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DIREITO DE FAMÍLIA
FAMÍLIA NA CF/88
Interpretando-se o art. 226 da CF, pode-se dizer que a família é decorrente dos
seguintes institutos: a) casamento civil, sendo gratuita a sua celebração e tendo efeito civil o
casamento religioso, nos termos da lei; b) união estável entre homem e mulher, devendo a lei
facilitar sua conversão em casamento; c) família monoparental, comunidade formada por
qualquer dos pais e seus descendentes. Tem prevalecido, na doutrina e jurisprudência, o
entendimento pelo qual o rol constitucional familiar é exemplificativo (numerus apertus)
e não taxativo (numerus clausus). Assim sendo, são admitidas outras manifestações
familiares, caso das seguintes categorias: a) família anaparental: quer dizer família sem pais,
a exemplo do imóvel em que residem duas irmãs solteiras, que, para o STJ, constitui bem de
família; b) família homoafetiva: constituída por pessoas do mesmo sexo; c) família mosaico
ou pluriparental: aquela decorrente de vários casamentos, uniões estáveis ou mesmo simples
relacionamentos afetivos de seus membros, a exemplo da união de A, que já foi casado 3
vezes e possui um filho do primeiro casamento e dois do segundo, com B, que tem cinco
filhos, dois do primeiro casamento, dois do segundo e um do terceiro.
Essa ampliação acima destacada faz com que seja inconstitucional qualquer projeto de
lei que procure restringir o conceito de família.
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TÍTULO I
DO DIREITO PESSOAL
SUBTÍTULO I
DO CASAMENTO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
1- INTRODUÇÃO
Casamento pode ser conceituado como a união legal de duas pessoas (está superada a
noção de união apenas entre o homem e a mulher, uma vez que o Brasil admite, na atualidade,
o casamento entre pessoas do mesmo sexo), reconhecida e regulamentada pelo Estado,
formada com o objetivo de constituição de uma família e baseada em um vínculo de afeto.
Tem como efeito, estabelecer comunhão plena de vida com base na igualdade de direitos e
deveres entre os cônjuges.
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na
igualdade de direitos e deveres dos cônjuges.
A igualdade significa que não mais existe a figura do chefe de família, competindo a
ambos os cônjuges ditar os rumos familiares.
O casamento é protegido pela norma constante do art. 1.513 do CC, segundo a qual é
defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida
instituída pelo casamento. É também com base nessa regra (e com base na disposição do art.
226, §7º, da CF) que é impossível que o estado realize controle de natalidade. O
planejamento familiar é decisão da família.
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2ª) Teoria institucionalista: o casamento é uma instituição, tese sustentada, entre outros, por
Maria Helena Diniz e Rubens Limongi França. Há nessa corrente uma forte carga moral e
religiosa.
3ª) Teoria mista ou eclética (contrato especial): considera que o casamento é um contrato
especial de direito de família, mediante o qual os nubentes aderem a uma instituição pré-
organizada, alcançando o estado matrimonial. Logo, o casamento é uma instituição quanto ao
conteúdo e um contrato especial quanto à formação. É a corrente que prevalece!
2.1 PROCEDIMENTO
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c) Ouve-se o Ministério Público (pode requerer diligências, nos termos do art. 1.526 do CC).
d) O juiz homologa
IMPORTANTE!!! A Lei n.º 13.811/2019 alterou a redação do art. 1.520 do CC. Com a nova
redação do dispositivo, tem-se não ser permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não
atingiu a idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 do CC (o qual reclama a autorização
dos pais ou representantes legais para que os maiores de 16 anos possam se casar, enquanto
não atingida a maioridade civil).
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Ex.: Menina de 15 anos se casou. Esse casamento, a priori, é anulável, nos termos do art.
1.550 do CC. Se ela ficar grávida e se casar, esse casamento NÃO será mais anulável por
motivo de idade.
Art. 1.550. É anulável o casamento:
I - de quem não completou a idade mínima para casar;
Se, pela certidão de nascimento, for verificado que algum dos nubentes tem mais de
70 anos (alteração realizada em 2010, sendo que anteriormente a idade prevista era de
60 anos), também se imporá o regime de separação de bens. Alguns entendem que esse
dispositivo é inconstitucional, já que afrontaria o princípio da igualdade.
IMPORTANTE!!! O pródigo não é impedido de se casar. Entretanto, deve ser assistido por
curador quando da celebração do pacto antenupcial, que é ato de disposição do patrimônio.
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Em relação ao inciso V do art. 1.525 do CC, o viúvo deve provar o seu estado com a
certidão de óbito do cônjuge falecido. E se um dos cônjuges for divorciado, não bastará a
certidão do trânsito em julgado da sentença que decretou o divórcio, é preciso juntar a
certidão de registro dessa sentença no cartório de registro civil.
CAPÍTULO II
DOS IMPEDIMENTOS
1- INTRODUÇÃO
As causas impeditivas têm o objetivo de evitar reuniões que possam, de algum modo,
ameaçar a ordem pública. Sua inobservância como visto, gera a nulidade do ato.
Art. 1.521. NÃO PODEM casar (impedimentos):
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o
foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro
grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas; (não se aplica à união estável se a pessoa estiver
separada de fato ou judicialmente)
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado (exige-se trânsito em
julgado) por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
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Não podem casar os ascendentes com descentes (ex.: pai com filha; neto com avó).
Duas são as razões do impedimento: a) Razão moral – evitar o incesto (relações sexuais entre
pessoas da mesma família); b) Razão biológica – evitar problemas congênitos à prole, comuns
em casos tais.
Não podem casar os colaterais até terceiro grau (exceção: casamento avuncular,
definido como o casamento entre tios e sobrinhos se uma junta médica apontar que não há
risco biológico. Segundo a doutrina, trata-se de uma aplicação do princípio da especialidade,
prevalecendo o Decreto Lei 3.200/41, ainda em vigor – lei especial – sobre o CC de 2002 – lei
geral posterior).
Ocorre que, existe hipótese em que o casamento poderá ser dar entre parentes
colaterais. É o denominado “casamento avuncular”, que é o casamento entre tios e
sobrinhos, permitido expressamente pelo Decreto Lei 3200/41:
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Para o ilustre doutrinador, a resposta deve ser negativa. Isso porque casais de pessoas
do mesmo sexo terão filhos por adoção (hipótese em que o filho não terá material genético de
nenhum de seus pais ou suas mães) ou utilizando-se as técnicas de reprodução humana
assistida. Nesta hipótese, o material genético será de apenas um deles (um dos cônjuges doa
esperma ou óvulo e recebem o outro gameta de um terceiro) ou de nenhum dos dois (recebem
em doação óvulo e esperma).
Sendo impossível que o casamento gere problemas à prole, o casamento
avuncular homoafetivo pode ser admitido sem a necessidade de qualquer autorização
judicial ou exame médico.
Não podem casar os afins em linha reta (ex.: genro com sogra; padrasto com a
enteada). A proibição refere-se apenas à linha reta até o infinito. Na linha colateral de
afinidade, não há impedimento (ex.: cônjuge viúvo pode se casar com cunhada). A afinidade
resulta do casamento ou da união estável.
Não podem se casar o adotante com quem foi cônjuge do adotado, o adotado com
quem foi cônjuge do adotante e o adotado com o filho do adotante (são irmãos). Vale a
máxima pela qual a adoção imita a família consanguínea.
A adoção imita a família, sem qualquer distinção. Por isso, esse impedimento tem fins
de preservar a moral da família. Na realidade, essas disposições são inúteis, bastando as do
parentesco comum, por inexistir diferença entre o vínculo da adoção e o sanguíneo.
Não podem casar as pessoas já casadas. O Brasil não admite a poligamia. Assim, só
é possível um vínculo matrimonial por vez. O impedimento só desaparece após a dissolução
do anterior vínculo matrimonial pela morte, anulação, divórcio ou morte presumida do
ausente (abertura da sucessão definitiva).
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Não pode casar o cônjuge sobrevivente com a pessoa que foi CONDENADA por
homicídio ou tentativa de homicídio contra o consorte. O impedimento só existe se o crime
for praticado a título de dolo e em havendo condenação criminal transitada em julgado
(incidência do princípio da presunção de não culpabilidade). Logo, se o casamento ocorre no
curso da instrução criminal, será reputado válido, pois quando da celebração não havia
limitação à autonomia privada.
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CAPÍTULO III
DAS CAUSAS SUSPENSIVAS
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Art. 1.523.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes
sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste
artigo, provando-se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o
herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do
inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de
gravidez, na fluência do prazo.
Atenção!!! Nas CAUSAS SUSPENSIVAS as pessoas NÃO DEVEM CASAR, mas nada
impede que se casem.
1- CONFUSÃO PATRIMONIAL
Não devem casar o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não
fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros. Além da imposição do regime
da separação obrigatória de bens, essa causa suspensiva gera uma segunda sanção, qual seja a
imposição de uma hipoteca legal em favor dos filhos sobre os bens imóveis que passarem a
outras núpcias antes de ser feito o inventário do cônjuge falecido (art. 1.489, II, do CC). Se o
filho for apenas do cônjuge falecido, ou seja, não for filho do viúvo ou viúva que pretende se
casar novamente, não se impõe a causa suspensiva ao cônjuge sobrevivente, pois se trata de
limitação da autonomia privada que somente pode decorrer de lei, não admitindo
interpretação extensiva ou analogia. O mesmo ocorre se o filho for apenas daquele que
pretende se casar.
Ainda com o objetivo de evitar confusões patrimoniais, o inciso III do art. 1.523 do
CC prevê causa suspensiva diversa, assinalando que não deve se casar o divorciado, enquanto
não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal. Essa previsão foi
incluída no CC de 2002, uma vez que o divórcio pode ser concedido sem que haja prévia
partilha dos bens, o que abrange o divórcio extrajudicial (art. 1.581 do CC). Anote-se que a lei
exige apenas a homologação ou decisão da partilha, não a sua efetivação em si.
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Lembrar!!! O divorciado pode se casar sem prévia partilha, só que o regime de bens será,
obrigatoriamente, o de separação de bens.
Não deve casar a viúva ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou
anulável nos 10 meses posteriores ao começo da viuvez ou da dissolução da sociedade
conjugal.
Tem o objetivo de evitar dúvida sobre a paternidade da criança que venha a nascer
nesse interregno.
3- TUTELA E CURATELA
IMPORTANTE!!! Como as demais causas suspensivas, também pode ser afastada provando-
se a inexistência de prejuízo.
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CAPÍTULO IV
DA CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
1- FORMALIDADES
O local é, em geral, a sede do cartório. Porém, pode ser escolhido outro local, público
ou particular. É importante que as portas permaneçam sempre abertas.
No tocante à hora, pode ser realizado de dia ou a noite, inclusive nos domingos.
A eficácia do mandato dura por 90 dias (art. 1.542, §3º, do CC). Vale dizer, se a
procuração for outorgada em determinado dia, o casamento deve se realizar dentro do prazo
de 90 dias a contar da outorga, caso contrário a procuração caduca.
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Pelo paralelismo das formas, o mandato pode ser revogado pela mesma forma com
que foi celebrado, ou seja, por instrumento público (art. 1.542, §4º, do CC). A revogação
não precisa chegar ao conhecimento do procurador ou do outro nubente para produzir
efeitos. Entretanto, se for celebrado o casamento sem que se tenha dado ciência da revogação
do mandato, o mandante responderá por perdas e danos (art. 1.542, §1º, do CC).
IMPORTANTE!!! Será ANULÁVEL o casamento feito pelo mandatário sem que ele ou o
outro cônjuge soubesse da revogação do mandato, desde que NÃO tenha havido coabitação
entre os cônjuges (art. 1.550, V, do CC). Quem tem interesse em anular é o cônjuge que deu
e depois revogou a procuração.
Art. 1.550. É anulável o casamento:
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse
da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
3- MOMENTO DA CELEBRAÇÃO
A celebração será suspensa se algum dos nubentes não afirmar livremente que deseja
se casar e não é possível a retratação no mesmo dia. Ex.: um dos cônjuges jocosamente
brinca afirmando não querer se casar. Em tal cenário, a celebração será suspensa e não poderá
ser retomada no mesmo dia.
Atenção!!! Não basta só a manifestação afirmativa da vontade. Esta deve vir acompanhada
da declaração do juiz. O casamento só se tem por concluído com a solene declaração do
celebrante. Sem essa declaração, será inexistente.
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CAPÍTULO V
DAS PROVAS DO CASAMENTO
1- CERTIDÃO DE REGISTRO
Prova-se o casamento celebrado fora do Brasil de acordo com a lei do país onde se
celebrou. Dispõe o art. 1.544 do CC que “o casamento de brasileiro, celebrado no
estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser
registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao
Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1 o Ofício da Capital do
Estado em que passarem a residir”.
A posse do estado de casado é a situação de duas pessoas que viveram como casadas
e assim eram consideradas por todos. Trata-se de prova indireta do casamento, fundada na
demonstração efetiva da situação de casados.
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poderá ser alegada pelos filhos e se mortos ambos os cônjuges, uma vez que, se um dos
cônjuges estiver vivo, este poderá indicar o local onde se realizou o casamento, para que os
filhos obtenham a certidão.
De acordo com o art. 1.547 do CC, na dúvida entre as provas favoráveis e contrárias,
julgar-se-á pelo casamento (regra hermenêutica do in dubio pro matrimonio), se os
cônjuges, cujo casamento se impugna viverem ou tiverem vivido na posse do estado de
casados.
CAPÍTULO VI
ESPÉCIES DE CASAMENTO
1- CASAMENTO VÁLIDO
É o casamento que, embora nulo ou anulável, foi contraído de boa-fé por um ou por
ambos os cônjuges, gerando, para esse(s) que estava(m) de boa-fé, efeitos de casamento
válido. Do latim, putare significa crer, imaginar. O casamento putativo gera efeitos em
relação ao cônjuge que esteja de BOA-FÉ SUBJETIVA (ignorando o motivo de nulidade ou
anulação).
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por
ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos,
produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória.
§ 1o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus
efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão.
§ 2o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os
seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.
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subjetiva.
IMPORTANTE!!! A eficácia da decisão que anula o casamento gera efeitos “ex nunc” para
o cônjuge de boa-fé, já que, para ele, o casamento gera efeitos de válido até a declaração da
invalidade. Os efeitos do casamento cessam para o futuro, sendo considerados produzidos
todos os efeitos que se tenha verificado até a data da sentença anulatória.
Obs.: Todos os efeitos quanto ao regime de bens são produzidos. Se somente um dos cônjuges
estava de boa-fé, adquirirá a meação dos bens levados ao casal pelo outro cônjuge que estava
de má-fé.
2ª STJ (mais recente): após a sentença que anula o casamento esse não gera mais efeitos,
já que as partes não são mais cônjuges. Quer dizer, a putatividade garante os efeitos de
casamento válido até a sentença que anula , não produzindo efeitos posteriores. “A mulher
que reclama alimentos a eles tem direito, mas até a data da sentença. Anulado ou declarado
nulo o casamento, desaparece a condição de cônjuges”.
Os filhos são protegidos mesmo se nenhum dos cônjuges estiver de boa-fé. Como a
Constituição Federal não permite qualquer distinção entre filho havido fora do casamento e
filho havido na constância do casamento, essa disposição perdeu totalmente a eficácia.
Como visto, o casamento é um ato por demais formal. Ocorre que, em duas situações,
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por causa da urgência, essas formalidades são deixadas um pouco de lado. A primeira é em
caso de moléstia grave (art. 1.539 do CC). A segunda é quando um dos cônjuges está em
iminente risco de vida (art. 1.540 do CC).
No casamento religioso com efeitos civis, a única diferença é que a celebração não se
fará pelo juiz de paz, mas sim pelo sacerdote. A doutrina sustenta, com base na laicidade e
pluralidade do Estado brasileiro, que o casamento pode ser celebrado perante qualquer
religião.
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IMPORTANTE!!! Suponha-se que, em 15/04, João celebra casamento religioso com Maria.
O casamento ainda não foi submetido a registro civil. Em 15/05, João contrai casamento civil
com Flavia. Nesse caso valerá o casamento contraído com Flavia. O casamento realizado com
Maria será nulo (art. 1.516, §3º, do CC).
Art. 1516
§ 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele,
qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento
civil.
Para ser válido, o casamento consular deverá ser registrado no Brasil em 180 dias a
contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil.
Assim, ao invés de ter que recorrer ao judiciário, é mais fácil que os conviventes se
casem regularmente. Sendo assim, o art. 1.726 do CC desatende ao previsto no art. 226, §3º,
da CF.
2- CASAMENTO INVÁLIDO
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Existem três níveis de invalidade do casamento (embora o legislador civil tenha feito a
opção de não tratar da inexistência dos atos, mas apenas da nulidade absoluta e da nulidade
relativa): a inexistência, a nulidade absoluta e a nulidade relativa (anulabilidade).
Obs.: Como visto, o casamento inexistente não pode ser declarado putativo, já que o que
não existe não pode gerar efeito algum.
IMPORTANTE!!! Em geral, o ato nulo não gera qualquer efeito. Entretanto, em matéria de
casamento, o casamento nulo poderá gerar efeitos, SE FOR PUTATIVO.
A decretação de nulidade do casamento depende de ação. Isso significa dizer que não
pode ser declarada de ofício pelo juiz (princípio da não intervenção).
Casamento nulo ação declaratória de nulidade (ex tunc): imprescritível, podendo ser
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promovida por qualquer interessado ou pelo Ministério Público, mediante ação direta.
Casamento anulável ação anulatória (ex nunc/ex tunc): é ação constitutiva negativa
sujeita, portanto, a prazos decadenciais. Segue-se o entendimento pelo qual o Ministério
Público não tem legitimidade para promover a referida ação que cabe, em regra, ao
interessado. Flávio Tartuce é partidário da tese de que a ação anulatória gozaria, em tais
hipóteses, de efeitos ex tunc, uma vez que, anulado o casamento, as partes voltam a ser
solteiras.
Casamento NULO
Somente em um caso o Código Civil, em seu art. 1.548, considera nulo o casamento:
Lembrar!!! Embora o juiz deva pronunciar de ofício a nulidade dos atos em geral, A
NULIDADE NO CASAMENTO SÓ PODE SER DECLARADA POR MEIO DE AÇÃO
DIRETA (promovida por qualquer interessado ou pelo Ministério Público).
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Casamento ANULÁVEL
O casamento anulável produz todos os efeitos enquanto não anulado por sentença
transitada em julgado (eficácia interimística).
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Art. 1.559. Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou sofreu coação, pode
demandar a anulação do casamento; mas a coabitação, havendo ciência do
vício, valida o ato, ressalvadas as hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557.
a) Defeito de idade
IMPORTANTE!!! De acordo com o disposto no art. 1.520 do CC, alterado pela Lei n.º
13.811/19, não será permitido, em qualquer caso, o casamento de quem não atingiu a
idade núbil, observado o disposto no art. 1.517 do CC (necessidade de autorização dos
pais ou dos representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil, para que o
homem e a mulher com dezesseis anos possam casar).
IMPORTANTE!!! Conforme prescreve o art. 1.551 do CC, não se anulará por motivo de
idade o casamento de que resultar gravidez.
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O art. 1.557 do CC estabelece, em rol taxativo, os casos que podem dar ensejo ao erro
essencial sobre a pessoa do outro cônjuge, capaz de tornar ANULÁVEL o casamento.
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro
tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao
cônjuge enganado;
II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne
insuportável a vida conjugal;
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de
moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em
risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; (Redação dada pela
Lei nº 13.146, de 2015)
IV - (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
IMPORTANTE!!! Somente o cônjuge que incidiu em erro pode ajuizar a ação anulatória
(ação personalíssima). E o prazo para a ação foi aumentado de dois para TRÊS ANOS.
Em regra, a coabitação posterior, mesmo sabendo do vício, valida o ato, que não mais
poderá ser anulado (art. 1.559 do CC), salvo na hipótese do inciso III e IV do art. 1.559 do CC
(o inciso IV do dispositivo, que mencionava a ignorância, anterior ao casamento, de doença
mental grave, foi revogado pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência).
EXCEÇÃO!!! Permanece como exceção, atualmente, portanto, apenas o inciso III do art.
1.559 do CC, sendo que, na hipótese de defeito físico irremediável, capaz de pôr em risco a
saúde do outro cônjuge ou de sua descendência, a coabitação posterior não convalidará o
casamento.
Art. 1.559. Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou sofreu coação,
pode demandar a anulação do casamento (PRAZO DE 3 ANOS); mas a
coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato, ressalvadas as
hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557.
Pode ser erro sobre a identidade física, quando o sujeito casa com outra pessoa, que
não a que pretendia (ex.: o noivo tem um irmão gêmeo por quem é trocado).
Pode ser erro sobre a honra/boa fama (ex.: homem que casa, sem saber, com pessoa
adepta de práticas sexuais não convencionais, a exemplo da zoofilia; mulher que após o
casamento descobre que o marido se entrega a práticas homossexuais; etc.).
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Para que seja anulável por erro sobre a pessoa, dois requisitos são exigidos:
Caracteriza o erro sobre a pessoa quando o crime ignorado tiver sido praticado antes
do casamento e torne insuportável a vida conjugal.
Lembrar!!! No caso de impedimento para casar é necessário que a pessoa seja condenada.
Art. 1.521. Não podem casar (impedimentos):
VII - o cônjuge sobrevivente com o CONDENADO por homicídio ou
tentativa de homicídio contra o seu consorte.
III – defeito físico irremediável, que não caracterize deficiência, e moléstia grave e
transmissível, pelo contágio ou pela herança
A coação aqui tratada é a coação moral (vis compulsiva). A coação física (vis
absoluta) torna o casamento inexistente em razão da ausência de livre manifestação da
vontade.
A ação anulatória, nesse caso, é personalíssima e somente poderá ser proposta pelo
cônjuge que sofreu a coação (no prazo de quatro anos a contar da celebração).
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De acordo com o art. 1.559 do CC, a prova da coabitação pode ser usada pelo coator
para impedir a anulação (adoção da vedação do comportamento contraditório – venire contra
factum proprium non potest). Entretanto, há que se considerar que a coabitação pode ter sido
feita também com coação.
É anulável o casamento realizado por mandatário sem que ele ou o outro cônjuge
saibam da revogação do mandato.
Nesse caso, a parte que deu e revogou a procuração deverá ajuizar a ação para anular o
casamento, dentro de 180 dias de quando tiver ciência da celebração do casamento.
A incompetência que torna anulável o casamento é a ratione loci (ex.: um juiz de paz
de uma determinada localidade realiza o casamento em outra, fora de sua competência).
3- CASAMENTO IRREGULAR
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CAPÍTULO VII
EFICÁCIA JURÍDICA DO CASAMENTO
1- DISPOSIÇÕES GERAIS
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2- DEVERES RECÍPROCOS
I- Fidelidade recíproca
Os atos anteriores ao sexo não configuram adultério, mas podem configurar injúria
grave, que também é causa de separação.
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É o dever de coabitação, que obriga o casal a viver sob o mesmo teto e a ter uma
comunhão de vidas.
IMPORTANTE!!! Essa obrigação não deve ser encarada como absoluta, pois a
impossibilidade física ou mesmo moral pode justificar o seu afastamento. Assim, em razão,
por exemplo, do emprego, um dos cônjuges pode ter a necessidade de viver em outra cidade,
sem que isso caracterize a quebra da vida em comum.
De acordo com o art. 1.569 do CC, a escolha do domicílio do casal deve ser feito por
ambos os cônjuges.
Ambos os cônjuges são responsáveis pelo sustento, guarda e educação dos filhos. A
previsão tem relação com a solidariedade social, retirada do art. 3º, I, da CF. A infração a esse
dever sujeita à perda do poder familiar e enseja a ação de alimentos, além de também
configurar causa de separação judicial.
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Tem relação com o companheirismo etc. São deveres retirados da boa-fé objetiva.
Com o advento da CF/88 vige a isonomia entre os cônjuges. Assim, os cônjuges são
iguais em direitos e deveres. Desapareceu a figura do chefe de família. A ambos os
cônjuges cabe ditar os rumos familiares, competindo ao juiz decidir em caso de divergência.
Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração,
pelo marido e pela mulher, sempre no interesse do casal e dos filhos.
Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá
recorrer ao juiz, que decidirá tendo em consideração aqueles interesses.
CAPÍTULO VIII
DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL
1- CAUSAS TERMINATIVAS
IMPORTANTE: O art. 197, I, do Código Civil prevê que “não corre a prescrição entre os
cônjuges, na constância da sociedade conjugal”. Se os cônjuges estão separados há muitos
anos, não se deve aplicar a regra do art. 197, I, do CC. Mesmo não estando prevista no rol
do art. 1.571 do CC, a separação de fato muito prolongada, ou por tempo razoável,
também pode ser considerada como causa de dissolução da sociedade conjugal e, em
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A morte que extingue é a real. O CC 2002, porém, inclui entre as causas de dissolução
a morte presumida do ausente, que se configura nos casos em que a lei autoriza a sucessão
definitiva. Passou a admitir também, a declaração de morte presumida sem decretação de
ausência, para todos os efeitos.
Art. 6o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se
esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de
sucessão definitiva.
2- SEPARAÇÃO JUDICIAL
IMPORTANTÍSSIMO!!!! A EC 66 suprimiu a parte final do §6º do art. 226 CF. Sendo
assim, a separação judicial deixou de ser contemplada na CF, onde figurava como
requisito para a conversão, desaparecendo ainda o requisito temporal para a obtenção
do divórcio, agora exclusivamente direto, por mútuo consentimento ou litigioso. A
inovação constitucional levava à conclusão doutrinária de que a separação judicial ou
por escritura pública foi eliminada do nosso direito, restando o divórcio, que ao mesmo
tempo, rompe a sociedade conjugal e extingue o vínculo matrimonial. No entanto, a
jurisprudência do STJ consolidou o entendimento de que a EC 66/2010 não revogou,
expressa ou tacitamente, a legislação ordinária que trata da separação judicial. STJ. 3ª
Turma. REsp 1431370-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 15/8/2017
(Info 610). STJ. 4ª Turma. REsp 1247098-MS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado
em 14/3/2017 (Info 604). Ademais, o CPC/15 trata expressamente da figura da separação
judicial, prevendo, inclusive, regulamentação específica no capítulo que trata das ações de
família.
De acordo com o art. 1.576 do CC, a separação judicial põe termo a três deveres
matrimoniais. São eles:
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
O art. 695 do CPC/15 ordena que se realize uma audiência prévia de conciliação, na
qual o juiz deve tentar promover a reconciliação das partes. Se a reconciliação não for
possível, o juiz deve convencer as partes a transformar a separação litigiosa em amigável.
O não comparecimento das partes a essa audiência de conciliação não gera a revelia,
significando, apenas, que não querem acordo. Não sendo obtida a reconciliação nem a
transformação em separação amigável, da audiência começa a fluir o prazo para contestação,
ainda que a parte nela não tenha comparecido.
É permitido ao juiz que homologue apenas parte do acordo, deixando de lado a parte
que julga prejudicial.
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
IMPORTANTE!!! Nada impede que a partilha seja elaborada de modo desigual (um fica
com mais que o outro), já que ambos os cônjuges são maiores e capazes e podem transigir
sobre seu patrimônio. Nesse caso, é devido o pagamento de ITCMD por conta da doação
implicitamente feita.
IMPORTANTE!!! Tem sido admitido que a mulher abra mão dos alimentos, podendo,
porém, pleiteá-los futuramente, se vier a necessitar e não tiver sido contemplada na partilha
com bens suficientes à manutenção de sua subsistência (pode pedir alimentos futuramente).
(súmula 379 do STF - no acordo de desquite não se admite renúncia a alimentos, que
podem ser pleiteados futuramente).
A petição deverá esclarecer, ainda, se o cônjuge que usa o sobrenome do outro voltará
a usar o sobrenome de solteiro. No silêncio deve-se entender que optou por conservá-lo.
Enquanto não lavrado o termo pelo escrivão e assinado pelas partes, o pedido não se
tornou público e poderá haver arrependimento unilateral. Assinado o termo, o pedido torna-se
irretratável pela manifestação unilateral de um só dos cônjuges.
IMPORTANTE: A coisa julgada material formada em virtude de acordo celebrado por partes
maiores e capazes, versando sobre a partilha de bens imóveis privados e disponíveis e que
fora homologado judicialmente por ocasião de divórcio consensual, não impede que haja um
novo acordo sobre o destino dos referidos bens. STJ. 3ª Turma. REsp 1623475-PR, Rel. Min.
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
Obs.: Por analogia, a dissolução consensual da união estável também pode ser feita em
cartório.
O rol de causas que permitem a separação judicial (art. 1.572 do CC) é taxativo,
inexistindo outras hipóteses de separação judicial em nosso ordenamento.
Obs.: O cônjuge inocente só pagará alimentos ao culpado se este não tiver condições de
trabalhar e não existir mais ninguém para prestar alimentos (subsidiário).
Obs.: Para isso, é necessário o expresso requerimento do inocente e, mesmo assim, só não
poderá usar o sobrenome do outro se: (a) não acarretar evidente prejuízo para sua
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identificação; (b) não acarretar manifesta distinção entre seu nome de solteira e o nome dos
filhos; (c) não acarretar qualquer outro dano grave reconhecido na decisão judicial.
a) Fidelidade recíproca
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Obs.: A inseminação artificial não configura adultério, porque este só ocorrerá se houver
cópula completa com estranho de outro sexo. Mas a mulher poderá dar causa a separação
judicial se receber o sêmen de outro homem sem o consentimento do marido, mas sua conduta
caracterizará injúria grave, e não adultério.
b) Coabitação
c) Mútua assistência
O dever de mútua assistência é violado pela tentativa de morte e pela sevícia (maus-
tratos).
Embora não se trate de agressão direta ao outro cônjuge, será ele atingido
reflexamente pelo sofrimento dos filhos.
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a) Separação-falência
É a que tem causa na “falência” da vida em comum. Exige separação de fato há mais
de um ano (levar em conta sempre a EC 66).
Obs.: Foi retirado o termo “consecutivo” da lei do divórcio, de modo que se pode interpretar
que é possível a soma de períodos para chegar a essa um ano.
Nesse caso, o cônjuge doente, que não pediu a separação, torna-se proprietário
exclusivo dos bens que trouxe para o casamento e meeiro dos bens adquiridos posteriormente
(art. 1.572, §3º, do CC).
A separação judicial gera como efeitos a partilha dos bens e a separação de corpos.
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a) guarda unilateral: atribuída a um só dos genitores ou alguém que o substitua (avô, p.ex.).
Para a definição da guarda unilateral não tem importância ter sido o cônjuge culpado,
ou não. A guarda é deferida no interesse do filho.
Ex.: A mulher foi flagrada pelo marido em uma orgia com 10 profissionais do sexo. Embora
possa ser declarada culpada na separação-sanção, poderá ficar com a guarda dos filhos se
ficar provado que possui melhores condições de cuidar das crianças.
IMPORTANTE!!! Caso verificado que os pais não têm condições de cuidar dos menores, a
guarda será deferida a pessoa da família que seja compatível com o encargo, considerando, de
preferência, o grau de parentesco e a relação de afinidade e afetividade (avô, p.ex.).
A guarda admite revisão sempre no interesse do menor, não fazendo coisa julgada
(na verdade faz coisa julgada, só que, se a situação fática mudou, poderá ser revista).
O cônjuge que não ficou com a guarda dos filhos tem o direito de visitas. E mais, o
cônjuge que não tem a guarda fica obrigado a supervisionar os interesses dos filhos, e, para
possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar
informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que
direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos (art.
1.583, §5º, do CC).
Tal direito de visitas, entretanto, poderá ser restringido e até mesmo suspenso
temporariamente se ficar provado que as visitas estão sendo prejudiciais aos filhos.
Obs.: A Lei Maria da Penha prevê a suspensão do direito de visitas como medida protetiva de
urgência.
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Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que
melhor atender aos interesses dos filhos.
Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-
se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada,
salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor (§2º do
artigo 1.584 do CC).
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IMPORTANTE: REGRA: o CC determina que, quando não houver acordo entre a mãe
e o pai quanto à guarda do filho, o juiz deverá aplicar a guarda compartilhada (art.
1.584, § 2º). EXCEÇÕES: Não será aplicada a guarda compartilhada se: a) um dos
genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor; b) um dos
genitores não estiver apto a exercer o poder familiar. O § 2º do art. 1.584 afirma que
“encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar”, será aplicada a guarda
compartilhada. O que significa essa expressão: “genitores aptos a exercer o poder familiar”?
Quando o genitor não estará apto a exercer o poder familiar? A guarda compartilhada
somente deixará de ser aplicada quando houver inaptidão de um dos ascendentes para o
exercício do poder familiar, fato que deverá ser declarado, prévia ou incidentalmente à
ação de guarda, por meio de decisão judicial (STJ. 3ª Turma. REsp 1.629.994-RJ, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 6/12/2016. Info 595). O § 2º do art. 1.584 somente admite duas
exceções em que não será aplicada a guarda compartilhada. A interpretação desse dispositivo
pode ser relativizada? É possível afastar a guarda compartilhada com base em peculiaridades
do caso concreto mesmo que não previstas no § 2º do art. 1.584 do CC? O STJ está dividido,
havendo decisões em ambos os sentidos: 1ª) NÃO. A guarda compartilhada apresenta força
vinculante, devendo ser obrigatoriamente adotada, salvo se um dos genitores não estiver apto
a exercer o poder familiar ou se um deles declarar ao magistrado que não deseja a guarda do
menor (STJ. 3ª Turma. REsp 1626495/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
15/09/2016). 2ª) SIM. As peculiaridades do caso concreto podem servir como argumento para
que não seja implementada a guarda compartilhada. Ex.: se houver dificuldades geográficas
(pai mora em uma cidade e mãe em outra, distante). Isso porque deve-se atentar para o
princípio do melhor interesse dos menores. Assim, as partes poderão demonstrar a existência
de impedimento insuperável ao exercício da guarda compartilhada, podendo o juiz aceitar
mesmo que não expressamente previsto no art. 1.584, § 2º. A aplicação obrigatória da guarda
compartilhada pode ser mitigada se ficar constatado que ela será prejudicial ao melhor
interesse do menor (STJ. 3ª Turma. REsp 1605477/RS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva,
julgado em 21/06/2016). STJ. 3ª Turma. REsp 1629994-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 6/12/2016 (Info 595).
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atentando para a própria evolução da sociedade, com a proteção do ser humano e do seu
vínculo afetivo com o animal. STJ. 4ª Turma. REsp 1713167-SP, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 19/06/2018 (Info 634).
Alienação parental consiste no fato de a mãe ou o pai de uma criança induzir esta a
romper os laços afetivos com o outro cônjuge. A lei de alienação parental estendeu seus
efeitos não apenas aos pais, mas a qualquer outra pessoa que tenha a guarda ou vigilância do
incapaz. Dessa forma, considera-se ato de alienação parental a interferência na formação
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos
avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância
para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de
vínculos com este.
O judiciário deve agir para reverter a situação. Pode o juiz, por exemplo, afastar o
filho do convívio da mãe ou do pai, modificar a guarda e o direito de visita e até impedir a
visita. Como última opção pode ainda destituir ou suspender o exercício do poder parental.
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casadas basta requerer ao juiz. Esse requerimento deverá ser feito por ambos os cônjuges.
A renovação da sociedade conjugal se faz nos mesmos moldes da que foi dissolvida
pela separação, mesmo regime de bens, as partes voltam a usar os mesmos nomes etc.
3- DIVÓRCIO
O divórcio foi incluído no Brasil em 1977, por meio de emenda constitucional que
suprimiu o princípio da indissolubilidade do vínculo matrimonial. A CF/88 tornou mais fácil o
divórcio, adequando-se aos tempos modernos.
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SUBITÍTULO II
DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
1- INTRODUÇÃO
O parentesco pode ser conceituado como sendo o vínculo jurídico estabelecido entre
pessoas que têm a mesma origem biológica (mesmo tronco comum); entre um cônjuge ou
companheiro e os parentes do outro; e entre pessoas que têm entre si um vínculo civil. São
três, portanto, as modalidades de parentesco admitidas no Direito Civil brasileiro. Parentesco
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
consanguíneo ou natural, existente entre pessoas que mantêm entre si um vínculo biológico
ou de sangue, por terem origem no mesmo tronco comum; parentesco por afinidade,
existente entre um cônjuge ou companheiro e os parentes do outro cônjuge ou companheiro;
parentesco civil, aquele decorrente de outra origem, que não seja a consanguinidade ou a
afinidade, a exemplo do vínculo oriundo da adoção.
São parentes em linha colateral as pessoas que provêm de um tronco comum, sem
descenderem umas das outras (irmãos, tios etc.).
3- ESPÉCIES DE PARENTESCO
b) Civil: resulta de outra origem, por exemplo, a adoção ou inseminação artificial heteróloga.
Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de
consanguinidade ou outra origem.
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CAPÍTULO II
DA FILIAÇÃO
Filiação é a relação de parentesco em primeiro grau em linha ascendente que liga uma
pessoa àquelas que a geraram ou a receberam como se tivessem gerado (paternidade
socioafetiva). Tal relação é regida pelo princípio da igualdade entre os filhos (art. 227,
§6º, da CF, e art. 1.596 do CC).
Isso é por demais importante: para haver relação de filiação, não é necessário que
uma pessoa (pais) tenha gerado outra (filho) de seu próprio ventre. Também há relação de
filiação quando a pessoa (pais) recebe a outra pessoa (filho) como se tivesse gerado. Essa
última parte não é só para a adoção, mas também, e é isso o que é relevante nos dias atuais,
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
De acordo com a CF e com o CC, não pode ser feita nenhuma distinção entre os filhos
(havidos fora ou dentro do casamento, adotivo etc.).
Trata-se da presunção pater is est (pater is est quem justae nuptiae demonstrant) pela
qual o marido é presumidamente o pai do filho gerado por mulher casada. Tal presunção
destina-se a preservar a paz familiar. Essa presunção só é aplicada em relação aos filhos
gerados dentro do casamento, e torna desnecessário o reconhecimento do filho pelo marido
da mulher casada que gerou a criança.
Obs.: Não basta que a mulher afirme que o marido não é o pai para afastar a presunção.
Também não basta que a mulher confesse adultério (arts. 1.600 e 1.602 do CC).
A ação é de legitimidade ativa privativa do marido. Só ele pode propor a ação, mas,
uma vez iniciada, caso faleça, os herdeiros assumem por sucessão processual. A legitimidade
passiva é do filho, mas como foi registrado pela mãe, esta também deve figurar no polo
passivo.
Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos
nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível.
Parágrafo único. Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm
direito de prosseguir na ação.
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IMPORTANTE: O filho tem direito de ter reconhecida sua verdadeira filiação. Assim,
mesmo que ele tenha nascido durante a constância do casamento de sua mãe e de seu pai
registrais, ele poderá ingressar com ação de investigação de paternidade contra o suposto pai
biológico. A presunção legal de que os filhos nascidos durante o casamento são filhos do
marido não pode servir como obstáculo para impedir o indivíduo de buscar a sua verdadeira
paternidade. STF. Plenário. AR 1244 EI/MG, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
22/09/2016 (Info 840).
CAPÍTULO III
DO RECONHECIMENTO DOS FILHOS
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
Obs.: O testamento tem a revogabilidade como característica. Porém, na parte que tratar de
reconhecimento de filho, será irrevogável.
2- RECONHECIMENTO VOLUNTÁRIO
Constitui espécie de ato jurídico em sentido estrito que exige capacidade do agente.
Obs.: O filho havido fora do casamento, que for reconhecido por um dos cônjuges só pode
morar no lar conjugal com o consentimento do outro cônjuge (art. 1.611 CC).
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
O reconhecimento de filho é incondicional. Vale dizer, esse ato não pode ser
submetido a condição ou termo (ex.: pai só reconhece o filho se demonstrado talento
artístico). São ineficazes as condições e termos opostos ao ato de reconhecimento de filho,
considerando-se não escritas (art. 1.613 do CC).
Dispõe o art. 1.614 do CC que o filho maior não pode ser reconhecido sem o seu
consentimento (ex.: o indivíduo que pretende reconhecer como filho alguém de 32 anos deve
obter seu consentimento).
O filho menor pode contestar o reconhecimento nos quatro anos seguintes aos em
que completar a maioridade.
Art. 1.614. O FILHO MAIOR NÃO pode ser reconhecido sem o seu
consentimento, e o MENOR pode impugnar o reconhecimento, nos quatro
anos que se seguirem à maioridade, ou à emancipação.
De acordo com o art. 1.596 do CC, “os filhos, havidos ou não da relação de
casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer
designações discriminatórias relativas à filiação”.
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3- RECONHECIMENTO JUDICIAL
O filho não reconhecido voluntariamente poderá obter o reconhecimento pela via
judicial, mediante ação de investigação de paternidade, de natureza declaratória e
imprescritível (ação de estado).
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Obs.: A ação pode ser ajuizada a qualquer momento e sem restrição, isto é, por filho
adulterino e incestuoso, mesmo durante o casamento dos pais.
IMPORTANTE!!! O STJ já decidiu que, mesmo se o filho morreu sem ajuizar ação de
investigação de paternidade, seus herdeiros (filhos do filho) podem ajuizar ação de
investigação de relação avoenga em face do pai do pai (avô). Com efeito, o filho, em nome
próprio, não tem legitimidade para deduzir em juízo pretensão declaratória de filiação
socioafetiva entre sua mãe - que era maior, capaz e, ao tempo do ajuizamento da ação, pré-
morta (já falecida) - e os supostos pais socioafetivos dela. Obs.: o filho teria legitimidade para
propor ação pedindo o reconhecimento de sua relação de parentesco socioafetivo com os
pretensos avós. Aí, contudo, seria outra ação, na qual se buscaria um direito próprio (e não de
sua mãe). STJ. 3ª Turma. REsp 1492861-RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
2/8/2016 (Info 588).
Obs.: Se o filho já iniciou a ação, seus herdeiros poderão prosseguir em caso de falecimento
do autor, salvo se a ação já tiver sido julgada extinta.
IMPORTANTE!!! O Ministério Público possui legitimidade ativa para ingressar com ação
de investigação de paternidade (ou seja, a legitimidade é do filho ou do Ministério Público).
IMPORTANTE: Mesmo nas hipóteses em que não ostente a condição de herdeira, a viúva
poderá impugnar ação de investigação de paternidade post mortem, devendo receber o
processo no estado em que este se encontra. STJ. 4ª Turma. REsp 1466423-GO, Rel. Min.
Maria Isabel Gallotti, julgado em 23/2/2016 (Info 578).
IMPORTANTE!!! Exame de DNA. Ninguém pode ser constrangido a dar amostra de seu
sangue para a realização da prova pericial. No entanto, a negativa gera presunção de
paternidade (súmula 310 do STJ: em ação investigatória, a recusa do suposto pai a
submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum (relativa) de paternidade).
CAPÍTULO IV
DO PODER FAMILIAR
1- CONCEITO E CARACTERÍSTICAS
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Atenção!!! Dispõe o art. 1.630 do CC que os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto
menores. Este dispositivo abrange os filhos menores não emancipados.
O art. 1.634 do CC enumera os direitos e deveres que incumbem aos pais, referentes
às pessoas dos filhos menores.
Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação
conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto
aos filhos: (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
I - dirigir-lhes a criação e a educação; (Redação dada pela Lei nº
13.058, de 2014)
II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art.
1.584; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para
casarem; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao
exterior; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua
residência permanente para outro Município; (Redação dada pela Lei
nº 13.058, de 2014)
VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o
outro dos pais não lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o
poder familiar; (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014)
VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis)
anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que
forem partes, suprindo-lhes o consentimento; (Redação dada pela Lei
nº 13.058, de 2014)
VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; (Incluído pela Lei
nº 13.058, de 2014)
IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios
de sua idade e condição. (Incluído pela Lei nº 13.058, de 2014)
A perda do poder familiar não desobriga os pais do dever de sustentar os filhos, sendo-
lhes devidos alimentos ainda que estejam em poder da mãe, em condição de mantê-los.
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
Os pais, em igualdade de condição, são os administradores legais dos bens dos filhos
menores sob sua autoridade. Não podem, porém, praticar atos que ultrapassem os limites da
simples administração. Para ALIENAR ou GRAVAR DE ÔNUS REAIS os bens imóveis
dos filhos menores precisam obter autorização judicial (art. 1.691 do CC), mediante a
demonstração de necessidade, ou evidente interesse da prole. Se a venda se efetivar sem
autorização judicial, padecerá de nulidade, porém relativa, pois só poderá ser oposta pelo
próprio filho, seus herdeiros, ou representante legal.
Aos pais pertence o usufruto, as rendas dos bens dos filhos menores, como uma
compensação dos encargos decorrentes da sua criação e educação.
3.1 EXTINÇÃO
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:
I - castigar imoderadamente o filho;
II - deixar o filho em abandono;
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente (causas
de suspensão do poder familiar).
V - entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção.
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele
que: (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018)
I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar:
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A suspensão do poder familiar constitui sanção aplicada aos pais pelo juiz, não tanto
com intuito punitivo, mas para proteger o menor. É temporária, perdurando somente até
quando se mostre necessária. Desaparecendo a causa, pode o pai, ou a mãe, recuperar o poder
familiar. É facultativa e pode referir-se somente a determinado filho.
Obs.: O Código Penal prevê a incapacidade (perda) para o exercício do poder familiar
como efeito da condenação nos crimes dolosos sujeitos à reclusão cometidos contra outrem
igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou
contra tutelado ou curatelado (art. 92, II, do CP, com redação dada pela Lei 13.715/18).
A perda do poder familiar tem como característica o fato de ser permanente, pois os
pais só podem recuperá-lo em procedimento judicial, de caráter contencioso, desde que
comprovem a cessação das causas que determinaram. É imperativa e não facultativa.
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
TÍTULO II
DO DIREITO PATRIMONIAL
SUBTÍTULO I
DO REGIME DE BENS ENTRE OS CÔNJUGES
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1- PRINCÍPIOS BÁSICOS
O regime matrimonial de bens pode ser conceituado como sendo o conjunto de regras
de ordem privada relacionadas com interesses patrimoniais ou econômicos resultantes da
entidade familiar.
a) Irrevogabilidade
b) Variedade de regimes
c) Livre estipulação
Art. 1639
§ 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização
judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência
das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.
b) VARIEDADE de regimes
A lei põe à disposição dos nubentes quatro regimes de bens. As partes podem ainda
criar um regime de bens diferente para adoção no caso concreto.
c) LIVRE ESTIPULAÇÃO
O caput do art. 1.639 do CC diz que é lícito aos nubentes, antes do casamento,
estipular o que quiserem quanto aos bens.
Assim, as partes podem livremente adotar qualquer regime que quiserem ou combinar
o regime de bens entre si, criando regime diferente.
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
IMPORTANTE: A proteção matrimonial conferida pelo art. 1.641, II, do Código Civil de
2002, não deve ser aplicada quando o casamento for precedido de união estável que se iniciou
quando os cônjuges eram menores de 70 anos. STJ. 4ª Turma. REsp 1318281-PE, Rel. Min.
Maria Isabel Gallotti, julgado em 1/12/2016 (Info 595).
IMPORTANTE!!! Se não for feita a escolha quanto ao regime de bens ou se a escolha for
nula ou ineficaz, valerá o regime de comunhão parcial de bens que é o regime supletivo
(art. 1.640 do CC).
O art. 1.642 do CC dispõe sobre o que o marido e a mulher podem fazer livremente,
sem a anuência do outro:
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
outro, comprar, ainda que a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica e contrair
empréstimo para obter tais coisas.
Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de autorização um do
outro:
I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica;
II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas (coisas
necessárias à economia doméstica) possa exigir.
O art. 1.647 do CC, por sua vez, estabelece os atos que um cônjuge só pode fazer com
a autorização do outro.
Se tais atos forem praticados por um cônjuge sem a anuência do outro ou suprimento
judicial, tornar-se-ão anuláveis.
Nesse caso, ao ser anulado o negócio jurídico praticado por um cônjuge sem a
anuência do outro, o terceiro prejudicado tem ação regressiva contra o cônjuge que o
prejudicou, ou seus herdeiros.
Obs.: Se o outro cônjuge se negar, sem justo motivo, a dar a anuência à prática dos atos
previstos no art. 1.647 do CC, ou lhe seja impossível anuir (está em coma, p.ex.), cabe ao juiz
suprir-lhe a vontade (art. 1.648 do CC).
Atenção!!! Pablo Stolze chama atenção para a supressio/surrectio que pode existir nesses
casos.
O ato é apenas anulável, não nulo, podendo ser validado pela posterior autorização,
que pode ser dada por instrumento público ou particular (art. 1.649, parágrafo único, do CC).
Os atos que nenhum dos cônjuges pode fazer sem a autorização do outro, EXCETO
no regime de separação absoluta de bens são:
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
Justifica-se pelo fato de os bens imóveis serem bens de raiz, que se destinam à
segurança da família. Por isso, ambos os cônjuges devem ser ouvidos a respeito da
conveniência ou não de alienar esse bem.
O verbo alienar tem sentido amplo e abrange todas as formas de transferência do bem
de um patrimônio para outro: venda, doação, permuta, dação em pagamento etc.
Para demandar sobre direito real sobre bens imóveis no polo ativo, um cônjuge
depende da AUTORIZAÇÃO do outro (salvo no regime da separação absoluta). Ensina
Fredie Didier que não se trata de um litisconsórcio ativo necessário (figura cuja existência
é rechaçada pela doutrina majoritária), bastando a autorização para demandar.
Essa necessidade se justifica porque o julgamento da ação pode levar à perda do bem
imóvel.
IMPORTANTE!!! A ação anulatória cabe ao cônjuge que não consentiu. Porém, mesmo que
esse não proponha a ação, poderá opor embargos de terceiro para excluir os bens de sua
meação de eventual penhora, pois somente as dívidas que guardem relação com a
economia doméstica obrigam solidariamente os cônjuges.
IMPORTANTE: O art. 1.647, III, do Código Civil de 2002 previu que uma pessoa casada
somente pode prestar aval se houver autorização do seu cônjuge (exceção: se o regime de
bens for da separação absoluta). Essa norma exige uma interpretação razoável e restritiva, sob
pena de descaracterizar o aval como instituto cambiário. Diante disso, o STJ afirmou que esse
art. 1.647, III, do CC somente é aplicado para os títulos de créditos inominados, considerando
que eles são regidos pelo Código Civil. Por outro lado, os títulos de créditos nominados
(típicos), que são regidos por leis especiais, não precisam obedecer a regra do art. 1.647,
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
III, do CC. Em suma, o aval dado aos títulos de créditos nominados (típicos) prescinde de
outorga uxória ou marital. Exemplos de títulos de créditos nominados: letra de câmbio, nota
promissória, cheque, duplicata, cédulas e notas de crédito. STJ. 3ª Turma. REsp 1526560-
MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 16/3/2017 (Info 604). STJ. 4ª Turma.
REsp 1633399-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 10/11/2016.
IV- Fazer doação, NÃO sendo remuneratória, de bens comuns ou dos que possam
integrar futura meação
Tal proibição se aplica aos bens móveis, porque os imóveis já estão abrangidos pelo
inciso I do art.1.647 do CC. A doação remuneratória é permitida mesmo sem a anuência
do outro cônjuge. Doação remuneratória é aquela que representa o pagamento de um serviço
prestado pelo donatário.
3- PACTO ANTENUPCIAL
A escolha do regime de bens é feita no pacto antenupcial. Se este não for feito, ou for
nulo ou ineficaz, vigorará o regime da comunhão parcial de bens (regime supletivo).
O art. 1.655 do CC dispõe que é nula a convenção ou cláusula que constar no pacto
que conflite com disposição absoluta de lei, ou seja, que colida com normas de ordem pública.
Para valer contra terceiros, o pacto deve ser registrado no Registro de Imóveis do
domicílio dos cônjuges. Caso contrário, só valerá entre as partes, ficando, com relação a
terceiros, como se não existisse pacto, valendo para eles o regime de comunhão parcial (art.
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
1.657 do CC).
O regime da separação legal é imposto para resguardar interesses de terceiros (no caso
de violação a causa suspensiva) ou de um dos nubentes, protegendo-o de eventuais
aventureiros que objetivam apenas vantagens patrimoniais.
b) Pessoas maiores que 70 anos: tem a intenção de proteger idosos de aventureiras(os) que
só pretendem lograr vantagens financeiras. A doutrina sustenta, porém, que a referida
restrição é incompatível com as cláusulas constitucionais de tutela da dignidade da pessoa
humana, da igualdade jurídica e da intimidade.
IMPORTANTE: Se a pessoa inicia uma união estável possuindo mais de 70 anos, o regime
patrimonial que irá regular essa relação é o da separação obrigatória de bens (art. 1.641, II, do
CC). Apesar disso, se, durante essa relação, um dos companheiros ganhar na loteria, o valor
do prêmio integra a massa de bens comuns do casal (art. 1.660, II, do CC), de forma que
pertence a ambos. Assim, havendo dissolução da união estável, o valor desse prêmio deverá
ser partilhado igualmente entre os consortes. Em suma, o prêmio de loteria, recebido por ex-
companheiro septuagenário durante a relação de união estável, deve ser objeto de meação
entre o casal em caso de dissolução do relacionamento. STJ. 4ª Turma. REsp 1689152-SC,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 24/10/2017 (Info 616).
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
constância do casamento, com exceção dos incomunicáveis), gerando três massas de bens: os
do marido, os da mulher e os comuns.
Os bens comuns respondem pelas dívidas contraídas pelo marido ou pela mulher para
atender aos encargos da família, às despesas de administração e as decorrentes de imposição
legal (art. 1.664 do CC).
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
cônjuges, bem como as dívidas posteriores ao casamento, com exceção daqueles bens
excluídos da comunhão pela lei ou pela vontade das partes.
Os bens excluídos da comunhão estão elencados no art. 1.668 do CC. São eles:
Obs.: Valem as mesmas observações para as letras “e” e “f” feitas ao tratar dos bens
incomunicáveis na comunhão parcial.
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Art. 1.673. Integram o patrimônio próprio os bens que cada cônjuge possuía
ao casar e os por ele adquiridos, a qualquer título, na constância do
casamento.
Parágrafo único. A administração desses bens é exclusiva de cada cônjuge,
que os poderá livremente alienar, se forem móveis.
Pelas dívidas anteriores ao casamento, contraídas por um dos cônjuges, somente este
que contraiu responde, a não ser que reste provado que se reverteu em benefício comum.
IMPORTANTE!!! De acordo com o art. 1.682 do CC, o direito a meação não é renunciável,
cessível ou penhorável na vigência do regime matrimonial.
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SUBTÍTULO III
DOS ALIMENTOS
1- CLASSIFICAÇÃO
Quanto à natureza
a) Legais/legítimos: são os que decorrem de uma imposição legal, por conta do parentesco,
casamento, união estável etc.
b) Voluntários: são os que advêm da liberalidade manifestada por ato inter vivos ou causa
mortis (legado de alimentos). Pertencem ao direito das obrigações.
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
c) Provisionais: estipulados em outras ações que não seguem o rito especial mencionado
(previsto na Lei de Alimentos). Visam manter a parte que os pleiteia no curso da lide. São
fixados por meio de antecipação de tutela ou em liminar concedida em medida cautelar de
separação de corpos ou em ações em que não há a mencionada prova pré-constituída (caso da
investigação de paternidade). Estão previstos no art. 1.706 do CC.
IMPORTANTE!!! Seja com base na lei especial, seja com base no CPC, os alimentos, uma
vez deferidos, retroagem à data da citação (art. 13, §2º da lei nº 5.478/68).
Quanto ao momento
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
e financeiro oriundo da ruptura do liame conjugal. Não deve ter duração ilimitada no tempo.
Uma vez desfeitas as desvantagens sociais e reparado o desequilíbrio financeiro provocado
pela ruptura da união conjugal, devem cessar.
Obs.: A Lei Maria da Penha prevê que o Juiz de Família poderá, quando necessário, sem
prejuízo de outras medidas protetivas de urgência, aplicar ao agressor a prestação de
alimentos provisionais ou provisórios.
IMPORTANTE!!! É importante ressaltar que entre pais e filhos menores existe o dever de
sustento inserido no plexo do poder familiar, e entre cônjuges ou companheiros existe dever
de mútua assistência.
Obs.: Os alimentos são transmissíveis (art. 1.700 do CC), passando a obrigação aos
herdeiros do alimentante nos limites dos quinhões hereditários.
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
Obs.: É certo que, apesar de o art. 1.698 do CC se valer da expressão “chamadas a integrar a
lide” a hipótese não trata de chamamento ao processo, já que chamamento pressupõe
obrigação solidária, o que não é o caso.
Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver
em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a
concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar
alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e,
intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a
lide.
b) Incessível: dada a sua natureza jurídica e o fato de ser personalíssimo e objetivar o próprio
sustento do alimentado, a obrigação alimentar não pode ser alvo de cessão de crédito (art.
1.707).
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o
direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão,
compensação ou penhora.
O STJ NÃO admite que os valores pagos a mais sejam compensados com as
prestações vincendas:
Em julho e agosto, Rui pagou 4 mil reais em cada mês e, posteriormente, esse valor foi
reduzido para 1 mil reais mensais. Ele poderá pedir de volta esses 6 mil reais que pagou a
mais para Gabriel (seu filho) (3 mil a mais em cada mês)? NÃO. A decisão na revisão de
alimentos é RETROATIVA, no entanto, os valores adimplidos são irrepetíveis, ou seja,
as parcelas que já foram pagas não podem ser pedidas de volta. Isso porque o direito
presume, de forma absoluta (presunção jure et de jure), que as quantias recebidas a título de
alimentos foram utilizadas para o sustento da pessoa, isto é, foram efetivamente consumidas,
não sendo, portanto, legítimo que o beneficiário seja obrigado a devolver por conta de uma
decisão posterior.
Rui poderá utilizar esse valor pago a mais (6 mil reais) como crédito e compensá-los
(abatê-los) das prestações futuras? NÃO. A decisão na revisão de alimentos é
RETROATIVA, no entanto, mesmo que isso gere um “crédito” em favor do alimentante, ele
não poderá utilizar esse saldo positivo para abater (fazer a compensação) dos valores que ele
ainda tem que pagar. Em outras palavras, ele não pode compensar o excesso do que foi
pago com prestações vincendas.
Se existe uma decisão determinando que o pai/devedor pague pensão alimentícia para o
seu filho e este pai ajuíza uma ação de exoneração ou redução dos alimentos, o simples
fato de ter sido proposta a demanda já faz com que fique suspensa a sua obrigação? NÃO.
O ajuizamento de ação pleiteando exoneração/revisão de alimentos não exime o devedor
de continuar a prestá-los até o trânsito em julgado da decisão que modifica o valor da
prestação alimentar ou exonerá-lo do encargo alimentar (art. 13, § 3º, da Lei n.
5.478/1968).
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
h) Irrepetível: os alimentos são destinados a serem consumidos. Assim, uma vez pagos a
qualquer título (provisórios, provisionais ou definitivos) não são restituíveis, justamente
porque o alimentando já os consumiu.
IMPORTANTE!!! A irrenunciabilidade é reforçada pela súmula 379 do STF que reza que
“no acordo de desquite não se admite renúncia aos alimentos, que poderão ser pleiteados
ulteriormente, verificados os pressupostos legais”. Há polêmica sobre a superação dessa
súmula. Porém, no âmbito do STJ, vêm prevalecendo entendimento diverso: “São
irrenunciáveis os alimentos devidos na constância do vínculo familiar (art. 1.707 do
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
CC/2002). Não obstante considere-se válida e eficaz a renúncia manifestada por ocasião de
acordo de separação judicial ou de divórcio, nos termos da reiterada jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça, não pode ser admitida enquanto perdurar a união estável.
(REsp 1178233/RJ, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em
06/11/2014, DJe 09/12/2014)”. O professor Márcio do Dizer o Direito entende que a Súmula
379 do STF encontra-se superada.
a) Relação de parentesco
b) Necessidade de quem pleiteia
c) Possibilidade do obrigado
Só é possível reclamar alimentos, assim, o parente que não tem recursos próprios
nem possibilidade de obtê-los por seus próprios meios (por enfermidade, idade tenra ou
avançada...).
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem
bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria
mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque
do necessário ao seu sustento.
Não importa a causa que levou o alimentando a essa situação de necessidade, tendo
direito aos alimentos mesmo que seja culpado por ela (nesse caso, só aos alimentos
estritamente necessários).
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
O quantum será fixado de acordo com um juízo de proporcionalidade feito pelo juiz,
que levará em conta o binômio necessidade/possibilidade.
Obs.: Súmula 358 STJ: o cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a
maioridade ESTÁ SUJEITO À DECISÃO JUDICIAL , mediante contraditório, ainda que
nos próprios autos.
O dever de sustento pesa somente sobre os pais, não se estendendo aos outros
ascendentes. E não é recíproco, ao contrário da obrigação alimentar do art. 1.694 do CC, que
se dá entre todos os ascendentes e descendentes.
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
Alimentos gravídicos
Mesmo antes da lei que deu o direito de a mulher grávida pleitear alimentos ao
suposto pai, a melhor doutrina já se mostrava favorável à tese de que são devidos alimentos
ao nascituro.
Diz Carlos Roberto Gonçalves que, como o direito aos alimentos tem afinidade com o
direito à vida, direito fundamental garantido pela CF, são devidos alimentos ao nascituro.
Obs.: Lembrar-se da corrente que diz que os direitos personalíssimos nascem com a
concepção e os direitos patrimoniais nascem com o nascimento com vida (Teoria da
Personalidade Formal ou Condicional).
a) alimentação especial,
b) assistência médica e psicológica,
c) exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições
preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico.
Não quer dizer que todas essas despesas devem ser custeadas somente pelo futuro pai.
Na realidade, elas devem ser divididas entre futuro pai e futura mãe, na proporção de seus
ganhos.
IMPORTANTE: A ação de alimentos gravídicos não se extingue ou perde seu objeto com o
nascimento da criança, pois os referidos alimentos ficam convertidos em pensão alimentícia
até eventual ação revisional em que se solicite a exoneração, redução ou majoração de seu
valor ou até mesmo eventual resultado em ação de investigação ou negatória de paternidade.
STJ. 3ª Turma. REsp 1629423-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 6/6/2017
(Info 606).
Pessoas obrigadas
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
1- Ascendentes: o primeiro a quem se deve recorrer são aos pais. Na falta dos pais, aos avós e
assim por diante.
3- Irmãos: na falta desses, a obrigação recairá sobre irmão (é o único colateral obrigado).
IMPORTANTE!!! Se quem pleiteia é casado, antes de pedir alimentos aos parentes, deve
pedi-los ao cônjuge, em decorrência do dever de mútua assistência.
IMPORTANTE: Obrigação alimentar extinta, mas mantida por longo período de tempo por
mera liberalidade do alimentante, não pode ser perpetuada com fundamento no instituto da
surrectio. STJ. 3ª Turma. REsp 1789667-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Rel. Acd.
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/08/2019 (Info 654). O dever de prestar
alimentos entre ex-cônjuges ou companheiros é regra excepcional que desafia interpretação
restritiva.
O cônjuge culpado também tem direito a alimentos a serem prestados pelo outro
consorte, desde que presentes os seguintes requisitos:
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
1704.
Parágrafo único. Se o CÔNJUGE DECLARADO CULPADO vier a
necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-los,
nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los,
fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência.
A ação de alimentos, de rito especial previsto pela Lei nº 5.478/68, só pode ser
manejada por quem apresente prova pré-constituída do parentesco (ex.: certidão de
nascimento, sentença de investigação de paternidade) ou prova pré-constituída da
obrigação alimentar (ex.: certidão de casamento, que comprova o dever de mútua
assistência).
Obs.: Quem não possuir essas provas, deverá ajuizar uma ação ordinária.
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
Conclusão!!! Em qualquer caso, os alimentos provisórios são devidos até o final da ação (seja
a sentença de primeiro grau procedente, seja improcedente).
O art. 24 da lei de alimentos prevê uma hipótese rara: é possível que o devedor de
alimentos informe ao juiz os seus rendimentos e promova a citação dos credores para que
compareçam em juízo a fim de que sejam fixados os alimentos.
a) Execução por quantia certa: é a mais demorada das modalidades. Normalmente se opta
por esta forma de execução quando mesmo após cumprir a pena de prisão, o devedor não
paga. Uma vez penhorados os bens do devedor, incabível pleitear concomitantemente a
prisão.
d) Prisão civil: quando todos os outros meios executórios se mostrarem inviáveis, o juiz
intimará o devedor para que pague em três dias, sob pena de prisão civil.
Obs.: A única medida que vem depois da prisão é a execução por quantia certa.
A prisão civil do devedor de alimentos não tem caráter de pena, mas sim de meio
coercitivo de execução indireta. Assim, a prisão é imediatamente revogada quando o sujeito
pagar, já que a finalidade da medida terá sido cumprida.
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
Se restar provado que o devedor não tem condições de pagar, não poderá ser
decretada a prisão, que só é cabível nos casos de descumprimento VOLUNTÁRIO e
INESCUSÁVEL da obrigação alimentícia.
IMPORTANTE!!! O juiz não pode, de ofício, determinar a prisão por dívida alimentícia.
Para tanto é necessário requerimento da parte (jurisprudência PACÍFICA).
Atenção!!! Súmula 594-STJ: O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação
de alimentos em proveito de criança ou adolescente independentemente do exercício do poder
familiar dos pais, ou do fato de o menor se encontrar nas situações de risco descritas no
artigo 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou de quaisquer outros questionamentos
acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca. STJ. 2ª Seção.
Aprovada em 25/10/2017, DJe 06/11/2017.
Uma vez cumprida a pena de prisão, o alimentante não poderá ser preso pelas
mesmas parcelas.
Cumprida a pena de prisão, o devedor não poderá ser novamente preso pelo não
pagamento das mesmas prestações vencidas, mas poderá sê-lo outras vezes mais, se não
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Obs.: A quitação parcial não fulmina a dívida , não tendo o condão de revogar o decreto
prisional.
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TÍTULO III
DA UNIÃO ESTÁVEL
Requisitos
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
IMPORTANTE: O Código Civil definiu a união estável como entidade familiar entre o
homem e a mulher, “configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida
com o objetivo de constituição de família” (art. 1.723). Em relação à exigência de estabilidade
para configuração da união estável, apesar de não haver previsão de um prazo mínimo, exige
a norma que a convivência seja duradoura, em período suficiente a demonstrar a intenção de
constituir família, permitindo que se dividam alegrias e tristezas, que se compartilhem
dificuldades e projetos de vida, sendo necessário um tempo razoável de relacionamento. No
caso concreto, o STJ afirmou que não havia união estável. Isso porque o relacionamento do
casal teve um tempo muito exíguo de duração. Foram apenas dois meses de namoro, sendo
duas semanas em coabitação, período que não permite a configuração da estabilidade
necessária para o reconhecimento da união estável. STJ. 4ª Turma. REsp 1761887/MS, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 06/08/2019.
Regime de bens
IMPORTANTE: É válido, desde que escrito, o pacto de convivência formulado pelo casal no
qual se opta pela adoção da regulação patrimonial da futura relação como símil (igual) ao
regime de comunhão universal, ainda que não tenha sido feito por meio de escritura pública.
Em outras palavras, um casal que vive (ou viverá) em união estável pode celebrar
contrato de convivência dizendo que aquela relação será regida por um regime de bens
igual ao regime da comunhão universal. Esse contrato, para ser válido, precisa ser feito
por escrito, mas não é necessário que seja realizado por escritura pública. STJ. 3ª Turma.
REsp 1459597-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 1/12/2016 (Info 595).
IMPORTANTE: ANTES da Lei 9.278/96, quando chegava ao fim uma união estável, cada
companheiro somente teria direito aos bens sobre os quais contribuiu para a formação do
patrimônio comum. Não havia presunção legal de esforço comum para a partilha de bens. Ao
término do relacionamento, os bens amealhados no período eram divididos
proporcionalmente ao esforço comprovado, direto ou indireto, de cada convivente. Ainda
vigorava, em parte, o raciocínio da súmula 380 do STF quanto à necessidade de provar o
esforço comum. DEPOIS da Lei 9.278/96, foi criada uma presunção legal de comunhão dos
bens adquiridos a título oneroso durante a união estável. Quando há a dissolução da união
estável, para que o(a) companheiro(a) tenha direito aos bens adquiridos durante a relação,
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
ele(a) não precisará provar que contribuiu para a aquisição. Com a edição desta, os bens a
partir de então adquiridos por pessoas em união estável passaram a pertencer a ambos em
meação, salvo se houver estipulação em sentido contrário ou se a aquisição patrimonial
decorrer do produto de bens anteriores ao início da união. Ficou superada a súmula 380 do
STF. Imagine que uma união estável tenha começado em 1990 e terminado em 2000. Somente
o homem trabalhava. Em 1995, ele comprou dois apartamentos. Em 1999, adquiriu uma casa
e um sítio. Em 2000, chegou ao fim a união. As regras da Lei 9.278/96 poderão ser aplicadas
para todos os bens adquiridos durante a união (dois apartamentos, uma casa e um sítio)?
Presume-se que a mulher tenha direito aos dois apartamentos, à casa e ao sítio? NÃO. Os bens
adquiridos anteriormente à Lei 9.278/96 têm a propriedade — e, consequentemente, a partilha
ao fim da união — disciplinada pelo ordenamento jurídico vigente quando da respectiva
aquisição. Assim, tem-se o seguinte: Quanto aos bens adquiridos antes da Lei 9.278/96 (dois
apartamentos): aplica-se o regime da prova do esforço comum (Súmula 380 do STF). Quanto
aos bens adquiridos após a Lei 9.278/96 (casa e sítio): aplica-se a presunção legal de que a
mulher tem direito à meação dos bens, independentemente de prova do esforço comum. STJ.
2ª Seção. REsp 1124859-MG, Rel. originário Min. Luis Felipe Salomão, Rel. para acórdão
Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 26/11/2014 (Info 556).
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Leopoldo Martins Moreira Neto e William Bossaneli Araujo – atualizado por Carlos Eduardo da Silva Limonge - maio de 2020
TÍTULO IV
DA TUTELA E DA CURATELA
CAPÍTULO I
DA TUTELA
1- CONCEITO
Tutela é o encargo conferido por lei a uma pessoa capaz, para cuidar da pessoa do
menor e administrar seus bens. Destina-se a suprir a falta do poder familiar. Constitui um
sucedâneo do poder familiar e é incompatível com este. Se os pais ainda se encontrarem com
o poder familiar, só se admitirá a nomeação de tutor depois que os pais forem destituídos de
tal encargo. É considerado um múnus público e é obrigatório, salvo nos casos dos arts. 1.736
e 1.737 do CC.
Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela:
I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes;
II - em caso de os pais decaírem do poder familiar.
2- ESPÉCIES
Obs.: A tutela de fato (ou irregular) dá-se quando uma pessoa passa a zelar pelo menor e por
seus bens, sem ter sido nomeada. A tutela ad hoc, também chamada de tutela especial ou
provisória, ocorre quando uma pessoa é nomeada tutora para a prática de determinado ato,
sem destituição dos pais para o poder familiar. Também se denomina tutor ad hoc o curador
especial nomeado pelo juiz quando os interesses do incapaz colidirem com o do tutor.
a) Tutela testamentária: Atribui direito de nomear tutor somente aos pais em conjunto. Não
há prevalência de um sobre o outro. Só se admite a nomeação feita por apenas um deles se o
outro for falecido. A nomeação é feita por testamento ou outro documento autêntico, como
codicilo, escritura pública ou outro documento particular. Só podem nomear tutor os pais que
no momento da sua morte detinham o poder familiar.
Obs.: Mesmo feita por instrumento particular, a nomeação não deixa de ser testamentária, pois
somente irá produzir efeitos após a morte do nomeante.
b) Tutela legítima: não havendo nomeação por testamento ou outro documento autêntico,
incumbe a tutela aos parentes consanguíneos do menor, sendo chamada esta tutela de
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legítima.
O art. 1.731 do CC nomeia os parentes que devem ser nomeados pelo juiz em ordem
preferencial.
Art. 1.731. Em falta de tutor nomeado pelos pais incumbe a tutela aos
parentes consanguíneos do menor, por esta ordem:
I - aos ascendentes, preferindo o de grau mais próximo ao mais remoto;
II - aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos mais
remotos, e, no mesmo grau, os mais velhos aos mais moços; em qualquer dos
casos, o juiz escolherá entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefício
do menor.
Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a
exerçam:
I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens;
II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem
constituídos em obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer
direitos contra este, e aqueles cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda
contra o menor;
III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes
expressamente excluídos da tutela;
IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a
família ou os costumes, tenham ou não cumprido pena;
V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas
de abuso em tutorias anteriores;
VI - aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa
administração da tutela.
Art. 1.737. Quem não for parente do menor não poderá ser obrigado a aceitar
a tutela, se houver no lugar parente idôneo, consangüíneo ou afim, em
condições de exercê-la.
5- GARANTIA DA TUTELA
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6- EXERCÍCIO DA TUTELA
O exercício da tutela assemelha-se ao do poder familiar, mas não se lhe equipara, pois
sofre algumas limitações, sendo ainda sujeita e inspeção judicial.
O tutor é obrigado a prestar balanços anuais e prestar contas em juízo, sob forma
contábil, de dois em dois anos, de sua administração.
Responde o tutor pelos prejuízos que, por culpa, ou dolo, causar ao pupilo, mas tem
direito a ser pago pelo que realmente despender no exercício da tutela e, salvo no caso do art.
1.734 do CC (tutela do menor abandonado do ECA), receber uma remuneração proporcional a
importância dos bens administrados.
7- CESSAÇÃO DA TUTELA
Em relação ao menor:
Art. 1.763. Cessa a condição de tutelado:
I - com a maioridade ou a emancipação do menor;
II - ao cair o menor sob o poder familiar, no caso de reconhecimento ou
adoção.
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CAPÍTULO II
DA CURATELA
1- CONCEITO
Curatela é o encargo definido por lei a alguém capaz para reger a pessoa e
administrar os bens de quem, não pode fazê-lo por si mesmo. Assemelha-se a tutela por seu
caráter assistencial, destinando-se igualmente a proteção dos incapazes.
b) A tutela pode ser testamentária com nomeação de tutor pelos pais; a curatela é SEMPRE
deferida pelo juiz.
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Obs.: O nosso ordenamento não admite os chamados intervalos lúcidos. Os atos praticados
pelo incapaz serão sempre NULOS, ainda que no momento aparentasse alguma lucidez.
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos
de natureza patrimonial e negocial.
§ 1o A definição da curatela não alcança o direito ao próprio corpo, à
sexualidade, ao matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao
trabalho e ao voto.
§ 2o A curatela constitui medida extraordinária, devendo constar da
sentença as razões e motivações de sua definição, preservados os
interesses do curatelado.
§ 3o No caso de pessoa em situação de institucionalização, ao nomear
curador, o juiz deve dar preferência a pessoa que tenha vínculo de
natureza familiar, afetiva ou comunitária com o curatelado.
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