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INTRODUÇÃO

Este trabalho pretendeu descrever como objetivo primário, as consequências


do divórcio no desenvolvimento familiar. O direito manifesta cuidados especiais
com a família, e hoje se reconhece tanto a família oriunda do casamento,
quanto à da união estável. Mas é o casamento o centro de onde irradiam as
normas básicas do direito de família, que constituem o direito matrimonial. O
casamento é considerado a mais importante instituição de direito privado, por
ser a base da família, que é tida como o eixo da sociedade. Porém, a
sociedade não é estática, ela avança, quebra barreiras, não despreza o
passado, mas adapta os fatos humanos ao momento vivido, exigindo
modificações dos nossos ordenamentos. A aprovação de um Novo Código Civil
é a prova dessa adaptação e trouxe mudanças importantes ao direito de
família. Nesta pesquisa será abordado sobre o casamento, Os três regimes de
Casamento que A lei prevê, Divórcio, e suas Consequências.
O direito matrimonial abrange normas concernentes à validade do casamento,
as relações pessoais entre os cônjuges, com a imposição de direitos e deveres
recíprocos, bem como as suas relações econômicas, que chegam até a
constituir um autêntico instituto, que é o regime de bens entre os cônjuges.

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1-Fundamentação Teórico

1.1-Conceitos Sobre O Casamento.

O casamento é considerado a base da família, e é tido como o eixo


principal da sociedade, trazendo o pilar de todo o sistema social, moral e
cultural do País. O casamento é a união entre dois indivíduos, que se dá
através do companheirismo e amor para que ambos tenham uma vida em
comum, compartilhando o mesmo destino e os mesmos ideais.

O casamento é o centro do Direito de família, dele surgem normas


fundamentais da matéria. Sua importância, como negócio jurídico formal, vai
desde as formalidades que antecedem sua celebração, passando pelo ato
material de conclusão até os efeitos o negócio que deságuam nas relações
entre os cônjuges, os deveres recíprocos, a criação e assistência material,
psicológica recíproca e da prole.

No surgimento do casamento de Direito Civil, vieram algumas correntes


divergentes, uma deles, diz que esse ato é considerado de caráter
contratualista. Porém, existe outra corrente que diz que o casamento é uma
instituição. Para a concepção contratualista o casamento é um contrato civil,
regido por normas comuns a todos os contratos concluindo-se e se
aperfeiçoando pelo consentimento dos nubentes de forma recíproca.

Para a concepção institucionalista o casamento é tido como uma grande


instituição social, refletindo uma situação jurídica que surge da vontade dos
nubentes, mas cujas normas, efeitos e forma estão preestabelecidos pela Lei.

Porém existe uma última corrente, que diz que o casamento pode ser os dois
pensamentos ao mesmo tempo (contratualista e institucionalista). A doutrina
mista une o elemento contratual ao elemento institucional, tornando o
casamento um ao complexo, isto é, concomitantemente contrato (na formação)
e instituição (no conteúdo), sendo mais que um contrato, muito embora não
deixando de ser contrato.

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“Ligada à variedade das definições, vem naturalmente a diversidade na
conceituação. Para Lafayette é um ‘ato solene’, para Sá Pereira é uma
‘convenção social’, para Bevilácqua é um ‘contrato”. (PEREIRA, 2002, p. 35).
Para Diniz (2001, p. 33): “O casamento é um vínculo jurídico entre o homem e
a mulher que visa o auxílio mútuo material e espiritual, de modo que haja uma
integração fisiopsíquica e a constituição de uma família legítima”.

Na definição de Rodrigues (2000, p. 17): “Casamento é o contrato de direito de


família que tem por fim promover a união do homem e da mulher, de
conformidade com a Lei, a fim de regularem suas relações sexuais, cuidarem
da prole comum e se prestarem mútua assistência”.

Antes do casamento podem os noivos escolher o regime de bens que


pretendem adoptar para a sua vida de casados. O regime de bens, legalmente
instituído, consiste num conjunto de regras que, fundamentalmente, determina
a quem pertencem os bens das pessoas casadas.

1.2-Os três regimes de Casamento que A lei prevê


Regime da Comunhão de Adquiridos1

Segundo este regime, a cada um dos cônjuges pertence apenas os bens que
tinha antes de casar e os bens que, depois do casamento e na constância
deste, venha a receber por sucessão (por morte de outra pessoa) ou por
doação, ou venha a adquirir por virtude de direito próprio anterior. A ambos os
cônjuges pertencem os outros bens, ou seja, os bens adquiridos depois do
casamento sem ser por sucessão, doação, ou direito próprio anterior ao
casamento.
Nestes bens está incluído o produto do trabalho dos cônjuges e os rendimentos
dos bens que pertençam apenas a cada um deles. Ao conjunto destes bens
chama-se património comum, composto por um activo (bens) e um eventual
passivo (dívidas), do qual cada um dos cônjuges participa em metade.

Segundo este regime, a cada um dos cônjuges pertence apenas os bens que
tinha antes de casar e os bens que, depois do casamento e na constância
1
https://portaldascomunidades.mne.gov.pt/pt/apoios-as-comunidades/area-juridica/casamento-
regime-de-bens-e-divorcio

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deste, venha a receber por sucessão (por morte de outra pessoa) ou por
doação, ou venha a adquirir por virtude de direito próprio anterior. A ambos os
cônjuges pertencem os outros bens, ou seja, os bens adquiridos depois do
casamento sem ser por sucessão, doação, ou direito próprio anterior ao
casamento.

Nestes bens está incluído o produto do trabalho dos cônjuges e os rendimentos


dos bens que pertençam apenas a cada um deles. Ao conjunto destes bens
chama-se património comum, composto por um activo (bens) e um eventual
passivo (dívidas), do qual cada um dos cônjuges participa em metade.2

Regime de Separação

De acordo com este regime, cada um dos cônjuges é proprietário dos bens que
adquiriu, por qualquer forma, antes e depois do casamento. No entanto, pode
acontecer que determinados bens hajam sido adquiridos por ambos os
cônjuges. Neste caso os dois são proprietários dos bens, não como casal, mas
como quaisquer outras duas pessoas não casadas, o que se denomina por
copropriedade.

Regime da Comunhão Geral

Neste regime é regra que todos os bens, seja qual for a sua origem e momento
de aquisição, pertencem a ambos os cônjuges. No entanto, a lei estabelece
que certo tipo de bens pertença apenas a cada um dos cônjuges,
designadamente, as suas roupas, a sua correspondência, e os bens doados ou
deixados quando a doador ou testador tiver determinado que não quer que os
bens passem a pertencer a ambos. Assim como, também os direitos
estritamente pessoais pertencem apenas ao cônjuge que os possui. É o caso
do usufruto e do uso ou habitação. Ao conjunto destes bens chama-se
património comum, composto por um activo (bens) e um eventual passivo
(dívidas), do qual cada um dos cônjuges participa em metade.

Escolha do regime de bens

2
https://www.dubbio.com.br/artigo/599-conceito-de-casamento

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A escolha do regime de bens faz-se por convenção antenupcial, acordo em que
os noivos escolhem, livremente, um dos três regimes de bens previstos
legalmente.

Nota: É possível que os noivos estipulem para o seu casamento um regime de


bens diferentes dos legalmente previstos, desde que respeitem os limites da
lei.

A convenção antenupcial é celebrada por escritura pública, num cartório


notarial, ou lavrada pelo conservador Após a convenção antenupcial o
casamento tem de ser realizado dentro do prazo de 1 ano, quando a
convenção foi celebrada por escritura pública, ou no prazo concedido para a
sua realização, quando a convenção foi lavrada pelo conservador do registo
civil, sob pena de caducidade.

Imposição legal
Em dois casos específicos a lei impõe o regime da separação de bens:

Sempre que algum dos noivos, à data do casamento, tenha idade igual ou
superior a 60 anos; Sempre que antes do casamento não correu na
conservatória do registo civil o processo destinado a averiguar se legalmente o
casamento se pode realizar – processo de publicações - (o que a lei admite em
determinadas circunstâncias).

Num caso específico a lei impõe a impossibilidade do regime da comunhão


geral: Sempre que algum dos noivos já tenha filhos, ainda que estes sejam
maiores ou emancipados (tenham casado). Quando não se faz Convenção
Antenupcial

Quando os noivos não tenham escolhido o regime de bens do casamento, a lei


estabelece como regime de bens supletivo o Regime da Comunhão de
Adquiridos.

Este regime supletivo é aplicado aos casamentos realizados a partir de 1 de


Junho de 1967, os casamentos celebrados anteriormente estão sujeitos aos
regime supletivo da comunhão geral.

1.3-Divórcio

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O divórcio põe fim ao casamento. A separação de pessoas e bens não põe fim
ao casamento, apenas põe fim aos deveres de viver na mesmo casa e de
contribuir para os encargos da vida em comum.

Se decidir que o seu casamento deixou de fazer sentido, pode pedir o divórcio.
Não precisa do consentimento da sua mulher ou marido, nem de provar que ela
ou ele não cumpriu os deveres do casamento. No entanto, se estiverem de
acordo, o processo de divórcio é mais simples e rápido.3

Existem três tipos de divórcio:

 O divórcio por mútuo consentimento, que pode ser pedido numa


conservatória do registo civil se as duas pessoas estiverem de acordo
sobre o fim do casamento e as questões essenciais que é necessário
resolverem no momento do divórcio.
 O divórcio por mútuo consentimento no tribunal, que pode ser
pedido se as duas pessoas estiverem de acordo sobre o fim do
casamento, mas não sobre as condições do divórcio.
 O divórcio sem consentimento de um dos cônjuges, que pode ser
pedido num tribunal quando apenas uma pessoa quiser pôr fim ao
casamento.
Juntamente com o divórcio, pode pedir-se a partilha dos bens do casal, ou seja,
a divisão do património que têm. Se o divórcio for pedido em tribunal, implica
sempre a divisão desses bens.

Separação de pessoas e bens

A separação de pessoas e bens altera o regime de bens do casamento: as


pessoas continuam casadas, mas em regime de separação de bens. Deixam
também de ter os deveres de viver juntas e de contribuir para a vida em
comum. A separação de pessoas e bens acaba se houver uma reconciliação,
mas também pode ser convertida em divórcio, se os membros do casal
quiserem.

3
https://eportugal.gov.pt/cidadaos/pedir-o-divorcio-ou-a-separacao

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A separação de pessoas e bens pode ser pedida na conservatória, se as duas
pessoas estiverem de acordo. Se não estiverem de acordo, tem de ser pedida
em tribunal.

Antes Do Divórcio

Antes de decidir divorciar-se ou separar-se, o casal pode recorrer à mediação


familiar para tentar resolver os seus conflitos.

Na mediação familiar, os membros do casal tentam resolver a questão com a


ajuda de um/a mediador/a especializada/o em resolver conflitos relacionados
com relações familiares.

Por exemplo, o/a mediador/a pode ajudar a resolver conflitos relacionados


com:

 Regulação, alteração e incumprimento das responsabilidades paternais.


 Divórcio e separação de pessoas e bens
 Conversão da separação de pessoas e bens em divórcio
 Reconciliação do casal separado
 Atribuição e alteração da pensão de alimentos
 Destino da casa onde vivia o casal (casa morada de família)
 Autorização ou proibição de usar os apelidos da pessoa de quem se
separou.

1.4-Consequências.
As consequências de uma vida conjugal arruinada vão desde o nível físico até
o setor emocional, não somente do casal, mas também dos que o cercam. O
casamento está estatisticamente relacionado a um ganho de peso, mas
estudos dizem que o divórcio também pode aumentar significativamente o peso
corporal. Um estudo realizado em Chicago e contando com a participação de 8
652 pessoas com idades entre 51 e 61 anos também detectou que os
divorciados têm 20% a mais de chances de desenvolver doenças crônicas,
como o câncer, do que aqueles que nunca se casaram.

Se o casal sofre psicologicamente e fisicamente, os filhos também não ficam


ilesos. Portanto, consequência para as crianças existem, mais ou menos, de
acordo com vários fatores, incluindo a própria resolução favorável da

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separação para os pais, a idade das crianças e o seu grau de desenvolvimento.
Poucas crianças demonstram sentirem-se aliviadas com a decisão do divórcio.
Na idade de 8 a 12 anos, em geral, a criança reage com raiva franca de um ou
de ambos os pais, por terem causado a separação.

Por vezes, demonstram ansiedade, solidão e sentimentos de humilhação por


sua própria impotência diante do ocorrido. O desempenho escolar e
o relacionamento com colegas podem ter prejuízo nesta fase. Já os
adolescentes sofrem com o divórcio muitas vezes com depressão, raiva intensa
ou com comportamentos rebeldes e desorganizados.

Na República das Maldivas registam-se mais de 10.97 divórcios por ano, por
cada mil habitantes, sendo o valor mais alto do mundo.

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CONCLUSÃO

O Estado protege a família porque vê nela a célula básica de sua organização


social. O conceito de família é abrangente, pois abarca todas as suas
variações, porém é indiscutível que é com o casamento civil que visualizamos o
direito matrimonial revestido na forma jurídica. Assim sendo, o Casamento é
investido de formalidades previstas no Código Civil e na Lei de Registros
Públicos de nº 6.015/73, por isso visto por muitos como um contrato solene. O
casamento é um ato complexo, é um contrato em sua formação e instituição
em seu conteúdo, é mais que um contrato sem deixar de ser contrato.

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Referência Bibliográfica

Folha de S. Paulo. Disponível em


http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u128989.shtml. Acesso em 25
de agosto de 2016.

Disponível em http://extra.globo.com/noticias/saude-e-ciencia/casamento-
divorcio-favorecem-ganho-de-peso-2498032.html. Acesso em 25 de agosto de
2016.

http://opiniaoenoticia.com.br/vida/ciencia/divorcio-causa-impacto permanente-
na-saude/?optin

http://www.abcdasaude.com.br/artigo. php?147 Terapia cognitiva conductual. 4


de dezembro de 2015.

BEVILÁCQUA, C. Direito de família. 7. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos,


1943.

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