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EFEITOS DO CASAMENTO E DA
UNIÃO ESTÁVEL
EFFECTS OF MARRIAGE AND STABLE UNION
10 Art. 235 do C. P. Art. – Decreto Lei 2848/40, diz que se considera concubinato quan-
do alguém, sendo casado, contrai outro casamento.
11 De acordo com o art. 1.726 do Código Civil, constitui concubinato a relação não
eventual entre homem e mulher impedidos de casar.
12 Art. 226, incisos 1º e 2º da Constituição Federal de 1988.
13 Art. 1.512 do Código Civil de 2002.
14 Art. 1.515 e 1.516 do Código Civil de 2002.
15 Art. 1516, inciso 3, do Código Civil de 2002.
16 Art. 1516 do Código Civil de 2002.
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17 DIAS, Maria. Manual de Direito das Famílias. 8. ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais. 2011.
18 Art. 1516, inciso 3, do Código Civil de 2002.
19 GOMES, Orlando. Direito de Família. 7. ed. 4ª triagem. Rio de Janeiro: Forense,
1992.
20 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 8. ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2011.
21 Art. 47 da Lei n.º 10/2004 de 25 de agosto, de família moçambicana.
22 GOMES, Orlando. Direito de Família. 7. ed. 4ª triagem. Rio de Janeiro: Forense, 1992.
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23 Idem.
24 IDELI R., Di Tizio. Casamento nuncupativo e sua eficácia. Disponível em: <https://
www.yumpu.com/pt/document/view/12002726/casamento-nuncupativo-e-sua-efica-
cia>. Acesso em: 14 de julho de 2013.
25 GAGLIANO, Pablo Stilze et all. Novo curso de Direito Civil. Direito de Família, as
famílias em perspectiva constitucional. 3. ed. p.119. São Paulo: Saraiva, 2013.
26 Art. 1.566, Código Civil de 2002.
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guarda e a educação dos filhos com- por casamento. À luz da CRM (Cons-
preende a educação e a obrigação de tituição da República de Moçambi-
ambos os cônjuges com relação aos que) no seu art. 26, n. 1, alínea a e b
filhos. Contudo, nos efeitos pessoais e, n. 2, que diz: adquire a nacionali-
de casamento, respeito e considera- dade moçambicana o estrangeiro ou a
ção mútua, reforçam os direitos e as estrangeira que tenha contraído casa-
obrigações entre os cônjuges, articu- mento com um moçambicano ou uma
lando, principalmente, da fidelidade e moçambicana há pelo menos cinco
do respeito que os cônjuges devem ter anos, salvo nos casos de apátrida, des-
um para com o outro. de que declare querer adquirir a na-
Ainda no que se refere aos efei- cionalidade moçambicana e preencha
tos pessoais, com o ato do casamen- os requisitos e ofereça as garantias fi-
to nascem, automaticamente, para xadas por lei. E também a declaração
os consortes, situações jurídicas que de nulidade ou a dissolução do casa-
impõem direitos e deveres recíprocos, mento não prejudica a nacionalidade
reclamados pela ordem pública e pelo adquirida pelo cônjuge. Considera-se
interesse social, e que não se medem essa cláusula como efeito pessoal do
em valores pecuniários tais como: casamento por beneficiar pura e ex-
fidelidade recíproca, vida em co- clusivamente o cônjuge que adquire a
mum no domicílio conjugal e mútua nacionalidade por casamento.
assistência. O dever moral e jurídico
de fidelidade mútua decorre do cará- 3.2 Efeitos sociais do casamento
ter monogâmico do casamento e dos
interesses superiores da sociedade, Dada a sua maior relevância, o
pois constitui um dos alicerces da vida casamento gera consequências que
conjugal e da família legítima; a coa- alcança toda a sociedade onde os nu-
bitação é o estado de pessoas de sexo bentes estejam inseridos. Todavia, te-
diferente que vivem juntas na mesma mos a destacar que a constituição da
casa, convivendo sexualmente27. família e a procriação é o primeiro e o
Também constituem efeitos pes- grande efeito do casamento dado que
soais do casamento a aquisição de ou- a família é a base da sociedade28. Pelo
tra nacionalidade de uns dos cônjuges casamento se constitui a família legí-
27 IDELI R., Di Tizio. Casamento nuncupativo e sua eficácia. Disponível em: <https://
www.yumpu.com/pt/document/view/12002726/casamento-nuncupativo-e-sua-efica-
cia>. Acesso em: 14 de julho de 2014.
28 PEREIRA, Caio Mario da Silva. Instituicoes do Direito Civil. V. V. Direito de Famí-
lia. 21. ed. p. 69. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2013.
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49 COSTA, Monaliza. União Estável e seus efeitos jurídicos. Abril de 2011. Disponível
em: <http://www.bahianoticias.com.br/justica/artigo/154-uniao-estavel-e-seus-efeitos-
juridicos.html>. Acesso em: 15 de julho de 2014.
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gioso com efeitos civis, tais como, a união estável eles continuam no pleno
constituição da família legítima, base gozo das suas capacidades mentais e
da sociedade, o homem e a mulher de livre escolha do regime de separa-
assumem mutuamente a condição de ção de bens que lhes convém.
consortes, companheiros e respon- Para os efeitos patrimoniais da
sáveis pelos cargos da família, pela união estável, para que seja efetivada,
educação e pelo desenvolvimento dos será necessário um contrato entre as
filhos do casal e dos filhos de fora do partes ou mesmo a presença de, no
casamento; deve existir a fidelida- mínimo, duas testemunhas para que,
de mútua. O planejamento familiar é em caso da morte de um dos compa-
de livre decisão do casal, tocando ao nheiros, o outro consiga gozar os seus
Estado proporcionar recursos educa- direitos. Esse é o entendimento do
cionais e financeiros para o exercício Tribunal de Justiça do Rio Grande do
desse direito, vedado qualquer tipo Sul - TJ-RS:
de coerção por parte de instituições
privadas ou públicas. A relação matri- […] No Recurso Especial 646.259, o
monial impõe a mútua convivência, a ministro Luis Felipe Salomão, relator
do recurso, entendeu que, para a união
reciprocidade de interesses na organi- estável, à semelhança do que ocorre
zação da vida e na obrigação de atitu- com o casamento, é obrigatório o
des ou condutas individuais; os direi- regime de separação de bens de
tos e deveres devem ser iguais e ainda companheiro com idade superior a
devem disciplinar a vida em comum. 60 anos. O recurso foi julgado em
2010, meses antes da alteração da
Nesse sentido, iremos desenvolver
redação do dispositivo que aumentou
com maior detalhe os efeitos patrimo- para setenta 70 o limite de idade
niais da união estável, dado que são os dos cônjuges para ser estabelecido o
que merecem maior realce por serem regime de separação obrigatória. Com
diferentes do casamento civil e do ca- a morte do companheiro, que iniciou a
união estável quando já contava com
samento religioso com efeito civil.
64 anos, sua companheira pediu, em
Qualquer outro regime de bens juízo, a meação dos bens. O juízo de
poderá ser adotado na união estável, primeiro grau afirmou que o regime
desde que ocorram pela forma de con- aplicável no caso é o da separação
trato, de acordo com o art. 1.725 do obrigatória de bens e concedeu a ela
Código Civil, diferentemente no casa- apenas a partilha dos bens adquiridos
durante a união estável, mediante
mento civil que obrigar os maiores de
comprovação do esforço comum. A
70 anos a adotarem o regime de sepa- companheira interpôs, então, recurso
ração de bens, ou seja, os idosos com no Tribunal de Justiça do Rio Grande
70 anos ou mais são presumidos men- do Sul. O TJ-RS reformou a decisão
tecaptos civis, enquanto para o caso da do primeiro grau e deu provimento ao
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recurso. Afirmou que não se aplica à esforço ser comum. Com o término
união estável o regime da separação da relação, seja por qualquer causa, a
obrigatória de bens previsto no artigo
mulher fica numa situação de desvan-
258, parágrafo único, inciso II, do
código de 1916. “Descabe a aplicação tagem, pois acaba não sendo a herdei-
analógica de normas restritivas de ra do patrimônio apesar de adquirido
direitos ou excepcionastes. E, ainda com esforça comum.
que se entendesse aplicável ao caso
o regime da separação legal de bens,
forçosa seria a aplicação da súmula
4.2 Igualdade de direitos e
377 do Supremo Tribunal Federal deveres do marido e da mulher
(STF), que igualmente contempla
a presunção do esforço comum na Do casamento decorrem certos
aquisição do patrimônio amealhado direitos e deveres, pois os cônjuges
na constância da união”. O espólio
do companheiro apresentou recurso são os titulares deles em virtude da lei,
especial no STJ alegando ofensa e devem exercê-los conjuntamente. O
ao artigo mencionado do código de exercício desses direitos e deveres
1916 e argumentou que se aplicaria às pertence, igualmente, a ambos51.
uniões estáveis o regime obrigatório
Por isso, o Código Civil, art.
de separação de bens, quando um dos
conviventes fosse sexagenário, como 1.567, ao conferir o exercício da di-
no caso […].50 reção da sociedade conjugal a ambos,
não colocando qualquer dos cônjuges
Da relação da união estável sur- em posição inferior ou superior, nesse
gem problemas de natureza jurídica, contexto, a lei teve a preocupação de
que precisam ser resolvidos, princi- harmonizar o interesse comum da fa-
palmente aqueles relacionados com a mília, pois, o mesmo artigo acrescen-
questão patrimonial. Porque normal- ta que a função de dirigir a sociedade
mente é o homem que exerce ativi- conjugal deve ser exercida, em cola-
dades remuneradas ou lucrativas, e o boração pelo marido e pela mulher,
patrimônio construído no decurso da no interesse comum do casal e dos
união estável muitas vezes fica regis- filhos, procurando atingir o bem-estar
trado em nome do homem apesar do de toda a família52.
REFÊRENCIAS