Você está na página 1de 26

DIREITO PROCESSUAL CIVIL

SENTENÇA
A sentença é o pronunciamento que resolve a lide ou que declara não ser possível
resolvê-la. É o pronunciamento do juiz que põe fim à fase cognitiva do procedimento
comum, bem como extingue a execução.
A extinção do processo se dá por algumas das situações previstas nos artigos 485
(sem resolução do mérito) e 487 (com resolução do mérito) do CPC.
No momento da extinção deve ser observado o princípio da primazia do mérito, nos
termos do artigo 317 do CPC, de forma que deve-se sempre buscar a extinção com
julgamento do mérito, ainda que para isso seja necessário abdicar de algumas
formalidades. O dispositivo indica que antes de extinguir um processo sem resolução de
mérito deve ser dado à parte a oportunidade para corrigir eventual vício (havendo nulidade
sanável, o julgamento deve ser convertido em diligência para que o vício possa ser corrigido
a fim de que o mérito possa ser analisado).
Essa ideia reforça o princípio da instrumentalidade, que reconhece ser possível sanar
até nulidades absolutas quando possível e viável sua correção.
O artigo 486 do CPC diz que, em regra, a extinção sem mérito não impede a repetição
da ação, desde que seja sanado o vício, salvo algumas exceções como a ofensa à coisa
julgada ou a ofensa à perempção.
Quando a extinção é sem mérito, temos sentença terminativa (porque não gera coisa
julgada material, não impedindo repetição da ação). Quando co mérito, temos sentença
definitiva, porque gera coisa julgada material e impede a repetição da ação.

1. Requisitos/elementos da sentença - artigo 489, CPC

A sentença é dividida em:


a) relatório: resumo dos principais dados e ocorrências do processo;
b) motivação/fundamentação: o juiz aprecia e decide as questões surgidas ao longo
do processo, englobando questões de fato e de direito - é a análise de todas as questões
controvertidas dos autos que devem ser decididas pelo juiz. A exigência da motivação
é uma regra constitucional do artigo 93, inciso IX, CF/88 e também processual nos
termos do artigo 11 do CPC - a ausência de motivação gera nulidade da sentença. A
motivação pode ser concisa, desde que suficiente;
c) dispositivo: é a parte da sentença onde o juiz acolhe ou rejeita o pedido (sentenças
de mérito), resolvendo as principais questões suscitadas pelas partes, sendo a
conclusão de todo o ato. Quando não for resolvido o mérito, é neste momento que a
sentença se mostra terminativa. Quando houver acordo entre as partes, é no dispositivo
que o juiz homologa os atos de disposição das partes.
Obs.: sobre a ausência de dispositivo em sentença, há corrente doutrinária que
entende ser a sentença inexistente, não sendo sequer necessária a interposição de ação

1
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
rescisória; já uma segunda corrente entende que a sentença seria nula, dependendo de
arguição da parte contrária para que seja anulada e, nada sendo alegado é capaz de
ocorrer o trânsito em julgado.

2. Regras de correlação da sentença com a demanda

O juiz deve julgar a lide nos limites em que essa foi proposta, de acordo com o
princípio da adstrição ou correlação, sendo vedado a ele conhecer de questões cuja
iniciativa dependa exclusivamente de uma das partes - artigo 141 do CPC.
O juiz analisar o caso de acordo com o que consta dos autos. Sentenças que violam
essa regra podem ser denominadas como:
• sentença extra petita: quando é concedido ao autor, em sentença, providência
diversa ou por causa jurídica diferente da pretendida. A consequência dessa violação
gera a nulidade da sentença (artigo 492, CPC);
• sentença ultra petita: a sentença não pode conferir ao autor quantidade superior ao
que foi pleiteado. Para a jurisprudência, a sentença deve ser anulada apenas naquilo que
extrapola o pedido;
• sentença citra/infra petita: aquela que julga menos do que deveria, deixando de
apreciar algum pedido ou parte dele. Contra essa cabe embargos de declaração para
sanar a omissão do julgado (artigos 994, inciso IV e 1022, inciso II do CPC).

3. Tipos de sentença
A) sentença terminativa: é a que põe fim ao processo sem resolução de mérito (artigo
485 do CPC). Não há julgamento da controvérsia, tendo eficácia apenas processual e
fazendo coisa julgada formal. A sentença terminativa não impede a repropositura da
demanda, ainda que idêntica, desde que não tenha ocorrido a perempção (perda do
direito de ação por ter a parte dado causa à extinção do processo sem resolução de
mérito por três vezes e por inércia - não impede o uso do direito material respectivo como
matéria de defesa e nem a propositura de outra ação com elementos diferentes, por ser
sanção processual).
Cândido Rangel Dinamarca entende que sentenças falsamente terminativas são atos
decisórios que tem conteúdo definitivo, mas que por grave equívoco do juiz neles constam
conteúdos terminativos - ex.: juiz reconhece que a parte é ilegítima e extingue o processo
sem resolução de mérito analisando o acervo probatório (se analisou as provas, fez análise
do mérito, sendo a sentença falsamente terminativa). Sentença falsamente terminativa é
apta a fazer coisa julgada material.

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:


I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

2
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a
causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido
e regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo
arbitral reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição
legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.

B) sentença definitiva: é a que define a lide ou a controvérsia, julgando o mérito (artigo


487 do CPC), o pedido, acolhendo-o ou rejeitando-o, sem necessariamente extinguir o
processo. Por ela se opera a coisa julgada material e os efeitos substanciais, sendo
imutável.

Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:


I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou
prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na
reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

4. Classificação das sentenças definitivas

I. Sentença declaratória: é aquela que julga procedente um pedido de natureza


declaratória, sendo a finalidade do pleito eliminar dúvida e declarar a existência de um
direito. Pleito declaratório não se sujeita a prazo prescricional ou decadencial. A
sentença declaratória não será executada e só produzirá efeitos depois do trânsito em
julgado, inclusive efeitos retroativos (efeitos ex tunc).
II. Sentença constitutiva: é a que altera alguma coisa, criando, alterando ou extinguindo
uma relação jurídica de direito material. Só produz efeitos após o trânsito em julgado
(exceção: sentença que constitui interdição produz efeito imediato), mas não retroagindo
(efeitos apenas ex nunc - excepcionalmente ex tunc, ex.: sentença que desconstitui um
negócio por vício de consentimento), dispensando o cumprimento de sentença.
III. Sentença condenatória: aquela em que o juiz impõe uma obrigação, seja de fazer, não
fazer, dar, entregar um bem ou pagar. Se não for cumprida voluntariamente, será
executada. Costuma ter efeitos retroativos, com imputação de correção e juros no caso
de condenação pecuniária. Tem eficácia imediata, independentemente do trânsito em
julgado, uma vez que possível a promoção da execução provisória.
IV. Sentença mandamental: aquelas que tem conteúdo condenatório conjugado com um
meio executivo já determinado, que poderá ser sub-rogação ou coerção. Pela sub-
rogação o juiz estabelece meio de cumprimento direto da obrigação, com terceiro
cumprindo a obrigação em nome do executado. Se o meio de sub-rogação for logo fixado
3
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
na sentença, haverá sentença executiva latu senso (ex.: ação de reintegração de posse
ou ação de despejo - oficial de justiça retira o sujeito do local caso não saia
voluntariamente). Já pela coerção, a sentença traz em seu conteúdo os meios de
coerção/meios indiretos, para estimular o cumprimento da obrigação pelo próprio
executado (típico das ações de fazer ou não fazer, em que a ausência de cumprimento
levará à fixação de astreintes).
V. Sentenças terminativas: aquelas que impõe obrigação ou condenação que irão perdurar
no tempo - trata-se de obrigação de trato sucessivo (ex.: sentença que determina
pagamento de alimentos ou benefício previdenciário).

5. Efeitos da sentença
a) Principal: refere-se ao bem da vida pleiteado - ex.: o principal efeito de uma
sentença condenatória é a condenação do réu;
b) Anexo: é o efeito que a sentença produz independentemente de manifestação da
parte ou do prolator da sentença, porque decorre da própria lei - ex.: não é necessário
indicar expressamente na sentença que ela é um título executivo judicial e que vale como
hipoteca judiciária;
c) Reflexo: é possível que a sentença atinja quem não é parte no processo - ex.:
ação de despejo promovida pelo locador contra o locatário que, caso o pedido seja julgado
procedente, atingirá o sublocatário de forma reflexa;
d) Probatório: por ser instrumento público, a sentença faz prova da sua própria
existência e de seu conteúdo (não comprova o fato em si, mas que houve um litígio, que as
partes estiveram em audiência etc).

6. Liquidez
Sentença líquida é aquela que desde logo quantifica a obrigação ou individualiza o
objeto da obrigação. É a que determina o "quantum debeatur".
Já a sentença ilíquida é aquela que, embora reconheça a existência da obrigação,
não a quantifica (“an debeatur”).
Quando o autor formula um pedido líquido é vedada a prolação da sentença ilíquida.
A nulidade decorrente da violação dessa regra, segundo o STJ, só por ser alegada pelo
autor, por ser seu o prejuízo. É vedado também que o juiz profira sentença líquida quando
o autor deduzir um pedido ilíquido, de acordo com a jurisprudência dominante do STJ,
sendo nesse caso nula a sentença por ser extra petita.

7. Publicação
A sentença começa a existir juridicamente no momento em que é publicada. Publicar
é tornar público e a publicação pode se dar por dois modos:
• em sessão pública/audiência;
• Quando é juntada aos autos, que serão entregues ao cartório.

4
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
Ao publicar a sentença, o juiz compre e esgota o ofício jurisdicional, sendo vedada a
modificação da decisão, exceto por meio de embargos de declaração, quando a sentença
for omissa, a ela houver contradição ou obscuridade ou, ainda, para corrigir erro material.

8. Intimação
A intimação da sentença é o ato pelo qual se dá conhecimento dela, especificamente
às partes, para que possam, sendo o caso, interpor algum recurso. O prazo para
interposição de recurso conta-se da data da intimação da sentença. Nas comarcas em que
funciona o Diário Oficial, a intimação das partes se dá por meio dos advogados, mediante
publicação nesse veículo oficial.
A jurisprudência tem admitido a intimação por aplicativo celular nos Juizados
Especiais:

PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO. JUIZADO ESPECIAL


CÍVEL E CRIMINAL. INTIMAÇÃO DAS PARTES VIA APLICATIVO. REGRAS
WHATSAPP ESTABELECIDAS EM PORTARIA. ADESÃO FACULTATIVA.
ARTIGO 19 DA LEI N. 9099/1995. CRITéRIOS ORIENTADORES DOS
JUIZADOS ESPECIAIS. INFORMALIDADE E CONSENSUALIDADE.
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO. (CNJ, Proc. n. 0003251-94.2016.2.00.0000,
Rel. Dalcide Santana, j. 26.06.2017)

9. Hipoteca judiciária
Um dos efeitos secundários (anexo,/complementar) da sentença condenatória ao
pagamento de quantia, nos termos do artigo 495 do CPC é a hipoteca judiciária.
A decisão que condenar o réu ao pagamento de prestação consistente em dinheiro e
a que determinar a conversão da prestação de fazer, de não fazer ou de dar em prestação
pecuniária, é título hábil para constituir a chamada hipoteca judiciária ou judicial.
A inscrição da hipoteca judicial deve ser feita mediante apresentação de cópia da
sentença perante o cartório de registro imobiliário, independentemente de ordem judicial,
declaração expressa do juiz ou de demonstração de urgência.
Uma vez inscrita a hipoteca, os bens do devedor passam a garantir, de forma
privilegiada, futura execução do título - haverá direito de preferência do do credor,
observando-se apenas a prenotação no registro. O vencedor pode usar da sentença como
título para hipotecar imóvel do réu, bastando apresentar a sentença ao Registro de Imóveis,
que fará constar a hipoteca judicial na matrícula do imóvel.
Após efetivada a hipoteca, a parte tem prazo de 15 dias para informar sua realização
ao Juízo da causa, para que seja determinada a intimação da outra parte para que tome
ciência do ato.

10. Remessa necessária


5
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
É condição de eficácia da sentença.
A lei estabelece que para algumas situações, para que a sentença transite em julgado
seja necessário ser observado o duplo grau de jurisdição/remessa oficial/recurso de ofício,
que não tem natureza recursão, pois é condição para a eficácia da sentença.
Não se trata de recurso porque esses são taxativos, porque o juiz não é parte
interessada ou legítima para recorrer e porque o reexame não se sujeita a prazo processual.
Além disso, não há necessidade de atendimento ao requisito de regularidade formal
(exigência de formulação de pedido de nova decisão e demonstração de razões do recurso)
e não se verifica na remessa necessária o princípio da voluntariedade (recurso depende de
provocação espontânea de um dos legitimados).
Nos termos do artigo 496 do CPC, as causas sujeitas o reexame necessário são:
F) Sentenças desfavoráveis à Fazenda Pública dos entes federativos e suas
respectivas autarquias e fundações de direito público;
G) Sentenças que julgarem procedentes, no todo ou em parte, embargos à execução
fiscal. Não é estendido o reexame necessário para as sentenças de extinção da
execução - artigo 925, CPC.
Não se admite que do reexame necessário se dê o agravamento da situação da
pessoa jurídica de direito público (Súmula 45 do STJ) - vedada a "reformatio in pejus".
O artigo 496, parágrafo 3º do CPC excepciona o caso do inciso I do mesmo
dispositivo ao tratar que não haverá reexame necessário nas causas de valor certo em que
a condenação ou o proveito econômico obtido na causa (não o valor da inicial) forem
inferiores a: a) mil salários mínimos para a União e respetivas autarquias/fundações, b) 500
salários mínimos quando se tratar de Estados, Distrito Federal e seus autarquias/fundações
e c) 100 salários mínimos para todos os demais Municípios e seu autarquias/fundações.
Os Tribunais só devem analisar as questões com relevância macroeconômica.

Súmula 490, STJ: A dispensa de reexame necessário, quando o valor da


condenação ou do direito controvertido for inferior a sessenta salários
mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas.

Também inaplicável o reexame no caso do parágrafo 4º do artigo 496 do CPC:

§4º Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada
em:
I - súmula de tribunal superior;
II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de
Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de
assunção de competência;
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito
administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação, parecer ou
súmula administrativa.

O STF sumulou entendimento acerca do tema “remessa necessária”:

6
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
Súmula 423-STF: Não transita em julgado a sentença por haver omitido o
recurso "ex-oficio", que se considera interposto "ex-lege".

Da mesma forma, o STJ sumulou que:

Súmula 45-STJ: No reexame necessário, é defeso, ao tribunal, agravar a


condenação imposta à Fazenda Pública.
Súmula 253-STJ: O art. 557 do CPC, que autoriza o relator a decidir o recurso,
alcança o reexame necessário.
Súmula 325-STJ: A remessa oficial devolve ao Tribunal o reexame de todas
as parcelas da condenação suportadas pela Fazenda Pública, inclusive dos
honorários de advogado.
Súmula 490-STJ: A dispensa de reexame necessário, quando o valor da
condenação ou do direito controvertido for inferior a 60 salários mínimos, não
se aplica a sentenças ilíquidas.

10.1. Jurisprudência

Abaixo, informativo acerca do tema “remessa necessária”:

Informativo 658, STJ:


Após a entrada em vigor do Código de Processo Civil de 2015, é dispensável
a remessa necessária nas sentenças ilíquidas proferidas em desfavor do
INSS, cujo valor mensurável da condenação ou do proveito econômico seja
inferior a mil salários mínimos. A Súmula 490-STJ não se aplica às sentenças
ilíquidas nos processos de natureza previdenciária a partir dos novos
parâmetros definidos no art. 496, § 3º, I, do CPC/2015. STJ. 1ª Turma. REsp
1.735.097-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 08/10/2019 (Info 658).
As ações previdenciárias, mesmo nas hipóteses em que reconhecido o direito
do segurado à percepção de benefício no valor do teto máximo previdenciário,
não alcançarão valor superior a 1.000 salários mínimos. Assim, não obstante
a aparente iliquidez das condenações em causas de natureza previdenciária,
a sentença que defere benefício previdenciário é espécie absolutamente
mensurável, visto que pode ser aferível por simples cálculos aritméticos, os
quais são expressamente previstos na lei de regência, e, invariavelmente, não
alcançará valor superior a 1.000 salários mínimos. STJ. 1ª Turma. REsp
1844937/PR, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 12/11/2019.

11. Técnicas de aplicação de distinção e superação dos


precedentes
h) Distinguishing: a parte invoca um precedente para que seja aplicado, devendo as
questões fáticas e jurídicas do caso concreto ser idênticas às que geraram o
precedente; caso não sejam, tem-se um caso de distinção, aplicando-se o dsitinguishing
para afastar a aplicação do precedência na sentença que julgar o caso concreto;
7
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
i) Overruling: quando o juiz analisa que as questões fáticas e jurídicas do precedente
são exatamente iguais às do caso concreto, mas quando da aplcação o STJ já alterou
seu entendimento (superação do entendimento esposado no precedente), existem duas
hipóteses a serem verificadas - I. Retrospective overruling quando o precedente
superado possa atingir os processos que já estão em curso relacionados a fatos
passados, e II. Prospective overruling quando o Tribunal, ao modificar seu precedente,
pode conceder efeitos prospectivos, determinando que o precedente modificado será
aplicado apenas aos casos futuros.

12. Sucumbência - honorários e custas


12.1. Critérios de fixação
É utilizado o critério da causalidade quando quem deu causa à propositura da
demanda vai arcar com a sucumbência, e não necessariamente o vencido. Na consignação
em pagamento, por exemplo, o vencedor é quem dá causa à demanda, pis em que pese
julgado procedente o pedido, é a recusa do credor que dá causa à propositura da ação.
Usa-se o critério da dupla sucumbência nos Juizados Especiais, onde o demandante
ingressa em Juízo, independentemente do pagamento de custas e, após a sentença, caso
seja apresentado recurso acompanhado do preparo e a esse recurso seja negado
provimento, é que será estabelecida a sucumbência em prol do advogado da outra parte.

12.2. Fixação da sucumbência - artigo 85 do CPC

Os honorários advocatícios serão fixados em percentuais entre 10% e 20% da


condenação e, subsidiariamente, do valor da causa. Quando inestimável o proveito
econômico da causa ou este for irrisório, ou ainda quando o valor da causa foi muito baixo,
é permitido que o juiz fixe os honorários com base em apreciação equitativa.
O parágrafo 3º do artigo 85 do CPC regulamente os honorários a serem fixados
quando a Fazenda Pública foi vencida, de forma que quanto maior for a condenação da FP,
menor será o percentual dos honorários que caberão ao advogado vencedor.
Ao analisar o recurso, o Tribunal pode majorar os honorários fixados em sentença,
mas não em percentual superior ao máximo indicado em lei (20% do valor da condenação
ou da causa). A majoração pode ocorrer ainda que o recorrido não tenha apresentado
contrarrazões recursais (STF).
Não serão devidos honorários na execução de sentença contra a Fazenda Pública
em que seja necessária expedição de precatório quando esta não embargar a execução.
Os honorários advocatícios tem natureza alimentar, sendo por isso vedada a
compensação de honorários em caso de sucumbência parcial.

12.3. Noções gerais sobre honorários de advogado e despesas processuais


O STJ entende que no caso de ação rescisória julgada parcialmente procedente em
que a decisão judicial de ação de cobrança tenha sido parcialmente rescindida, é possível
que o advogado deva devolver os valores que recebi a título de honorários, mesmo aqueles
que de boa-fé tenha levantado.

8
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
Admitida ação autônoma para cobrança e definição de honorários quando estes não
tiverem sido fixados na decisão judicial relacionada à causa. O advogado pode requerer
que o pagamento dos honorários seja direcionado à sociedade de advogados a que faz
parte, incidindo sobre eles IRPJ.
A sentença deve distribuir expressamente a responsabilidade quanto ao pagamento
das despesas e honorários aos vencidos na ação, quando mais que um. Sendo omissa,
presume-se que responderão solidariamente.
Deve haver condenação e fixação de sucumbência ainda que a parte vencida seja
beneficiária de gratuidade de justiça. Nesse caso, a condenação fica suspensa pelo prazo
de cinco anos (prescricional). Durante esse período, o credor pode comprovar a alteração
da situação financeira e econômica do devedor (superação da situação de hipossuficiência)
para que possa dar continuidade na cobrança dos valores.

12.4. Sucumbência e despesas nas ações específicas


No Mandado de Segurança não cabe condenação em honorários, mas é admitia a
condenação ao vencido ao pagamento de custas processuais - jurisprudencialmente o
mesmo vale para o Habeas Data.
Na Ação Civil Pública não ocorre adiantamento de custas/emolumentos/honorários
periciais/outras despesas, nem condenação da associação autora em honorários, custas e
despesas processuais se não comprovada má-fé. Ampliativamente vem-se interpretado o
artigo 18 da Lei 7.347 beneficiando qualquer legitimado e não apenas associações.Caso a
ação seja procedente e a associação saia como vencedora, ao vencido é fixada
condenação ao pagamento de despesas e honorários de advogado.
Na ação popular, nos termos do artigo 5º, inciso LXXIII da CF, salvo comprovada
má-fé, o autor (só o autor) é isento das custas judiciais e do ônus da sucumbência.

12.5. Jurisprudência
O STF já sumulou entendimento acerca do tema “honorários de advogado”:

Súmula vinculante 47-STF: Os honorários advocatícios incluídos na condenação


ou destacados do montante principal devido ao credor consubstanciam verba de
natureza alimentar cuja satisfação ocorrerá com a expedição de precatório ou
requisição de pequeno valor, observada ordem especial restrita aos créditos dessa
natureza.
Súmula 257-STF: São cabíveis honorários de advogado na ação regressiva do
segurador contra o causador do dano.
Súmula 450-STF: São devidos honorários de advogado sempre que vencedor o
beneficiário de justiça gratuita.
Súmula 616-STF: É permitida a cumulação da multa contratual com os honorários
de advogado, após o advento do Código de Processo Civil vigente.

Da mesma forma, o STJ sumulou alguns entendimentos:

Súmula 14-STJ: Arbitrados os honorários advocatícios em percentual sobre o valor


da causa, a correção monetária incide a partir do respectivo ajuizamento.
Súmula 201-STJ: Os honorários advocatícios não podem ser fixados em salários-
mínimos.
Súmula 232-STJ: A Fazenda Pública, quando parte no processo, fica sujeita à
exigência do depósito prévio dos honorários do perito.
9
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
Súmula 326-STJ: Na ação de indenização por dano moral, a condenação em
montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca.
Súmula 345-STJ: São devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas
execuções individuais de sentença proferida em ações coletivas, ainda que não
embargadas.
Súmula 421-STJ: Os honorários advocatícios não são devidos à Defensoria Pública
quando ela atua contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença.
Súmula 462-STJ: Nas ações em que representa o Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS), a Caixa Econômica Federal (CEF) não está isenta de reembolsar as
custas pela parte vencedora.
Súmula 488-STJ: O parágrafo 2º do art. 6º da Lei 9.469/97, que obriga à repartição
dos honorários advocatícios, é inaplicável a acordos ou transações celebrados em
data anterior à sua vigência.

Abaixo, informativos acerca do tema “honorários de advogado”:

Informativo nº 929, STF:


Não é possível fracionar o crédito de honorários advocatícios em litisconsórcio
ativo facultativo simples em execução contra a Fazenda Pública por frustrar o
regime do precatório. A quantia devida a título de honorários advocatícios é
uma só, fixada de forma global, pois se trata de um único processo, e,
portanto, consiste em título a ser executado de forma una e indivisível. STF.
Plenário. RE 919269 ED-EDv/RS, ARE 930251 AgR-ED-EDv/RS, ARE
797499 AgR-EDv/RS, RE 919793 AgR-ED-EDv/RS, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 7/2/2019 (Info 929).

Informativo 648, STJ:


A sentença, como ato processual que qualifica o nascedouro do direito à
percepção dos honorários advocatícios, deve ser considerada o marco
temporal para a aplicação das regras fixadas pelo CPC/2015. Assim, nos
casos de sentença proferida a partir do dia 18/3/2016, deverão ser utilizadas
as normas do novo CPC relativas aos honorários sucumbenciais. STJ. Corte
Especial. EAREsp 1255986/PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
20/03/2019 (Info 648).

Informativo 645, STJ:


Os honorários advocatícios só podem ser fixados com base na equidade de
forma subsidiária, ou seja: • quando não for possível o arbitramento pela regra
geral; ou • quando for inestimável ou irrisório o valor da causa. Assim, o juízo
de equidade na fixação dos honorários advocatícios somente pode ser
utilizado de forma subsidiária, quando não presente qualquer hipótese
prevista no § 2º do art. 85 do CPC. STJ. 2ª Seção. REsp 1.746.072-PR, Rel.
Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd. Min. Raul Araújo, julgado em 13/02/2019 (Info
645).

Informativo 643, STJ:

10
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
É vedada a retenção de honorários advocatícios contratuais sobre crédito
relativo a diferenças do FUNDEF. Os valores relacionados ao FUNDEF, hoje
FUNDEB, encontram-se constitucional e legalmente vinculados ao custeio da
educação básica e à valorização do seu magistério, sendo vedada a sua
utilização em despesa diversa, tais como honorários advocatícios contratuais.
Ex: determinado Município do interior do Estado ingressou com ação contra a
União com o objetivo de conseguir o repasse integral de verbas do FUNDEF.
Como o Município não possuía procuradores municipais concursados, foi
contratado um escritório de advocacia privado para patrocinar a causa. No
contrato assinado com os advogados ficou combinado que, se o Município
vencesse a demanda, pagaria 20% do valor da causa ao escritório. O pedido
foi julgado procedente e transitou em julgado. O Município requereu, então,
que 20% do valor da condenação (verbas do FUNDEF a serem pagas pela
União) fosse separado para pagamento dos honorários contratuais dos
advogados que atuaram na causa, nos termos do art. 22, § 4º da Lei nº
8.906/94. Esse pedido não deve ser acolhido. Não é possível a aplicação do
art. 22, § 4º, da Lei nº 8.906/1994 nas execuções contra a União em que se
persigam quantias devidas ao FUNDEF/FUNDEB, devendo o advogado
credor buscar a satisfação de seu crédito por outros meios. STJ. 1ª Seção.
REsp 1.703.697-PE, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10/10/2018 (Info
643).
Obs.: CUIDADO - mudança de entendimento em relação ao informative 585-
STJ

Informativo 640, STJ:


Se a petição inicial é indeferida sem que tenha havido citação ou
comparecimento espontâneo do réu, a sentença não deve condenar o autor
ao pagamento de honorários advocatícios considerando que não há advogado
constituído nos autos. No entanto, se o autor recorre, o réu é intimado,
apresenta contrarrazões e o Tribunal confirma a sentença, então, neste caso,
será cabível o arbitramento de honorários em prol do advogado do
réu/vencedor. Dito de outro modo: em caso de indeferimento da petição inicial
seguida de interposição de apelação e a integração do executado à relação
processual, mediante a constituição de advogado e apresentação de
contrarrazões, uma vez confirmada a sentença extintiva do processo, é
cabível o arbitramento de honorários em prol do advogado do vencedor (art.
85, § 2º, do CPC). STJ. 4ª Turma. REsp 1.753.990-DF, Rel. Min. Maria Isabel
Gallotti, julgado em 09/10/2018 (Info 640).

Abaixo, segue coletânea de julgados acerca do tema “honorários de advogado”:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA RECLAMAÇÃO. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO DO


ACÓRDÃO RECORRIDO. 1. PRETENSÃO DE JULGAMENTO DO MÉRITO DO RECURSO
11
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. MATÉRIA ESTRANHA AOS LIMITES DA
RECLAMAÇÃO. 2. FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA.
POSSIBILIDADE. APERFEIÇOAMENTO DA RELAÇÃO PROCESSUAL MEDIANTE A
CITAÇÃO DO BENEFICIÁRIO DO ATO IMPUGNADO. 3. EMBARGOS PARCIALMENTE
ACOLHIDOS. 1. O pedido deduzido na reclamação foi julgado procedente para cassar a
decisão prévia de admissibilidade de recurso ordinário. Escapam aos limites da reclamação
o julgamento de matérias impugnadas pelo próprio recurso ordinário. 2. A partir da vigência
do CPC/2015, firmou-se o entendimento doutrinário e jurisprudencial no sentido de que o
instituto da reclamação possui natureza de ação, de índole constitucional, e não de recurso
ou incidente processual, sendo admitida a aplicação do princípio geral da sucumbência, com
a consequente condenação da parte vencida ao pagamento de honorários advocatícios. 3.
Embargos de declaração parcialmente acolhidos. (EDcl na Rcl 35.958/CE, Rel. Ministro
MARCO AURÉLIO BELLIZZE, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 26/06/2019, DJe
01/07/2019)

RECURSO ESPECIAL. PROPRIEDADE INDUSTRIAL. AÇÃO DE NULIDADE DE MARCA.


NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. PRESCRIÇÃO.
PRAZO QUINQUENAL. ART. 174 DA LEI 9.279/96. 1. Ação ajuizada em 14/1/2010.
Recurso especial interposto em 12/12/2016. Autos conclusos à Relatora em 25/10/2018. 2.
O propósito recursal, além de verificar se houve negativa de prestação jurisdicional, é definir
(i) se a pretensão anulatória está prescrita; (ii) se houve cerceamento de defesa ou má
valoração da prova; (iii) se o julgamento foi extra petita; e (iv) se deve ser declarada a
nulidade da marca titulada pela recorrente. 3. Devidamente analisadas e discutidas as
questões deduzidas pelas partes, não há que se cogitar de negativa de prestação
jurisdicional, ainda que o resultado do julgamento contrarie os interesses da recorrente. 4.
O diploma legal que trata especificamente de questões envolvendo direito de propriedade
industrial - Lei 9.279/96 - contém regra expressa acerca da questão controvertida, dispondo
que a pretensão de se obter a declaração de nulidade de registro levado a efeito pelo INPI
prescreve em cinco anos, contados da data da sua concessão (art. 174). 5. Mesmo tratando-
se de ato administrativo contaminado por nulidade, os efeitos dele decorrentes não podem
ser afastados se entre a data de sua prática e o ajuizamento da ação já houve o transcurso
do prazo prescricional previsto para incidência na correspondente hipótese fática, salvo
flagrante inconstitucionalidade. Precedentes. 6. Entender que a ação de nulidade de marca
é, em regra, imprescritível equivale a esvaziar o conteúdo normativo do dispositivo precitado,
fazendo letra morta da opção legislativa e gerando instabilidade, não somente aos titulares
de registro, mas também a todo o sistema de defesa da propriedade industrial. 7. Ademais,
a imprescritibilidade não constitui regra no direito brasileiro, sendo admitida somente em
hipóteses excepcionalíssimas que envolvem direitos da personalidade, estado das pessoas,
bens públicos. Os demais casos devem se sujeitar aos prazos prescricionais do Código Civil
ou das leis especiais. Precedente. 8. Hipótese concreta em que a ação anulatória foi
ajuizada depois de transcorrido o prazo quinquenal estabelecido na lei especial, sendo
impositiva a decretação da prescrição da pretensão anulatória.
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. (REsp 1782024/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 07/05/2019, DJe 09/05/2019)

12
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015.
JUÍZO DE EQUIDADE NA FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE
SUCUMBÊNCIA. NOVAS REGRAS: CPC/2015, ART. 85, §§ 2º E 8º. REGRA GERAL
OBRIGATÓRIA (ART. 85, § 2º). REGRA SUBSIDIÁRIA (ART. 85, § 8º). PRIMEIRO
RECURSO ESPECIAL PROVIDO. SEGUNDO RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. O
novo Código de Processo Civil - CPC/2015 promoveu expressivas mudanças na disciplina
da fixação dos honorários advocatícios sucumbenciais na sentença de condenação do
vencido. 2. Dentre as alterações, reduziu, visivelmente, a subjetividade do julgador,
restringindo as hipóteses nas quais cabe a fixação dos honorários de sucumbência por
equidade, pois: a) enquanto, no CPC/1973, a atribuição equitativa era possível: (a.I) nas
causas de pequeno valor; (a.II) nas de valor inestimável; (a.III) naquelas em que não
houvesse condenação ou fosse vencida a Fazenda Pública; e (a.IV) nas execuções,
embargadas ou não (art. 20, § 4º); b) no CPC/2015 tais hipóteses são restritas às causas:
(b.I) em que o proveito econômico for inestimável ou irrisório ou, ainda, quando (b.II) o valor
da causa for muito baixo (art. 85, § 8º). 3. Com isso, o CPC/2015 tornou mais objetivo o
processo de determinação da verba sucumbencial, introduzindo, na conjugação dos §§ 2º e
8º do art. 85, ordem decrescente de preferência de critérios (ordem de vocação) para fixação
da base de cálculo dos honorários, na qual a subsunção do caso concreto a uma das
hipóteses legais prévias impede o avanço para outra categoria. 4. Tem-se, então, a seguinte
ordem de preferência: (I) primeiro, quando houver condenação, devem ser fixados entre
10% e 20% sobre o montante desta (art. 85, § 2º); (II) segundo, não havendo condenação,
serão também fixados entre 10% e 20%, das seguintes bases de cálculo: (II.a) sobre o
proveito econômico obtido pelo vencedor (art. 85, § 2º); ou (II.b) não sendo possível
mensurar o proveito econômico obtido, sobre o valor atualizado da causa (art. 85, § 2º); por
fim, (III) havendo ou não condenação, nas causas em que for inestimável ou irrisório o
proveito econômico ou em que o valor da causa for muito baixo, deverão, só então, ser
fixados por apreciação equitativa (art. 85, § 8º). 5. A expressiva redação legal impõe concluir:
(5.1) que o § 2º do referido art. 85 veicula a regra geral, de aplicação obrigatória, de que os
honorários advocatícios sucumbenciais devem ser fixados no patamar de dez a vinte por
cento, subsequentemente calculados sobre o valor: (I) da condenação; ou (II) do proveito
econômico obtido; ou (III) do valor atualizado da causa; (5.2) que o § 8º do art. 85 transmite
regra excepcional, de aplicação subsidiária, em que se permite a fixação dos honorários
sucumbenciais por equidade, para as hipóteses em que, havendo ou não condenação: (I) o
proveito econômico obtido pelo vencedor for inestimável ou irrisório; ou (II) o valor da causa
for muito baixo. 6. Primeiro recurso especial provido para fixar os honorários advocatícios
sucumbenciais em 10% (dez por cento) sobre o proveito econômico obtido. Segundo recurso
especial desprovido. (REsp 1746072/PR, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, Rel. p/ Acórdão
Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 13/02/2019, DJe 29/03/2019)

Embargos de divergência nos embargos de declaração no agravo regimental no recurso


extraordinário. Constitucional e Processual. Regra do art. 100, § 8º, da CF. Litisconsórcio
ativo facultativo. Honorários advocatícios. Crédito autônomo, uno e indiviso fixado de forma
global. Execução proporcional à fração de cada litisconsorte. Impossibilidade. Embargos de
divergência providos. 1. Uma vez que o crédito do advogado se origina de uma relação de
direito processual, sendo devido em função de atos únicos praticados no curso do processo,
em proveito de todos os litisconsortes e independentemente de quantos eles sejam, fixados
13
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
os honorários de forma global sobre o valor da condenação, o crédito constituído é uno,
indivisível e guarda total autonomia no que concerne ao crédito dos litisconsortes. 2. Nas
causas em que a Fazenda Pública for condenada ao pagamento da verba honorária de
forma global, é vedado o fracionamento de crédito único, consistente no valor total dos
honorários advocatícios devidos, proporcionalmente à fração de cada litisconsorte, sob pena
de afronta ao art. 100, § 8º, da Constituição. 3. Embargos de divergência providos para
determinar que a execução dos honorários advocatícios se dê de forma una e indivisa. 4.
Custas sucumbenciais invertidas, observada a eventual concessão de justiça gratuita. (RE
919793 AgR-ED-EDv, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em
07/02/2019, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-138 DIVULG 25-06-2019 PUBLIC 26-06-
2019)

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE SENTENÇA. RETENÇÃO


DA VERBA HONORÁRIA. CRÉDITO RELATIVO A DIFERENÇAS DO FUNDO DE
MANUTENÇÃO E DE DESENVOLVIMENTO DO ENSINO FUNDAMENTAL E DE
VALORIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO - FUNDEF. IMPOSSIBILIDADE. AMICUS CURIAE.
INTEMPESTIVIDADE. INTERVENÇÃO COMO ASSISTENTE. AUSÊNCIA DE INTERESSE
JURÍDICO OU VIOLAÇÃO DE PRERROGATIVA INERENTE À CARREIRA DA
ADVOCACIA. 1. Sobre o requerimento de intervenção como amicus curiae formulado pelo
CFOAB, a jurisprudência do STF sobre a matéria, especialmente por ocasião do julgamento
da ADI 4.071 e da ACO 779/RJ, autoriza tal ingresso até a inclusão do feito em pauta. 2. No
julgamento do AgRg na ACO 779, Rel. Min. Dias Toffoli, entretanto, admitiu-se a
possibilidade, em tese, do ingresso na lide de amicus curiae mesmo após a inclusão do feito
em pauta, desde que demonstrada a excepcionalidade do caso concreto. 3. Na espécie, ao
requerer sua intervenção como amicus curiae após a inclusão deste feito em pauta, o
CFOAB afirmou, tão somente, haver tomado conhecimento do tema de fundo a ser julgado
no presente feito apenas recentemente (e-STJ, fl. 261), não alegando qualquer outra razão,
eminentemente de caráter jurídico, a configurar excepcionalidade do caso apta a permitir
seu ingresso de forma extemporânea, isto é, o próprio requerente sequer se fundou em tal
premissa, limitando-se a salientar recente conhecimento da existência do processo. Tal
circunstância, a propósito, até revela que o debate dos autos não está intrinsecamente ligado
às atribuições essenciais da entidade requerente. Oportuno, ainda, referir que a motivação
trazida com o requerimento de intervenção - genericamente apresentada - em nada revela
circunstâncias específicas a justificar o acolhimento requestado, até porque, neste processo,
não se está a deliberar exclusivamente sobre honorários advocatícios, mas acerca da
vinculação de verbas federais ao custeio da educação básica e à valorização do seu
magistério e as consequências jurídicas de tal vinculação. Esse vem a ser o tema central do
processo. 4. Como é possível verificar dos autos, o presente feito foi incluído em pauta em
27/4/2018, com publicação no Diário de Justiça Eletrônico em 30/4/2018. O requerimento
de ingresso no feito como amicus curiae somente foi apresentado em 8/5/2018. 5. Com base
nessas considerações, é de se indeferir o requerimento em tela, sob pena de se permitir o
ingresso de todo e qualquer terceiro que se declare interessado em processo já pautado
para julgamento, o que deflagraria quadros de instabilidade e imprevisibilidade na efetivação
do julgamento dos recursos confiados a este Superior Tribunal. Precedente: EDcl no REsp
1.338.942/SP, de minha relatoria, Primeira Seção, julgado em 25/4/2018, DJe 4/5/2018). 6.
Por outro lado, a ausência de interesse jurídico e de violação de prerrogativa inerente à
14
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
carreira da advocacia não autoriza o ingresso do CFOAB, na hipótese, como assistente do
recorrido. 7. Na execução, regra geral, é possível a requisição pelo patrono de reserva da
quantia equivalente à obrigação estabelecida, entre si e o constituinte, para a prestação dos
serviços advocatícios. A condição para isso é que o pleito seja realizado antes da expedição
do precatório ou do mandado de levantamento, mediante a juntada do contrato. Orientação
do STJ e do STF. 8. Esse entendimento, todavia, não é aplicável quando os valores a que
tem direito o constituinte se referem a verbas decorrentes de diferenças do FUNDEF que a
União deixou de repassar aos Municípios a tempo e modo. 9. O fato de determinada
obrigação pecuniária não ter sido cumprida espontaneamente, mas somente após decisão
judicial com trânsito em julgado, não descaracteriza a sua natureza nem a da prestação
correspondente. Assim, uma vez que os valores relacionados ao FUNDEF, hoje FUNDEB,
encontram-se constitucional e legalmente vinculados ao custeio da educação básica e à
valorização do seu magistério, é vedada a sua utilização em despesa diversa, tais como os
honorários advocatícios contratuais. 10. Reconhecida a impossibilidade de aplicação da
medida descrita no art. 22, § 4º, da Lei n. 8.906/1994 nas execuções contra a União em que
se persigam quantias devidas ao FUNDEF/FUNDEB, deve o advogado credor, apesar de
reconhecido o seu mérito profissional, buscar o seu crédito por outro meio. 11. Recurso
especial a que se dá provimento para negar o direito à retenção dos honorários advocatícios
contratuais do crédito devido pela União. (REsp 1703697/PE, Rel. Ministro OG
FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/10/2018, DJe 26/02/2019)

RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. EMBARGOS À


EXECUÇÃO. PARCIAL PROVIMENTO. CONDENAÇÃO DA EMBARGADA AO
PAGAMENTO DE HONORÁRIOS DE SUCUMBÊNCIA E DESPESAS PROCESSUAIS.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONVENCIONAIS. GASTO EXTRAPROCESSUAL NÃO
PREVISTO NO ART. 20 DO CPC/73. JULGAMENTO: CPC/73. 1. Execução de título
extrajudicial, da qual foi extraído este recurso especial, interposto em 10/09/2014 e atribuído
ao gabinete em 25/08/2016. 2. O propósito recursal é decidir se os honorários advocatícios
contratuais devem ser incluídos no cálculo das despesas processuais, a cujo pagamento foi
condenada a recorrida, com fulcro no art. 20 do CPC/73. 3. O art. 20 do CPC/73, ao tratar
do custo do processo, imputou ao vencido, com base nos princípios da causalidade e da
sucumbência, a responsabilidade final pelo pagamento dos gastos endoprocessuais, ou
seja, aqueles necessários à formação, desenvolvimento e extinção do processo. 4. Os
gastos extraprocessuais - aqueles realizados fora do processo -, ainda que assumidos em
razão dele, não se incluem dentre aquelas despesas às quais faz alusão o art. 20 do
CPC/73, motivo pelo qual nelas não estão contidos os honorários contratuais,
convencionados entre o advogado e o seu cliente, mesmo quando este vence a demanda.
5. Recurso especial conhecido em parte e, nessa extensão, desprovido. (REsp
1571818/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
09/10/2018, DJe 15/10/2018)

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO. INDEFERIMENTO DA


INICIAL. CITAÇÃO DO EXECUTADO NA FASE DE APELAÇÃO. VERBA HONORÁRIA.
CABIMENTO. ART. 85 DO CPC. 1. Indeferida a inicial, sem a citação ou o comparecimento
espontâneo do executado, correta a sentença que não arbitrou honorários, dada a ausência
de advogado constituído nos autos. 2. Com a interposição de apelação e a integração do
15
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
executado à relação processual, mediante a constituição de advogado e apresentação de
contrarrazões, uma vez confirmada a sentença extintiva do processo, cabível o arbitramento
de honorários em prol do advogado do vencedor (CPC, art. 85. §2). 3. Recurso especial
provido. (REsp 1753990/DF, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA,
julgado em 09/10/2018, DJe 11/12/2018)

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE


SUCUMBÊNCIA. DIREITO INTERTEMPORAL. REGIME JURÍDICO APLICÁVEL.
PROPOSITURA DA AÇÃO SOB A ÉGIDE DO ESTATUTO PROCESSUAL CIVIL DE 1973.
PROLAÇÃO DE SENTENÇA QUANDO EM VIGOR O CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE
2015. APLICABILIDADE DA NOVEL LEGISLAÇÃO. NECESSIDADE DE ARBITRAMENTO
DA VERBA HONORÁRIA SUCUMBENCIAL À LUZ DO ART. 85 DA LEI N. 13.105/2015.
RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO. I - Consoante o decidido pelo Plenário
desta Corte na sessão realizada em 09.03.2016, o regime recursal será determinado pela
data da publicação do provimento jurisdicional impugnado. In casu, aplica-se o Código de
Processo Civil de 2015 no julgamento do Agravo Interno. II - Consoante o entendimento
desta Corte, a sentença é o marco para delimitação do regime jurídico aplicável à fixação
de honorários advocatícios, revelando-se incorreto seu arbitramento, com fundamento no
CPC de 1973, posteriormente à 18.03.2016 (data da entrada em vigor da novel legislação).
III - Inviabilizado, in casu, o arbitramento dos honorários advocatícios de sucumbência, com
base no art. 85 do Código de Processo Civil de 2015, sob pena de restar configurada a
supressão de grau de jurisdição e desvirtuar a competência precípua desta Corte em grau
recursal (uniformização da interpretação da legislação federal), mediante a fixação de
honorários de sucumbência casuisticamente e não apenas nas hipóteses de irrisoriedade e
exorbitância no seu arbitramento. IV - Necessidade de reforma do acórdão recorrido, a fim
de que seja procedido novo julgamento da apelação, com análise dos honorários
advocatícios de sucumbência, respeitadas as peculiaridades do caso concreto, com base
no estatuto processual civil de 2015. V - Recurso Especial parcialmente provido. (REsp
1647246/PE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Ministra
REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/11/2017, DJe 19/12/2017)

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.


DEMANDA PROCEDENTE. BASE DE CÁLCULO. CPC/1973. VALOR DA CONDENAÇÃO.
MULTA COMINATÓRIA. VERBA EXCLUÍDA. NATUREZA JURÍDICA DIVERSA. MEIO
COERCITIVO. COISA JULGADA MATERIAL. AUSÊNCIA. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL.
NÃO COMPROVAÇÃO. SÚMULA Nº 13/STJ. 1. Cinge-se a controvérsia a saber se o valor
da multa cominatória integra a base de cálculo da verba honorária disciplinada pelo
CPC/1973. 2. O art. 20, § 3º, do CPC/1973 estipula que os honorários de advogado, quando
procedente o pedido da inicial, serão fixados entre dez por cento (10%) e vinte por cento
(20%) sobre o valor da condenação, a qual deve ser entendida como o valor do bem
pretendido pelo demandante, ou seja, o montante econômico da questão litigiosa conforme
o direito material. 3. A multa cominatória constitui instrumento de direito processual criado
para a efetivação da tutela específica perseguida, ou para a obtenção de resultado prático
equivalente, nas ações de obrigação de fazer ou não fazer, constituindo medida de
execução indireta. 4. A decisão que arbitra astreintes não faz coisa julgada material,
podendo, por isso mesmo, ser modificada, a requerimento da parte ou de ofício, seja para
16
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
aumentar ou diminuir o valor da multa ou, ainda, para suprimi-la. Precedente da Segunda
Seção. 5. As astreintes, por serem um meio de coerção indireta ao cumprimento do julgado,
não ostentam caráter condenatório, tampouco transitam em julgado, o que as afastam, na
vigência do CPC/1973, da base de cálculo dos honorários advocatícios. 6. Recurso especial
parcialmente conhecido e não provido. (REsp 1367212/RR, Rel. Ministro RICARDO VILLAS
BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/06/2017, DJe 01/08/2017)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COBRANÇA.


PAGAMENTO DO DÉBITO POR TERCEIRO. EXTINÇÃO DO PROCESSO, SEM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO, POR PERDA SUPERVENIENTE DE INTERESSE
PROCESSUAL. CONDENAÇÃO AO PAGAMENTO DOS ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. 1.
Ação ajuizada em 19/12/2012. Recurso especial concluso ao gabinete em 25/08/2016.
Julgamento: CPC/73. 2. Cinge-se a controvérsia em determinar se a recorrente deve ser
condenada ao pagamento dos ônus da sucumbência quando a ação de cobrança na qual
figura como ré foi julgada extinta, sem resolução de mérito, em virtude de pagamento
efetuado por terceiro. 3. Em função do princípio da causalidade, nas hipóteses de extinção
do processo sem resolução de mérito, decorrente de perda de objeto superveniente ao
ajuizamento da ação, a parte que deu causa à instauração do processo deverá suportar o
pagamento das custas e dos honorários advocatícios. Precedentes. 4. Sendo o processo
julgado extinto, sem resolução de mérito, cabe ao julgador perscrutar, ainda sob a égide do
princípio da causalidade, qual parte deu origem à extinção do processo sem julgamento de
mérito, ou qual dos litigantes seria sucumbente se o mérito da ação fosse, de fato, julgado.
Precedentes. 5. A situação versada nos autos demonstra que é inviável imputar a uma ou a
outra parte a responsabilidade pelos ônus sucumbenciais, mostrando-se adequado que
cada uma das partes suporte os encargos relativos aos honorários advocatícios e às custas
processuais, rateando o quantum estabelecido pela sentença. 6. Recurso especial
parcialmente conhecido e, nessa parte, parcialmente provido. (REsp 1641160/RJ, Rel.
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/03/2017, DJe 21/03/2017)

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE ARBITRAMENTO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.


EXISTÊNCIA DE PREVISÃO EXPRESSA DE REMUNERAÇÃO AD EXITUM. CAUSÍDICO
QUE RENUNCIOU AOS PODERES ANTES DO ENCERRAMENTO DAS DEMANDAS
RELACIONADAS AOS SERVIÇOS CONTRATADOS. 1. Nas hipóteses em que estipulado
o êxito como condição remuneratória dos serviços advocatícios prestados, a renúncia do
patrono originário, antes do julgamento definitivo da causa, não lhe confere o direito imediato
ao arbitramento de verba honorária proporcional ao trabalho realizado, revelando-se
necessário aguardar o desfecho processual positivo para a apuração do quantum devido,
observado o necessário rateio dos valores com o advogado substituto (aquele que veio a
assumir a condução da demanda). 2. Com efeito, sobressai o comportamento contraditório
do advogado, que celebrou contrato de risco (ad exitum) com o banco, limitando sua
remuneração aos honorários sucumbenciais, mas, após ter renunciado ao mandato, deduziu
pretensão de arbitramento da verba honorária proporcional ao serviço prestado nas causas
pendentes. Ademais, parece incoerente e injusta a interpretação que venha a colocar em
situação menos vantajosa o causídico que, malgrado não tenha obtido sucesso na
demanda, envidou esforços em prol dos interesses do mandante até a conclusão da lide. 3.
De outra parte, é certo que, nos contratos de prestação de serviços advocatícios ad exitum,
17
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
a vitória processual constitui condição suspensiva (artigo 125 do Código Civil), cujo
implemento é obrigatório para que o advogado faça jus à devida remuneração. Ou seja, o
direito aos honorários somente é adquirido com a ocorrência do sucesso na demanda. 4.
Diante desse quadro, a rescisão unilateral do contrato,.
promovida pelo próprio mandatário - no exercício do direito potestativo de renúncia ao
mandato -, não tem o condão de ilidir a supracitada condição, ficando os efeitos
remuneratórios do pacto subordinados ao seu efetivo implemento, ressalvadas as hipóteses
expressamente convencionadas. 5. O fato jurídico delineado nos autos não se amolda
sequer à norma disposta na primeira parte do artigo 129 do Código Civil, segundo a qual se
reputa verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for
maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer. 6. Cuida-se de ficção legal, que
condena o dolo daquele que impede ou força o implemento da condição em proveito próprio.
Nessa esteira, encontra-se compreendida a rescisão unilateral imotivada perpetrada pelo
cliente, que configura, por óbvio, obstáculo ao implemento da condição estipulada no
contrato de prestação de serviços advocatícios - vitória na causa -, autorizando o
arbitramento judicial da verba honorária devida ao causídico, cuja plena atuação quedara
frustrada por culpa do mandante. 7. Por outro turno, em se tratando de renúncia do
advogado, é certo que a não ocorrência da condição prevista no contrato ad exitum impede
a aquisição do direito remuneratório pretendido, não se podendo cogitar da incidência de
qualquer presunção legal na hipótese de rescisão antecipada. O exercício da pretensão de
arbitramento dos honorários advocatícios será viável, contudo, após concretizada a vitória
do antigo cliente nas demandas pendentes, devendo ser observado o critério de rateio (com
o advogado substituto) previsto no contrato. 8. Recurso especial provido para julgar
improcedente a pretensão de arbitramento da verba honorária deduzida na inicial,
invertendo-se o ônus sucumbencial. (REsp 1337749/MS, Rel. Ministro LUIS FELIPE
SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 14/02/2017, DJe 06/04/2017)

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NÃO


OCORRÊNCIA DE OMISSÃO. REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS. NATUREZA JURÍDICA. LEI NOVA. MARCO TEMPORAL PARA A
APLICAÇÃO DO CPC/2015. PROLAÇÃO DA SENTENÇA. 1. Constata-se que não se
configura a ofensa ao art. 1.022 do Código de Processo Civil/2015, uma vez que o Tribunal
de origem julgou integralmente a lide e solucionou a controvérsia, tal como lhe foi
apresentada. 2. Cabe destacar que o simples descontentamento da parte com o julgado não
tem o condão de tornar cabíveis os Embargos de Declaração, que servem ao aprimoramento
da decisão, mas não à sua modificação, que só muito excepcionalmente é admitida. 3. No
mérito, o Tribunal a quo consignou que "a melhor solução se projeta pela não aplicação
imediata da nova sistemática de honorários advocatícios aos processos ajuizados em data
anterior à vigência do novo CPC." 4. Com efeito, a Corte Especial do Superior Tribunal de
Justiça posicionou-se que o arbitramento dos honorários não configura questão meramente
processual. 5. Outrossim, a jurisprudência do STJ é pacífica no sentido de que a
sucumbência é regida pela lei vigente na data da sentença. 6. Esclarece-se que os
honorários nascem contemporaneamente à sentença e não preexistem à propositura da
demanda. Assim sendo, nos casos de sentença proferida a partir do dia 18.3.2016, aplicar-
se-ão as normas do CPC/2015. 7. In casu, a sentença prolatada em 21.3.2016, com
supedâneo no CPC/1973 (fls. 40-41, e-STJ), não está em sintonia com o atual entendimento
18
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
deste Tribunal Superior, razão pela qual merece prosperar a irresignação. 8. Quanto à
destinação dos honorários advocatícios de sucumbência das causas em que forem parte a
União, as autarquias e as fundações públicas federais, o artigo 29 da Lei 13.327/2016 é
claro ao estabelecer que pertencem originariamente aos ocupantes dos cargos das
respectivas carreiras jurídicas. 9. Recurso Especial parcialmente provido, para fixar os
honorários advocatícios em 10% do valor da condenação, nos termos do artigo 85, § 3º, I,
do CPC/2015. (REsp 1636124/AL, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 06/12/2016, DJe 27/04/2017)

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. ORÇAMENTÁRIO. DIREITO DO ADVOGADO A


HONORÁRIOS CONVENCIONAIS. ART. 22, § 4o. DO ESTATUTO DA OAB.
PRERROGATIVA ADVOCATÍCIA, QUALQUER QUE SEJA O OBJETO DA LIDE.
PRECEDENTE DA CORTE ESPECIAL: RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE
CONTROVÉRSIA 1.152.218/RS. RECURSO ESPECIAL DA UNIÃO PARCIALMENTE
CONHECIDO E NESTA EXTENSÃO DESPROVIDO. 1. Por desempenhar função essencial
à justiça (art. 133 da Carta Magna), o Advogado tem a prerrogativa de, apresentando ao
Juízo o contrato respectivo, reter da liberação do valor disponibilizado ao seu constituinte a
sua verba honorária convencional (art. 22, § 4º do Estatuto da OAB). 2. No caso, os
honorários advocatícios contratuais devem ser deduzidos do montante a ser recebido pelo
credor, ou seja, deduzidos do valor integral do precatório, não havendo qualquer justificativa
para que, como no caso dos autos, o Município proceda à negociação com a UNIÃO a fim
de quitar seus débitos tributários, para só então chegar à base de cálculo da verba honorária.
3. O trabalho profissional do Advogado foi essencial para a provisão orçamentária municipal;
em casos assim, parece inquestionável que o Advogado deva receber a sua justa
remuneração calculada sobre o valor global dos recursos do FUNDEF, cuja liberação foi por
ele obtida na via judicial, mediante o seu competente labor profissional. 4. Recurso Especial
da UNIÃO parcialmente conhecido e nesta extensão desprovido. (REsp 1516636/PE, Rel.
Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 11/10/2016,
DJe 13/02/2017)

RECURSO ESPECIAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. LEVANTAMENTO PELO


CAUSÍDICO. POSTERIOR REDUÇÃO DO VALOR EM RESCISÓRIA. AÇÃO DE
COBRANÇA. RESTITUIÇÃO DO EXCEDENTE. POSSIBILIDADE. IRREPETIBILIDADE DE
ALIMENTOS E VEDAÇÃO AO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. FLEXIBILIZAÇÃO..
PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. MÁXIMA EFETIVIDADE DAS DECISÕES JUDICIAIS. 1.
É possível e razoável a cobrança dos valores atinentes aos honorários advocatícios de
sucumbência já levantados pelo causídico se a decisão que deu causa ao montante foi
posteriormente rescindinda, inclusive com redução da verba. 2. O princípio da
irrepetibilidade das verbas de natureza alimentar não é absoluto e, no caso, deve ser
flexibilizado para viabilizar a restituição dos honorários de sucumbência já levantados, tendo
em vista que, com o provimento parcial da ação rescisória, não mais subsiste a decisão que
lhes deu causa. Aplicação dos princípios da vedação ao enriquecimento sem causa, da
razoabilidade e da máxima efetividade das decisões judiciais. 3. Recurso especial provido.
(REsp 1549836/RS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Rel. p/ Acórdão
Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/05/2016, DJe
06/09/2016)
19
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
RECURSO ESPECIAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. LEVANTAMENTO PELO
CAUSÍDICO. POSTERIOR REDUÇÃO DO VALOR EM RESCISÓRIA. AÇÃO DE
COBRANÇA. RESTITUIÇÃO DO EXCEDENTE. POSSIBILIDADE. IRREPETIBILIDADE DE
ALIMENTOS E VEDAÇÃO AO ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. FLEXIBILIZAÇÃO..
PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. MÁXIMA EFETIVIDADE DAS DECISÕES JUDICIAIS. 1.
É possível e razoável a cobrança dos valores atinentes aos honorários advocatícios de
sucumbência já levantados pelo causídico se a decisão que deu causa ao montante foi
posteriormente rescindinda, inclusive com redução da verba. 2. O princípio da
irrepetibilidade das verbas de natureza alimentar não é absoluto e, no caso, deve ser
flexibilizado para viabilizar a restituição dos honorários de sucumbência já levantados, tendo
em vista que, com o provimento parcial da ação rescisória, não mais subsiste a decisão que
lhes deu causa. Aplicação dos princípios da vedação ao enriquecimento sem causa, da
razoabilidade e da máxima efetividade das decisões judiciais. 3. Recurso especial provido.
(REsp 1549836/RS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, Rel. p/ Acórdão
Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/05/2016, DJe
06/09/2016)

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. CIVIL. EMPRESARIAL. EXECUÇÃO.


TÍTULO EXTRAJUDICIAL. CONTRATO DE SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS. EXCEÇÃO DE
PRÉ-EXECUTIVIDADE. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO CABÍVEL.
ILEGITIMIDADE PASSIVA. GRUPO ECONÔMICO. TEORIA DA APARÊNCIA.
INAPLICABILIDADE. RECURSO PROVIDO. 1. Nos termos da jurisprudência do eg.
Superior Tribunal de Justiça, o recurso cabível contra a decisão que julga a exceção de pré-
executividade, sem extinguir o processo de execução, é o agravo de instrumento, e não a
apelação. 2. As sociedades empresárias, ainda que integrantes de um mesmo grupo
econômico, quando não figurem como parte no título executivo extrajudicial, não estão
legitimadas a integrar o polo passivo da execução. 3. Tratando-se de sociedades distintas,
com razões sociais, objetos e patrimônios próprios, o simples fato de pertencerem ao mesmo
grupo de empresas não as torna solidárias nas respectivas obrigações, sendo descabida a
aplicação da teoria da aparência para, com isso, ampliar-se a legitimação no polo passivo
de ação executiva. 4. Cada pessoa jurídica tem personalidade e patrimônio próprios,
distintos, justamente para assegurar-se a autonomia das relações e atividades de cada
sociedade empresária, ainda que integrantes de um mesmo grupo econômico. Do contrário,
a legislação faria a equivalência aplicada equivocadamente no v. acórdão recorrido ou até
vedaria a formação de grupos econômicos pela inutilidade da medida. Somente em casos
excepcionais essas distinções podem ser superadas, motivadamente (Código Civil, art. 50).
5. Recurso especial conhecido e provido. (REsp 1404366/RS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO,
QUARTA TURMA, julgado em 23/10/2014, DJe 09/02/2015)

RECURSO ESPECIAL - EXECUÇÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS


SUCUMBENCIAIS PROMOVIDA PELO ADVOGADO SUBSTABELECIDO, COM
RESERVA DE PODERES, SEM A ANUÊNCIA DO PROCURADOR SUBSTABELECENTE
- EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE ACOLHIDA PELO MAGISTRADO DE PRIMEIRO
GRAU - SENTENÇA REFORMADA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM - ACORDO
CELEBRADO ENTRE AS PARTES ORIGINÁRIAS - IMPOSSIBILIDADE DE ALCANÇAR
20
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
OS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS - INSURGÊNCIA DOS EXECUTADOS - RECURSO
ESPECIAL PROVIDO EM PARTE. Hipótese em que a ação executiva é promovida pelo
advogado substabelecido, com reserva de poderes, sem a anuência do procurador
substabelecente, com o intuito de receber honorários advocatícios sucumbenciais. Sentença
reformada pelo Tribunal de origem, afastando a declaração de inexistência de pressuposto
de desenvolvimento válido do processo, bem como considerando inoponível ao exequente
a celebração de transação firmada entre as a partes originárias. 1. O art. 26 da Lei n.
8.906/94 é claro em vedar qualquer cobrança de honorários advocatícios por parte do
advogado substabelecido, com reserva de poderes, sem a anuência do procurador
substabelecente. Incide, portanto, a clássica a regra de hermenêutica, segundo a qual onde
a lei não distingue, não pode o intérprete distinguir. 1.1. Ademais, pouco importa tratar-se
de execução de honorários sucumbenciais, pois não se divisa a existência de peculiaridade
a justificar a não aplicação da jurisprudência desta Corte Superior, que exige a observância
do referido preceptivo legal, porque, embora o título executado seja certo e líquido, ainda se
faz necessário aquilatar a existência de eventual acordo entre os procuradores
representantes da parte vencedora a respeito da verba executada. 1.2. Tratando-se de um
litisconsórcio necessário, curial a intervenção do procurador substabelecente, para, nos
termos do parágrafo único do artigo 47 do Código de Processo Civil, determinar-se a citação
deste. 2. "A verba honorária constitui direito autônomo do advogado, integra o seu
patrimônio, não podendo ser objeto de transação entre as partes sem a sua aquiescência."
(REsp 468.949/MA, Rel. Ministro BARROS MONTEIRO, QUARTA TURMA, julgado em
18/02/2003, DJ 14/04/2003, p. 231) 3. O art. 26 da Lei n. 8.906/94 visa impedir o
locupletamento ilícito por parte do advogado substabelecido, pois a aquiescência do
procurador substabelecente mostra-se fundamental para o escorreito cumprimento do pacto
celebrado entre os causídicos, a fim de que o patrono substabelecido, ao cobrar os
honorários advocatícios, não o faça sem dar saber ao outro profissional que manteve reserva
de poderes. 4. Independente da razão pela qual o advogado substabelecente não tenha
composto inicialmente o polo ativo da demanda, sua ausência não enseja a imediata
extinção do feito, sem julgamento de mérito. Nos termos do parágrafo único do artigo 47 do
Código de Processo Civil, deve o juiz, ainda que de ofício, determinar a citação daquele
(Precedentes). 5. Ademais, não se afigura correta a extinção da presente execução, como
requerido pelos ora recorrentes, eis que a formalidade exigida pelo o art. 26 da Lei n.
8.906/94 é facilmente atendida pelo retorno dos autos à origem, para que o exequente
promova a citação do procurador substabelecente, a fim de que este tome ciência a respeito
do processo executivo. Tal solução do caso atende a finalidade ética da norma em análise,
bem como preserva os atos processuais até então praticados, em atenção aos princípios da
instrumentalidade do processo e da inafastabilidade da jurisdição. 6. Recurso especial
adesivo interposto por GENÉSIO NEILÔR FINGER - ESPÓLIO não conhecido. Apelo
extremo aviado por CEREALISTA PALOTINENSE LTDA. e OUTROS provido parcialmente,
a fim de determinar o retorno dos autos ao Juízo de Direito de origem, para se intimar o
exequente, no intuito de que este promova a citação do procurador substabelecente em 20
(vinte) dias, nos termos do parágrafo único do art. 47 do Código de Processo Civil. (REsp
1068355/PR, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado em 15/10/2013, DJe
06/12/2013)

21
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. COBRANÇA DE HONORÁRIOS
CONTRATUAIS. CONTRATANTE QUE LITIGARA SOB A PROTEÇÃO DA JUSTIÇA
GRATUITA. IRRELEVÂNCIA. VERBA QUE NÃO É ALCANÇADA PELOS BENEFÍCIOS
CONCEDIDOS PELA LEI N. 1.060/50. 1. "Nada impede a parte de obter os benefícios da
assistência judiciária e ser representada por advogado particular que indique, hipótese em
que, havendo a celebração de contrato com previsão de pagamento de honorários ad exito,
estes serão devidos, independentemente da sua situação econômica ser modificada pelo
resultado final da ação, não se aplicando a isenção prevista no art. 3º, V, da Lei nº 1.060/50,
presumindo-se que a esta renunciou" (REsp 1.153.163/RS, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 26/6/2012, DJe 2/8/2012). 2. Entendimento
contrário tem a virtualidade de fazer com que a decisão que concede a gratuidade de justiça
apanhe ato extraprocessual e pretérito, qual seja o próprio contrato celebrado entre o
advogado e o cliente, interpretação que vulnera a cláusula de sobredireito da intangibilidade
do ato jurídico perfeito (CF/88, art. 5º, inciso XXXVI; LINDB, art. 6º). 3. Ademais, estender
os benefícios da justiça gratuita aos honorários contratuais, retirando do causídico a
merecida remuneração pelo serviço prestado, não viabiliza, absolutamente, maior acesso
do hipossuficiente ao Judiciário. Antes, dificulta-o, pois não haverá advogado que aceitará
patrocinar os interesses de necessitados para ser remunerado posteriormente com amparo
em cláusula contratual ad exitum, circunstância que, a um só tempo, também fomentará a
procura pelas Defensorias Públicas, com inegável prejuízo à coletividade de pessoas -
igualmente necessitadas - que delas precisam. 4. Recurso especial provido. (REsp
1065782/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
07/03/2013, DJe 22/03/2013)

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO ORDINÁRIA. ARBITRAMENTO E COBRANÇA DE


HONORÁRIOS DE ADVOGADO. AUSÊNCIA DE CONTRATO ESCRITO. PATROCÍNIO DE
AÇÃO JUDICIAL. CONTRATANTE. FUNDAÇÃO FACULDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS
MÉDICAS DE PORTO ALEGRE - FFFCMPA. PRESCRIÇÃO. CINCO ANOS. TERMO
INICIAL. TRÂNSITO EM JULGADO DA ÚLTIMA DECISÃO PROFERIDA NO PROCESSO
NO QUAL FORAM PRESTADOS OS SERVIÇOS PROFISSIONAIS. 1. O prazo prescricional
de cinco anos para a cobrança de honorários advocatícios contratuais, a serem arbitrados
pelo Juiz na mesma demanda, mesmo que se trate de ação proposta contra a Fazenda
Pública, conta-se do trânsito em julgado da última decisão proferida nos autos do processo
no qual foram prestados os serviços profissionais. 2. Recurso especial conhecido e provido.
(REsp 1138983/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em
23/10/2012, DJe 06/11/2012)

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL.


HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REDUÇÃO DE OFÍCIO PELO TRIBUNAL. NÃO
CABIMENTO. NECESSIDADE DE PEDIDO ESPECÍFICO. EMBARGOS REJEITADOS. 1.
Divergência jurisprudencial configurada entre acórdãos da Quarta e Quinta Turmas no
tocante à possibilidade de redução do quantum fixado a título de honorários advocatícios
pelo Tribunal, na hipótese em que a sentença não remanesceu reformada e não houve
pedido expresso de modificação dessa verba nas razões de apelação. 2. A inversão da
condenação ao pagamento da verba honorária quando há reforma da sentença apresenta-
se inerente à sucumbência. 3. No entanto, se não houve reforma do julgado, a redução da
22
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
verba honorária de ofício pelo Tribunal, com base no pedido de procedência integral, por si
só, apresenta-se incabível. Impõe-se a existência de pedido expresso da parte recorrente
nesse sentido. Entendimento contrário, conduz à prolação de sentença com ofensa aos arts.
128, 460 e 515, caput, do CPC, de modo que se impõe a prevalência da tese adotada pelo
acórdão embargado. 4. "A apelação genérica, pela improcedência da ação, não devolve ao
Tribunal o exame da fixação dos honorários advocatícios, se esta deixou de ser atacada no
recurso" (Súmula 16/TRF - 4ª Região). 5. Embargos de divergência rejeitados. (EREsp
1082374/RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, CORTE ESPECIAL, julgado em
19/09/2012, DJe 04/10/2012)

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.


CONSTITUCIONAL. ART. 9º DA MP 2.164-41/2001. INTRODUÇÃO DO ART. 29-C NA LEI
8.036/1990. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA. AÇÕES ENVOLVENDO O
FGTS E TITULARES DE CONTAS VINCULADAS. INCONSTITUCIONALIDADE
DECLARADA NA ADI 2.736/DF. RECURSO PROVIDO. I - O Supremo Tribunal Federal, no
julgamento da ADI 2.736/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, declarou a inconstitucionalidade do
art. 9º da MP 2.164-41/2001, na parte em que introduziu o art. 29-C na lei 8.036/1990, que
vedava a condenação em honorários advocatícios “nas ações entre o FGTS e os titulares
de contas vinculadas, bem como naquelas em que figuram os respectivos representantes
ou substitutos processuais”. II - Os mesmos argumentos devem ser aplicados à solução do
litígio de que trata o presente recurso. III - Recurso extraordinário conhecido e provido. (RE
581160, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em
20/06/2012, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-166
DIVULG 22-08-2012 PUBLIC 23-08-2012)

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.


ARTIGO 535, II, DO CPC. ALEGADA VIOLAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. ARTIGO 381 DO
CC. CONFUSÃO. AUTARQUIA PREVIDENCIÁRIA - RIOPREVIDÊNCIA E DEFENSORIA
PÚBLICA ESTADUAL. JULGAMENTO PELA CORTE ESPECIAL. REPRESENTATIVO DA
CONTROVÉRSIA. 1. Tendo o Tribunal a quo apreciado, com a devida clareza, a matéria
relevante para a análise e o julgamento do recurso, não há se falar em violação ao art. 535
do Código de Processo Civil. 2. A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça, no
julgamento do REsp 1.199.715/RJ, representativo de controvérsia repetitiva, de relatoria do
Ministro Arnaldo Esteves Lima, julgado em 16/2/11, firmou o entendimento no sentido de
também não serem devidos honorários advocatícios à Defensoria Pública quando ela atua
contra pessoa jurídica de direito público que integra a mesma Fazenda Pública. 3. Recurso
especial a que se dá parcial provimento. (REsp 1102459/RJ, Rel. Ministro ADILSON VIEIRA
MACABU (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RJ), QUINTA TURMA, julgado em
22/05/2012, DJe 26/06/2012)

RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC.


PROCESSO CIVIL. FORMULAÇÃO DE PEDIDO DE DESISTÊNCIA DA HABILITAÇÃO
OBJETO DO RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.
IMPOSSIBILIDADE. CESSÃO DE CRÉDITO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE
SUCUMBÊNCIA. DIREITO AUTÔNOMO DO CAUSÍDICO. PRECATÓRIO.
ESPECIFICAÇÃO DO CRÉDITO RELATIVO À VERBA ADVOCATÍCIA OBJETO DA
23
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
CESSÃO DE CRÉDITO. HABILITAÇÃO DO CESSIONÁRIO. POSSIBILIDADE. 1. De
acordo com o Estatuto da Advocacia em vigor (Lei nº 8.906/94), os honorários de
sucumbência constituem direito autônomo do advogado e têm natureza remuneratória,
podendo ser executados em nome próprio ou nos mesmos autos da ação em que tenha
atuado o causídico, o que não altera a titularidade do crédito referente à verba advocatícia,
da qual a parte vencedora na demanda não pode livremente dispor. 2. O fato de o precatório
ter sido expedido em nome da parte não repercute na disponibilidade do crédito referente
aos honorários advocatícios sucumbenciais, tendo o advogado o direito de executá-lo ou
cedê-lo a terceiro. 3. Comprovada a validade do ato de cessão dos honorários advocatícios
sucumbenciais, realizado por escritura pública, bem como discriminado no precatório o valor
devido a título da respectiva verba advocatícia, deve-se reconhecer a legitimidade do
cessionário para se habilitar no crédito consignado no precatório. 4. Recurso especial
provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/2008.
(REsp 1102473/RS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, CORTE
ESPECIAL, julgado em 16/05/2012, DJe 27/08/2012)

13. Jurisprudência
Abaixo, segue coletânea de julgados acerca do tema "sentença”:

PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO ANULATÓRIA. ERRO MATERIAL.


FUNDAMENTAÇÃO. DISPOSITVO. COISA JULGADA. 1. A ausência de decisão sobre os
dispositivos legais supostamente violados, não obstante a interposição de embargos de
declaração, impede o conhecimento do recurso especial. Incidência da Súmula 211/STJ. 2.
O erro material, passível de ser corrigido de ofício, e não sujeito à preclusão, é o reconhecido
primu ictu oculi, consistente em equívocos materiais sem conteúdo decisório propriamente
dito. 3. A inserção da declaração de nulidade da procuração e substabelecimento
outorgados, não se trata de mero ajuste do dispositivo da sentença ao que realmente foi
deliberado pela inteligência e vontade do juiz no momento em que solucionou a questão
debatida nestes autos, mas de verdadeira alteração ou ampliação do conteúdo decisório,
com a respectiva extensão dos efeitos da coisa julgada. 4. A fundamentação da sentença
não faz coisa julgada, permanecendo livre para nova apreciação judicial, sempre que o
objeto do processo seja outro. 5. Negado provimento ao recurso especial. (REsp
1151982/ES, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/10/2012,
DJe 31/10/2012)

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE OMISSÃO NO ACÓRDÃO.


CONCESSÃO DE BENEFÍCIO DIVERSO. DECISÃO EXTRA PETITA. NÃO
CONFIGURAÇÃO. PRECEDENTES. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 83/STJ. 1. Em matéria
previdenciária, deve-se flexibilizar a análise do pedido contido na petição inicial, não
entendendo como julgamento extra ou ultra petita a concessão de benefício diverso do
requerido na inicial, desde que o autor preencha os requisitos legais do benefício deferido.
Precedentes. 2. Na hipótese dos autos, o Tribunal a quo reformou a sentença (fls. 156/163,
e-STJ) que concedeu ao autor o restabelecimento de sua aposentadoria rural, na condição
24
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
de segurado especial. Considerando a implementação de todos os requisitos, foi concedido
ao autor o beneficio de aposentadoria por idade, nos termos da Lei n. 11.718/2008, a contar
do ajuizamento da ação. Incidência da Súmula 83/STJ. Agravo regimental improvido. (AgRg
no REsp 1367825/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado
em 18/04/2013, DJe 29/04/2013)

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ATO APONTADO COMO


COATOR. DECISÃO JUDICIAL QUE SANOU, APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO, ERRO
MATERIAL CONSTANTE DE SENTENÇA. VIOLAÇÃO DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO.
INEXISTÊNCIA. 1. O erro material, mencionado no art. 463, I, do CPC, pode ser sanado a
qualquer tempo, inclusive após o trânsito em julgado da sentença, conforme pacífica
orientação desta Corte de Justiça. Precedentes. 2. Na hipótese dos autos, não há que se
cogitar de direito líquido e certo ao resultado anterior do julgado, pois mostra-se evidente o
equívoco do órgão julgador ao redigir o dispositivo da sentença, julgando procedente o
pedido, uma vez que toda a fundamentação exarada foi no sentido da improcedência da
ação. 3. Recurso ordinário a que se nega provimento. (RMS 43.956/MG, Rel. Ministro OG
FERNANDES, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/09/2014, DJe 23/09/2014)

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO


JURISDICIONAL. INEXISTÊNCIA. SENTENÇA ILÍQUIDA. CPC/2015. NOVOS
PARÂMETROS. CONDENAÇÃO OU PROVEITO ECONÔMICO INFERIOR A MIL
SALÁRIOS MÍNIMOS. REMESSA NECESSÁRIA. DISPENSA. 1. Conforme estabelecido
pelo Plenário do STJ, "aos recursos interpostos com fundamento no CPC de 2015 (relativos
a decisões publicadas a partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de
admissibilidade recursal na forma do novo CPC" (Enunciado Administrativo n. 3). 2. Não
merece acolhimento a pretensão de reforma do julgado por negativa de prestação
jurisdicional, porquanto, no acórdão impugnado, o Tribunal a quo apreciou
fundamentadamente a controvérsia, apontando as razões de seu convencimento, em
sentido contrário à postulação recursal, o que não se confunde com o vício apontado. 3. A
controvérsia cinge-se ao cabimento da remessa necessária nas sentenças ilíquidas
proferidas em desfavor da Autarquia Previdenciária após a entrada em vigor do Código de
Processo Civil/2015. 4. A orientação da Súmula 490 do STJ não se aplica às sentenças
ilíquidas nos feitos de natureza previdenciária a partir dos novos parâmetros definidos no
art. 496, § 3º, I, do CPC/2015, que dispensa do duplo grau obrigatório as sentenças contra
a União e suas autarquias cujo valor da condenação ou do proveito econômico seja inferior
a mil salários mínimos. 5. A elevação do limite para conhecimento da remessa necessária
significa uma opção pela preponderância dos princípios da eficiência e da celeridade na
busca pela duração razoável do processo, pois, além dos critérios previstos no § 4º do art.
496 do CPC/15, o legislador elegeu também o do impacto econômico para impor a referida
condição de eficácia de sentença proferida em desfavor da Fazenda Pública (§ 3º). 6. A
novel orientação legal atua positivamente tanto como meio de otimização da prestação
jurisdicional - ao tempo em que desafoga as pautas dos Tribunais - quanto como de
transferência aos entes públicos e suas respectivas autarquias e fundações da prerrogativa
exclusiva sobre a rediscussão da causa, que se dará por meio da interposição de recurso
voluntário. 7. Não obstante a aparente iliquidez das condenações em causas de natureza
previdenciária, a sentença que defere benefício previdenciário é espécie absolutamente
25
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com
mensurável, visto que pode ser aferível por simples cálculos aritméticos, os quais são
expressamente previstos na lei de regência, e são realizados pelo próprio INSS. 8. Na
vigência do Código Processual anterior, a possibilidade de as causas de natureza
previdenciária ultrapassarem o teto de sessenta salários mínimos era bem mais factível,
considerado o valor da condenação atualizado monetariamente. 9. Após o Código de
Processo Civil/2015, ainda que o benefício previdenciário seja concedido com base no teto
máximo, observada a prescrição quinquenal, com os acréscimos de juros, correção
monetária e demais despesas de sucumbência, não se vislumbra, em regra, como uma
condenação na esfera previdenciária venha a alcançar os mil salários mínimos, cifra que no
ano de 2016, época da propositura da presente ação, superava R$ 880.000,00 (oitocentos
e oitenta mil reais). 9. Recurso especial a que se nega provimento. (REsp 1735097/RS, Rel.
Ministro GURGEL DE FARIA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/10/2019, DJe 11/10/2019)

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. REMESSA


NECESSÁRIA. SENTENÇA ILÍQUIDA. ART. 496, § 3o., I DO CÓDIGO FUX.
CONDENAÇÃO OU PROVEITO ECONÔMICO INFERIOR A MIL SALÁRIOS MÍNIMOS.
VALOR AFERÍVEL POR CÁLCULO ARITMÉTICO. POSSIBILIDADE DE MENSURAÇÃO.
RECURSO ESPECIAL DO INSS A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Esta Corte, no
julgamento do REsp. 1.101.727/PR, representativo de controvérsia, fixou a orientação de
que, tratando-se de sentença ilíquida, deverá ser ela submetida ao reexame necessário,
uma vez que não possui valor certo, estabelecendo que a dispensabilidade da remessa
necessária pressupunha a certeza de que o valor da condenação não superaria o limite de
60 salários mínimos. 2. Contudo, a nova legislação processual excluiu da remessa
necessária a sentença proferida em desfavor da União e suas respectivas Autarquias cujo
proveito econômico seja inferior a 1.000 salários-mínimos. 3. As ações previdenciárias,
mesmo nas hipóteses em que reconhecido o direito do Segurado à percepção de benefício
no valor do teto máximo previdenciário, não alcançarão valor superior a 1.000 salários
mínimos. 4. Assim, não obstante a aparente iliquidez das condenações em causas de
natureza previdenciária, a sentença que defere benefício previdenciário é espécie
absolutamente mensurável, visto que pode ser aferível por simples cálculos aritméticos, os
quais são expressamente previstos na lei de regência, e, invariavelmente, não alcançará
valor superior a 1.000 salários mínimos. 5. Recurso Especial do INSS a que se nega
provimento. (REsp 1844937/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA
TURMA, julgado em 12/11/2019, DJe 22/11/2019)

26
@PDFzãoDoAmor
pdfzaodoamor@gmail.com

Você também pode gostar