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5º período - 2021
direito de família
O direito de família é, de todos os ramos do direito, o mais intimamente ligado à própria
vida, uma vez que, de modo geral, as pessoas provêm de um organismo familiar e a ele
conservam-se vinculadas durante a sua existência, mesmo que venham a constituir nova
família pelo casamento ou pela união estável.
Lato sensu, o vocábulo família abrange todas as pessoas ligadas por vínculo de sangue
e que procedem, portanto, de um tronco ancestral comum, bem como as unidas pela
afinidade e pela adoção. Compreende os cônjuges e companheiros, os parentes e os
afins.
Para determinados fins, especialmente sucessórios, o conceito de família limita-se aos
parentes consanguíneos em linha reta e aos colaterais até o quarto grau.
Identificam-se na sociedade conjugal estabelecida pelo casamento três ordens de
vínculos: o conjugal, existente entre os cônjuges; o de parentesco, que reúne os seus
integrantes em torno de um tronco comum, descendendo uns dos outros ou não; e o de
afinidade, estabelecido entre um cônjuge e os parentes do outro. O direito de família
regula exatamente as relações entre os seus diversos membros e as consequências
que delas resultam para as pessoas e bens.
O objeto do direito de família é, pois, o complexo de disposições, pessoais e
patrimoniais, que se origina do entrelaçamento das múltiplas relações estabelecidas
entre os componentes da entidade familiar.
→ Princípio da igualdade jurídica dos cônjuges e dos companheiros, no que tange aos
seus direitos e deveres: estabelecido no art. 226, § 5º, da Constituição Federal.
A regulamentação instituída no aludido dispositivo acaba com o poder marital e com o
sistema de encapsulamento da mulher, restrita a tarefas domésticas e à procriação. Os
direitos são agora exercidos pelo casal, em sistema de cogestão, devendo as
divergências ser solucionadas pelo juiz (CC, art. 1.567, parágrafo único). O dever de
prover à manutenção da família deixou de ser apenas um encargo do marido,
incumbindo também à mulher, de acordo com as possibilidades de cada qual (art.
1.568).
O Código Civil de 2002, no art. 1.565, traçou algumas diretrizes, proclamando que “o planejamento
familiar é de livre decisão do casal” e que é “vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições
públicas e privadas”.
O Direito de Família contemporâneo pode ser dividido em dois grandes livros, o que
consta do CC/2002:
Direito de Família
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concepção de familia:
A Constituição Federal de 1988 tem um capítulo próprio que trata da família, da
criança, do adolescente, do jovem e do idoso (Capítulo VII, do Título VIII – Da Ordem
Social). Interpretando-se um dos dispositivos constantes desse capítulo, o art. 226 do
Texto Maior, pode-se dizer que a família é decorrente dos seguintes institutos:
I. Casamento civil, sendo gratuita a sua celebração e tendo efeito civil o casamento
religioso, nos termos da lei (art. 226, §§ 1.º e 2.º).
II. União estável entre homem e mulher, devendo a lei facilitar a sua conversão em
casamento (art. 226, § 3.º).
III. Família monoparental, comunidade formada por qualquer dos pais e seus
descendentes (art. 226, § 4.º).
Tem prevalecido, na doutrina e na jurisprudência, especialmente na superior (STF e
STJ), o entendimento pelo qual o rol constitucional familiar é exemplificativo (numerus
apertus) e não taxativo (numerus clausus). Assim sendo, são admitidas outras
manifestações familiares, caso das categorias a seguir:
IV. Família anaparental, expressão criada por Sérgio Resende de Barros, que quer dizer
família sem pais.
O STJ entendeu que o imóvel em que residem duas irmãs solteiras constitui bem de família, pelo fato
delas formarem uma família (STJ, REsp 57.606/MG, 4.ª Turma, Rel. Min. Fontes de Alencar, j.
11.04.1995, DJ 15.05.1995, p. 13.410).