DIREITO DE FAMÍLIA disposições constitucionais sobre a família, incluindo o
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990, e o
FAMÍLIA ANTES E APÓS A CONSTITUÍÇÃO DE 1988 Código Civil de 2002, que substituiu o de 1916, A compreensão do conceito de família e sua evolução consolidando as mudanças iniciadas pela Constituição. legal no Brasil, especialmente antes e após a Constituição Reconhecimento de Uniões Estáveis: A jurisprudência Federal de 1988, oferece um panorama rico sobre as brasileira evoluiu para reconhecer as uniões estáveis entre transformações sociais, culturais e legais no país. Vamos pessoas do mesmo sexo como entidades familiares, explorar essa evolução em detalhes para compreender culminando na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) melhor como a visão de família foi moldada e remodelada em 2011 que reconheceu a união homoafetiva como ao longo do tempo. entidade familiar. Desafios Contemporâneos: A evolução do conceito de Antes da Constituição Federal de 1988 família no Brasil continua a enfrentar desafios, incluindo Contexto Histórico e Legal questões relacionadas à adoção por casais homoafetivos, Código Civil de 1916: Antes da Constituição de 1988, o a violência doméstica, e a garantia de direitos em famílias Brasil era regido, em matéria de direito de família, pelo recompostas e monoparentais. Código Civil de 1916. Este Código estabelecia uma visão Conclusão tradicional de família, centrada no casamento entre A transformação do conceito de família no Brasil, homem e mulher, com papéis familiares bem definidos, especialmente após a Constituição Federal de 1988, onde o homem era o provedor e detinha a autoridade, e a reflete mudanças profundas na sociedade brasileira. A mulher tinha como papel principal o cuidado com a casa e nova visão de família é mais inclusiva e baseada na a educação dos filhos. igualdade de direitos e deveres entre seus membros, Hierarquia Familiar: O Código de 1916 refletia a visão reconhecendo a diversidade das formações familiares. patriarcal da sociedade, onde o poder familiar era Essa evolução legal e social reafirma a família como base exercido exclusivamente pelo marido/pai. fundamental da sociedade, merecedora de proteção - Famílias fora do Casamento: As relações familiares fora especial do Estado, ao mesmo tempo em que desafia do casamento eram marginalizadas. Filhos nascidos fora continuamente o Direito e a sociedade a se adaptarem às do casamento eram chamados "ilegítimos" e tinham novas realidades familiares. menos direitos em comparação com os "legítimos". CASAMENTO Após a Constituição Federal de 1988 O casamento, segundo a legislação brasileira, é uma Mudanças Fundamentais instituição complexa que envolve aspectos jurídicos, Igualdade entre os cônjuges: A Constituição de 1988 sociais e pessoais. Para uma compreensão abrangente, estabeleceu a igualdade entre os cônjuges, abolindo a vamos explorar os principais pontos, dividindo-os em ideia de que o homem seria o chefe da família. Essa categorias: conceitos básicos, capacidade para o mudança refletiu uma transformação significativa na casamento, regime de bens, celebração, efeitos jurídicos e estrutura familiar, reconhecendo ambos os pais como dissolução. iguais perante a lei. Conceitos Básicos Diversidade de Formações Familiares: A nova O casamento é definido pelo Código Civil Brasileiro (Lei Constituição ampliou a definição de família, reconhecendo nº 10.406/2002) como uma união estável entre duas que ela pode ser formada por qualquer união estável pessoas, configurada na comunhão plena de vida, com o entre duas pessoas, além do casamento formal. Isso abriu objetivo de constituir família. Reconhece-se o casamento caminho para o reconhecimento legal de famílias civil e, para efeitos civis, o religioso que atenda aos homoafetivas em jurisprudências subsequentes. requisitos da lei. Proteção Integral da Família: O texto constitucional de Capacidade para o Casamento 1988 destaca a família como base da sociedade, Para casar-se no Brasil, é necessário ter mais de 18 merecedora de especial proteção do Estado. Isso inclui a anos ou, para menores de 16 a 18 anos, contar com proteção à maternidade, à infância, à adolescência, e aos autorização dos pais ou representantes legais. Não podem idosos. casar-se aqueles que já são casados, os ascendentes com Direitos dos Filhos: Eliminou-se a distinção entre filhos os descendentes, seja o parentesco natural ou civil, e os "legítimos" e "ilegítimos", garantindo os mesmos direitos afins em linha reta, entre outros impedimentos previstos e qualificações a todos os filhos, independentemente da em lei. natureza da união de seus pais. Regime de Bens Impactos Legais e Sociais No ato do casamento, os noivos devem escolher o Legislação Subsequente: Após 1988, diversas leis regime de bens, que vai reger as questões patrimoniais foram promulgadas para regulamentar as novas durante o matrimônio. As opções são: a) Comunhão Parcial de Bens: os bens adquiridos Princípio da Igualdade entre os Cônjuges após o casamento são compartilhados. A Constituição Federal, em seu artigo 226, § 5º, b) Comunhão Universal de Bens: todos os bens, estabelece que os direitos e deveres referentes à presentes e futuros, dos cônjuges são compartilhados. sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem c) Separação Total de Bens: cada cônjuge mantém o e pela mulher. Isso significa que, no casamento, ambos controle e a propriedade de seus bens. têm o mesmo poder de decisão e de gestão da vida d) Participação Final nos Aquestos: combina familiar, devendo sempre agir em conjunto e com respeito elementos da separação e da comunhão parcial. mútuo. Celebração do Casamento Princípio da Liberdade O processo para a celebração do casamento inicia-se No Brasil, o casamento é baseado no princípio da com o pedido de habilitação, que deve ser feito no liberdade, o que significa que ninguém pode ser obrigado cartório do Registro Civil. Após a verificação dos a casar-se contra sua vontade. Além disso, esse princípio documentos e o cumprimento dos requisitos legais, também se aplica à escolha do regime de bens e à decisão publica-se os proclamas. Se não houver impedimentos, o de dissolução do casamento, seja por divórcio ou por casamento pode ser realizado. anulação. Efeitos Jurídicos do Casamento Princípio da Monogamia O casamento altera o estado civil dos noivos e cria uma O sistema jurídico brasileiro adota o princípio da série de direitos e deveres, como: monogamia, proibindo que uma pessoa seja casada com a) Fidelidade recíproca. mais de uma pessoa ao mesmo tempo. A bigamia é b) Vida em comum no domicílio conjugal. considerada crime pelo Código Penal Brasileiro. c) Mútua assistência. Princípio da Solenidade d) Sustento, guarda e educação dos filhos. O casamento no Brasil requer o cumprimento de certas e) Direito sucessório entre os cônjuges. formalidades para sua validade, como a habilitação Dissolução do Casamento perante o oficial do Registro Civil, a realização de uma O casamento pode ser dissolvido pelo divórcio, que cerimônia civil (ou religiosa com efeitos civis) e a inscrição extingue o vínculo matrimonial, permitindo aos ex- do ato no Registro Civil. Essas formalidades visam garantir cônjuges casarem-se novamente. O divórcio pode ser a publicidade, autenticidade e segurança jurídica do ato. judicial ou extrajudicial (em cartório), este último somente Princípio da Dissolubilidade se o casal não tiver filhos menores ou incapazes e houver Desde a Emenda Constitucional nº 66, de 2010, o consenso sobre a separação. divórcio no Brasil tornou-se direto, eliminando a Conclusão necessidade de prévia separação judicial por mais de um O casamento no Brasil é uma instituição que envolve ano ou de comprovação de separação de fato por mais de procedimentos e regras específicas, com impactos dois anos. Isso reforça o princípio da dissolubilidade do significativos na vida dos cônjuges, especialmente em casamento, permitindo que os cônjuges possam, a termos de direitos e deveres. É fundamental que os noivos qualquer momento, decidir pela dissolução da união. estejam cientes de todas as implicações legais do Regimes de Bens casamento, bem como dos procedimentos para sua O Código Civil prevê quatro regimes de bens entre os celebração e eventual dissolução. cônjuges: comunhão parcial, comunhão universal, Esta visão geral oferece um panorama do casamento participação final nos aquestos e separação total de bens. sob a ótica da legislação brasileira, mas cada caso pode ter Cada um desses regimes possui regras específicas sobre a particularidades que exigem a consulta a um advogado administração e a partilha de bens durante e após o especializado em Direito de Família. casamento. A escolha do regime de bens deve ser feita antes do casamento, através de pacto antenupcial PRINCÍPIOS DO CASAMENTO registrado em cartório. O casamento no Brasil é regido por uma série de Proteção à Família princípios e normas estabelecidos principalmente pelo Tanto o Código Civil quanto a Constituição Federal Código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de destacam a família como base da sociedade, garantindo 2002) e pela Constituição Federal de 1988. Essas leis proteção especial do Estado. Isso se traduz em diversas definem não apenas os procedimentos necessários para a normas que visam à proteção do casamento e da família, realização do casamento, mas também os direitos e como as que estabelecem direitos à assistência familiar, à deveres dos cônjuges, a natureza dos regimes de bens, moradia, à alimentação e à educação dos filhos. entre outros aspectos importantes. Vamos explorar com Conclusão detalhes esses princípios e normas. O casamento no Brasil é uma instituição complexa, regida por princípios que visam garantir a igualdade, liberdade, segurança e proteção dos cônjuges e da família. Entender esses princípios é fundamental para Aspectos Importantes compreender o funcionamento e as implicações legais do Partilha de Bens casamento na sociedade brasileira. A divisão dos bens adquiridos durante o casamento varia conforme o regime de bens adotado (comunhão DIVÓRCIO parcial, comunhão universal, separação total, participação O divórcio no Brasil é um processo que tem evoluído final nos aquestos). significativamente ao longo das décadas, refletindo Guarda dos Filhos mudanças sociais, culturais e legais. Vamos explorar essa A guarda pode ser unilateral ou compartilhada, temática de forma abrangente, abordando desde a dependendo do que for decidido entre as partes ou história e evolução do divórcio no Brasil até os determinado pelo juiz, sempre visando o melhor interesse procedimentos e implicações legais atuais. da criança. Histórico e Evolução Legal Pensão Alimentícia Antes de 1977 Destinada à manutenção dos filhos e, em alguns casos, Até 1977, o Brasil não reconhecia o divórcio. Os de um dos cônjuges. O valor é definido com base na casamentos só podiam ser desfeitos oficialmente por necessidade de quem recebe e na possibilidade de quem meio da anulação, que tinha critérios muito restritos, ou paga. pelo desquite (separação judicial), que não permitia novas Considerações Finais núpcias. O divórcio é um processo complexo, com profundas Lei do Divórcio de 1977 implicações legais, emocionais e financeiras. A legislação A Lei nº 6.515, de 26 de dezembro de 1977, conhecida brasileira tem evoluído no sentido de simplificar o como Lei do Divórcio, introduziu a possibilidade de procedimento de divórcio, refletindo uma sociedade que dissolução definitiva do casamento civil no Brasil. reconhece a importância de proporcionar meios para que Inicialmente, exigia-se um prévio período de separação as pessoas reorganizem suas vidas após o fim de um judicial por 3 anos ou de fato por 5 anos. casamento. Recomenda-se sempre a busca por orientação Emendas e Mudanças Posteriores legal qualificada para navegar pelas nuances desse Em 1988, com a nova Constituição Federal, o período processo. necessário de separação foi reduzido. Posteriormente, a Emenda Constitucional nº 66, de 2010, removeu a REGIME DE BENS exigência de separação prévia, permitindo que o divórcio A partilha de bens no Brasil é um tema complexo, que fosse solicitado independentemente de quanto tempo os envolve diversas nuances legais e é regido principalmente cônjuges estiveram separados. pelo Código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406/2002) e pela Lei Tipos de Divórcio do Divórcio (Lei nº 6.515/77), além de outras legislações Divórcio Consensual específicas e princípios constitucionais. Vamos abordar Quando ambos os cônjuges concordam com o término este tema em uma estrutura que visa proporcionar uma do casamento e suas condições (partilha de bens, guarda compreensão abrangente, dividindo-o em seções: dos filhos, pensão alimentícia, etc.), podem optar pelo conceitos básicos, regime de bens, processo de partilha e divórcio consensual. Este pode ser realizado de forma casos especiais. extrajudicial, em cartório, se o casal não tiver filhos Conceitos Básicos menores ou incapazes, ou judicialmente, caso contrário. Partilha de Bens: Divórcio Litigioso Processo legal de divisão de bens do casal em caso de Ocorre quando não há acordo entre as partes sobre os dissolução do casamento ou da união estável. termos do divórcio. Neste caso, é necessário recorrer ao Regime de Bens: Judiciário para que um juiz decida sobre as questões em Conjunto de regras que os cônjuges escolhem para disputa. gerir o patrimônio durante o casamento ou união estável. Procedimentos Regimes de Bens Divórcio em Cartório (Extrajudicial) No Brasil, o regime de bens é escolhido antes do É rápido e prático, podendo ser concluído em poucos casamento, sendo possível a alteração durante o dias. Requer a presença de um advogado e que ambas as relacionamento mediante autorização judicial. Os regimes partes estejam de acordo com todas as questões relativas de bens são: ao término do casamento. Comunhão Parcial de Bens: É o regime legal, ou seja, na Divórcio Judicial falta de escolha, é o que automaticamente se aplica. Nele, Necessário quando há filhos menores ou incapazes ou os bens adquiridos após o casamento são considerados em caso de discordância entre os cônjuges. O processo comuns ao casal. pode variar de acordo com a complexidade das questões envolvidas. Comunhão Universal de Bens: Todos os bens atuais e abordando seus principais aspectos conforme a legislação futuros de ambos os cônjuges, adquiridos antes ou brasileira. durante o casamento, são comuns ao casal. Conceito Legal Separação Total de Bens: Cada cônjuge mantém a A União Estável é reconhecida como a convivência propriedade e a administração de seus bens, adquiridos entre duas pessoas que é duradoura, contínua, e antes ou durante o casamento. estabelecida com o objetivo de constituição de família. O Participação Final nos Aquestos: Combina elementos da Código Civil, nos artigos 1.723 a 1.727, detalha as separação e da comunhão parcial. Os bens adquiridos condições para que uma relação seja considerada como individualmente durante o casamento não se comunicam, tal. Importante destacar que a união estável pode ser mas, na dissolução do casamento, cada cônjuge tem configurada mesmo sem coabitação, ou seja, os parceiros direito à metade dos bens adquiridos pelo casal. não precisam morar juntos para terem seus direitos Processo de Partilha reconhecidos. A partilha pode ocorrer em vida, por meio de doação, Requisitos ou após a morte, por meio de testamento ou sucessão Os requisitos para a configuração da União Estável, legítima. Na dissolução do casamento ou união estável, o segundo a jurisprudência e a doutrina, são: processo de partilha segue estas etapas: a) Publicidade: A relação deve ser conhecida por Inventário: Listagem de todos os bens do casal, avaliando- terceiros, não sendo clandestina. os monetariamente. b) Continuidade: A relação deve ter a pretensão de Classificação dos Bens: Identificação se os bens são permanência, não sendo eventual. particulares (adquiridos antes do casamento ou por c) Durabilidade: A relação deve ter um período de herança/donatário) ou comuns. convivência que demonstre estabilidade. Divisão dos Bens: De acordo com o regime de bens, d) Objetivo de Constituição de Família: Deve haver o procede-se à divisão. intuito de construir uma vida em comum. Homologação Judicial: A partilha deve ser homologada Direitos e Deveres por um juiz, garantindo sua legalidade. a) Os companheiros em uma União Estável têm Casos Especiais direitos e deveres semelhantes aos dos casados, Dívidas do Casal: As dívidas contraídas durante o incluindo: casamento também são partilhadas, seguindo o regime de b) Sucessão: Na falta de testamento, o companheiro bens. é considerado herdeiro, conforme o Código Civil e o Guarda dos Filhos: Embora não trate diretamente da entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal). partilha de bens, a guarda dos filhos é frequentemente c) Meação: Na dissolução da união, os bens discutida juntamente com a partilha, influenciando adquiridos durante a convivência devem ser partilhados. decisões sobre a moradia, por exemplo. d) Alimentos: Existe a possibilidade de um dos União Estável: A partilha segue regras similares ao companheiros ter que prestar alimentos ao outro, em casamento, porém a comprovação da união e a definição caso de necessidade. de bens comuns podem ser mais complexas. Formalização e Dissolução Conclusão Embora a União Estável não exija formalização para A partilha de bens é um processo legal que exige sua existência, os companheiros podem optar por atenção às especificidades do regime de bens escolhido registrar a união em cartório através de uma escritura pelo casal, bem como às particularidades de cada caso. pública. Isso facilita o reconhecimento de direitos em Recomenda-se a consulta a um advogado especializado relação a terceiros, bem como a partilha de bens. para orientação adequada, especialmente em situações A dissolução da União Estável pode ser feita de forma complexas ou litigiosas. O entendimento claro das leis e consensual em cartório, desde que o casal não tenha dos direitos de cada indivíduo é fundamental para uma filhos menores ou incapazes. Em casos de dissolução partilha justa e equitativa. litigiosa, o processo deve ser levado ao Judiciário. Diferenças entre Casamento e União Estável UNIÃO ESTAVEL Embora o casamento e a União Estável garantam A União Estável, segundo a legislação brasileira, é direitos similares, existem diferenças importantes, configurada pela convivência pública, contínua e especialmente em relação à formalização e ao regime de duradoura entre duas pessoas, estabelecida com o bens. No casamento, o regime de bens deve ser escolhido objetivo de constituição de família, sem necessidade de no momento da celebração, enquanto na União Estável, formalização em cartório. Este conceito está previsto no na falta de contrato específico, aplica-se o regime de artigo 1.723 do Código Civil Brasileiro. A seguir, comunhão parcial de bens. apresentarei uma aula detalhada sobre União Estável, Conversão em Casamento (artigos 1.672 a 1.686) e separação de bens (artigos 1.687 A União Estável pode ser convertida em casamento, a 1.688). A escolha do regime de bens ocorre antes do mediante pedido dos companheiros ao cartório de casamento, mediante pacto antenupcial registrado em Registro Civil. Essa conversão formaliza a relação perante cartório. a lei, transformando-a em casamento com a data União Estável retroativa ao início da união estável. A união estável, conforme os artigos 1.723 a 1.727 do Conclusão Código Civil, é reconhecida como a convivência pública, A União Estável é uma forma de constituição de família contínua e duradoura entre duas pessoas, estabelecida reconhecida pela legislação brasileira, que confere direitos com o objetivo de constituição de família, sem e deveres aos companheiros semelhantes aos do necessidade de formalização via cerimônia. A união casamento. Sua flexibilidade e a possibilidade de estável assegura aos parceiros direitos semelhantes aos formalização e reconhecimento de direitos são aspectos dos casados, especialmente em relação à partilha de bens, importantes para a proteção das famílias pensão alimentícia e direitos sucessórios. A diferenciação contemporâneas. principal entre casamento e união estável reside na formalidade de constituição e dissolução de cada uma RESUMO dessas relações. O casamento, conforme estabelecido pela legislação Em síntese, o casamento, o divórcio, os regimes de brasileira e embasado pelo Código Civil, é uma instituição bens e a união estável são institutos jurídicos que refletem complexa que se fundamenta em diversos princípios e a complexidade das relações familiares na sociedade normativas legais. Este texto visa explorar, de maneira brasileira. Eles são regidos por normas específicas que abrangente, os aspectos relacionados ao casamento, os visam proteger os interesses dos indivíduos envolvidos, princípios que o regem, o divórcio, os regimes de bens e a promovendo a igualdade, a liberdade e a solidariedade união estável, sempre em consonância com o familiar. O entendimento aprofundado desses temas é ordenamento jurídico brasileiro. fundamental para a compreensão dos direitos e deveres Casamento e Princípios do Casamento inerentes às relações familiares no Brasil. O casamento é definido pelo Código Civil brasileiro, mais precisamente nos artigos 1.511 a 1.783, como uma união estável entre duas pessoas, instituída por meio de cerimônia legal, que estabelece uma comunhão plena de vida com o objetivo de constituir família. Os princípios que regem o casamento no Brasil são a igualdade entre os cônjuges, a liberdade de casar e a solidariedade familiar. Esses princípios são refletidos na igualdade de direitos e deveres entre os cônjuges, na liberdade de escolha do parceiro e na assistência mútua e no sustento da família. Divórcio O divórcio, tratado nos artigos 1.571 a 1.582 do Código Civil, é o mecanismo legal que dissolve o casamento civil, permitindo aos ex-cônjuges o direito de se casarem novamente. No Brasil, o divórcio pode ser solicitado por qualquer um dos cônjuges, sem a necessidade de apresentação de culpa, bastando a demonstração da quebra da vida em comum. A Emenda Constitucional nº 66, de 2010, facilitou o processo de divórcio ao eliminar a exigência de prévia separação judicial por mais de um ano ou de comprovada separação de fato por mais de dois anos. Regime de Bens Os regimes de bens no casamento são conjuntos de regras que determinam como os bens dos cônjuges serão administrados durante o casamento e como serão divididos em caso de divórcio. O Código Civil brasileiro prevê quatro regimes de bens: comunhão parcial de bens (artigos 1.658 a 1.666), comunhão universal de bens (artigos 1.667 a 1.672), participação final nos aquestos