Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
SENTENÇA
A sentença é o pronunciamento que resolve a lide ou que declara não ser possível
resolvê-la. É o pronunciamento do juiz que põe fim à fase cognitiva do procedimento
comum, bem como extingue a execução.
A extinção do processo se dá por algumas das situações previstas nos artigos 485
(sem resolução do mérito) e 487 (com resolução do mérito) do CPC.
No momento da extinção deve ser observado o princípio da primazia do mérito, nos
termos do artigo 317 do CPC, de forma que deve-se sempre buscar a extinção com
julgamento do mérito, ainda que para isso seja necessário abdicar de algumas
formalidades. O dispositivo indica que antes de extinguir um processo sem resolução de
mérito deve ser dado à parte a oportunidade para corrigir eventual vício (havendo nulidade
sanável, o julgamento deve ser convertido em diligência para que o vício possa ser corrigido
a fim de que o mérito possa ser analisado).
Essa ideia reforça o princípio da instrumentalidade, que reconhece ser possível sanar
até nulidades absolutas quando possível e viável sua correção.
O artigo 486 do CPC diz que, em regra, a extinção sem mérito não impede a repetição
da ação, desde que seja sanado o vício, salvo algumas exceções como a ofensa à coisa
julgada ou a ofensa à perempção.
Quando a extinção é sem mérito, temos sentença terminativa (porque não gera coisa
julgada material, não impedindo repetição da ação). Quando co mérito, temos sentença
definitiva, porque gera coisa julgada material e impede a repetição da ação.
1
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
rescisória; já uma segunda corrente entende que a sentença seria nula, dependendo de
arguição da parte contrária para que seja anulada e, nada sendo alegado é capaz de
ocorrer o trânsito em julgado.
O juiz deve julgar a lide nos limites em que essa foi proposta, de acordo com o
princípio da adstrição ou correlação, sendo vedado a ele conhecer de questões cuja
iniciativa dependa exclusivamente de uma das partes - artigo 141 do CPC.
O juiz analisar o caso de acordo com o que consta dos autos. Sentenças que violam
essa regra podem ser denominadas como:
• sentença extra petita: quando é concedido ao autor, em sentença, providência
diversa ou por causa jurídica diferente da pretendida. A consequência dessa violação
gera a nulidade da sentença (artigo 492, CPC);
• sentença ultra petita: a sentença não pode conferir ao autor quantidade superior ao
que foi pleiteado. Para a jurisprudência, a sentença deve ser anulada apenas naquilo que
extrapola o pedido;
• sentença citra/infra petita: aquela que julga menos do que deveria, deixando de
apreciar algum pedido ou parte dele. Contra essa cabe embargos de declaração para
sanar a omissão do julgado (artigos 994, inciso IV e 1022, inciso II do CPC).
3. Tipos de sentença
A) sentença terminativa: é a que põe fim ao processo sem resolução de mérito (artigo
485 do CPC). Não há julgamento da controvérsia, tendo eficácia apenas processual e
fazendo coisa julgada formal. A sentença terminativa não impede a repropositura da
demanda, ainda que idêntica, desde que não tenha ocorrido a perempção (perda do
direito de ação por ter a parte dado causa à extinção do processo sem resolução de
mérito por três vezes e por inércia - não impede o uso do direito material respectivo como
matéria de defesa e nem a propositura de outra ação com elementos diferentes, por ser
sanção processual).
Cândido Rangel Dinamarca entende que sentenças falsamente terminativas são atos
decisórios que tem conteúdo definitivo, mas que por grave equívoco do juiz neles constam
conteúdos terminativos - ex.: juiz reconhece que a parte é ilegítima e extingue o processo
sem resolução de mérito analisando o acervo probatório (se analisou as provas, fez análise
do mérito, sendo a sentença falsamente terminativa). Sentença falsamente terminativa é
apta a fazer coisa julgada material.
2
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a
causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido
e regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo
arbitral reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição
legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
5. Efeitos da sentença
a) Principal: refere-se ao bem da vida pleiteado - ex.: o principal efeito de uma
sentença condenatória é a condenação do réu;
b) Anexo: é o efeito que a sentença produz independentemente de manifestação da
parte ou do prolator da sentença, porque decorre da própria lei - ex.: não é necessário
indicar expressamente na sentença que ela é um título executivo judicial e que vale como
hipoteca judiciária;
c) Reflexo: é possível que a sentença atinja quem não é parte no processo - ex.:
ação de despejo promovida pelo locador contra o locatário que, caso o pedido seja julgado
procedente, atingirá o sublocatário de forma reflexa;
d) Probatório: por ser instrumento público, a sentença faz prova da sua própria
existência e de seu conteúdo (não comprova o fato em si, mas que houve um litígio, que as
partes estiveram em audiência etc).
6. Liquidez
Sentença líquida é aquela que desde logo quantifica a obrigação ou individualiza o
objeto da obrigação. É a que determina o "quantum debeatur".
Já a sentença ilíquida é aquela que, embora reconheça a existência da obrigação,
não a quantifica (“an debeatur”).
Quando o autor formula um pedido líquido é vedada a prolação da sentença ilíquida.
A nulidade decorrente da violação dessa regra, segundo o STJ, só por ser alegada pelo
autor, por ser seu o prejuízo. É vedado também que o juiz profira sentença líquida quando
o autor deduzir um pedido ilíquido, de acordo com a jurisprudência dominante do STJ,
sendo nesse caso nula a sentença por ser extra petita.
7. Publicação
A sentença começa a existir juridicamente no momento em que é publicada. Publicar
é tornar público e a publicação pode se dar por dois modos:
• em sessão pública/audiência;
• Quando é juntada aos autos, que serão entregues ao cartório.
4
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
Ao publicar a sentença, o juiz compre e esgota o ofício jurisdicional, sendo vedada a
modificação da decisão, exceto por meio de embargos de declaração, quando a sentença
for omissa, a ela houver contradição ou obscuridade ou, ainda, para corrigir erro material.
8. Intimação
A intimação da sentença é o ato pelo qual se dá conhecimento dela, especificamente
às partes, para que possam, sendo o caso, interpor algum recurso. O prazo para
interposição de recurso conta-se da data da intimação da sentença. Nas comarcas em que
funciona o Diário Oficial, a intimação das partes se dá por meio dos advogados, mediante
publicação nesse veículo oficial.
A jurisprudência tem admitido a intimação por aplicativo celular nos Juizados
Especiais:
9. Hipoteca judiciária
Um dos efeitos secundários (anexo,/complementar) da sentença condenatória ao
pagamento de quantia, nos termos do artigo 495 do CPC é a hipoteca judiciária.
A decisão que condenar o réu ao pagamento de prestação consistente em dinheiro e
a que determinar a conversão da prestação de fazer, de não fazer ou de dar em prestação
pecuniária, é título hábil para constituir a chamada hipoteca judiciária ou judicial.
A inscrição da hipoteca judicial deve ser feita mediante apresentação de cópia da
sentença perante o cartório de registro imobiliário, independentemente de ordem judicial,
declaração expressa do juiz ou de demonstração de urgência.
Uma vez inscrita a hipoteca, os bens do devedor passam a garantir, de forma
privilegiada, futura execução do título - haverá direito de preferência do do credor,
observando-se apenas a prenotação no registro. O vencedor pode usar da sentença como
título para hipotecar imóvel do réu, bastando apresentar a sentença ao Registro de Imóveis,
que fará constar a hipoteca judicial na matrícula do imóvel.
Após efetivada a hipoteca, a parte tem prazo de 15 dias para informar sua realização
ao Juízo da causa, para que seja determinada a intimação da outra parte para que tome
ciência do ato.
§4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada
em:
I - súmula de tribunal superior;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de
Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito
administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou
súmula administrativa.
6
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
Súmula 423-STF: Não transita em julgado a sentença por haver omitido o
recurso "ex-oficio", que se considera interposto "ex-lege".
10.1. Jurisprudência
8
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
Admitida ação autônoma para cobrança e definição de honorários quando estes não
tiverem sido fixados na decisão judicial relacionada à causa. O advogado pode requerer
que o pagamento dos honorários seja direcionado à sociedade de advogados a que faz
parte, incidindo sobre eles IRPJ.
A sentença deve distribuir expressamente a responsabilidade quanto ao pagamento
das despesas e honorários aos vencidos na ação, quando mais que um. Sendo omissa,
presume-se que responderão solidariamente.
Deve haver condenação e fixação de sucumbência ainda que a parte vencida seja
beneficiária de gratuidade de justiça. Nesse caso, a condenação fica suspensa pelo prazo
de cinco anos (prescricional). Durante esse período, o credor pode comprovar a alteração
da situação financeira e econômica do devedor (superação da situação de hipossuficiência)
para que possa dar continuidade na cobrança dos valores.
12.5. Jurisprudência
O STF já sumulou entendimento acerca do tema “honorários de advogado”:
10
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
É vedada a retenção de honorários advocatícios contratuais sobre crédito
relativo a diferenças do FUNDEF. Os valores relacionados ao FUNDEF, hoje
FUNDEB, encontram-se constitucional e legalmente vinculados ao custeio da
educação básica e à valorização do seu magistério, sendo vedada a sua
utilização em despesa diversa, tais como honorários advocatícios contratuais.
Ex: determinado Município do interior do Estado ingressou com ação contra a
União com o objetivo de conseguir o repasse integral de verbas do FUNDEF.
Como o Município não possuía procuradores municipais concursados, foi
contratado um escritório de advocacia privado para patrocinar a causa. No
contrato assinado com os advogados ficou combinado que, se o Município
vencesse a demanda, pagaria 20% do valor da causa ao escritório. O pedido
foi julgado procedente e transitou em julgado. O Município requereu, então,
que 20% do valor da condenação (verbas do FUNDEF a serem pagas pela
União) fosse separado para pagamento dos honorários contratuais dos
advogados que atuaram na causa, nos termos do art. 22, § 4º da Lei nº
8.906/94. Esse pedido não deve ser acolhido. Não é possível a aplicação do
art. 22, § 4º, da Lei nº 8.906/1994 nas execuções contra a União em que se
persigam quantias devidas ao FUNDEF/FUNDEB, devendo o advogado
credor buscar a satisfação de seu crédito por outros meios. STJ. 1ª Seção.
REsp 1.703.697-PE, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10/10/2018 (Info
643).
Obs.: CUIDADO - mudança de entendimento em relação ao informative 585-
STJ
12
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015.
JUÍZO DE EQUIDADE NA FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE
SUCUMBÊNCIA. NOVAS REGRAS: CPC/2015, ART. 85, §§ 2º E 8º. REGRA GERAL
OBRIGATÓRIA (ART. 85, § 2º). REGRA SUBSIDIÁRIA (ART. 85, § 8º). PRIMEIRO
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. SEGUNDO RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. O
novo Código de Processo Civil - CPC/2015 promoveu expressivas mudanças na disciplina
da fixação dos honorários advocatícios sucumbenciais na sentença de condenação do
vencido. 2. Dentre as alterações, reduziu, visivelmente, a subjetividade do julgador,
restringindo as hipóteses nas quais cabe a fixação dos honorários de sucumbência por
equidade, pois: a) enquanto, no CPC/1973, a atribuição equitativa era possível: (a.I) nas
causas de pequeno valor; (a.II) nas de valor inestimável; (a.III) naquelas em que não
houvesse condenação ou fosse vencida a Fazenda Pública; e (a.IV) nas execuções,
embargadas ou não (art. 20, § 4º); b) no CPC/2015 tais hipóteses são restritas às causas:
(b.I) em que o proveito econômico for inestimável ou irrisório ou, ainda, quando (b.II) o valor
da causa for muito baixo (art. 85, § 8º). 3. Com isso, o CPC/2015 tornou mais objetivo o
processo de determinação da verba sucumbencial, introduzindo, na conjugação dos §§ 2º e
8º do art. 85, ordem decrescente de preferência de critérios (ordem de vocação) para fixação
da base de cálculo dos honorários, na qual a subsunção do caso concreto a uma das
hipóteses legais prévias impede o avanço para outra categoria. 4. Tem-se, então, a seguinte
ordem de preferência: (I) primeiro, quando houver condenação, devem ser fixados entre
10% e 20% sobre o montante desta (art. 85, § 2º); (II) segundo, não havendo condenação,
serão também fixados entre 10% e 20%, das seguintes bases de cálculo: (II.a) sobre o
proveito econômico obtido pelo vencedor (art. 85, § 2º); ou (II.b) não sendo possível
mensurar o proveito econômico obtido, sobre o valor atualizado da causa (art. 85, § 2º); por
fim, (III) havendo ou não condenação, nas causas em que for inestimável ou irrisório o
proveito econômico ou em que o valor da causa for muito baixo, deverão, só então, ser
fixados por apreciação equitativa (art. 85, § 8º). 5. A expressiva redação legal impõe concluir:
(5.1) que o § 2º do referido art. 85 veicula a regra geral, de aplicação obrigatória, de que os
honorários advocatícios sucumbenciais devem ser fixados no patamar de dez a vinte por
cento, subsequentemente calculados sobre o valor: (I) da condenação; ou (II) do proveito
econômico obtido; ou (III) do valor atualizado da causa; (5.2) que o § 8º do art. 85 transmite
regra excepcional, de aplicação subsidiária, em que se permite a fixação dos honorários
sucumbenciais por equidade, para as hipóteses em que, havendo ou não condenação: (I) o
proveito econômico obtido pelo vencedor for inestimável ou irrisório; ou (II) o valor da causa
for muito baixo. 6. Primeiro recurso especial provido para fixar os honorários advocatícios
sucumbenciais em 10% (dez por cento) sobre o proveito econômico obtido. Segundo recurso
especial desprovido. (REsp 1746072/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão
Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/02/2019, DJe 29/03/2019)
21
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. COBRANÇA DE HONORÁRIOS
CONTRATUAIS. CONTRATANTE QUE LITIGARA SOB A PROTEÇÃO DA JUSTIÇA
GRATUITA. IRRELEVÂNCIA. VERBA QUE NÃO É ALCANÇADA PELOS BENEFÍCIOS
CONCEDIDOS PELA LEI N. 1.060/50. 1. "Nada impede a parte de obter os benefícios da
assistência judiciária e ser representada por advogado particular que indique, hipótese em
que, havendo a celebração de contrato com previsão de pagamento de honorários ad exito,
estes serão devidos, independentemente da sua situação econômica ser modificada pelo
resultado final da ação, não se aplicando a isenção prevista no art. 3º, V, da Lei nº 1.060/50,
presumindo-se que a esta renunciou" (REsp 1.153.163/RS, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/6/2012, DJe 2/8/2012). 2. Entendimento
contrário tem a virtualidade de fazer com que a decisão que concede a gratuidade de justiça
apanhe ato extraprocessual e pretérito, qual seja o próprio contrato celebrado entre o
advogado e o cliente, interpretação que vulnera a cláusula de sobredireito da intangibilidade
do ato jurídico perfeito (CF/88, art. 5º, inciso XXXVI; LINDB, art. 6º). 3. Ademais, estender
os benefícios da justiça gratuita aos honorários contratuais, retirando do causídico a
merecida remuneração pelo serviço prestado, não viabiliza, absolutamente, maior acesso
do hipossuficiente ao Judiciário. Antes, dificulta-o, pois não haverá advogado que aceitará
patrocinar os interesses de necessitados para ser remunerado posteriormente com amparo
em cláusula contratual ad exitum, circunstância que, a um só tempo, também fomentará a
procura pelas Defensorias Públicas, com inegável prejuízo à coletividade de pessoas -
igualmente necessitadas - que delas precisam. 4. Recurso especial provido. (REsp
1065782/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
07/03/2013, DJe 22/03/2013)
13. Jurisprudência
Abaixo, segue coletânea de julgados acerca do tema "sentença”:
26
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com