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1. Introdução
2. Conceito de Família
4. Multiparentalidade
4.1 Conceito de Multiparentalidade
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos
filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de
cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
Sucessão: A partilha será igual para todos os filhos sem fazer nenhuma
descriminação quanto aos biológicos e afetivos, portanto, declarada o parentesco
afetivo esses também serão considerados herdeiros legítimos para fins legais,
sempre respeitando a ordem de preferência e vocação hereditária que é
determinada do artigo 1829 a 1847 do Código Civil.
Porém, o entendimento sobre a sucessão ainda traz divergência doutrinaria,
pois, uma parte da doutrina tem dificuldade de aceitar o reconhecimento da filiação
afetiva, principalmente quando o pedido de reconhecimento é após a morte do
suposto pai/mãe e estes não se manifestaram anteriormente sobre o desejo de
reconhecimento desta filiação. E tal entendimento doutrinário vem refletindo na
jurisprudência, assim vejamos:
Por fim, é preciso analisar caso a caso para que seja possível reconhecer a
filiação afetiva e o direito a sucessão. E se reconhecido o filho é herdeiro de seus
pais, sendo biológicos ou afetivos, e estes de seus filhos.
O direito de visita pode ser exercido pelo outro, como determina o artigo
1589 do Código Civil:
Art. 1.589.O pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá
visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro
cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e
educação.
4.2 Princípios
Além dos conceitos doutrinários, a multiparentalidade se sustenta em
princípios constitucionais, que assegura a melhor aplicação do direito e desejos das
partes envolvidas. Ao tratar dos princípios Maria Berenice Dias diz que: "Os
princípios constitucionais representam o fio condutor da hermenêutica jurídica,
dirigindo o trabalho do intérprete em consonância com os valores e interesses por
eles abrigados." (Dias, 2016, p. 71)
Assim, os princípios que melhor se aplica nesse contexto é o da dignidade da
pessoa humana, o da afetividade e o do pluralismo familiar, pois são princípios que
respeitam e garantes direito quando trata da mutiparentalidade. Assim vejamos
como esses princípios são de suma importância:
4.2.1. Princípio da Dignidade da Pessoa Humana: É um princípio muito
aplicado no Direito como um todo, é tratado pela doutrina como sendo um princípio
mais universal. Esse princípio tem a função primordial de garantir o respeito à
dignidade humana, e ainda que toda violação a esta dignidade seja reparada, sendo
dada ao Estado esta obrigação de preserva – lo.
No Direito de Família tal princípio tem o intuito de valorizar e garantir o
respeito pelas diversas entidades familiares e ainda promover o desenvolvimento de
forma plena dos indivíduos que ocupam essas entidades. Ademias, reconhecem de
forma igualitária todos os membros que compõe o núcleo familiar, para que estes
possam desenvolver o respeito, o amor e a afetividade entre si.
Para multiparentalidade a dignidade da pessoa humana serve como base
para o reconhecimento desse modelo familiar, pois a partir do respeito a este
princípio é possível reconhecer a existência de vários vínculos. Deste modo, quando
o judiciário reconhece a existência de mais de duas relações parentais, está de certo
modo respeitando e valorizando a dignidade daquele que está sendo privilegiado
pela coexistência desses vários vínculos.
4.3 Jurisprudências
Ao tratamos da multiparentalidade nosso estudo se baseia basicamente nas
doutrinas e nas jurisprudências, ao passo que tal realidade não está expressa em
nosso ordenamento jurídico.
Deste modo, quando buscamos descobrir a amplitude da multiparentalidade
nos tribunais, percebemos que em todos os estados no território brasileiro tem ao
menos um caso julgado reconhecendo a multiplicidade de parentesco. É evidente
que tais decisões não foram tomadas de forma instantânea, foi necessário muito
tempo para que os tribunais se adaptassem a nova realidade, pois quando era
discutido o reconhecimento de um parentesco afetivo onde já existia um biológico a
única opção adotada era a exclusão de um deles, por exemplo, quando um filho
desejava reconhecer seu padrasto como pai afetivo os tribunais determinava que
fosse escolhido apenas um, trazendo deste modo uma questão conflitante para o
filho que não deseja excluir a figura do pai biológico e substituir pelo afetivo, mas sim
somar as duas paternidades. Por estas razões, o STF na repercussão geral 622
deliberou sobre a possibilidade de se somar a filiação afetiva e biológica, ou seja,
não era necessário a prevalência de uma sobre a outra, mas sim a coexistência de
ambas. Ficando assim a decisão:
5. Considerações Finais
Quando esse tema é discutido vemos que ainda traz muitas divergências,
uma vez que uma parcela da sociedade enxerga como uma desvalorização da
família e perpetuação destorcidos da relação pais e filhos, entretanto, outra parte
desta mesma sociedade consegue visualizar a possibilidade em ampliar o amor e
cuidados daquele que é privilegiado com a existência da múltipla filiação. Assim,
quando se questiona se é aceitável a subsistência da multiparentalidade, não se
pretende indagar se isso vai afetar de forma negativa os laços biológicos, mas que
essa nova espécie de família viabiliza o desenvolvimento social pleno daquele filho
que tem um amor e afeto por aquele não compartilha vínculo consanguíneo.
Brasil. Código Civil (2002). Código Civil Brasileiro. 4. ed. São Paulo: Saraiva,
2014.
Dias, Maria Berenice. Manual de direito das Familias. 11. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2016.
G1, Rio Grande do Sul. Após decisão da justiça, bebê é registrada com duas
mães e um pai. Disponível em
<http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2014/09/apos-decisao-da-
justica-bebe-sera-registrada-com-duas-maes-e-um-pai.html> Acesso em: 7 de
maio de 2018