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UNIDADE I – INTRODUÇÃO
Não é por acaso que muitos juristas alertam que a crise moral que vive a
sociedade contemporânea está diretamente ligada à crise moral dentro das próprias
famílias. Por isso, o operador do Direito, sempre que possível, deve defender a entidade
familiar e cumprir com sua função social.
1.3.7 - Princípio da Igualdade Jurídica de Todos os Filhos (CF, art. 227 §6°)
UNIDADE II – CASAMENTO
Hoje sabemos que o casamento não é mais indissolúvel e que vários casais
optam em não ter filhos, outros não podem tê-los. Portanto, o que podemos afirmar é
que do ponto de vista jurídico o casamento é um contrato de Direito de Família, solene,
não personalíssimo, que não admite termo ou condição; contrato este que deve ser feito
entre um homem e uma mulher com o intuito de regulamentar a união entre ambos de
acordo com seus aspectos comportamentais e patrimoniais.
2.4- Esponsais
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO:
06- Diz o art. 1521, inciso VII do Código Civil que não podem casar o
cônjuge com o condenado por homicídio contra o seu consorte. O
impedimento, em tal hipótese, pode ser oposto:
a) só por Oficial do Registro Civil
b) apenas por quem presidir a celebração do casamento
c) só pelos parentes em linha reta de um dos nubentes
d) por qualquer pessoa capaz; pelo juiz ou oficial do registro civil que
tiverem conhecimento, sendo os dois últimos obrigados a declará-lo por ser
parte de suas funções
e) por qualquer pessoa capaz; pelo juiz ou oficial do registro civil que
tiverem conhecimento, mas os dois últimos não são obrigados a declará-lo
de ofício
Ocorre quando um dos nubentes está acometido de uma doença grave, mas
apresenta pleno discernimento mental e ambos os nubentes demonstram o desejo de
casar rápido em virtude da gravidade do momento porque um dos nubentes está no leito
de morte. Apesar da gravidade do caso não existe iminente risco de vida e é possível
que sejam tomadas minimamente as providências legais de uma urgência.
O art. 1539 disciplina que em caso de moléstia grave o presidente do ato deve
ir celebrá-lo na casa do enfermo ou em outro local que ele esteja, como hospital. Isto
pode ocorrer em qualquer horário na presença de duas testemunhas que saibam ler e
escrever.
Caso a autoridade competente não possa ir poderá realizar o ato seu substituto
legal; caso o oficial de registro não possa ir será nomeado pelo celebrante um substituto
ad hoc que lavrará um termo avulso que será levado a registro em 5 dias perante 2
testemunhas, ficando arquivado. Se o casamento não for registrado nestes 5 dias, não
terá validade a celebração.
b) Casamento Nuncupativo:
II- do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
prazo para requerer anulação – 180 dias, art. 1.555;
legitimidade ativa – cônjuge incapaz, a contar do dia em que deixar de sê-lo;
representantes legais, a contar da data do casamento; herdeiros necessários, a contar da
morte do incapaz, §1º do art. 1.555.
III- por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
- prazo para requerer anulação:
# erro – 03 anos (art. 1.560, III), a contar da celebração (art. 1.560, caput);
# coação – 04 anos (art. 1560, IV), a contar da celebração (art. 1.560, caput);
legitimidade ativa – o cônjuge que incidiu em erro ou sofreu coação (art. 1.559).
a) constituição de família;
b) mútua assistência, art. 1565, caput;
c) deveres dos cônjuges, art. 1566;
d) vigência do regime de bens, art. 1639.
Podem os nubentes nesse pacto criar um regime misto, ou diferente dos estipulados
por lei, com exceção dos casos do art. 1641. A capacidade para fazer o pacto é a mesma
exigida para o casamento, mas se um menor o realizar sozinho sua eficácia fica
subordinada à aprovação de seu representante legal.
É uma espécie de regime onde, regra geral, nenhum bem se comunica, nem os bens
adquiridos antes do casamento, nem os adquiridos a qualquer título durante a vigência
do casamento.
Este é um regime que vem de uma imposição legal quando existem causas
suspensivas (art. 1523) ou quando o legislador sente a necessidade de proteger certas e
determinadas pessoas, como os menores de 16 anos e os maiores de 70 anos.
O STF pontuando que nem sempre a separação obrigatória protegia, mas sim
poderia em alguns casos prejudicar, passou a entender que no referido regime
comunicam-se os bens adquiridos por esforço comum dos cônjuges e ampliou também
o direito de meação desses bens no regime da separação convencional.
Nesse regime os bens também não se comunicam havendo uma completa distinção
de patrimônio, seguindo as mesmas regras, mas também as mesmas exceções da
separação obrigatória. A diferença é que na separação convencional são as partes que
elegem o regime, e não a lei como ocorre na separação obrigatória.
Atualmente é o regime mais adotado no Brasil, é a nossa regra geral, por isso é
reduzido a termo e dispensa-se o pacto antenupcial.
Se os nubentes tinham bens antes da celebração do casamento esses bens são tidos
como particulares; com isso passamos a ter três espécies de patrimônios: o da mulher, o
do homem e o patrimônio do casal.
Em relação aos bens incomunicáveis segue-se os arts. 1659 e 1661; e a
administração do patrimônio no regime da comunhão parcial está disciplinada nos arts.
1663 a 1666.
Nessa espécie de regime todos os bens se comunicam, os que cada cônjuge tinha
antes de casar e os adquiridos na constância do casamento, se estabelecendo um
patrimônio conjugal uno; art. 1667. Até 1977, antes da lei que introduziu o Divórcio, o
regime da comunhão universal era o mais utilizado no Brasil.
Contudo, a exceção permite alguns bens particulares, como preceituam os arts. 1668
e 1669; regra geral também não se comunicam os direitos patrimoniais de autor, salvo
os respectivos rendimentos.
Durante o casamento por participação final nos aquestos cada cônjuge tem seu
patrimônio particular e o administra como bem quiser, salvo algumas disposições legais
em contrário, como a venda de imóveis e doações. Contudo, com o término desse
casamento os cônjuges irão partilhar somente os bens onerosamente adquiridos na
constância dele, possibilitando que um cônjuge agindo de má fé venda justamente esses
bens antes da separação para que não tenha nada seu para partilhar.
Talvez por isso tem sido um regime bastante criticado pelos civilistas e não aceito
muito bem na sociedade, que normalmente, o encara mais como um negócio jurídico
meramente patrimonial do que realmente um regime de casamento.
Quando apenas um dos cônjuges faz um pedido judicial para se separar e declina o
porquê de sua motivação. É obrigatória a realização de audiência prévia de conciliação
e tem como foro competente o domicílio da mulher. Essa separação recebe nomes
diferentes de acordo com sua justificativa.
- separação sanção: quando ocorre grave violação dos deveres do casamento e prova
que se tornou insuportável a vida em comum (arts. 1572 caput, 1566 e 1573)
- separação falência ou ruptura: quando ocorre ruptura da vida em comum há mais
de 01 ano e prova a impossibilidade de sua reconstituição (art. 1572 § 1º)
- separação remédio: quando o outro cônjuge após o casamento manifesta doença
mental grave a ponto de tornar impossível a vida em comum; contudo é necessário que
se passe 02 anos com a doença e a mesma tenha sido reconhecida de cura improvável
(art. 1572 § 2º)
A sentença judicial de qualquer uma delas (sanção, falência ou remédio) importa
separação de corpos e partilha de bens, e ainda termina com os deveres de coabitação,
fidelidade e regime de bens (arts. 1575 e 1576).
As separações como um todo só podem ser requeridas pelos próprios cônjuges, mas
diante de uma incapacidade, eles podem ser representados por curador, ascendente ou
irmão (parágrafo único do art. 1576).
Apesar da doutrina mais moderna sustentar que normalmente na dissolução de um
casamento os dois cônjuges são corresponsáveis, o Código ainda trabalha a visão da
culpa ou não culpa e a partir daí surgem direitos e restrições.
O cônjuge que fora considerado culpado pode perder o direito de usar o sobrenome
do outro se na separação for pedido isso expressamente pelo cônjuge inocente. Contudo,
essa abstenção não pode trazer prejuízo para o cônjuge culpado (art. 1578). O cônjuge
inocente tem a opção de manter ou não o nome de casado segundo sua vontade.
Após a separação as partes podem, a qualquer tempo, manifestar a vontade de
restabelecer a sociedade conjugal. O pedido deve constar nos próprios autos da
separação (art. 1577).
Segundo o Código Civil a dissolução do vínculo conjugal ocorre com o divórcio que
habilita as pessoas para novas núpcias sem necessidade de prévia partilha de bens (art.
1581) e podendo manter o nome de casado, salvo disposição em contrário (art. 1571).
Podemos dizer que existem dois tipos de divórcio no Brasil; o consensual
(formulado por ambos) e o litigioso (formulado por apenas um dos cônjuges). Eles
podem ser feitos de forma direta, sem prévia separação. Pode também ocorrer de ter
havido uma separação e posteriormente a conversão da separação em divórcio. Segundo
a EC 66/2010 em nenhuma das hipóteses existe mais prazo.
Vale dizer ainda que na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução
do casamento ou da união estável; §2º do art. 1.595. Contudo, na colateral o divórcio ou
a morte de um dos cônjuges ou companheiros faz desaparecer a afinidade.
A Igreja considera ainda o parentesco espiritual entre padrinhos e afilhados, esse
entendimento já foi tão forte em nosso país que em tempos remotos era juridicamente
reconhecido esse parentesco e havia consequentemente impedimentos matrimoniais
entre essas pessoas, o que não mais persiste em nosso ordenamento jurídico.
É importante ainda ressaltar que marido e mulher não são parentes porque estão
ligados por vínculo conjugal e não de parentesco.
III - os filhos havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o
marido. A inseminação homóloga é proveniente do sêmen do marido ou do
companheiro, quando o casal apesar de fértil possui problemas, por exemplo,
endócrinos. É necessário, nesse caso, a autorização do marido para essa fecundação para
atender ao espírito das leis. A dúvida é como deve ser essa autorização e se essa
fecundação tem que ocorrer com o marido ainda vivo, art. 1799;
IV - os filhos havidos a qualquer tempo, quando se tratar de embriões
excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga. Ocorre quando se utiliza
técnica de fecundação extra corporal com embrião in vitro. Neste caso, como existe um
limite de embriões que podem ser implantados, se restarem embriões congelados isso
trará reflexões éticas, morais e religiosas, principalmente, em relação ao descarte desses
embriões;
V - os filhos havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia
autorização do marido. A inseminação heteróloga é proveniente do sêmen de outro
homem que não seja o marido ou companheiro. Normalmente realizada quando o
marido é estéril ou apresenta alguma moléstia grave transmissível. Nesses casos é
comum a procura por um banco de esperma, onde, em tese, os doadores não são
conhecidos, havendo a possibilidade de exceção se a pessoa gerada por razões médicas
necessitar de conhecimento genético. O marido que autorizou não poderá impugnar essa
paternidade, mas, em tese, o filho sim; embora a Comunidade Europeia tenha posição
contrária e seja também essa a tendência global no Direito Comparado.
Apesar disso, a presunção estabelecida opera-se juris tantum, admitindo-se
evidentemente prova em contrário, normalmente produzida por exame de DNA (sigla
do ácido desoxirribonucleico). Os cientistas alertam que esse exame é bastante seguro
chegando numa probabilidade de acerto que varia de 96% a 99%, mas não é totalmente
seguro, por exemplo: existe a possibilidade de encontrar por acaso duas pessoas com a
mesma impressão genética na probabilidade de uma em trinta bilhões. Também é
comum que a comunidade médica se pronuncie dizendo que a certeza da não
paternidade é maior que a da paternidade.
A Ação Negatória ou Contestatória de Paternidade são os meios jurídicos
adequados para se contestar a paternidade, são ações de natureza imprescritível porque
analisam o estado de filiação; art. 1.601. O direito de ação pertence àquele que consta
do registro como pai, mas também ao filho e ao verdadeiro pai. Os herdeiros do
contestante não podem dar início à Ação Contestatória de Paternidade, somente lhes
sendo permitido prosseguir na ação, caso o contestante, já a tendo iniciado e faleça no
curso da mesma; parágrafo único do art. 1.601.
Vale dizer ainda, que mesmo que a mulher confesse o adultério por ela praticado
isso não ilide a presunção de paternidade do seu marido (art. 1600); assim como a
confissão materna de que a criança não é filha de seu marido também não é suficiente
para excluir a presunção de paternidade; art. 1.602.
O marido só pode ilidir essa presunção de ser pai da criança que sua então
esposa espera quando comprova a impotência generandi, que é a ausência total de
espermatozoides em seu líquido seminal (azoospermia); art. 1.599.
É importante observar que se o marido não tiver ajuizado a Ação Negatória de
Paternidade, poderá o filho impugnar a paternidade como também a maternidade que
lhe foi atribuída, desde que prove erro ou falsidade do registro; art. 1.604.
A forma mais adequada de se provar a filiação é a certidão do termo de
nascimento registrada no Registro Civil; art. 1.603. Mas, na falta ou defeito do
documento parte-se para as provas supletórias admitindo todas as formas de provas
aceitas pelo direito, desde que acompanhadas das exigências do art. 1.605.
Em relação à ação de prova da filiação, essa compete ao filho ou a seus herdeiros,
caso o filho morra ainda menor ou incapaz; art. 1.606, caput e seu parágrafo único. É
um tipo de ação que garante ao filho buscar a verdade dos fatos, e nem sempre a
verdade real é a biológica. Nessas circunstâncias, o magistrado deverá levar em
consideração a relação afetiva que poderá ser mais importante que a realidade genética,
por isso no caso dos arts. 1605 e 1606 poderá ser confirmada a paternidade socioafetiva,
independentemente da paternidade biológica.
Vale dizer também que a medicina mais moderna consegue conservar por bastante
tempo sêmen e óvulo para utilização posterior em um processo de fertilização, podendo
eles serem doados ou vendidos. Se isto acontecer estaremos diante de um grave
questionamento de como lidar com a maternidade substituta ou barriga de aluguel.
Diante disso, hoje podemos afirmar que a maternidade biológica também pode ser
questionada, não só no caso da barriga de aluguel como em relação à troca de bebês na
maternidade e falsidade ideológica no registro de nascimento.
É importante ainda ressaltar a diferença entre barriga de aluguel e barriga
solidária. A primeira é proibida no Brasil, porque como o próprio nome diz, é um
aluguel e envolve uma contraprestação pecuniária. O ordenamento jurídico brasileiro
proíbe negócios jurídicos remuneratórios que envolvam disposições do nosso corpo.
Já a barriga solidária, é um empréstimo gratuito entre parentes consanguíneos até
o 4 grau (mãe, filha, avó, irmã, tia, sobrinha e prima) embora hoje tenhamos uma
interpretação mais flexível em relação às amizades. A barriga solidária não é prevista no
Código Civil Brasileiro, mas é aceita em nosso país em virtude da possibilidade de criar
novas formas de constituições familiares com base no princípio constitucional do livre
planejamento familiar. Além disso, ela é regulamentada por meio da Resolução CFM
2168/17. Os filhos havidos por meio de barriga solidária possuem os mesmos direitos
de qualquer outra origem de filiação. Portanto, ficam assegurados quanto à pensão
alimentícia, à herança, plano de saúde (função social do contrato), entre outros.
III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado. Mesmo que o testamento
seja revogado o reconhecimento continua sendo válido, a não ser que toda a disposição
de última vontade seja nula;
IV - por manifestação expressa e direta perante o juiz, ainda que o reconhecimento não
haja sido o objeto único e principal do ato que o contém. Essa manifestação se equivale
à escritura pública porque é feita perante autoridade com fé pública.
O filho reconhecido por um dos cônjuges não pode residir no lar conjugal sem
o consentimento do outro; art. 1.611. Porém, o genitor tem que oferecer, enquanto
menor ou até os 24 anos cursando universidade, condições do filho se manter com
dignidade.
É importante observar ainda que o filho maior não pode ser reconhecido sem o
seu consentimento como bem preceitua o art. 4° da Lei n° 8.560/92. Quanto ao menor,
esse pode impugnar o reconhecimento feito, nos 04 anos que se seguirem à sua
maioridade ou emancipação; art. 1.614. Contudo, a doutrina tem caminhado para o
entendimento que o menor pode a qualquer tempo impugnar o reconhecimento,
crescendo desta forma o entendimento da imprescritibilidade. Porém, caracterizada a
posse do estado de filho em relação àquele que o registrou ou reconheceu não se poderá
impugnar essa paternidade frente à importância que a doutrina mais contemporânea tem
dado à paternidade socioafetiva.
É importante observar também que o genitor que perde o poder familiar não
está desobrigado de prestar alimentos ao seu filho
O Código Civil em seus arts. 1.696 e 1.697 determina quais são as pessoas
obrigadas a prestar alimentos em razão do parentesco. O rol é taxativo e não inclui os
parentes por afinidade, embora já existam jurisprudências contrárias. Contudo, a ordem
preferencial disposta em lei é a seguinte:
b) é incessível (arts. 286 e 1.707) – não pode ser objeto de cessão de crédito;
c) é impenhorável (art. 1.707, CC) – o crédito derivado de alimentos não pode ser
penhorado, a impenhorabilidade não atinge os frutos;
h) é irrestituível – uma vez pagos, não têm que ser restituídos (exceção dos gravídicos);
i) é irrenunciável – pode o credor não exercer o direito a alimentos, mas não pode
renunciá-lo (art. 1.707). Exceção: pensão entre marido e mulher, e a possibilidade de se
renunciar aos valores vencidos e não pagos.
e) entrega mensal ao cônjuge, de parte de renda líquida dos bens comuns, administrados
pelo devedor, se o regime de casamento for o da comunhão universal de bens, para
assegurar o pagamento de alimentos provisórios (Lei nº 5.478/68, art. 4°);
UNIDADE XVII - UNIÃO ESTÁVEL (arts. 1723 a 1727 do CC e art. 226, §3° da CF)
O Código Civil em seu art. 1723 conceitua união estável como sendo uma
entidade familiar entre pessoas de sexos opostos que tenham convivência pública,
contínua, duradoura e com o objetivo de constituir família. O §1° do aludido dispositivo
também dispõe que não se constituirá união estável se ocorrerem os impedimentos
previstos no art. 1.521, com exceção do inciso VI (pessoa casada se achar separada de
fato ou judicialmente). Vale observar também, que as causas suspensivas previstas no
art. 1.523, não impedirão a caracterização da união estável, como bem preceitua o art.
1.723, §2°.
Os companheiros ou conviventes devem obedecer aos deveres de lealdade,
respeito, assistência e de guarda, sustento e educação dos filhos, equiparando às
relações pessoais do casamento; art. 1.724. Nas relações patrimoniais aplica-se, no que
couber, o regime de comunhão parcial de bens, salvo contrato escrito entre os
companheiros; art. 1.725.
Apesar da Constituição Federal e do atual Código Civil primarem em afirmar
que a união estável é uma entidade familiar que se assemelha ao casamento, o próprio
Código Civil foi insuficiente quando em relação ao direito sucessório legislou, de 2002
a 2017, que as quotas hereditárias dessas duas instituições eram tratadas de forma
diferente; art. 1.790 (hoje considerado inconstitucional pelo STF). Portanto, a partir da
decisão do STF os cônjuges e companheiros passaram a ter direitos sucessórios iguais,
incluindo também as pessoas que vivem em união homoafetiva (instituição familiar
formada por pessoas do mesmo sexo).
Podem os companheiros pedir a conversão da união estável em casamento
mediante pedido ao juiz e assento no Registro Civil, necessitando obviamente dos
procedimentos preliminares do casamento e do processo de habilitação regular; art.
1.726. Contudo, a determinação para que a conversão seja judicial e não administrativa
dificulta o procedimento, sendo, mais fácil casar-se diretamente do que obter a
conversão.
É importante esclarecer que união estável é diferente de concubinato, uma vez
que ele se constitui através de relações não eventuais entre o homem e a mulher
impedidos de se casar, como por exemplo, o marido que vive com a esposa e,
simultaneamente, mantém convivência com outra mulher (a concubina); art. 1.727. O
concubinato embora visto como uma união adulterina é regido pelo direito das
obrigações gerando efeitos patrimoniais de uma sociedade de fato.
É importante salientar que se aplicam às uniões homoafetivas as mesmas
regras da união estável.
Tutela é encargo atribuído por lei a uma pessoa capaz, para proteger e cuidar da
pessoa de um menor, que não esteja sob o poder familiar, e administrar os seus bens. É
um múnus público de caráter assistencial em princípio obrigatório (exceção art. 1736).
O art. 1728 dispõe que os filhos menores são colocados em tutela com o
falecimento dos pais ou sendo estes julgados ausentes, ou em caso dos pais decaírem do
poder familiar.
Poder familiar e tutela são institutos diferentes. O primeiro é mais amplo e mais
livre para ser exercitado, enquanto a tutela está sempre sob a supervisão do Judiciário.
Em tese, o poder familiar dura enquanto perdurar a incapacidade e a tutela tem o prazo
de duração de 02 anos, embora possa ser prorrogado. Na tutela diferentemente do poder
familiar o tutor não tem o usufruto dos bens do seu pupilo. Ambos divergem ainda em
relação à emancipação voluntária, onde os pais a formalizam por escritura pública,
enquanto o tutor necessita de autorização judicial.
É importante frisar que compete somente aos pais e em conjunto o direito de
nomear tutor, desde que esses pais estejam investidos no poder familiar ao tempo de
suas mortes; arts. 1.729, caput, e 1.730.
A tutela pode se dá de diversas formas, são elas:
1-) testamentária: quando o tutor for nomeado pelos pais, em conjunto. É feita em
testamento ou em qualquer outro documento autêntico, como escritura pública, escritura
particular, codicilo ou até mesmo uma carta para essa finalidade. A nomeação de tutor
pode ser feita por um só dos pais se o outro for falecido ou tiver sido destituído do
poder familiar. É importante observar que em caso de nulidade que não vicie a vontade
da tutela a mesma continua tendo validade;
2-) legítima: se não houver tutor nomeado pelos pais, o juiz nomeará tutor os parentes
consangüíneos do menor, por esta ordem:
a-) aos ascendentes (preferindo os de grau mais próximo ao mais remoto);
b-) aos colaterais até o terceiro grau, preferindo os mais próximos aos mais
remotos, se do mesmo grau os mais velhos aos mais moços. Essa ordem não é absoluta
podendo o juiz optar entre eles o mais apto a exercer a tutela em benefício do menor;
art. 1.731.
3-) dativa: ocorre quando o juiz nomeia pessoa idônea e residente no domicílio do
menor na falta de tutor testamentário ou legítimo, quando estes forem excluídos ou
escusados da tutela, ou porque foram removidos por não idôneos; art. 1.732.
A certidão do termo de tutela é o documento hábil que comprova e legitima o tutor
em sua condição perante terceiros.
É válido esclarecer que de acordo com o art. 1733 havendo irmãos órfãos, eles
terão um só tutor, embora essa não seja uma regra absoluta podendo a bem do menor ser
revista.
O Código Civil em seu art. 1735 dispõe sobre as pessoas que não podem exercer a
tutela, são elas: aquelas que não tiverem a livre administração de seus bens, os inimigos
do menor ou de seus pais, os condenados por furto, estelionato e aquelas que exercerem
função pública incompatível com o encargo (doutrina: função particular também –
viagens constantes, prolongadas ausências de domicílio).
Já o art. 1736 enumera as pessoas que podem ser exoneradas do encargo, tais
como: os maiores de 60 anos, as mulheres casadas, os enfermos, aqueles que já
exercerem tutela ou curatela. A escusa deverá ser apresentada nos 10 dias seguintes à
intimação, mas se o motivo de escusa for ulterior à aceitação da tutela esse prazo passa
a ser contado do dia em que ele sobrevier.
É importante ressaltar também a possibilidade da figura do protutor (origem
francesa) que é uma pessoa que se o magistrado achar conveniente pode nomear para
fiscalizar os atos do tutor; art. 1.742. O protutor tem direito a uma gratificação módica,
já o encargo do tutor não permite remuneração, mas sim uma gratificação de natureza
indenizatória (jurisprudência em torno de 12% da renda líquida). O tutor deverá sempre
ser reembolsado das despesas relativas aos bens do pupilo, mas não com relação aos
alimentos fornecidos em espécie ou pecúnia, pois se trata de dever inerente ao encargo;
art. 1752.
O tutor tem a obrigação de prestar contas de sua administração mesmo que os pais
o tiverem dispensado; art. 1.755. A prestação de contas deve ocorrer de dois em dois
anos, ou ainda toda vez que o juiz entender necessário. O magistrado também tem
responsabilidade na tutela, sendo essa responsabilidade direta e pessoal (quando não
tiver nomeado o tutor, ou não o houver feito oportunamente); ou subsidiária (quando
não tiver exigido garantia legal do tutor, nem o removido, tanto que se tornou suspeito);
art. 1.744.
Em relação ao exercício da tutela existem várias atribuições quanto a pessoa do
menor, como dirigir-lhe a educação, prestar-lhe alimentos, cumprir com os deveres que
normalmente cabem aos pais, administrar os bens do tutelado, em proveito deste, com
zelo e boa fé; art. 1.740 e 1.741.
A tutela termina com a maioridade do tutelado, ou a sua emancipação, ao cair o
menor sob o poder familiar, no caso de adoção ou reconhecimento. Pode também
extinguir a tutela ao fim do termo legal de 02 anos, ou ao sobrevir escusa legítima, ou
ainda ao ser o tutor removido.
Observa-se ainda que extinguindo a tutela pelo decurso do prazo legal, deve o
tutor ingressar com pedido de exoneração no prazo de 10 dias seguintes à expiração do
prazo, e se assim não for feito entende-se que o tutor foi reconduzido ao encargo, a não
ser que o magistrado o dispense.
Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua
capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas.
§ 1º Quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela,
conforme a lei.
Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relacionados aos direitos de
natureza patrimonial e negocial.
Art. 86. Para emissão de documentos oficiais, não será exigida a situação de
curatela da pessoa com deficiência.
Adoção é medida especial e irrevogável que cria vínculo de filiação fictícia e civil
que se consolida por meio de ato jurídico solene (sentença). A adoção é um recurso
utilizado quando esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou adolescente
em sua família natural ou extensa (família ampliada ou parentes próximos que se tenha
vínculo de afetividade).
e) processo judicial;
g) estágio de convivência pelo tempo que o juiz entender necessário, mas poderá
ser dispensado se o adotando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante
tempo suficiente para que seja possível avaliar a constituição do vínculo. Contudo, em
caso de adoção por estrangeiro o estágio de convivência é de 30 dias e deve ser
cumprido em território nacional (art. 46 da Lei 12.010 de 03 de agosto de 2009).
Já a adoção insere a pessoa em uma família substituta como filho ou filha e isso
envolve todos os direitos de filiação, inclusive hereditários. O adotado não tem mais
vínculo com a família biológica, com exceção dos impedimentos matrimoniais, e é o
nome dos pais adotivos que passa a constar no Registro Civil, sem que haja nenhuma
menção ao processo de adoção. Se o adotado tiver 12 anos, ele passa a ser ouvido no
processo de adoção.
UNIDADE XXI - SUCESSÃO LEGÍTIMA
- DIREITO DE REPRESENTAÇÃO
A
falecido
B C
Indigno 50% direito próprio
D E
neto de A neto de A
25% representação 25% representação
B C
filho/renunciante filho/renunciante
D E F
neto de A neto de A neto de A
1/3 da herança 1/3 da herança 1/3 da herança
PAI MÃE
D E
sobrinho sobrinho
25% 25%
c-) ter o representante legitimação para herdar do representado, não sendo esta
legitimação relativa ao de cujus e sim ao ascendente pré-morto;
d-) não ocorrer interrupção dos graus entre representante e sucedido; omitindo-se
um lugar intermediário, com exceção do indigno;
No direito de representação, o representante assume o grau de
parentesco do representado em relação ao de cujus. A quota que o representante
herda não responde pelos débitos do representado, mas pelos do de cujus.
Vale dizer, que os representantes terão que trazer à colação valores
recebidos pelo representado.
O direito de representação tem como finalidade evitar injustiça com
os descendentes e irmão do herdeiro pré-morto, ausente ou indigno.
P P graus diferentes
Por estirpe
F F F F F
50% 50% 1 1
3 3 N N N 1:3
3
P P
F F F F
N N N N N N N
100% : 3 1 1 1
4 4 4
Mesmo grau : por cabeça B B 1:2
Art. 1835 4
Por estirpe, graus diferentes
c) art. 1832:
F F F F
3 : 4
4
F F F F
1 1 1 1
5 5 5 5
F P M
F
AP AP art.1836, § 1 e 1852
(a mãe fica com 100%)
P M
Art. 1836 § 2
P M igualdade de graus e diversidade de linhas
P M
F cônjuge
1
3
P M
F cônjuge
50%
AP AP
P M
F cônjuge
50%
f) arts. 1829, III; 1830 e 1838 do C.C: se não tiver ascendente, nem
descendente o cônjuge ou companheiro herda 100%, desde que não esteja separado
judicialmente ou de fato há mais de 2 anos.
- art.1843 § 1 P M
F F F
100% : 4
S S S S
Tio P M
F F F
S S S S
h) arts. 1839 e 1841 (irmãos bilaterais e unilaterais): os bilaterais têm peso 2 e
os unilaterais têm peso 1.
P M
F F F F F
i) art. 1843 § 2
P M
F F F F F
S S S S
P M
F F F
- CONCEITO DE TESTAMENTO
- FORMAS DE TESTAMENTOS
- Feito de próprio punho, tendo o testador que escrever, ler e assinar, não
podendo ser a rogo
- Rasuras e correções ressalvadas não causam nulidade
- Deve ser datado (não acarreta nulidade)
- Três testemunhas (duas testemunhas/jurisprudência): ouvir a leitura e
assinar
- Mecânico: sem rasuras e espaços em branco, com a numeração e
autenticação de todas as folhas
- Língua nacional ou estrangeira, desde que o testador e as testemunhas
a compreendam
- Lado positivo: não precisa de tabelião
- Lado negativo: facilidade de extravio, em regra a falta das testemunhas
invalida o instrumento e o depoimento delas está sujeito a análise
OBS: Codicilo: é uma disposição de última vontade parecida com o testamento, mas
com suas particularidades. É usado para determinar providências do enterro, destinar
esmolas, roupas e joias de uso pessoal e pouco valor (valoração subjetiva). O autor do
codicilo tem que saber e poder escrever, pois é escrito, datado e assinado pelo
disponente; apesar que a jurisprudência tem aceitado de forma mecânica. Um codicilo
não revoga um testamento.