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DIREITO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES

Módulo:
INTRODUÇÃO AO DIREITO DE FAMÍLIA,
CONCUBINATO, UNIÃO ESTÁVEL E
PARENTESCO.

Aula: Direito de Família – Disposições Gerais –


Conceito; Evolução histórica; Conteúdo;
Formação Direito de família constitucional
Aspectos práticos e relevantes núcleo de prática
Jurídica (situações práticas, tais como
Atendimento ao cliente, elaboração de petições,
procedimento e audiências).

1. CONCEITO

Em primeiro momento, para darmos início aos nossos estudos acerca do direito
de família, se faz necessário, compreendermos sobre o conceito de direito de família. A
ilustre doutrinadora Maria Berenice Dias (2015), conceitua o direito de família da
seguinte forma:
Como esse ramo do direito disciplina a organização da família,
conceitua-se o direito de família com o próprio objeto a definir. Em
consequência, mais elo que uma definição, acaba sendo feita a
enumeração dos vários institutos que regulam não só as relações entre
pais e filhos, mas também entre cônjuges e conviventes, ou seja, a
relação das pessoas ligadas por um vínculo de consanguinidade,
afinidade ou afetividade. (DIAS, 2015)1

Assim, conforme se verifica no conceito doutrinário, o direito de família é um


ramo do direito que organiza as relações familiares, seja entre cônjuges e conviventes,
seja entre pessoas ligadas por consanguinidade, afinidade ou afetividade. Essa

1DIAS, Maria Berenice Manual de direito das famílias I Maria Berenice Dias. 10. ecl. rev., atual.
E ampliada. -- São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.

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regulamentação legislativa prevê: o conceito de família, casamento, divórcio, bens, e
outros aspectos referente à temática.
Portanto, quando observamos sobre a conceituação do tema, entende-se que,
há uma amplitude e profundidade no direito de família. Em outras palavras, é um ramo
do direito que trata de relações fraternas - tornando algo mais delicado e detalhado.
Desta forma, podemos perceber que o conceito de família é amplo e mutável.
Sua mutabilidade é conforme à sociedade e o seu contexto social.

2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Os vínculos afetivos não são prerrogativas da espécie humana, mas, à família


é uma construção humana e cultural. Foi por essa evolução histórica que a sociedade
brasileira transitou por várias espécies de famílias.
A família é o primeiro agente socializador do ser humano, e surge apenas
quando o homem passa do estado de natureza para o estado de cultura, momento em
que possibilitou-se a estruturação da família.
A conceituação e a forma de família vão se alterando juntamente com as
mudanças sociais. Além disso, é considerada a base da sociedade, recebendo especial
atenção do Estado, já estando protegida pela Constituição Federal, em seu artigo 226.
Mas, como a Profa. Maria Berenice Dias (2015) nos lembra:

A própria Declaração Universal dos Direitos do Homem estabelece (XVI


3): A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito
à proteção da sociedade e do Estado. Sempre se considerou que a maior
missão do Estado é preservar o organismo familiar sobre o qual
repousam suas bases. (DIAS, 2015)2

Como vimos, então, a família ao mesmo tempo como uma estrutura pública, é
também uma relação privada, uma vez que, identifica o indivíduo como integrante do
vínculo familiar, mas também, como partícipe do contexto social.
Contudo, a globalização impõe constante alteração de regras, leis e
comportamentos - o que é uma tarefa árdua quando se fala nas regras do direito das
famílias, por ser o ramo do direito que relaciona-se com a vida das pessoas e seus
sentimentos.

2 DIAS, Maria Berenice Manual de direito das famílias I Maria Berenice Dias. 10. ecl. rev., atual.
E ampliada. -- São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.

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Como nos lembra Maria Berenice Dias: “Quando se fala de relações afetivas -
afinal, é disso que trata o direito das famílias -, a missão é muito mais delicada, em face
dos reflexos comportamentais que interferem na própria estrutura da sociedade.” (DIAS,
2015)3
Assim, começou-se a pensar na necessidade de demarcar o limite de
intervenção do direito na organização familiar, com o fim de que as normas
estabelecidas não interfiram na liberdade dos sujeitos, causando-lhes prejuízos.
As esferas privadas das relações familiares começam a repudiar a interferência
do Estado, que leva o segundo a pensar que para compreender a evolução dos direitos
das famílias é preciso ter como premissa construir e aplicar uma nova cultura jurídica
que vá permitir conhecer uma nova proteção das unidades familiares, centrando-se
como maior preocupação a manutenção do afeto.
Entendeu-se que talvez não mais existem razões morais, religiosas, políticas,
físicas ou naturais que justifiquem esta verdadeira estatização do afeto de forma
excessiva e indevida do Estado frente à vida das pessoas. Contudo, o problema reside
em encontrar um modo para que haja a desestatização formal do sistema jurídico e uma
nova forma de proteger sem sufocar as famílias.
Nesse sentido, a solução foi o formato hierárquico da família ceder lugar à
democratização, uma vez que, as relações são muito mais de igualdade e respeito
mútuo, tendo como fundamental a lealdade.
Em termos históricos, num determinado momento, a sociedade instituiu o
casamento como regra de conduta como forma de limitar o homem.
E conforme nos ensina a Profa. Maria Berenice Dias: “Em uma sociedade
conservadora, os vínculos afetivos, para merecerem aceitação social e reconhecimento
jurídico, necessitavam ser chancelados pelo que se convencionou chamar de
matrimônio.” (DIAS, 2015)4
Assim, em um primeiro momento, os núcleos familiares só eram reconhecidos
como família se estivem construídos através do matrimônio, e ainda, dispunham de perfil
hierarquizado e patriarcal.

3 DIAS, Maria Berenice Manual de direito das famílias I Maria Berenice Dias. 10. ecl. rev., atual.
e ampliada. -- São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.
4 Idem.

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Com a revolução industrial e com o ingresso da mulher no mercado de trabalho,
alterou-se a estrutura familiar que tornou-se restrita ao casal e a sua prole, dando
prevalência no caráter produtivo e reprodutivo.
Nesse período, passou-se a prestigiar mais o vínculo afetivo entre os
integrantes da família, surgindo a família formada por laços afetivos de carinho, de
amor.
Nos dizeres de Maria Berenice Dias: “A valorização do afeto nas relações
familiares deixou de se limitar apenas ao momento de celebração do matrimônio,
devendo perdurar por toda a relação.” (DIAS, 2015)5
Assim, vê-se que, uma vez cessado o afeto leva-se a ruína da família e a
dissolução do casamento.
Assim, pode-se dizer que no Brasil a família iniciou-se como modelo único da
família patriarcal, que era aquela que o homem tinha a soberania sobre à família e todos
os seus membros. Essa forma de família era fundada no matrimônio, e por isso,
também, uma família conhecida como matrimonial - o que consequentemente levava a
se reconhecer as famílias que fossem formalizadas pelo casamento.
A Constituição Federal de 1988 trouxe a legitimação das famílias eudenistas6,
ou seja, não reconhece mais apenas as famílias matrimoniais, mas sim, todas as
estruturas de famílias; uma vez que, o que se legitima é a busca da felicidade no seio
familiar.

3. ESTRUTURA LEGAL

O direito de família brasileiro passou por uma evolução legislativa, até chegar à
estrutura legal vigente.
Em primeiro momento, a estrutura legal do direito de família, será estabelecido
pela Constituição Federal, a partir do art. 226, prevendo que a família é a base da
sociedade, possuindo, portanto, proteção do Estado.
Atualmente, temos previsão legal, primeiramente, no Código Civil,
especificamente a partir do Livro IV (art.1.511 do Código Civil), estabelecendo sobre:
disposições gerais do casamento, da capacidade para o casamento, dos impedimentos,

5 DIAS, Maria Berenice Manual de direito das famílias I Maria Berenice Dias. 10. ecl. rev., atual.
e ampliada. -- São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.
6 Parentalidade socioafetiva (sem vínculos consanguíneos).

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das causas suspensivas, do processo de habilitação para o casamento, da celebração
do casamento, das provas do casamento, da invalidade do casamento, da eficácia do
casamento, da dissolução da sociedade e do vínculo conjugal, da proteção da pessoa
e dos filhos, das relações de parentesco, da filiação, do reconhecimento dos filhos, da
adoção, do poder familiar, da suspensão e extinção do poder familiar, dos regimes de
bens, do pacto antenupcial, alimentos, bem como a união estável.
O Código de Processo Civil, também possui previsão acerca da temática,
prevendo sobre: os processos contenciosos de divórcio, separação, reconhecimento e
extinção de união estável, guarda, visitação e filiação.
O Código Civil de 1916 regulava a família do início do século passado,
constituída unicamente pelo matrimônio. Originalmente, tinha uma visão limitada da
família, e de forma discriminatória limitava-a ao casamento, e ainda, impedia sua
dissolução, fazendo distinções entre seus membros e trazendo qualificações
discriminatórias às pessoas unidas sem casamento e aos filhos havidos dessas
relações.
Como nos relembra Maria Berenice Dias: “as referências feitas aos vínculos
extramatrimoniais e aos filhos ilegítimos eram punitivas e serviam exclusivamente para
excluir direitos, na vã tentativa da preservação do casamento.” (DIAS, 2015)
Com a evolução da família, fez-se necessário, sucessivas alterações
legislativas, sendo a mais expressiva o Estatuto da Mulher Casada (Lei nº 4.121/62),
que devolveu capacidade plena as mulheres casadas, dando-lhes bens reservados que
asseguravam a propriedade exclusiva dos bens adquiridos com o fruto de seu trabalho.
Posteriormente, a Lei nº 6.515/77 que entre outras disposições instituiu o
divórcio acabou com a indissolubilidade do casamento, e assim, eliminou a ideia da
família como instituição sacralizada.
Porém, foi com a Constituição Federal de 1988 que se rompeu com todo o
preconceito, instaurando-se a igualdade entre o homem e a mulher, e na família passou-
se a proteger de forma igualitária todos os seus membros. Estendeu, ainda, proteção à
família constituída pelo casamento, união estável entre o homem e mulher e família
monoparental, que é aquele formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
A igualdade entre os filhos também ficou estabelecida, independente da
natureza do seu nascimento, garantindo-lhes os mesmos direitos e qualificações.
E assim, constantemente foi se modificando a legislação relativa ao direito de
família, mesmo diante do fato, ainda se faz necessário mais modernização, haja vista

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que o Código Civil de 2002 já nasceu antiquado, deixando de reconhecer as novas
formas de relações e de famílias, deixando isso para os tribunais.

4. O DIREITO DE FAMÍLIA E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Nos tempos atuais, o Direito de Família encontra-se com status constitucional,


o denominado Direito de Família Constitucional, com amparo no artigo 226, e seus
parágrafos 3º, 4º, 5º, 7º e 8º da Constituição Federal Brasileira de 1988:

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.


(...)
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável
entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar
sua conversão em casamento.
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada
por qualquer dos pais e seus descendentes.
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos
igualmente pelo homem e pela mulher.
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da
paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do
casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e
científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma
coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. Regulamento
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um
dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no
âmbito de suas relações. (art., 226, da Constituição Federal de 1988)

É possível verificar que as famílias passaram a ser reconhecidas


independentemente da forma a qual foi construída, não sendo necessário, portanto, o
casamento para efetivação de família. A Constituição Federal estabelece que é livre a
decisão do casal o planejamento familiar.

5. O DIREITO DE FAMÍLIA E O CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO

O Direito de Família encontra-se presente no Código Civil Brasileiro, entre


outras legislações infraconstitucionais, está assim estruturado na parte especial, no livro
IV, que contempla os títulos 01 a 04 (vide anexo 1), como já mencionado.
O primeiro artigo do livro IV, prevê, o casamento como uma comunhão plena de
vida, possuindo os cônjuges igualdades.
O Código Civil, infelizmente, ainda possui somente as expressões: “homem e
mulher”, em diversos artigos, que, por óbvio não deveriam mais ser utilizadas. Porém,
devemos estar atentos ao julgamento da ADIN nº4277 e ADPF nº 132 (união estável
para casais do mesmo sexo) do ano de 2011, onde previu a união homoafetiva.

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Desta forma, entende-se que, todos os artigos do Código Civil devem ser
interpretados à todas as pessoas, não somente casais heterossexuais.

6. ESPÉCIES DE FAMÍLIAS

Muitas são as espécies de família, e apesar de todas estarem protegidas


constitucionalmente, nem todas estão protegidas por legislações específicas, mas estão
somente pelo reconhecimento judicial, como é o caso das relações homoafetivas.
Nos relembra Maria Berenice Dias (2015):

A mudança da sociedade e a evolução dos costumes levaram a uma


verdadeira reconfiguração, quer da conjugalidade, quer da
parentalidade. Assim, expressões como família marginal, ilegítima,
espúria, impura, adulterina, informal, não mais servem, pois trazem um
ranço discriminatório e estão banidas do vocabulário jurídico. (DIAS,
2015)

Pode-se dizer que os diferentes tipos de família estão relacionados à


oficialização ou não da união de casais, ou seja, se é uma união matrimonial ou informal,
assim como a presença ou não de um dos pais, e de outros fatores que influenciam
essa organização.
Contudo, entende-se que o grupo de pessoas unido por um laço de afetividade,
tendo em comum o cuidado dos cidadãos tanto no âmbito público quanto no privado.
Pode-se falar como espécies de família (vide anexo 2). Observa-se, também as
tabelas abaixo:

Família tradicional ou nuclear considerada a família tradicional por ser a


forma mais comum. É compreendida como
sendo uma unidade familiar composto por pai,
mãe e filhos.

Família matrimonial formada a partir do casamento civil ou


religioso, portanto reconhecida através do
matrimônio.

Maria Berenice Dias (2015) esclarece que:

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A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. O
Código Civil de 2002 procurou deixar expressa essa proteção ao proibir
qualquer pessoa, de direito público ou privado, de interferir na comunhão
de vida instituída pela família (art. 1.513, Código Civil) (DIAS, 2015)

Até a Constituição Federal de 1988 era somente uma a constituição de família


reconhecida pela legislação, de toda sorte, após a promulgação da carta magna passou-
se a abranger outras formas de organização familiar, e, atualmente abrange tanto os
casais heterossexuais como os casais homoafetivos.

A partir destas constatações legislativas e doutrinárias acerca da família,


observaremos sobre alguns conceitos de família.

A primeira análise é a família informal:

Família informal possui as mesmas regras da família


convencional. Mas assumo um caráter
informal.

A doutrinadora Maria Berenice Dias (2015) nos lembra:

A lei emprestava juridicidade apenas à família constituída pelo


casamento, vedando quaisquer direitos às relações nominadas de
adulterinas ou concubinárias. Apenas a família legítima existia
juridicamente (DIAS, 2015)

Antes da Constituição Federal de 1988, era conhecido como concubinato,


passando posteriormente a ser alcançado como entidade familiar e denominado de
união estável.
Ademais, temos, em nossa sociedade a família monoparental:
Família monoparental formada por apenas um dos pais e seus
filhos, portanto é aquela em que os filhos são
criados por apenas um dos pais.

Conforme nos ensina Maria Berenice Dias (2015):

A Constituição, ao esgarçar o conceito de família, elencou como


entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus
descendentes (CF 226, § 4º). O enlaçamento dos vínculos familiares
constituídos por um dos genitores com seus filhos, no âmbito da especial
proteção do Estado, subtrai a conotação de natureza sexual do conceito
de família. (DIAS, 2015 – grifo nosso)

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Assim, não há mais por que não considerar essa unidade familiar como família,
muito embora, não haja regulamentação expressa dos seus direitos no Código Civil.

Família anaparental constituída sem a presença de nenhum dos


pais, não há parentalidade, como ocorre nos
grupos familiares formados apenas por
irmãos.

Como nos alerta Maria Berenice Dias (2015):

Mesmo que a Constituição tenha alargado o conceito de família, ainda


assim, não enumerou todas as conformações familiares que existem. A
diferença de gerações não pode servir de parâmetro para o
reconhecimento de uma estrutura familiar. Não é a verticalidade dos
vínculos parentais em dois planos que autoriza reconhecer a presença
de uma família merecedora da proteção jurídica. No entanto, olvidou-se
o legislador de regular essas entidades familiares. (DIAS, 2015)

Família reconstituída Quando um dos casais possuem filhos de


outro casamento.
Conhecida também como multiparental ou
família mosaico.

Sobre o tema Maria Berenice Dias (2015) ensina:

A cada dia surgem novas expressões - composta, mosaico e binuclear


na tentativa ele identificar as famílias que resultam da pluralidade das
relações parentais, especialmente fomentadas pelo divórcio, pelo
recasamento, seguidos das famílias não matrimoniais e elas desuniões.
A multiplicidade de vínculos, a ambiguidade elos compromissos e a
interdependência desta nova estrutura familiar, no entanto, não dispõe
qualquer previsão legal, que imponha deveres ou assegure direitos.
(DIAS, 2015)

Família unipessoal A família unipessoal, é a família pela qual é


construída por apena uma pessoa.
(exemplo: pessoas que moram sozinhas)

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Família eudemonista A família eudemonista é aquela que tem
como objetivo principal a busca da felicidade,
ou seja, tem como base a criação de laços
de afetividade.

Maria Berenice Dias nos sugere sobre esse tema: “Para essa nova tendência
de identificar a família pelo seu envolvimento afetivo surgiu um novo nome: família
eudemonista, que busca a felicidade individual vivendo um processo de emancipação
de seus membros.” (DIAS, 2015)
Há, ainda, mais algumas espécies de família:

Família paralela ou simultânea quando há manutenção familiar paralela à


um casamento ou uma união estável,
gerando a incidência de dois ou mais núcleos
familiares distintos.

O artigo 1.548, inciso II, do Código Civil estabelece que é nulo o casamento
contraído por infringência de impedimento; assim como o artigo 1.521, VI, do mesmo
diploma legal, complementa dizendo que as pessoas casadas não podem se casar
novamente, é um impedimento ao casamento. Portanto, o Código Civil contempla o
princípio da monogamia.
Como nos relembra Maria Berenice Dias (2015)7:

A determinação legal que impõe o dever de fidelidade no casamento, e


o dever de lealdade na união estável, não consegue sobrepor-se a uma
realidade histórica, fruto de uma sociedade patriarcal e muito machista.
Mesmo sendo casados ou tendo uma companheira, homens partem em
busca de novas emoções sem abrir mão dos vínculos familiares que já
possuem. Dispõem de habilidade para se desdobrar em dois
relacionamentos simultâneos: dividem-se entre duas casas, mantêm
duas mulheres e têm filhos com ambas. É o que se chama de famílias
paralelas. (DIAS, 2015)8

7DIAS, Maria Berenice Manual de direito das famílias I Maria Berenice Dias. 10. ecl. rev., atual.
E ampliada. -- São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.

8
Idem.

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União poliafetiva estabelecida entre mais de duas pessoas
em uma interação recíproca, constituindo
família ou não. É ainda um tabu no Brasil,
mas independente disso, vem crescendo e
necessitam de uma reflexão mais
aprofundada sobre o assunto, haja vista que,
não são reconhecidas pela lei e pelo
judiciário.

Família natural composto por pessoas com vínculo


biológico, e hoje também pelo afetivo com o
advento da socioafetividade.

Ensina Maria Berenice Dias (2015):

O conceito de família natural é trazido pelo Estatuto da Criança e do


Adolescente: comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus
descendentes. A expressão família natural está ligada à ideia de família
biológica, na sua expressão nuclear. Nem a Constituição Federal (art.
227), ao garantir o direito à convivência familiar, e nem o ECA (art. 19),
ao assegurar a criança e adolescente o direito de ser criado e educado
no seio de sua família, estão se referindo à família biológica. Ainda assim
há uma verdadeira sacralização da família biológica, quando a nuclear é
chamada de família extensa ou ampliada (ECA 25 parágrafo único:
aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da unidade
do casal, formada por parentes próximos com os quais a criança ou
adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e afetividade).
(DIAS, 2015)

Assim, é muito mais do que apenas o vínculo biológico, se estendendo para o


vínculo afetivo.
Ademais, observaremos outras formas de família:
Família extensa ou ampliada diz respeito aos parentes paternos ou
maternos que tenham vínculos de afinidade e
afetividade, conforme se verifica do artigo 25,
parágrafo único do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA).

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Família substituta é aquela que substitui a família original ou
natural, em caráter de exceção para atender
melhores condições ao menor. Pode
acontecer através da guarda, tutela ou
adoção.
Família homoafetiva é a caracterizada pela união de pessoas do
mesmo sexo, baseada no afeto, amor,
respeito e comunhão de vida. O
reconhecimento dessa figura jurídica se deu
diante da observação da sociedade, e de toda
sorte, posteriormente, pelo Supremo Tribunal
Federal (STF), no julgamento do RE 878.694.

Independente da formação que tenham, as famílias coexistem e encontram


amparo na Constituição Federal, através do respeito dos princípios da igualdade, da
não discriminação, da liberdade e da autonomia da vida privada.

7. QUESTÕES PRÁTICAS NA ADVOCACIA FAMILIARISTA

Após a observação de alguns parâmetros conceituais, doutrinários,


principiológicos e legislativos acerca do direito de família, é importante destacar algumas
diretrizes sobre a advocacia familiarista:
a) Acolhimento ao cliente;
b) Paciência para ouvir e compreender a necessidade do cliente em se expressar;
c) Desestímulo ao litígio pelos custos financeiros e psicológicos das partes;
d) Estímulo aos métodos alternativos de solução de conflito, como a mediação.
Com relação as práticas do profissional são preciso, ainda, estabelecer algumas
regras, evitando-se problemas futuros:
e) Consulta: deve ser cobrado a consulta, com seu valor estabelecido na Tabela
da OAB vigente. O objetivo é criar autoridade que deve ter um especialista.
f) Honorários: enviar após a consulta proposta de honorários, que deve ser
pautado no valor mínimo da Tabela da OAB vigente. Flexibilização do pagamento, assim
como a fixação de honorários por fases é também salutar.

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g) Contrato de Honorários: nenhuma prestação de serviços deve acontecer
sem a assinatura do contrato dos honorários, devendo ter-se atenção as cláusulas
contratuais, evitando-se problemas futuros quanto a prestação dos serviços do
profissional.

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Bibliografia

DIAS, Maria Berenice Manual de direito das famílias I Maria Berenice Dias. 10.
ecl. rev., atual. E ampliada. -- São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.
MENEZES, Pedro. Tipos de Família. Site: Diferença. Disponível em
<https://www.diferenca.com/tipos-de-familia/.> Acesso em: 07.jul.22

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ANEXO 1

Direito
Título 01 pessoal

Direito
Título 02 patrimoni
al
Parte
Especial
– Livro IV
União
Título 03 Estável

Tutela,
Título 04 curatela,
tomada
de
decisão
apoiada

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ANEXO 2

Tipos de
Características Membros Exemplos
família
Tipo mais comum de Formação básica da
Tradicional
família formado pelos Pai(s),Mãe(s)Filho(s) família composta por
nuclear
pais e seus filhos. pai, mãe e filhos.
Famílias em que os
A família matrimonial
responsáveis são
Matrimonial é legitimada pelo Pai(s),Mãe(s)Filho(s)
casados legalmente
casamento civil.
(casamento civil).
A legitimidade se dá
Famílias em que os pais
pela convivência,
possuem uma união
Informal sem o que a união do Pai(s),Mãe(s)Filho(s)
estável, não
casal tenha sido
oficializada.
oficializada.
Composta por Famílias em que a
apenas um dos responsabilidade com
Monoparental Mãe ou pai e Filhos
responsáveis, pai ou os filhos é de apenas
mãe. um dos pais.
Famílias sem a
presença dos pais,
Composta sem a
como no caso de
Anaparental presença de nenhum Filhos
irmãos em que os mais
dos pais.
velhos cuidam dos mais
novos.
Composta pela união Famílias onde pelo
Mãe ou pai;
de um casal com menos um dos cônjuges
Reconstituída Madrasta ou
filho(s) de uma união possui filho(s) de uma
padrasto; e, Filhos
anterior. união anterior.
É o caso de pessoas
Composta por viúvas ou solteiras que
Unipessoal uma única pessoa
apenas uma pessoa. vivem sozinhas em uma
casa.
Famílias poliamorosas,
União afetiva entre
onde adultos
pessoas tendo como
Eudemonista Múltiplas pessoas compartilham o afeto e
princípio a busca pela
o cuidado das crianças
felicidade.
entre si.

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