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Direito de Família

Princípios

a) Princípio do respeito à dignidade da pessoa humana.

 “A milenar proteção da família como instituição, unidade de produção e


reprodução dos valores culturais, éticos, religiosos e econômicos, dá lugar à
tutela essencialmente funcionalizada à dignidade de seus membros, em
particular no que concerne ao desenvolvimento da personalidade dos filhos”.
 De outra forma, aduz, “não se consegue explicar a proteção constitucional às
entidades familiares não fundadas no casamento (art. 226, § 3º) e às famílias
monoparentais (art. 226, § 4º); a igualdade de direitos entre homem e mulher na
sociedade conjugal (art. 226, § 5º); a garantia da possibilidade de dissolução da
sociedade conjugal independentemente de culpa (art. 226, § 6º); o planejamento
familiar voltado para os princípios da dignidade da pessoa humana e da
paternidade responsável (art. 226, § 7º) e a previsão de ostensiva intervenção
estatal no núcleo familiar no sentido de proteger seus integrantes e coibir a
violência doméstica (art. 226, § 8º)”.
 Constitui base da comunidade familiar, garantindo o pleno desenvolvimento e a
realização de todos os seus membros, principalmente da criança e do adolescente
(CF, art. 227).

b) Princípio da igualdade jurídica dos cônjuges e dos companheiros.

 “Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente


pelo homem e pela mulher”.
 Acaba com o poder marital e com o sistema de encapsulamento da mulher,
restrita a tarefas domésticas e à procriação.
 Direitos são agora exercidos pelo casal, em sistema de cogestão, devendo as
divergências ser solucionadas pelo juiz (CC, art. 1.567, parágrafo único).
 O dever de prover à manutenção da família deixou de ser apenas um encargo do
marido, incumbindo também à mulher, de acordo com as possibilidades de cada
qual (art. 1.568).
c) Princípio da igualdade jurídica de todos os filhos.

 “Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os


mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações
discriminatórias relativas à filiação”.
 Absoluta igualdade entre todos os filhos, não admitindo distinção entre filiação
legítima ou ilegítima, segundo os pais fossem casados ou não, e adotiva (CC,
arts. 1.596 a 1.629).
 Não admite distinção entre filhos legítimos, naturais e adotivos, quanto ao nome,
poder familiar, alimentos e sucessão; permite o reconhecimento, a qualquer
tempo, de filhos havidos fora do casamento; proíbe que conste no assento do
nascimento qualquer referência à filiação ilegítima; e veda designações
discriminatórias relativas à filiação.

d) Princípio da paternidade responsável e planejamento familiar.

 O planejamento familiar é livre decisão do casal, fundado nos princípios da


dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável.
 A Lei n. 9.253/96 regulamentou o assunto, especialmente no tocante à
responsabilidade do Poder Público. O Código Civil de 2002, no art. 1.565,
traçou algumas diretrizes, proclamando que “o planejamento familiar é de livre
decisão do casal” e que é “vedado qualquer tipo de coerção por parte de
instituições públicas e privadas”.

e) Princípio da comunhão plena de vida baseada na afeição entre os cônjuges ou


conviventes.

 Tem relação com o aspecto espiritual do casamento e com o companheirismo


que nele deve existir.
 Demonstra a intenção do legislador de torná-lo mais humano.
 “Altera-se o conceito de unidade familiar, antes delineado como aglutinação
formal de pais e filhos legítimos baseada no casamento, para um conceito
flexível e instrumental, que tem em mira o liame substancial de pelo menos um
dos genitores com seus filhos – tendo por origem não apenas o casamento – e
inteiramente voltado para a realização espiritual e o desenvolvimento da
personalidade de seus membros”.
Famílias:

a) Família matrimonial: decorrente do casamento;

b) Família informal: decorrente da união estável;

c) Família monoparental: constituída por um dos genitores com seus filhos;

d) Família anaparental: constituída somente pelos filhos;

e) Família homoafetiva: formada por pessoas do mesmo sexo;

f) Família eudemonista: caracterizada pelo vínculo afetivo.

Casamento

 Negócio jurídico de Direito de Família por meio do qual um homem e uma


mulher se vinculam através de uma relação jurídica típica, que é a relação
matrimonial. Esta é uma relação personalíssima e permanente, que traduz ampla
e duradoura comunhão de vida.
 Por outro lado, por meio de contrato faz-se o casamento, mas contrato de direito
de família; no caso de celebração confessional, conforme a concepção do seu
direito matrimonial. Mas o registro civil é que em verdade lhe dá existência
jurídica e os efeitos civis; e tais efeitos não são, de regra, contratuais – resultam
do instituto mesmo.
 Ato eminentemente solene
o As formalidades exigidas constituem elementos essenciais e estruturais
do casamento, cuja inobservância torna o ato inexistente.
 Normas que o regulamentam são de ordem pública
o Malgrado a liberdade concedida a toda pessoa de escolher o seu cônjuge,
não é dado aos nubentes discutir com o celebrante o conteúdo e a
extensão dos seus direitos e deveres, nem impor regras sobre a
dissolução do vínculo ou reconhecimento de filho.
 Estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres
dos cônjuges
o Assim o proclama o art. 1.511 do Código Civil. Implica necessariamente
união exclusiva, uma vez que o primeiro dever imposto a ambos os
cônjuges no art. 1.566 do mencionado diploma é o de fidelidade
recíproca. A aludida comunhão está ligada ao princípio da igualdade
substancial, que pressupõe o respeito à diferença entre os cônjuges e a
consequente preservação da dignidade das pessoas casadas. Em
complemento, dispõe o art. 1.565 do novo Código que, por meio do
casamento, “homem e mulher assumem mutuamente a condição de
consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família”.
 Não comporta termo ou condição
o Negócio jurídico puro e simples.
 Permite liberdade de escolha do nubente
o Cabe aos consortes manifestar a sua vontade, pessoalmente ou por
procurador com poderes especiais (CC, art. 1.542).
o Liberdade nupcial é um princípio fundamental e de ordem pública, pelo
que se considera inadmissível restrição à liberdade pessoal de casar a
inserção de cláusula de celibato ou viuvez em determinados contratos ou
em testamento.

Inovações Código Civil de 2002

 gratuidade da celebração do casamento e, com relação à pessoa cuja pobreza for


declarada sob as penas da lei, também da habilitação, do registro e da primeira
certidão (art. 1.512);
 regulamentação e facilitação do registro civil do casamento religioso (art.
1.516);
 redução da capacidade do homem para casar para dezesseis anos (art. 1.517);
 previsão somente dos impedimentos ou dirimentes absolutos, reduzindo-se o rol
(art. 1.521);
 tratamento das hipóteses de impedimentos relativamente dirimentes do Código
Civil de 1916 não mais como impedimentos, mas como casos de invalidade
relativa do casamento (art. 1.550);
 substituição dos antigos impedimentos impedientes ou meramente proibitivos
pelas causas suspensivas (art. 1.523);
 exigência de homologação da habilitação para o casamento pelo juiz (art. 1.526),
limitada, posteriormente, pela Lei n. 12.133, de 17-12-2009, aos casos em que
tenha havido impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiros;
 casamento por procuração mediante instrumento público, com validade restrita a
noventa dias;
 consolidação da igualdade dos cônjuges, aos quais compete a direção da
sociedade conjugal, com o desaparecimento da figura do chefe de família (arts.
1.565 e 1.567);
 oficialização do termo sobrenome e possibilidade de adoção do utilizado pelo
outro por qualquer dos nubentes (art. 1.565, § 1º).

Extinção da Sociedade Conjugal e do Vínculo Conjugal

 Arts. 1571 a 1582


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