceito social.

- Constituição de 1988 – marco em relação ao status jurídico


da União Estável, ao inserir no ordenamento
jurídico brasileiro as famílias
que não eram constituídas
pelos laços matrimoniais.
Somente em 1988, a União Estável adquiriu
status de família

Duas leis complementares estipularam os limites e requisitos


para sua configuração:

 Lei nº 8.971/1994

Para ensejar direito a alimentos e direitos sucessórios, as


uniões entre homem e mulher deveriam ostentar:

a) condição de companheiros, confirmado o estado de solteiro,


separado judicialmente, divorciado ou viúvo;

b) Convivência há mais de 5 anos ou o surgimento de prole.


 Lei nº 9.278 / 1996

 Revogou a lei de 1994, disciplinando melhor o regime


jurídico da união estável:

 Retirou o prazo de 5 anos exigido para caracterizar


essa forma de família.

 Desde então, não há prazo para a convivência, com o


estabelecimento de direitos e deveres iguais para os
conviventes.

 Direito aos alimentos;


 Os bens adquiridos pelo casal em união estável
passam a pertencer a ambos em meação

Presunção de esforço comum na aquisição do


patrimônio.

 Direito real de habitação ao companheiro


sobrevivente;

 Regras para a conversão da união estável em


casamento;

 Competência do juízo da Vara de Família, assegurando


o segredo de justiça para ações relativas à UE.
 Lei nº 9.278/1996

Impôs como condição a Convivência

 Duradoura,
 Pública e
 Contínua

Atualmente, embora não exista tempo mínimo para a


configuração enquanto entidade familiar, as circunstâncias do
caso concreto devem apresentar uma certa durabilidade e
continuidade no relacionamento para proteção enquanto
família, tempo suficiente a demonstrar sua estabilidade
(ROSA, 2018).
1ª Regulamentação que tratava da União estável

Lei nº 8.971, de dez de 1994


Definiu como “companheiros” o homem e mulher que
mantenham união comprovada, na qualidade de solteiros,
separados judicialmente, divorciados ou viúvos, por mais de
5 anos, ou com prole ( Concubinato Puro)

2ª - Em maio de 1996, a Lei nº 9.278, alterou esse


conceito, omitindo requisitos de natureza pessoal, tempo
mínimo de convivência e existência de prole.
Usou a expressão “conviventes”.
O objetivo de constituição de família impedia o
concubinato impuro.
O art. 5º da lei de 1996 cuidava do direito a meação sobre
os bens adquiridos, a título oneroso, na constância da
União Estável, considerando-os fruto do esforço comum,
salvo estipulação contrária em contrato escrito.

Estabeleceu-se a presunção de colaboração dos


conviventes na formação do patrimônio comum.

Restaram revogadas tais leis em face do CC/2002.


incorporando em 5 artigos tais princípios básicos.

Tratam do direito pessoal e patrimonial.


Efeitos pessoais e patrimoniais
Direitos e Deveres decorrentes da União estável

Tem muita semelhança com os efeitos decorrentes do


casamento, uma vez que ambos são institutos inerentes à
formação da instituição familiar.

Observa-se que a lei civil estabelece quase os mesmos


deveres que são previstos para o casamento, mas muitos
pontos diferenciam os institutos:

 Não altera o estado civil;


 Dever amplo de lealdade, que guarda relação com o dever
de fidelidade, mas que com ele não se confunde (fidelidade
é decorrência do casamento, dever imposto);

 Aspectos com caracterização subjetiva;

 Simetria da obrigação alimentícia


decorrente da união estável com a
que deriva do casamento.

 Gera Parentesco por afinidade


(CC, art. 1.595).

 Presunção de paternidade(CC, art. 1.597).


Não exige formalidade;

Maior liberdade à convivência;

 Não há referência ao dever de


convivência sob o mesmo teto

Súm. 382 STF: “A vida em comum sob o mesmo teto "more uxorio",
não é indispensável à caracterização do concubinato”.

“A coabitação não é elemento indispensável à


caracterização da união estável”.
(Jurisprudência em Teses: Informativo STJ - Edição nº 50 -
União Estável – precedentes publicados até 04.12.2015)
Importante:
A união estável não se constituirá se ocorrerem os
impedimentos do art. 1.521 CC.
Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a
mulher, impedidos de casar, constituem concubinato.

Será Concubinato – mera sociedade de fato - que não constitui


entidade familiar, produzindo efeitos obrigacionais, ou seja, os
concubinos terão direito à partilha de bens se restar
comprovado o esforço comum na sua aquisição (prevenindo o
enriquecimento sem causa).

No caso, cabe ação de reconhecimento e dissolução de


sociedade de fato, competência da Vara Cível.
A existência de casamento válido
não obsta o reconhecimento
da união estável,
desde que haja separação de fato
ou judicial entre os casados.

Art 1.723, § 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os


impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do inciso
VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou
judicialmente.

Art. 1.723, § 2º, do CC, que as causas suspensivas do casamento


do art. 1.523 do CC não impedem a caracterização da união estável.
Observar questão polêmica - Art. 1.725 CC/02

Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os


companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que
couber, o regime da comunhão parcial de bens.

Poderão as partes estipular através de contrato escrito (pacto


de convivência), regime de bens diverso do da comunhão
parcial.

O STJ já firmou entendimento de que se aplica à união


estável o regime da separação obrigatória de bens no
caso de um ou de ambos os companheiros se
encontrarem com idade indicada no
Art. 1.641, II, CC/02.
Aplicação da Súmula 377 do STF

“Fazem parte do acervo patrimonial do casal, os bens


adquiridos com esforço comum, mesmo com a imposição do
regime da separação de bens”.

Entretanto o atual entendimento do STJ, é de que a Súmula


377/STF, isoladamente, não confere ao companheiro o direito
à meação dos bens adquiridos durante a união estável

sem que seja demonstrado o esforço comum.


Cabe ao interessado comprovar
a efetiva e relevante participação
(ainda que não financeira)
no esforço para aquisição onerosa
de determinado bem a ser partilhado
no fim da união (prova positiva).

“Na união estável de pessoa maior de setenta anos (art. 1.641, II,
do CC/02), impõe-se o regime da separação obrigatória, sendo
possível a partilha de bens adquiridos na constância da relação,
desde que comprovado o esforço comum”.
(Jurisprudência em Teses: Informativo STJ - Edição nº 50: União Estável)
 Para os Ministros do STJ, havia a presunção do esforço
comum, sem que fosse necessária a prova da colaboração
mútua. Isso fazia com que a separação obrigatória fosse
muito similar ao regime da comunhão parcial de bens.

OLHO VIVO!!

Segundo tese majoritária atual,

é necessária a comprovação do esforço desempenhado


por ambos os cônjuges, para que se comuniquem os
bens adquiridos durante a vida em comum.
Importante:
Quanto ao regime de bens,
salvo Contrato (escrito) de Convivência,
aplica-se o regime da Comunhão Parcial de Bens.

No Contrato, as partes poderão eleger


o regime de bens que acharem conveniente.
Contrato de Convivência/ União Estável
Assim como no pacto antenupcial, não poderá modificar
determinações de ordem pública, como é o caso da
caracterização da própria união estável.
Efeito patrimonial da União estável
direito a alimentos, quando for o caso.
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou
companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que
necessitem para viver de modo compatível com a sua
condição social, inclusive para atender às necessidades de
sua educação.

Efeitos jurídicos entre os companheiros, decorrência


lógica dos direitos e deveres

Impenhorabilidade do bem de família, na forma da Lei n.º


8.009/95,
Adoção (ECA, art. 41, § 1.º, art. 1622 CC/02), etc.
Requisitos para configuração

 União pública (notoriedade, reconhecimento social)


 Contínua
 Duradoura
 Objetivo de estabelecerem família (animus familiae)

Nota-se a utilização do critério da posse de estado de


casado também para a união estável

O que diferencia o namoro da união estável é exatamente o


intuito de constituição de família

Se há um projeto futuro de constituição de família, estamos


diante de namoro. O mero namoro longo
não constitui união estável.
(TARTUCE, 2016)
Requisitos para configuração de
União Estável

Atualmente, além de não se exigir prazo para configuração


de união estável, não se faz necessária a coabitação
(more uxorio), eis que mesmo no casamento a coabitação
vem sendo mitigada, haja vista os vários
casais que não moram juntos.

Entretanto, quando se busca o reconhecimento judicial,


tais requisitos são importantes indícios processuais.
Dissolução: Arts. 732 e 733 CPC/2015
O namoro longo, em que não há a presença dos
requisitos familiares de uma União Estável

Namoro qualificado

“Na relação de namoro qualificado os namorados não


assumem a condição de conviventes porque assim não
desejam, são livres e desimpedidos, mas não tencionam
naquele momento ou com aquela pessoa formar uma
entidade familiar. Nem por isso vão querer se manter
refugiados, já que buscam no outro a companhia [...]mantêm
uma verdadeira convivência amorosa, porém, sem objetivo
de constituir família.” (STJ, Resp 1.263.015/RN, Rel. Min.
Nancy Andrighi, 3ª Turma, j. 19.06.2012, Dje 26.06.2012).
Segundo Tartuce (2015, p. 301)

“sem prejuízo da diferenciação em relação ao namoro, a


união estável, por igual fundamento, não se confunde com
o noivado. [...] na união estável a família é presente; no
noivado a família é futura, havendo um planejamento para
sua concretização em posterior momento”.

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