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Aula 11

Direito Civil p/ XX Exame de Ordem - OAB


Professor: Paulo H M Sousa
DIREITO CIVIL – OAB XX
Teoria e Questões
Aula 11 – Prof. Paulo H M Sousa

AULA 11
DIREITO DE FAMÍLIA I

Sumário
Sumário .................................................................................................. 1
Considerações Iniciais ............................................................................... 2
15. CASAMENTO E UNIÃO ESTÁVEL ............................................................ 3
15.1. Requisitos ..................................................................................... 3
15.2. Celebração.................................................................................... 9
15.3. Impedimentos e defeitos .............................................................. 11
15.3.1 – Causas de impedimento ........................................................... 11
15.3.2 – Causas de suspensão............................................................... 13
15.3.3 – Nulidades e anulabilidades ....................................................... 15
15.4. Efeitos........................................................................................ 21
15.5. Dissolução .................................................................................. 22
15.6. Regimes de Bens ......................................................................... 24
15.6.1 – Comunhão parcial de bens ....................................................... 27
15.6.2 – Separação obrigatória de bens .................................................. 30
15.6.3 – Separação voluntária de bens ................................................... 32
15.6.4 – Comunhão universal de bens .................................................... 32
15.6.5 – Participação final nos aquestos ................................................. 33
Lista de Questões da Aula ........................................................................ 34
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Considerações Finais ............................................................................... 38

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Considerações Iniciais
Jean Carbonnier afirma que o Direito Privado trabalha com três pilares
fundamentais: o contrato, a propriedade e a família. Esses pilares sempre ficam
conectados: o contrato e a propriedade são necessários à família e vice-versa.
Já vimos o primeiro e o segundo pilares, e agora chegamos ao último, a família.
A disciplina do direito de família é bastante relevante, sobretudo em face das
profundas alterações sofridas pelas relações familiares nos últimos tempos: união
estável, união homo afetiva, equalização dos filhos independentemente da
origem, exame de DNA, maternidade por substituição, e tantos outros que trazem
grandes desafios.
Nesse sentido, o legislador constitucional tem papel relevante, dada a
constitucionalização do direito de família com a CF/1988 e os impactos que isso
gerou no direito infraconstitucional.
Nesta aula, iniciaremos a primeira parte do quarto Livro da Parte Especial
(lembrando que já vimos o primeiro e o terceiro Livros, e o segundo é o Livro do
Direito de Empresa, que é visto lá pelo Direito Empresarial) do CC/2002. Na
primeira parte trataremos das regras gerais sobre o casamento e a união estável
e, na sequência, discorreremos sobre os regimes de bens existentes no Direito
brasileiro.
Vale lembrar que das provas de 1ª Fase de Direito Civil dos últimos 19
Exames da OAB, tivemos 16 questões sobre o Direito de Família, ou seja,
quase uma questão por Exame. Destaco que no III Exame tivemos 4
questões inteiras sobre Direito de Família. Além disso, esse é um tema que,
na prática de um advogado na área cível certamente aparecerá com frequência
e, mesmo que você advogue em outras áreas, certamente alguém aparecerá com
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alguma questão sobre o assunto.


No último Exame, o XIX, tivemos uma questão de Direito de Família.
Como em alguns exames, vez ou outra, não cai uma questão sobre o
Direito de Família, é difícil dizer se no próximo teremos uma questão,
pelo que você deve ficar atento, preparado para eventualmente uma
questão que envolva um dos temas sobre os quais trataremos hoje.
Vamos lá...

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15. CASAMENTO E UNIÃO ESTÁVEL


A partir da CF/1988, casamento e união estável passam a dividir um mesmo nível
de proteção legal, apesar de resistirem ainda algumas diferenças entre ambos os
institutos, como veremos ao longo das próximas aulas.
Igualmente, ainda resiste a diferença entre a união estável (união entre
duas pessoas que podem casar, mas não casam) e o
concubinato (união entre duas pessoas que não
podem casar, por uma série de razões), conforme o
art. 1.727 do CC/2002. A tendência, segundo a doutrina,
é que tais diferenças acabem paulatinamente desaparecendo, havendo situações
em que se reconhece a pluralidade de uniões, mesmo existindo o impedimento,
com repercussões jurídicas, inclusive.
A união estável, nesse sentido, goza de proteção legal por força do art. 226, §3º
da CF/1988 (“Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável
entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua
conversão em casamento”). O art. 1.723 do CC/2002, nesse sentido, reconhece
como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher (ou melhor,
entre duas pessoas), configurada na convivência pública, contínua e duradoura e
estabelecida com o objetivo de constituição de família.
Vejamos os requisitos para o casamento e para a união estável.

15.1. Requisitos
Por força de decisão do STF, na Adin 4.277 e na ADPF
132, a união estável se estende também a casais
formados por pessoas do mesmo sexo, já que o
Supremo julgou inconstitucional a parte que trata da diversidade de gênero. Seja
na união heteroafetiva, seja na união homo afetiva, é possível retirar do art.
1.723 os requisitos para que se configure a união estável. São eles:

1. Estabilidade
• Art. 226, §3º da CF/1988
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Não é qualquer união de fato entre duas pessoas que gera efeitos no campo
familiar, seja pessoalmente, seja patrimonialmente. O fator tempo, assim,
exerce papel importante.
Porém, não há um requisito objetivo para a determinação dessa
estabilidade, que depende de uma análise subjetiva
do juiz, que, inclusive, pode se valer de variados
elementos probatórios para determinar quão estável
é uma relação. Por exemplo, o nascimento de filhos, tempo de duração longo,
reconhecimento social da união, apresentação em órgãos do Estado da situação
fática etc.

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2. Publicidade
• Art. 1.723 do CC/2002

Deve haver publicidade da relação, ou seja, não pode o relacionamento das


partes limitar-se ao âmbito privado, já que a
privacidade da união estável a aproxima do
“concubinato”, situação na qual um ou ambos os
conviventes pretendiam ocultar sua relação, por
variadas razões, desde morais a jurídicas.
É mais ou menos a mesma coisa daquilo que falamos na Aula 0 sobre a posse de
estado de filho. Ou seja, perante a sociedade aqueles dois eram “casados”.
Curiosamente, existe a posse de estado de casado. Em
regra, o casamento se prova pela certidão do registro
(art. 1.543 do CC/2002). Porém, por variadas razões,
o registro não mais existe, pelo que se admitem
outras provas, na ação declaratória.
Verificando-se a posse de estado de casado, que exige, exatamente, esses
requisitos indiciários da união estável (art. 1.547), a decisão judicial declarará
o casamento, com efeitos retroativos à celebração, para ser inscrita no
registro (art. 1.546). Caso uma das partes não possa se manifestar (tenha
morrido, por exemplo) haverá presunção de casamento, exceto se alguma
delas já era casada (art. 1.545), numa regra in dúbio pro matrimonio.

3. Continuidade
• Art. 1.723 do CC/2002

Igualmente, a relação, apesar de estável e pública, pode ser entremeada por


períodos de falta de convivência. Novamente, o juiz se
valerá de elementos variados para julgar o que é e o
que não é contínuo, já que, atualmente, não é incomum
que casais, mesmo casados, acabem tendo rupturas relativamente longas.

4. Duração 36705785870

• Art. 1.723 do CC/2002

Mais uma vez, como disse acima, não há mais um tempo mínimo de duração
da união estável, como antes. Obviamente que
relações muito curtas não serão consideradas
estáveis (6 meses, por exemplo), ao passo que relações
bastante longas (10 anos), certamente induzirão o julgador a concluir pela
existência de uma união estável.

5. Constituição de família
• Art. 1.723 do CC/2002

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Esse requisito é um tanto óbvio, pois mesmo que duas pessoas convivam de
maneira estável, pública, contínua e duradoura, isso não configurará união
estável se não houver objetivo de constituir família. Assim, dois amigos que
moram juntos, para “rachar” as despesas do imóvel, não serão considerados
conviventes, dado que lhes falta esse “ânimo de constituir família”.
Esse “objetivo de constituir família” é um daqueles requisitos que são fáceis de
visualizar, mas difíceis de explicar, pois a própria realidade traz, de maneira um
tanto inequívoca, sua caracterização. Esses dois amigos que mencionei acima,
por mais que costumassem sair juntos, morassem juntos há 10 anos, sempre
estavam presentes nos eventos sociais juntos, não são conviventes. Agora, se há
um algo mais publicamente reconhecido, esse “ânimo de constituir família”, aí
sim falamos em união estável.
Nesse sentido, tentando facilitar o reconhecimento ou o afastamento da
união estável, o art. 1.724 do CC/2002 afirma que essas relações entre
os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e
assistência, e de guarda, sustento e educação dos
filhos. Via de regra, a doutrina aponta que, incluídos
aí estão os deveres de fidelidade e de coabitação.
Não obstante, todos esses elementos devem ser vistos com cuidado, já
que, numa pluralidade de arranjos e formas familiares, eventualmente alguns
desses deveres são descumpridos pelos conviventes, de comum acordo,
notadamente a fidelidade. A coabitação, por sua vez, já é analisada com cuidado
pela jurisprudência há tempos, dado que, atualmente, é bastante frequente que
casais não coabitem. Nesse sentido, a S. 382/STF já estabelecia que a
coabitação não era fator indispensável ao concubinato.
Em outras palavras, todos esses elementos nos trazem “indícios” da união
estável, sendo que o juiz, na análise do caso concreto, sopesará todos
eles numa balança, para decidir se há ou não união estável.

Requisitos para a União Estável


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Estabilidade

Publicidade

Continuidade

Duração

Constituição de família

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Questão 33 – V Exame da OAB


Em relação à união estável, assinale a alternativa correta.
(A) Para que fique caracterizada a união estável, é necessário, entre outros
requisitos, tempo de convivência mínima de cinco anos, desde que durante
esse período a convivência tenha sido pública e duradoura.
(B) Quem estiver separado apenas de fato não pode constituir união estável,
sendo necessária, antes, a dissolução do anterior vínculo conjugal; nesse
caso, haverá simples concubinato.
(C) Não há presunção legal de paternidade no caso de filho nascido na
constância da união estável.
(D) O contrato de união estável é solene, rigorosamente formal e sempre
público.
Comentários
A alternativa A está incorreta, já que, como dito, não há um tempo mínimo de
configuração para a união estável, que será analisada a critério do juiz.
A alternativa B está incorreta, pois o separado de fato pode se casar, ainda que
não tenha formalizado e regularizado sua separação, mas isso não o impede de
ter novo relacionamento, estável. O concubinato só se caracteriza quando alguém
NÃO pode casar, como o já casado (e não separado de fato) ou as pessoas que
não podem se casar, como uma pessoa com sua tia ou outra pessoa com seu
sogro.
A alternativa C está correta, porque a união estável não tem data inicial
documental, pública e que goze de fé pública, como tem o casamento, para
aferição de paternidade presuntiva. Voltaremos a tratar desse assunto na aula
que vem.
A alternativa D está incorreta, já que a união estável é uma união de fato, e
não de direito, pelo que não se exige nenhum requisito formal prévio, ainda que
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para que se declare a união estável se exijam os mesmos requisitos do


casamento.
Já o casamento, como união de direito, tem requisitos bem mais complexos.
Inicialmente, além da capacidade geral, o casamento exige aptidão
especial, que se regula pelo procedimento especial da habilitação,
prevista no CC/2002 e na Lei de Registros Públicos – LRP, Lei 6.015/1973.
O art. 1.525 do CC/2002 exige que ambos os nubentes firmem requerimento
de habilitação para o casamento, de próprio punho ou por procurador.
Esse requerimento deve ser acompanhado de determinados documentos:

I - Certidão de nascimento ou documento equivalente

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Exige-se tal certidão para se verificar se os nubentes têm


idade núbil, que é de 16 anos, no mínimo (art. 1.517).
Caso sejam maiores, ambos, basta a certidão; caso um ou
ambos sejam menores, relativamente incapazes (entre 16 e 18 anos), podem
casar, desde que autorizados pelos pais ou responsáveis legais.
Por outro lado, o documento de identificação é necessário para que o cartorário
verifique se não é o caso de limitação ao casamento, como no caso da
obrigatoriedade do regime de separação de bens para os maiores de 70 anos,
por força do art. 1.641, inc. II do CC/2002.

II - Autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal


estiverem, ou ato judicial que a supra.

Os relativamente capazes necessitam de autorização para casar. Podem


os responsáveis, porém, revogar a autorização, até a data da celebração do
casamento, por qualquer razão (art. 1.518 do CC/2002). Se o nubente
prejudicado julgar que o motivo é injusto, pode recorrer ao juiz, que pode
suprir o consentimento (art. 1.519).
O art. 1.517, parágrafo único, estabelece que se
houver divergência entre os pais, é assegurado a
qualquer deles recorrer ao juiz para solução do
desacordo (art. 1.631, parágrafo único).
Seja qual for o caso, o rito do pedido do menor será o comum ordinário, segundo
a doutrina. Como o representante legal não autorizou, ou revogou a autorização,
por óbvio não representará ele o menor contra si mesmo,
por isso, o menor litigará, extraordinariamente. Parte
da doutrina entende que ele necessitará de curador especial
para o ato. De qualquer forma, suprido o consentimento, o casamento
será realizado sob o regime de separação de bens, obrigatoriamente, por
força do art. 1.641, inc. III do CC/2002.
Por fim, o art. 1.520 traz norma controversa, dizendo que, excepcionalmente,
será permitido o casamento de quem ainda não
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alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar


imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.

III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que


atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os iniba de
casar.

Eis um caso peculiar em relação à prova testemunhal, admitida de


maneira ampla nesse caso, não se compreendendo o parente próximo
como impedido, como faz o art. 405, §2º, inc. I do CPC.

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IV - Declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos


contraentes e de seus pais, se forem conhecidos.

Se maiores problemas, tem por objetivo evitar fraude, como no caso de nubentes
de domicílio diversos (situação na qual serão publicados os editais em ambos,
segundo o art. 67, §4º da LRP), ou de pessoas já casadas, de modo a evitar a
bigamia.

V - Certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória


transitada em julgado ou de anulação de casamento, transitada em julgado,
ou do registro da sentença de divórcio.

Reunidos os documentos, podem as partes se dirigir ao Cartório para iniciar a


habilitação. O art. 1.526 do CC/2002 exige que a habilitação seja feita
pessoalmente perante o oficial do Registro Civil.
Nesse momento, o oficial do registro deve esclarecer
os nubentes a respeito dos fatos que podem ocasionar
a invalidade do casamento, bem como sobre os
diversos regimes de bens, consoante regra do art. 1.528.
Se estiver em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se
afixará durante quinze dias nas circunscrições do Registro Civil de ambos
os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local, se
houver, segundo o disposto no art. 1.527. São os chamados proclamas.
Em casos urgentes, a autoridade competente poderá
dispensar a publicação (art. 1.527, parágrafo único).
Contudo, segundo o art. 69 da LPR, para a dispensa de
proclamas, os nubentes, em petição dirigida ao Juiz, deduzirão os
motivos de urgência do casamento, provando-a, desde logo, com
documentos ou indicando outras provas para demonstração do alegado.
Em seguida, se o oficial, o MP ou terceiro impugnarem o registro da habilitação
(arts. 1.529 e 1.530 do CC/2002), determina o parágrafo único do art. 1.526 do
CC/2002 e o art. 68 da LRP que ela será submetida ao juiz. Podem, então, os
nubentes requerer prazo razoável para fazer prova contrária aos fatos alegados
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(art. 1.530, parágrafo único), inclusive ouvindo testemunhas (art. 68, §1º da
LRP). Aí, o juiz decidirá, em decisão irrecorrível (art. 67, §2º e art. 68, §1º da
LRP).
Decorrido o prazo de 15 dias a contar da afixação do edital em cartório,
se não aparecer quem oponha impedimento nem constar algum dos que de
ofício deva declarar, ou se tiver sido rejeitada a impugnação do MP, o oficial do
registro certificará a circunstância nos autos, consoante o §3º do art. 67 da LPR.
Nesse caso, expede-se a certidão de habilitação, na forma do art. 67 da LPR
e do art. 1.531 do CC/2002.
A certidão de habilitação terá efeitos por noventa
dias, a contar da data em que foi extraído o certificado
(art. 1.532). Passado o prazo, as partes devem, novamente,

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requerer a habilitação, desde o início; cumprido, celebra-se o casamento, como


veremos adiante.

15.2. Celebração
A cerimônia é realizada pela autoridade competente (juiz de paz, de direito, de
casamentos, do registro civil etc., a depender do Estado). De acordo com o art.
1.512 do CC/2002, o casamento é civil e gratuita a sua celebração.
Igualmente, segundo o parágrafo único, mesmo a habilitação será gratuita para
as pessoas cuja pobreza for declarada.
No entanto, o casamento religioso, que atender às exigências da lei para
a validade do casamento civil, equipara-se a este,
desde que registrado no registro próprio, produzindo
efeitos a partir da data de sua celebração (art. 1.515). O
registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para
o casamento civil (art. 1.516).
O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de
90 dias de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício
competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido
homologada previamente a habilitação de que tratamos no item anterior (§1º).
Mesmo sem as formalidades, o casamento terá efeitos
civis se, a requerimento do casal, for registrado
posteriormente, no registro civil, mediante prévia
habilitação perante a autoridade competente, no prazo de
90 dias (§2º).
Designa-se dia, hora e lugar, mediante petição dos contraentes à autoridade que
presidir o ato (art. 1.533), à solenidade, que se realiza na sede do cartório, ou
noutro edifício público ou particular, com toda publicidade, a portas abertas,
presentes pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes (art.
1.534). Caso a solenidade se realize em edifício particular, ficará este de portas
abertas durante o ato, exigindo-se, então, quatro as testemunhas, se algum dos
contraentes não souber ou não puder escrever (§§ 1º e 2º).
O celebrante ouve dos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e
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espontânea vontade, declarando efetuado o casamento, nestes termos: "De


acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de
vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro
casados." (art. 1.535 do CC/2002).
Na sequência, lavra-se o assento no livro de registro, que deve ser assinado pelo
presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o oficial do registro (art.
1.536) O registro deve conter:
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência atual
dos cônjuges;
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residência
atual dos pais;

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III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do casamento


anterior;
IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento;
V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro;
VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas;
VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas foi
lavrada a escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o
obrigatoriamente estabelecido.

Ademais, se algum dos nubentes adotar o nome do outro, o assente deve o


indicar (art. 1.565, §1º do CC/2002). Se algum dos nubentes for menor, a
autorização para casar deve ser transcrita integralmente na escritura antenupcial
(art. 1.537).
O casamento se perfectibiliza quando os nubentes
manifestam, perante o juiz, a sua vontade de
estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara
casados, na dicção do art. 1.514 do CC/2002.
Porém, a celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos
contraentes recusar a solene afirmação da sua vontade, declarar que esta não é
livre e espontânea ou manifestar-se arrependido (art. 1.538, incisos). Nesses
casos, o nubente não pode retratar-se no mesmo dia (parágrafo único).
Excepcionalmente, a lei admite dois casos de
casamento sem que as formalidades sejam todas
cumpridas: são os casos de casamento sob moléstia
grave e casamento nuncupativo.
No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-
lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas
testemunhas que saibam ler e escrever (art. 1.539 do CC/2002).
Por outro lado, quando algum dos contraentes estiver em iminente risco
de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual
incumba presidir o ato, nem a de seu substituto,
poderá o casamento ser celebrado na presença de seis
testemunhas, que com os nubentes não tenham
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parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau (art. 1.540).
Esse é o chamado casamento nuncupativo, que nada mais é do que o casamento
realizado com pessoa em iminente risco de vida, cujas formalidades do
casamento são deixadas de lado, sob pena de morrer o nubente.
Nesse caso, consoante regra do art. 1.541, realizado o ato, devem as
testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima,
dentro em 10 dias, declarando que foram convocadas por parte do
enfermo e que este parecia em perigo de vida, mas estava em seu juízo
normal, e que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e
espontaneamente a aceitação ao matrimônio.

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Feito isso, o juiz procederá às diligências necessárias para verificar se os


contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados
que o requererem, dentro em quinze dias (§1º). Aprovado o casamento, o
assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao
estado dos cônjuges, à data da celebração (§4º). Porém, dispensam-se
essas formalidades todas se o enfermo se curar e
puder ratificar o casamento na presença da
autoridade competente e do oficial do registro (§5º).

15.3. Impedimentos e defeitos


Em regra, podem as pessoas casar-se livremente. Porém, em algumas
situações, a lei impede impõe obstáculos ao casamento, seja porque
suspende o casamento em algumas situações, seja porque impede, em outras.
Veja-se, aqui, que não se fala em incapacidade para casar. Já vimos as situações
de incapacidade no art. 1.517, no item 1.1, acima.

15.3.1 – Causas de impedimento


Aqui, ao contrário, as pessoas são capazes, mas a lei cria impedimentos
circunstanciais. Esses impedimentos são taxativos, ou seja, todos elencados em
lei, especificamente. O art. 1.521 do CC/2002 estabelece que não podem casar:

I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;


II - os afins em linha reta.

O impedimento, aqui, é evidentemente biológico, de modo a impedir a procriação


de descendentes com maior probabilidade de problemas
cromossômicos. Ainda que historicamente houvesse
procriação nesses casos, entre humanos, e ainda que atualmente a procriação já
não seja mais elemento preponderante para o casamento civil, a limitação
persiste, havendo, inclusive, certa repugna social à permissão. O impedimento
segue ao infinito, em se tratando de consanguinidade (bisneto com bisavó,
pai e filha etc.)
No caso do parentesco por afinidade (parentes
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oriundos da relação conjugal, ou seja, sogros,


cunhados etc.), a limitação ocorrerá apenas no
primeiro grau, ou seja, não podem casar genro e sogra, por exemplo, mas
podem casar-se cunhados, desde que, obviamente, desfeita a primeira relação.
Segundo o art. 1.595, §2º, o parentesco por afinidade em linha reta não se
extingue com o término da relação conjugal, seja matrimonializada, seja por
união estável. Em outras palavras, não existe “ex-sogro”.

III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o
foi do adotante;
V - o adotado com o filho do adotante.

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Mesmo que o parentesco seja socioafetivo (ou civil, como diz a lei),
derivado de adoção, o impedimento se mantém. Assim, o adotado não pode
casar com o adotante, ainda que não ele não tenha relação de consanguinidade,
ou com seus filhos, ou vice-versa.
Mencione-se, ainda, que aqui reside o único laço do
adotado com a família biológica. A adoção, segundo o
art. 41 do ECA, atribui a condição de filho ao adotado, com
os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de qualquer
vínculo com pais e parentes. A exceção fica, por conta desse artigo e do art.
1.626 do CC/2002, por conta dos impedimentos matrimoniais, ou seja, o
adotado mantém os impedimentos matrimoniais em relação à família
biológica e tem adicionais os impedimentos matrimoniais em relação à
família adotiva.

IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro


grau inclusive.

O terceiro grau abrange o matrimônio entre tio e


sobrinha ou tia e sobrinho, mas não atinge os primos,
por exemplo (chamados por vezes de primos de primeiro
grau ou primos-irmãos).

Questão 39 – VI Exame da OAB


Rejane, solteira, com 16 anos de idade, órfã de mãe e devidamente
autorizada por seu pai, casa-se com Jarbas, filho de sua tia materna, sendo
ele solteiro e capaz, com 23 anos de idade. A respeito do casamento
realizado, é correto afirmar que é
(A) nulo, tendo em vista o parentesco existente entre Rejane e Jarbas.
(B) é anulável, tendo em vista que, por ser órfã de mãe, Rejane deveria
obter autorização judicial a fim de suprir o consentimento materno.
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(C) válido.
(D) anulável, tendo em vista o parentesco existente entre Rejane e Jarbas.
Comentários
A alternativa A está incorreta, dado que a limitação ao casamento dentro da
família, em linha colateral, se estabelece até o terceiro grau, somente. Assim,
tios e sobrinhos não podem se casar, mas nada impede que primos o façam, na
regra do art. 1.521, inc. IV (“Não podem casar os irmãos, unilaterais ou bilaterais,
e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive”).
A alternativa B está incorreta, já que apesar de o art. 1.517 exigir o
consentimento de ambos os pais para que o menor se case, se um deles morreu
não fazer sentido solicitar autorização judicial para suprir a vontade do falecido

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(“O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização
de ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a
maioridade civil”). Segundo o art. 1.519, somente quando houver a denegação
do consentimento, de maneira injusta, por um ou por ambos os pais, pode ser
suprida pelo juiz o consentimento.
A alternativa C está correta, de acordo com aquilo que mencionei na alternativa
A.
A alternativa D está incorreta, novamente, de acordo com aquilo que mencionei
na alternativa A.

VI - as pessoas casadas.

Consequência do dever de fidelidade e da vedação à bigamia. Mesmo que ausente


o outro cônjuge, persiste o casamento, que se extingue apenas depois da
decretação de morte ou na situação peculiar de declaração de ausência sem
prévia presunção de morte, como vimos na aula inicial de nosso curso.

VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de


homicídio contra o seu consorte.

Essa regra, apesar do silencio legal, vale apenas para o


caso de condenação criminal transitada em julgado.
Igualmente, o homicídio deve ser da modalidade
dolosa, não valendo na culposa.
Esses impedimentos, segundo o art. 1.522, podem ser
opostos, até o momento da celebração do casamento,
por qualquer pessoa capaz. Sem oposição do
impedimento, e realizado o casamento, será ele
considerado nulo, consoante regra do art. 1.548, inc. II do CC/2002, podendo
a nulidade ser requerida por qualquer interessado ou pelo MP (art. 1.549).

15.3.2 – Causas de suspensão


Contrariamente às causas de impedimento, as de suspensão impõem a
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validade do casamento, acompanhada de “sanções”. O art. 1.524 do


CC/2002 fixou que tais causas podem ser arguidas pelos
parentes em linha reta de um dos nubentes e pelos
colaterais em segundo grau, consanguíneos ou afins.
Em qualquer caso, a violação das causas suspensivas
obriga os nubentes a se casarem sob o regime de
separação de bens (art. 1.641, inc. I), além de se estabelecer hipoteca legal
em favor dos filhos sobre os imóveis do genitor nubente, até que finalize a
repartição do patrimônio do casamento anterior (art. 1.489, inc. II).
Vejamos as hipóteses previstas pelo art. 1.523:

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I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer
inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros

O objetivo aqui é resguardar o patrimônio dos filhos. O art.


1.523, em seu parágrafo único, porém, permite aos
nubentes solicitar ao juiz que não lhe seja aplicada a
limitação, desde que prove a inexistência de prejuízo
para o herdeiro.

II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido
anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da
sociedade conjugal.

Hipótese superada pelo exame de DNA, pretendia dar maior certeza à


presunção de paternidade. O art. 1.523, em seu parágrafo único, porém,
permite aos nubentes solicitar ao juiz que não lhe seja
aplicada a limitação, desde que prove o nascimento de
filho, ou a inexistência de gravidez, na fluência do
prazo.

III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a


partilha dos bens do casal.

Aqui o objetivo é evitar a confusão patrimonial, pois é possível o divórcio sem


partilha, atualmente; funciona como um meio para “forçar” ex-casais a ultimarem
a partilha.
O art. 1.523, em seu parágrafo único, porém, permite aos
nubentes solicitar ao juiz que não lhe seja aplicada a
limitação, desde que prove a inexistência de prejuízo
para o ex-cônjuge.

IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos,


cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não
cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
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O objetivo é evitar que o tutor/curador force o tutelado/curatelado a casar


consigo para evitar questionamentos sobre a tutela/curatela.
O art. 1.523, em seu parágrafo único, porém, permite aos
nubentes solicitar ao juiz que não lhe seja aplicada a
limitação, desde que prove a inexistência de prejuízo
para a pessoa tutelada ou curatelada.

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Impedimento Suspensão

Linha reta: ascendência e Viuvez, com filhos, sem


descendência, sempre inventário

Parentesco por afinidade: Casamento anulado, em


até 1º grau até 10 meses

Adotante e cônjuge do Divorciado ou separado


adotado sem partilha

Tutor/curador e
Colaterais até o 3º grau descendentes com o
tutelado ou curatelado

Adotado com o filho do


adotante

Pessoas casadas

Com o homicida (ou


tentativa) do outro

15.3.3 – Nulidades e anulabilidades


Os vícios são de duas espécies, a depender dos efeitos. Pode o casamento ser
nulo ou anulável. A existência, validade (nulidade e anulabilidade) e
eficácia da teoria geral do fato jurídico têm funcionamento peculiar em
matéria de casamento, tendo em vista uma série de efeitos que ele gera.
Só para exemplificar, o casamento realizado por autoridade incompetente seria,
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no rigor da teoria, inexistente. Se inexistente o ato, os atos dele derivados são


igualmente inexistentes. Se eu registro um filho com base num casamento
inexistente, o filho é, por consequência, inexistente. Se ele não existe, se eu
morrer, ele não herda nada, já que não existe herdeiro. Ora, é óbvio que isso não
pode se manter...
Por isso, mesmo que seja anulável ou mesmo nulo o casamento, se
contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, em relação a estes como aos
filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória, por força
do art. 1.561. Porém, se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o
casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão (§1º); ao
contrário, se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os

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seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão (§2º). Se ao


menos um dos nubentes estava de boa-fé, estamos
diante do chamado casamento putativo, ou seja, o
casamento que, mesmo não o sendo, parece e, por
isso, irradia efeitos jurídicos em relação a terceiros.
Quanto à nulidade, vimos, anteriormente, a primeira situação. São nulos os
casamentos celebrados em violação aos impedimentos matrimoniais previstos no
art. 1.521 do CC/2002.
A segunda situação de nulidade deixou de existir a
partir da revogação do art. 1.548, inc. I do CC/2002
pela Lei 13.146/2015, o Estatuto da Pessoa com
Deficiência. Com a entrada em vigor da Lei em
06/01/2015, o casamento do incapaz por enfermidade mental que não
possui discernimento para os atos da vida civil deixou de ser nulo.
Assim, resta, em breve, apenas uma situação de
nulidade para o casamento, consistente na violação
dos impedimentos matrimoniais previstos no art.
1.521, incisos.
A eficácia da nulidade é, como de praxe, retroativa (ex tunc) e pode ser requerida
a qualquer tempo. Segundo o art. 1.563 do CC/2002, porém, a sentença que
decretar a nulidade do casamento retroagirá à data
da sua celebração, sem prejudicar a aquisição de
direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem
a resultante de sentença transitada em julgado.
Por outro lado, o art. 1.550 do CC/2002 traz as hipóteses de anulabilidade do
casamento:

I - de quem não completou a idade mínima para casar.

Como já dissemos, é, em regra, 16 anos. Porém, excepcionalmente, menores


de 16 anos poderão se casar, nos casos do controverso art. 1.520 (imposição
de pena ou gravidez). No entanto, o art. 1.551
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estabelece que não se anulará, por motivo de idade, o


casamento de que resultou gravidez, em qualquer
caso.
Podem requerer a anulação do casamento dos menores de dezesseis
anos, o próprio cônjuge menor, seus representantes legais ou seus
ascendentes, na dicção do art. 1.552 do CC/2002. Porém, o art. 1.553
estabelece uma situação de aquisição superveniente de requisito faltante ao
casamento, que levaria à anulabilidade. Nesse caso, o
menor que não atingiu a idade núbil poderá, depois de
completá-la, confirmar seu casamento.
Nesse caso, o prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a
contar da data da celebração, é de 180 dias (art. 1.560, inc. I).

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II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante


legal.

Já tratamos dessa hipótese, anteriormente.


Contudo, é de se acrescentar que o art. 1.555 do CC/2002 afiança que esse
casamento, só poderá ser anulado se a ação for proposta em 180 dias, por
iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo (conta-se o prazo a partir do dia em que
cessou a incapacidade), de seus representantes legais (conta-se o prazo a partir
do dia do casamento) ou de seus herdeiros necessários (conta-se o prazo a partir
do dia da morte do incapaz).
Segundo o §2º desse artigo, não se anulará o casamento
quando à sua celebração houverem assistido os
representantes legais do incapaz, ou tiverem, por
qualquer modo, manifestado sua aprovação. Nesse
caso, inclusive, o silêncio importa consentimento.

III - por vício da vontade.

São duas as hipóteses de vício de vontade geralmente aplicadas aqui. A coação


e o erro.
O art. 1.558 do CC/2002 estabelece a anulabilidade do casamento em
virtude de coação, quando o consentimento de um ou
de ambos os cônjuges houver sido captado mediante
fundado temor de mal considerável e iminente para a
vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares.
Valem, aqui, as mesmas noções de coação que vimos na Aula 1.
Nesse caso, o prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a
contar da data da celebração, é de 4 anos (art. 1.560, inc. IV). Além disso,
somente o cônjuge que sofreu a coação, pode
demandar a anulação do casamento; mas a
coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato,
conforme regra do art. 1.559 do CC/2002.
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De outro lado, temos o erro, nesse caso entendido como erro essencial quanto à
pessoa do outro (art. 1.556 do CC/2002). Mas, o que é erro essencial quanto
à pessoa? Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge (art.
1.557):
I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo
esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a
vida em comum ao cônjuge enganado.

Quais são as situações que induzem em erro? A


jurisprudência é que analisa, casuisticamente, mas
tem de ser “grave”.

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Nesse caso, o prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento


é de 3 anos, contados da data da celebração (art. 1.560, inc. III).

Questão 13 – III Exame da OAB


João foi registrado ao nascer com o gênero masculino. Em 2008, aos 18
anos, fez cirurgia para correção de anomalia genética e teve seu registro
retificado para o gênero feminino, conforme sentença judicial. No registro
não constou textualmente a indicação de retificação, apenas foi lavrado um
novo termo, passando a adotar o nome de Joana. Em julho de 2010, casou-
se com Antônio, homem religioso e de família tradicional interiorana, que
conheceu em janeiro de 2010, por quem teve uma paixão fulminante e
correspondida. Joana omitiu sua história registral por medo de não ser aceita
e perdê-lo. Em dezembro de 2010, na noite de Natal, a tia de Joana revela
a Antônio a verdade sobre o registro de Joana/João. Antônio, não suportando
ter sido enganado, deseja a anulação do casamento. Conforme a análise da
hipótese formulada, é correto afirmar que o casamento de Antônio e Joana
(A) só pode ser anulado até 90 dias da sua celebração.
(B) poderá ser anulado pela identidade errônea de Joana/João perante
Antônio e a insuportabilidade da vida em comum.
(C) é inexistente, pois não houve a aceitação adequada, visto que Antônio
foi levado ao erro de pessoa, o que tornou insuportável a vida em comum
do casal.
(D) é nulo; portanto, não há prazo para a sua arguição.
Comentários
A alternativa A está incorreta, por aplicação do art. 1.560, inc. III, que estatui
prazo de três anos para a anulação do casamento decorrente do erro essencial
quanto à pessoa do outro cônjuge.
A alternativa B está correta, a teor do art. 1.557, inc. I, que estabelece que
“Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge o que diz respeito
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à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu
conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge
enganado”. Como a identidade de Joana havia sido omitida, na ocasião do
casamento, pode haver a anulação.
A alternativa C está incorreta, já que o casamento foi celebrado de acordo com
as regras próprios, não se falando em inexistência, mas em invalidade decorrente
de erro essencial.
A alternativa D está incorreta, pois o art. 1.556 claramente diz que o erro é
causa (como o é em relação ao negócio jurídico comum) de anulabilidade, não
de nulidade (“O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por
parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do
outro.”)

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II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua


natureza, torne insuportável a vida conjugal.

Nesse caso, igualmente, o prazo para ser intentada a ação de anulação do


casamento é de 3 anos, contados da data da celebração (art. 1.560, inc.
III).
III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico
irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e
transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a
saúde do outro cônjuge ou de sua descendência.

NOVA E IMPORTANTE ALTERAÇÃO FEITA PELA LEI 13.146/2015.


Primeiro, a Lei inseriu essa expressão no inc. III. Agora, apenas no caso
de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência é que pode
ser anulado o casamento, por caracterização do erro essencial quanto à
pessoa.
Segundo, revogou-se o inc. IV, que estabelecia que também se
considerava erro essencial quanto à pessoa “a ignorância, anterior ao
casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne
insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado”.
A rigor, essa Lei corrigiu uma distorção absurda que ainda perdurava no
CC/2002, tanto lógica quanto valorativa. Primeiro, é de se imaginar que
a pessoa, para casar, tomará certo tempo de convívio com a outra e, por
isso, parece um tanto anacrônico imaginar que ela vai simplesmente
ignorar que está a se casar com pessoa com “doença mental grave”.
Além disso, nada impede que a pessoa, ainda que deficiente, e ainda que
com deficiência grave, possa se casar. Se se casou, não há razão, com
base nos princípios constitucionais vigentes, para se anular esse
casamento, ou se dizer que ele foi fruto de “erro”.
Nesses casos, o prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento
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é de 3 anos, contados da data da celebração (art. 1.560, inc. III). Além


disso, conforme regra do art. 1.559 do CC/2002, apenas o cônjuge que incidiu
em erro, pode demandar a anulação do casamento. A
coabitação e a ciência do vício, nesses casos, não
valida o ato.

IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o


consentimento.

A doutrina remetia ao art. 1.548, inc. I, que estabelecia a nulidade para o caso
enfermidade mental, como dissemos. Porém, repita-se, esse dispositivo foi
revogado pela Lei 13.146/2015. Ao contrário, o art. 1.550, inc. IV cria a

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anulabilidade para os casos de moléstia mental transitória, remetendo a doutrina


ao art. 3º do CC/2002.
Como esse artigo também foi revogado pela mencionada lei, em tese, o art.
1.550, inc. IV se tornaria letra morta, igualmente. Porém, a
incapacidade transitória pode não remeter a doença
mental, mas, também, a outras situações, como as do
art. 4º, inc. II do CC/2002, como os ébrios habituais
e viciados em tóxicos.
Nesse caso, novamente, o prazo para ser intentada a ação de anulação do
casamento, a contar da data da celebração, é de 180 dias (art. 1.560, inc.
I).

V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse


da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges.
Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada,
segundo o §1º.

Situação peculiar e inusual. O casamento pode celebrar-se mediante procuração,


por instrumento público, com poderes especiais para tanto (art. 1.542), valendo,
inclusive, para o caso de casamento nuncupativo, já tratado anteriormente. O
mandato em efeitos por no máximo noventa dias (§3º do
art. 1.542) e só pode ser revogado por instrumento
público (§ 4º).
O prazo para anulação do casamento é de 180 dias, a partir da data em
que o mandante tiver conhecimento da celebração (art. 1.560, §2º).

VI - por incompetência da autoridade celebrante.

A rigor, seria o caso de inexistência do ato jurídico, mas o ordenamento protege


os nubentes. Inclusive, o art. 1.554 do CC/2002 deixa claro que subsiste o
casamento celebrado por aquele que, sem possuir a competência exigida na lei,
exercer publicamente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade, tiver
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registrado o ato no Registro Civil.


De qualquer forma, o prazo para ser intentada a ação
de anulação do casamento, a contar da data da
celebração, é de dois anos, se incompetente a
autoridade celebrante (art. 1.560, inc. II).
Além disso, a Lei 13.146/2015 renumerou o antigo parágrafo único do art. 1.550
de modo a dar aplicabilidade à possibilidade de a pessoa com deficiência contrair
casamento. Ele se tornou o §1º, como mencionamos acima.
O importante foi a inserção do §2º, que estabeleceu
que “A pessoa com deficiência mental ou intelectual
em idade núbil poderá contrair matrimônio,

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expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável


ou curador.”
Assim, a pessoa com deficiência agora poderá contrair matrimônio, mas,
para isso, deve-se atentar para a verificação da necessidade de ser tal
manifestação feita pelo responsável ou curador, nos casos nos quais a
pessoa depende de curador. Se ela dependerá ou não de curador, isso é
uma questão que será resolvida pelo juiz, conforme dissemos já na aula
sobre o assunto, inicialmente.
Por isso, ATENÇÃO!!!

Sem idade mínima


(16 anos)

Sem autorização dos


Identidade, honra e
responsável (entre
boa fama
16 e 18 anos)

Vício de vontade Crime anterior


Causas de anulação
do casamento
Defeito
Incapaz de consentir
físico/moléstia
inequivocamente
irremediável

Mandatário sem
poderes (casamento
por procuração)

Incompetência do
celebrante
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15.4. Efeitos
Segundo o art. 226, § 5º da CF/1988, os direitos e deveres referentes à
sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo casal, que são
companheiros e responsáveis pelos encargos da família (art. 1.565 do
CC/2002. Ou seja, os efeitos do casamento são iguais aos membros do casal.
Nesse sentido, estatui o art. 1.566 que são deveres de ambos os cônjuges:
I - fidelidade recíproca;
II - vida em comum, no domicílio conjugal;
III - mútua assistência;

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IV - sustento, guarda e educação dos filhos;


V - respeito e consideração mútuos.

Novamente, como dissemos no início dessa aula, esses deveres devem ser vistos
com cuidado, sobretudo em vista dos novos arranjos familiares e das novas
concepções sobre os relacionamentos afetivos, como as chamadas “relações
abertas”, a inexistência de coabitação contínua etc.
Por isso, a direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração,
por ambos, sempre no interesse do casal e dos filhos (art. 1.567), devendo
ambos, na proporção de seus bens e dos rendimentos do trabalho, concorrer para
o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que seja o regime
patrimonial do casamento (art. 1.568 do CC/2002).

15.5. Dissolução
A dissolução da sociedade conjugal se dá pela morte
de um dos cônjuges ou pelo divórcio, segundo o art.
1.571, incs. I e IV do CC/2002. A rigor, os incs. II e III não são mais aplicáveis,
o primeiro por atecnicidade e o segundo por derrogação constitucional. É, de
outra forma, o que dispõe o §1º do art. 1.571
A nulidade ou anulação do casamento não gera, a
rigor, dissolução da união, mas trata de vício de
formação. A separação judicial, por sua vez, deixou de
existir pela EC 66/2010, que, modificando o art. 226, §6º da CF/1988, passou a
dispor apenas sobre o divórcio direto (“O casamento civil pode ser dissolvido pelo
divórcio”).

A) Separação
A separação dava-se por mútuo consentimento dos cônjuges se fossem casados
por mais de um ano (art. 1.574 do CC/2002). O procedimento judicial da
separação cabia somente aos cônjuges, e, no caso de incapacidade, seriam
representados pelo curador, pelo ascendente ou pelo irmão (art. 1.576, parágrafo
único).
O juiz somente poderia recusar a homologação e não decretar a separação
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judicial se apurar que a convenção não preserva suficientemente os interesses


dos filhos ou de um dos cônjuges (art. 1.574, parágrafo único)
Com a sentença, na regra do art. 1.575 do CC/2002, havia a separação de corpos
e a partilha de bens. A partilha de bens pode ser feita mediante proposta dos
cônjuges e homologada pelo juiz ou por este decidida, segundo o parágrafo único
desse artigo.
Com a separação, punha-se fim aos deveres de coabitação e fidelidade recíproca
e ao regime de bens (art. 1.576). Porém, seja qual fosse a causa da separação
judicial e o modo como esta se faça, é lícito aos cônjuges restabelecer, a todo
tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juízo (art. 1.577 do CC/2002).

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Decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que houver decretado a


separação judicial, ou da decisão concessiva da medida cautelar de separação de
corpos, qualquer das partes poderia requerer sua conversão em divórcio, por
força do art. 1.580.
Podem as separações judiciais anteriores à EC
66/2010 ser convertidas em divórcio por meio de
escritura pública de divórcio extrajudicial (art. 1.580,
§1º do CC/2002), mas não podem os procedimentos
judiciais se divórcio serem transformados em
procedimentos administrativos (nesses casos, deve-se desistir da ação).
Se a conversão for judicial, ela será processo autônomo, podendo tramitar em
foro diferente, já que as partes podem ter se mudado, depois da separação. As
partes, então, devem juntar a decisão transitada em julgado ou a averbação no
assento do casamento.
Mesmo sem separação, o divórcio direto podia ser requerido, por um ou por
ambos os cônjuges, no caso de comprovada separação de fato por mais de dois
anos (art. 1.580, §2º). Depois da EC 66/2010, o divórcio é a única forma
de dissolver o casamento, inexistindo mais a separação.

B) Divórcio
No caso de divórcio, o procedimento segue o
regramento do CPC. Pode o divórcio ser unilateral ou
bilateral, ou seja, por iniciativa de apenas um dos
nubentes (não consensual) ou por mútuo consentimento (consensual).
Igualmente, pode o procedimento ser judicial ou extrajudicial.
O divórcio consensual pode ser realizado por escritura
pública, se não houver filhos menores ou incapazes do
casal e observados os requisitos legais quanto aos
prazos. Nesse caso, a escritura conterá as disposições
relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda,
ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à
manutenção do nome adotado quando se deu o casamento.
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Obrigatoriamente, as partes devem estar assistidas por advogado comum


ou advogados de cada um deles ou por defensor público, cuja qualificação e
assinatura constarão do ato notarial.
Tal qual na separação, o art. 1.582 do CC/2002 exige que o pedido de divórcio
seja feito somente pelos cônjuges. Se o cônjuge for incapaz para propor a ação
ou defender-se, poderá fazê-lo o curador, o ascendente ou o irmão, do mesmo
modo, segundo o parágrafo único.
Se judicial, na dicção do art. 731 do CPC, a petição, instruída com a certidão de
casamento e o contrato antenupcial se houver, conterá:
I - as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns;
II - as disposições relativas à pensão alimentícia entre os cônjuges;

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III - o acordo relativo à guarda dos filhos incapazes e ao regime de visitas; e


IV - o valor da contribuição para criar e educar os filhos.

A partilha dos bens, porém, pode ser feita


posteriormente, por procedimento próprio (art. 1.581).
O divórcio, porém, não modifica os direitos e deveres dos pais em relação
aos filhos (art. 1.579 do CC/2002). Igualmente, novo casamento de qualquer
dos pais, ou de ambos, não importa em restrições aos direitos e deveres
previstos, segundo o parágrafo único.
Dissolvido o casamento, o cônjuge poderá manter o nome de casado (art.
1.571, §2º e art. 1.578, §2º). Porém, segundo o art., 1.578, o cônjuge declarado
culpado na ação de separação judicial perde o direito de usar o sobrenome do
outro, desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e se a alteração
não acarretar evidente prejuízo para a sua identificação, manifesta distinção
entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união dissolvida ou dano
grave reconhecido na decisão judicial. Igualmente, o cônjuge inocente na ação
de separação judicial poderá renunciar, a qualquer momento, ao direito de usar
o sobrenome do outro (§1º).

15.6. Regimes de Bens


O regime de bens nada mais é que a regulação
contratual acerca do funcionamento patrimonial das
pessoas que se unem por casamento ou união estável,
valendo desde a data do casamento ou união (art.
1.639, §1º). Assim o art. 1.639 do CC/2002 estabelece que podem os nubentes,
antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes
aprouver.
Temos quatro regimes de bens: comunhão parcial, comunhão total, separação e
participação final de aquestos. Porém, por meio de pacto antenupcial, podem os
nubentes escolher uma combinação de regimes ou mesmo estatuir algumas
“normas” de exceção ao regime escolhido, como veremos.
O pacto é obrigatório sempre que o regime de bens
escolhido pelos nubentes seja qualquer um, exceto
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quando se escolhe o regime de comunhão parcial de


bens, quando ele se torna optativo, por força do art. 1.640,
parágrafo único.

Questão 10 – III Exame da OAB


Mathias, solteiro e capaz, com 65 anos de idade, e Tânia, solteira e capaz,
com 60 anos de idade, conheceram-se há um ano e, agora, pretendem se
casar. A respeito da situação narrada, é correto afirmar que Mathias e Tânia
(A) deverão, necessariamente, celebrar pacto antenupcial optando
expressamente pelo regime da separação de bens.

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(B) poderão casar-se pelo regime da comunhão parcial de bens, desde que
obtenham autorização judicial, mediante a prévia demonstração da
inexistência de prejuízo para terceiros.
(C) poderão optar livremente dentre os regimes de bens previstos em lei,
devendo celebrar pacto antenupcial somente se escolherem regime diverso
da comunhão parcial de bens.
(D) somente poderão se casar pelo regime da separação obrigatória de bens,
por força de lei e independentemente da celebração de pacto antenupcial.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois o art. 1.640, parágrafo único, exige apenas
o pacto no caso de regimes de bens que não sejam a comunhão parcial de bens,
ou seja, ele não é obrigatório sempre (“Poderão os nubentes, no processo de
habilitação, optar por qualquer dos regimes que este código regula. Quanto à
forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial, fazendo-se o pacto
antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas.”)
A alternativa B está incorreta, já que a adoção do regime da comunhão parcial
de bens não exige demonstração de prejuízo a terceiros.
A alternativa C está correta, na forma dos arts. 1.639 (“É lícito aos nubentes,
antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes
aprouver”) e 1.640, parágrafo único (mencionado literalmente na alternativa A).
A alternativa D está incorreta, porque o regime da separação obrigatória de
bens se aplica apenas a maiores de 70 anos, como veremos adiante, por força
do art. 1.641, inc. II.
O pacto antenupcial deve ser feito por escritura
pública, sob pena de nulidade; será ineficaz se não lhe
seguir o casamento (art. 1.653). Será ainda o pacto
ineficaz contra terceiros antes de seu registro, em livro especial, pelo oficial do
Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges (art. 1.657). Nulas são as
convenções ou cláusulas que contravenham disposição absoluta de lei
(art. 1.655).
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Questão 40 – IX Exame da OAB


A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé
pública, notadamente no que tange ao fato de o ato de declaração ter sido
praticado na presença do tabelião e ter sido feita sua regular anotação em
assentos próprios, o que não importa na veracidade quanto ao conteúdo
declarado. A respeito desse tema, assinale a afirmativa correta.
B) A escritura pública é essencial para a validade do pacto antenupcial,
devendo ser declarado nulo se não atender à forma exigida por lei.
Comentários

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A alternativa B está correta, de acordo com a disposição expressa do art. 1.653:


“É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e ineficaz se
não lhe seguir o casamento.”
Se um dos nubentes for menor, a eficácia do pacto antenupcial fica condicionada
à aprovação de seu representante legal, salvo as hipóteses de regime obrigatório
de separação de bens, na forma do art. 1.654 do CC/2002.
Inicialmente, o CC/2002 estabeleceu no art. 1.639, §2º, que podem os casados
trocar o regime de bens, a todo tempo, mediante
autorização judicial. Se as partes nada
convencionarem, por força do art. 1.640, aplica-se o
regime da comunhão parcial de bens, que é o regime
supletivo e geral.
Seja qual for o regime de bens, determinados atos podem ser praticados
por qualquer dos cônjuges, independentemente do consentimento do
outro. Que atos são esses? O art. 1.642 estabelece que os cônjuges podem
livremente:
I - praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de
sua profissão, com as limitações estabelecida no inciso I do art. 1.647;
II - administrar os bens próprios;
III - desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu
consentimento ou sem suprimento judicial;
IV - demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval,
realizados pelo outro cônjuge com infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647;
V - reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro
cônjuge ao concubino, desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço
comum destes, se o casal estiver separado de fato por mais de cinco anos;
VI - praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente.

Igualmente, de modo a afastar uma pura noção patrimonial nos regimes de bens,
independentemente de quais forem, o art. 1.643 claramente afirma que os
cônjuges podem, independentemente de autorização um do outro:
I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica;
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II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas possa exigir.

Nesses casos, como as dívidas foram contraídas em


prol da unidade familiar, o art. 1.644 firma o
entendimento que essas dívidas obrigam
solidariamente ambos os cônjuges. Atenção aqui, já que
a solidariedade não se presume, mas decorre da lei ou da vontade, como neste
caso! Vejamos cada um dos regimes de bens:

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15.6.1 – Comunhão parcial de bens


O regime da comunhão parcial de bens é o regime em que os bens adquiridos
antes da união formam o patrimônio individual de
cada cônjuge, ao passo que o patrimônio adquirido
depois da constância da união forma o patrimônio
comum, em comunhão. Ou seja, existem três
“patrimônios”: o patrimônio individual de cada um dos cônjuges, composto pelos
bens adquiridos antes do casamento, e o patrimônio comum, adquirido
posteriormente (art. 1.658 do CC/2002).
Continuando, nesse sentido, o art. 1.660 do CC/2002 estabelece que entram na
comunhão:
I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em
nome de um dos cônjuges;
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa
anterior;
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges;
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na
constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.

Ao contrário, excluem-se da comunhão (art. 1.659):


I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do
casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em
sub-rogação dos bens particulares;
III - as obrigações anteriores ao casamento;
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.

Os dois primeiros incisos geram inúmeros problemas, dada a dificuldade em se


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os verificar, na prática.
No caso de bens imóveis, para se demonstrar que eles
formam o patrimônio individual, deve o cônjuge
expressamente salientar na aquisição do bem que o
valor da aquisição é oriundo da venda do outro bem,
anterior à união. Deve ele, ainda, provar que de fato o dinheiro veio da venda
do bem anterior, mesmo que tenha consignado no título.
Já no caso de bens móveis, o art. 1.662 estabelece que
se presumem adquiridos eles na constância do
casamento, quando não se provar que o foram em
data anterior. Como, para bens móveis, a prova de que o
bem subsequente se sub-rogou no lugar do antecedente é extremamente difícil,

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muito provavelmente se entenderá que eles são todos oriundos dentro da


constância do casamento.
Situação que facilita essa prova está prevista no art. 1.661, que diz que são
incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa anterior ao
casamento. Assim, por exemplo, se eu movo uma ação judicial contra o meu ex-
empregador, me caso, há sentença de procedência e eu me divorcio, o valor que
recebi não entra na divisão do patrimônio comum, pois é parte de meu patrimônio
individual.
Em regra, portanto, o patrimônio comum será
formado pelos bens adquiridos a título oneroso, na
constância do casamento.

Questão 40 – XVIII Exame da OAB


Roberto e Ana casaram-se, em 2005, pelo regime da comunhão parcial de
bens. Em 2008, Roberto ganhou na loteria e, com os recursos auferidos,
adquiriu um imóvel no Recreio dos Bandeirantes. Em 2014, Roberto foi
agraciado com uma casa em Santa Teresa, fruto da herança de sua tia. Em
2015, Roberto e Ana se separaram. Tendo em vista o regime de bens do
casamento, assinale a afirmativa correta.
A) Os imóveis situados no Recreio dos Bandeirantes e em Santa Teresa são
bens comuns e, por isso, deverão ser partilhados em virtude da separação
do casal.
B) Apenas o imóvel situado no Recreio dos Bandeirantes deve ser partilhado,
sendo o imóvel situado em Santa Teresa bem particular de Roberto.
C) Apenas o imóvel situado em Santa Teresa deve ser partilhado, sendo o
imóvel situado no Recreio dos Bandeirantes excluído da comunhão, por ter
sido adquirido com o produto de bem advindo de fato eventual.
D) Nenhum dos dois imóveis deverá ser partilhado, tendo em vista que
ambos são bens particulares de Roberto.
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Comentários
Vamos categorizar os bens antes de analisarmos as alternativas.
O art. 1.660, inc. II estabelece que: “Entram na comunhão os bens adquiridos
por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior”. É o
caso do imóvel no Recreio dos Bandeirantes, adquirido em razão de fato eventual
(ganhar na loteria não é evento comum na vida de uma pessoa), sem concurso
de trabalho e com despesa anterior (já que se tem de pagar para jogar). Por isso,
o imóvel do Recreio dos Bandeirantes deve ser partilhado no divórcio.
Por sua vez, o art. 1.659, inc. I estatui que “Excluem-se da comunhão os bens
que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do
casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar”. É o caso

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do imóvel situado em Santa Tereza, já que ele foi recebido em virtude de herança,
ou, na dicção do artigo, sucessão. Por isso, o imóvel em Santa Tereza não deve
ser partilhado, pois constitui patrimônio individual de Roberto.
A alternativa A está incorreta, pois o imóvel de Santa Tereza é individual de
Roberto, como dissemos.
A alternativa B está correta, conforme dito.
A alternativa C está incorreta, e configura o inverso do que deve ser partilhado.
A alternativa D está incorreta, já que o imóvel do Recreio dos Bandeirantes não
é individual de Roberto, mas comum do casal.
Como os bens, até prova em contrário, são comuns, em geral, a administração
do patrimônio comum compete a qualquer dos cônjuges (art. 1.663 do CC/2002).
Por isso, as dívidas contraídas obrigam os bens comuns e particulares do
cônjuge que os administra, e os do outro na razão do proveito que houver
auferido (§1º). No entanto, se o cônjuge que administra os bens comuns os
malversar (dilapidar, administrar mal), o juiz poderá atribuir a administração a
apenas um dos cônjuges (§3º).
Como os bens são comuns, exige-se a anuência de ambos os cônjuges para
os atos, a título gratuito, que impliquem cessão do uso ou gozo dos bens
comuns (§2º), como o comodato, por exemplo.
De outro lado, os bens da comunhão respondem pelas obrigações
contraídas pelos cônjuges para atender aos encargos da família, às
despesas de administração e às decorrentes de imposição legal (art.
1.664).
Ao contrário, a administração e a disposição dos bens constitutivos do
patrimônio particular competem ao cônjuge proprietário, salvo convenção
diversa em pacto antenupcial (art. 1.665). Por isso, as dívidas contraídas por
qualquer dos cônjuges na administração de seus bens particulares e em benefício
destes não obrigam os bens comuns (art. 1.666).
Por fim, o regime da comunhão parcial de bens é por
força do art. 1.725 do CC/2002 o regime aplicável às
uniões estáveis, salvo prévio pacto escrito. A
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dificuldade, porém, reside em estabelecer o momento em


que começa a comunhão, já que a união estável é uma união de fato.

Questão 27 – II Exame da OAB


Jane e Carlos constituíram uma união estável em julho de 2003 e não
celebraram contrato para regular as relações patrimoniais decorrentes da
aludida entidade familiar. Em março de 2005, Jane recebeu R$ 100.000,00
(cem mil reais) a título de doação de seu tio Túlio. Com os R$ 100.000,00
(cem mil reais), Jane adquiriu em maio de 2005 um imóvel na Barra da
Tijuca. Em 2010, Jane e Carlos se separaram. Carlos procura um advogado,

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indagando se tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra da


Tijuca em maio de 2005. Assinale a alternativa que indique a orientação
correta a ser exposta a Carlos.
(A) Por se tratar de bem adquirido a título oneroso na vigência da união
estável, Carlos tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra
da Tijuca em maio de 2005.
(B) Carlos não tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra
da Tijuca em maio de 2005 porque, salvo contrato escrito entre os
companheiros, aplica-se às relações patrimoniais entre os mesmos o regime
da separação total de bens.
(C) Carlos não tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra
da Tijuca em maio de 2005 porque, em virtude da ausência de contrato
escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais entre os
mesmos o regime da comunhão parcial de bens, que exclui dos bens comuns
entre os consortes aqueles doados e os sub-rogados em seu lugar.
(D) Carlos tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra da
Tijuca em maio de 2005 porque, muito embora o referido bem tenha sido
adquirido com o produto de uma doação, não se aplica a sub-rogação de
bens na união estável.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois, apesar de ter sido o bem adquirido
onerosamente durante a vigência da união estável, ele se sub-rogou no lugar do
dinheiro recebido por Jane do tio, a título de doação, gratuitamente, portanto.
A alternativa B está incorreta, já que o art. 1.725 dispõe de maneira clara que
“Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às
relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.”
A alternativa C está correta, porque o art. 1.725 assevera que se deve aplicar,
supletivamente à união estável, o regime da comunhão parcial de bens, quando
nada se estabeleceu previamente. Além disso, o art. 1.669, inc. I, é claro ao
dispor que se excluem da comunhão, no regime da comunhão parcial de bens,
“os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na
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constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu


lugar”.
A alternativa D está incorreta, pelas mesmas razões apontadas na alternativa
C, acima.

15.6.2 – Separação obrigatória de bens


A primeira exceção ao regime geral é a separação de bens, que pode ser
voluntária ou obrigatória. A separação obrigatória está prevista no art. 1.641 do
CC/2002. Exige-se tal regime:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração
do casamento.
São as situações, que já vimos, previstas no art. 1.523:

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I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos
bens do casal e der partilha aos herdeiros;
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até
dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens
do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou
sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela,
e não estiverem saldadas as respectivas contas.
II – da pessoa maior de 70 anos;
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

Nesse regime, os bens do casal são todos individuais, em realidade. Cada


cônjuge tem patrimônio autônomo, que não se comunica com o
patrimônio do outro. Porém, a S. 377/STF estabelece
que no regime da separação legal de bens
comunicam-se os adquiridos na constância do
casamento. Segundo a doutrina, para se aplicar essa Súmula, os bens
adquiridos devem se originar de esforço comum.
Por fim, atente-se que esse regime veda a mudança de
regimes de bens prevista no art. 1.639, §2º, por
incompatibilidade.

Questão 39 – XV Exame da OAB


Augusto, viúvo, pai de Gustavo e Fernanda, conheceu Rita e com ela
manteve, por dez anos, um relacionamento amoroso contínuo, público,
duradouro e com objetivo de constituir família. Nesse período, Augusto não
se preocupou em fazer o inventário dos bens adquiridos quando casado e
em realizar a partilha entre os herdeiros Gustavo e Fernanda. Em meados
de setembro do corrente ano, Augusto resolveu romper o relacionamento
com Rita. Face aos fatos narrados e considerando as regras de Direito Civil,
assinale a opção correta. 36705785870

A) A ausência de partilha dos bens de Augusto com seus herdeiros Gustavo


e Fernanda caracteriza causa suspensiva do casamento, o que obsta o
reconhecimento da união estável entre Rita e Augusto.
B) Sendo reconhecida a união estável entre Augusto e Rita, aplicar-se-ão à
relação patrimonial as regras do regime de comunhão universal de bens,
salvo se houver contrato dispondo de forma diversa.
C) Em razão do fim do relacionamento amoroso, Rita poderá pleitear
alimentos em desfavor de Augusto, devendo, para tanto, comprovar o
binômio necessidade-possibilidade.
D) As dívidas contraídas por Augusto, na constância do relacionamento com
Rita, em proveito da entidade familiar, serão suportadas por Rita de forma
subsidiária.

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Comentários
A alternativa A está incorreta, pois o art. 1.641, inc. III que a ausência de
partilha que atrai a aplicação do regime da separação obrigatória de bens é
relativa ao casamento anterior, não partilha derivada de sucessão: “o divorciado,
enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal”.
Veja, inclusive, que mesmo que não tivesse sido feita a partilha de bens entre o
ex-casal, poderia haver o reconhecimento da união estável, mas sob o regime da
separação obrigatória de bens.
A alternativa B está incorreta, já que o regime aplicável às uniões estáveis, em
não havendo estipulação específica, é o regime geral, o da comunhão parcial de
bens.
A alternativa C está correta, dado que se equipara a união estável ao
casamento, inclusive para fins de alimentos, conforme veremos em aula
subsequente.
A alternativa D está incorreta, por conta de dicção literal do art. 1.644: “As
dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam solidariamente
ambos os cônjuges.”

15.6.3 – Separação voluntária de bens


Já a separação voluntária funciona do mesmo modo
que a separação obrigatória, à exceção de pode haver
mudança posterior de regime. Esse regime funciona
como completa divisão patrimonial. Assim, o art. 1.687
do CC/2002 coloca que estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob
a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente
alienar ou gravar.
Por isso, por aplicação do art. 1.647, o cônjuge pode, mesmo sem
autorização do outro:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval; 36705785870

IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar
futura meação.

15.6.4 – Comunhão universal de bens


Ao contrário da separação obrigatória de bens, na comunhão universal existe
apenas o patrimônio comum do casal; exclui-se todo
o patrimônio individual, mesmo que dos bens
anteriores à união, bens passados, presentes e
futuros e suas dívidas, na forma do art. 1.667.
Porém, são excluídos da comunhão (art. 1.668):
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em
seu lugar;

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II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de


realizada a condição suspensiva;
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos,
ou reverterem em proveito comum;
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de
incomunicabilidade;
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão, os proventos do trabalho
pessoal de cada cônjuge e as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas
semelhantes.

Apesar da incomunicabilidade dos bens, ela não se estende aos frutos, quando
se percebam ou vençam durante o casamento (art. 1.669).
Quanto à administração dos bens, aplicam-se as regras da comunhão
parcial de bens, por força do art. 1.670 do CC/2002.
Com a partilha, seja no divórcio judicial, seja no divórcio extrajudicial, seja ainda
na moribunda separação, o art. 1.671 estabelece que cessa a responsabilidade
de cada um dos cônjuges para com os credores do outro.

15.6.5 – Participação final nos aquestos


Esse regime é pouco usual, por sua complexidade. Por isso, a chance de ele
aparecer no Exame da OAB é bastante pequena. Porém, faremos comentários
gerais, destacando os pontos centrais, apenas para que você vá tranquilo para a
sua prova.
O regime da participação final nos aquestos é um
regime híbrido: ele funciona como o regime da
separação de bens enquanto durar a convivência e
funciona como o regime da comunhão parcial, quando
da dissolução da convivência.
Sua noção geral está estampada no art. 1.672 do CC/2002, estabelecendo que
cada cônjuge possui patrimônio próprio e lhe cabe, à época da dissolução
da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal,
a título oneroso, na constância do casamento.
Assim, integram o patrimônio próprio os bens que cada cônjuge possuía ao casar
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e os por ele adquiridos, a qualquer título, na constância do casamento (art. 1.673)


e, por isso, a administração desses bens é exclusiva de cada cônjuge, que os
poderá livremente alienar, se forem móveis, na forma do
parágrafo único desse artigo. No entanto, no pacto
antenupcial podem os nubentes convencionar a livre
disposição dos bens imóveis, desde que particulares
(art. 1.656).
O legislador tratou desse regime de bens de maneira absolutamente patrimonial.
Prova disso é o art. 1.678, que estabeleceu que se um dos cônjuges solveu
uma dívida do outro com bens do seu patrimônio, o valor do pagamento
deve ser atualizado e imputado, na data da dissolução, à meação do
outro cônjuge.

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Em que pese essa estrita divisão entre os patrimônios dos cônjuges, que, em
tese, só se comunicam na dissolução, o art. 1.675 estabelece que se computam
o valor das doações feitas por um dos cônjuges, sem a necessária
autorização do outro, ao longo da união. E mais, nesse caso, o bem poderá
ser reivindicado pelo cônjuge prejudicado ou por seus herdeiros, ou declarado no
monte partilhável, por valor equivalente ao da época da dissolução.
Mas, em que momento se fará essa comunicação de patrimônios para a partilha?
Segundo o art. 1.683 do CC/2002, na dissolução do regime de bens por
separação judicial ou por divórcio, verificar-se-á o
montante dos aquestos à data em que cessou a
convivência. Ou seja, não se considera a data da
separação ou do divórcio, mas a data em que cessou
a convivência, ou seja, deve-se analisar o fato que dá
suporte à aplicação desse artigo.

Lista de Questões da Aula

Questão 27 – II Exame da OAB


Jane e Carlos constituíram uma união estável em julho de 2003 e não
celebraram contrato para regular as relações patrimoniais decorrentes da
aludida entidade familiar. Em março de 2005, Jane recebeu R$ 100.000,00
(cem mil reais) a título de doação de seu tio Túlio. Com os R$ 100.000,00
(cem mil reais), Jane adquiriu em maio de 2005 um imóvel na Barra da
Tijuca. Em 2010, Jane e Carlos se separaram. Carlos procura um advogado,
indagando se tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra da
Tijuca em maio de 2005. Assinale a alternativa que indique a orientação
correta a ser exposta a Carlos.
(A) Por se tratar de bem adquirido a título oneroso na vigência da união
estável, Carlos tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra
da Tijuca em maio de 2005.
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(B) Carlos não tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra
da Tijuca em maio de 2005 porque, salvo contrato escrito entre os
companheiros, aplica-se às relações patrimoniais entre os mesmos o regime
da separação total de bens.
(C) Carlos não tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra
da Tijuca em maio de 2005 porque, em virtude da ausência de contrato
escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais entre os
mesmos o regime da comunhão parcial de bens, que exclui dos bens comuns
entre os consortes aqueles doados e os sub-rogados em seu lugar.
(D) Carlos tem direito a partilhar o imóvel adquirido por Jane na Barra da
Tijuca em maio de 2005 porque, muito embora o referido bem tenha sido

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adquirido com o produto de uma doação, não se aplica a sub-rogação de


bens na união estável.

Questão 10 – III Exame da OAB


Mathias, solteiro e capaz, com 65 anos de idade, e Tânia, solteira e capaz,
com 60 anos de idade, conheceram-se há um ano e, agora, pretendem se
casar. A respeito da situação narrada, é correto afirmar que Mathias e Tânia
(A) deverão, necessariamente, celebrar pacto antenupcial optando
expressamente pelo regime da separação de bens.
(B) poderão casar-se pelo regime da comunhão parcial de bens, desde que
obtenham autorização judicial, mediante a prévia demonstração da
inexistência de prejuízo para terceiros.
(C) poderão optar livremente dentre os regimes de bens previstos em lei,
devendo celebrar pacto antenupcial somente se escolherem regime diverso
da comunhão parcial de bens.
(D) somente poderão se casar pelo regime da separação obrigatória de bens,
por força de lei e independentemente da celebração de pacto antenupcial.

Questão 13 – III Exame da OAB


João foi registrado ao nascer com o gênero masculino. Em 2008, aos 18
anos, fez cirurgia para correção de anomalia genética e teve seu registro
retificado para o gênero feminino, conforme sentença judicial. No registro
não constou textualmente a indicação de retificação, apenas foi lavrado um
novo termo, passando a adotar o nome de Joana. Em julho de 2010, casou-
se com Antônio, homem religioso e de família tradicional interiorana, que
conheceu em janeiro de 2010, por quem teve uma paixão fulminante e
correspondida. Joana omitiu sua história registral por medo de não ser aceita
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e perdê-lo. Em dezembro de 2010, na noite de Natal, a tia de Joana revela


a Antônio a verdade sobre o registro de Joana/João. Antônio, não suportando
ter sido enganado, deseja a anulação do casamento. Conforme a análise da
hipótese formulada, é correto afirmar que o casamento de Antônio e Joana
(A) só pode ser anulado até 90 dias da sua celebração.
(B) poderá ser anulado pela identidade errônea de Joana/João perante
Antônio e a insuportabilidade da vida em comum.
(C) é inexistente, pois não houve a aceitação adequada, visto que Antônio
foi levado ao erro de pessoa, o que tornou insuportável a vida em comum
do casal.
(D) é nulo; portanto, não há prazo para a sua arguição.

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Questão 33 – V Exame da OAB


Em relação à união estável, assinale a alternativa correta.
(A) Para que fique caracterizada a união estável, é necessário, entre outros
requisitos, tempo de convivência mínima de cinco anos, desde que durante
esse período a convivência tenha sido pública e duradoura.
(B) Quem estiver separado apenas de fato não pode constituir união estável,
sendo necessária, antes, a dissolução do anterior vínculo conjugal; nesse
caso, haverá simples concubinato.
(C) Não há presunção legal de paternidade no caso de filho nascido na
constância da união estável.
(D) O contrato de união estável é solene, rigorosamente formal e sempre
público.

Questão 39 – VI Exame da OAB


Rejane, solteira, com 16 anos de idade, órfã de mãe e devidamente
autorizada por seu pai, casa-se com Jarbas, filho de sua tia materna, sendo
ele solteiro e capaz, com 23 anos de idade. A respeito do casamento
realizado, é correto afirmar que é
(A) nulo, tendo em vista o parentesco existente entre Rejane e Jarbas.
(B) é anulável, tendo em vista que, por ser órfã de mãe, Rejane deveria
obter autorização judicial a fim de suprir o consentimento materno.
(C) válido.
(D) anulável, tendo em vista o parentesco existente entre Rejane e Jarbas.

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Questão 40 – IX Exame da OAB


A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé
pública, notadamente no que tange ao fato de o ato de declaração ter sido
praticado na presença do tabelião e ter sido feita sua regular anotação em
assentos próprios, o que não importa na veracidade quanto ao conteúdo
declarado. A respeito desse tema, assinale a afirmativa correta.
B) A escritura pública é essencial para a validade do pacto antenupcial,
devendo ser declarado nulo se não atender à forma exigida por lei.

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Questão 39 – XV Exame da OAB


Augusto, viúvo, pai de Gustavo e Fernanda, conheceu Rita e com ela
manteve, por dez anos, um relacionamento amoroso contínuo, público,
duradouro e com objetivo de constituir família. Nesse período, Augusto não
se preocupou em fazer o inventário dos bens adquiridos quando casado e
em realizar a partilha entre os herdeiros Gustavo e Fernanda. Em meados
de setembro do corrente ano, Augusto resolveu romper o relacionamento
com Rita. Face aos fatos narrados e considerando as regras de Direito Civil,
assinale a opção correta.
A) A ausência de partilha dos bens de Augusto com seus herdeiros Gustavo
e Fernanda caracteriza causa suspensiva do casamento, o que obsta o
reconhecimento da união estável entre Rita e Augusto.
B) Sendo reconhecida a união estável entre Augusto e Rita, aplicar-se-ão à
relação patrimonial as regras do regime de comunhão universal de bens,
salvo se houver contrato dispondo de forma diversa.
C) Em razão do fim do relacionamento amoroso, Rita poderá pleitear
alimentos em desfavor de Augusto, devendo, para tanto, comprovar o
binômio necessidade-possibilidade.
D) As dívidas contraídas por Augusto, na constância do relacionamento com
Rita, em proveito da entidade familiar, serão suportadas por Rita de forma
subsidiária.

Questão 40 – XVIII Exame da OAB


Roberto e Ana casaram-se, em 2005, pelo regime da comunhão parcial de
bens. Em 2008, Roberto ganhou na loteria e, com os recursos auferidos,
adquiriu um imóvel no Recreio dos Bandeirantes. Em 2014, Roberto foi
agraciado com uma casa em Santa Teresa, fruto da herança de sua tia. Em
2015, Roberto e Ana se separaram. Tendo em vista o regime de bens do
casamento, assinale a afirmativa correta.
A) Os imóveis situados no Recreio dos Bandeirantes e em Santa Teresa são
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bens comuns e, por isso, deverão ser partilhados em virtude da separação


do casal.
B) Apenas o imóvel situado no Recreio dos Bandeirantes deve ser partilhado,
sendo o imóvel situado em Santa Teresa bem particular de Roberto.
C) Apenas o imóvel situado em Santa Teresa deve ser partilhado, sendo o
imóvel situado no Recreio dos Bandeirantes excluído da comunhão, por ter
sido adquirido com o produto de bem advindo de fato eventual.
D) Nenhum dos dois imóveis deverá ser partilhado, tendo em vista que
ambos são bens particulares de Roberto.

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Considerações Finais
Com isso, finalizamos a primeira parte do quarto Livro da Parte Especial do
CC/2002, relativamente ao Direito de Família. Como eu disse, das provas de 1ª
Fase de Direito Civil dos últimos 19 Exames da OAB, tivemos 16 questões
sobre o Direito de Família.
Além disso, como caiu apenas questão de Direito de Família na última 1ª
Fase da OAB, o XIX Exame, não é possível prever se no próximo, com
certeza, teremos uma questão sobre o tema.
Na aula que vem, terminaremos a segunda parte do quarto Livro da Parte Especial
do CC/2002. Foco no estudo!
Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou
disponível no fórum no Curso, por e-mail e, inclusive, pelo Facebook.
Aguardo vocês na próxima aula. Até lá!

Paulo H M Sousa

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