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- Metodologia útil
2 - SOLUÇÃO DE CONFLITOS
Posto isso, é importante que o Estado aparelhe os Poderes (em especial, o Judiciário)
com instrumentos capazes de assegurar e garantir a efetividade das decisões com o fim de
resolver os conflitos.
Ponto de destaque em torno da mediação para a resolução dos conflitos sejam seles judiciais
ou não judiciais é a primazia da LINGUAGEM, CONSENSO, DIÁLOGO como zonas de convergência para que
os sujeitos sejam realmente protagonistas das suas próprias decisões com o fim de resolverem seus
conflitos SEM a interferência direta do estado.
No mais, vale destacar que os conflitos podem surtir efeitos entre duas ou mais
pessoas, entre grupos de pessoas, desenvolvendo o processo coletivo para resolver conflitos
metaindividuais. O Brasil é pioneiro entre os países do Civil law na instituição do processo
coletivo. Assim, os conflitos metaindividuais podem ser processados por meio da Ação Civil
Pública na lei 7.347/85). Exemplos de conflitos metaindividuais (Ambiental – e Consumidor).
Ressalta-se a melhor doutrina que “não há sociedade, sem direito” (ubi societas, ibi
jus). A causa dessa “relação” reside na FUNÇÃO ORDENADORA que o direito exerce na sociedade.
De fato, nem sempre o Estado através do direito esteve presente para solucionar os
conflitos surgidos na sociedade, em outros momentos, no início da civilização as soluções
apresentadas pela sociedade para resolução de conflitos eram por meio da autotutela.
A autotutela convive na máxima de que o exercício das próprias razões esta livre de
qualquer limitação. Prevalece o poder do mais forte sobre o mais fraco, do credor sobre o
devedor, ou seja, reside na viabilidade de utilizar dos próprios meios para se vingar de uma
obrigação não cumprida. A autotutela pode também ser compreendida como “vingança privada”,
uma vez que o credor de uma dívida não necessitava respeitar qualquer procedimento para
cobrar seu crédito, de se ver reparado, podendo a sanção (pena) inclusive recair sobre a pessoa
quando os bens forem insuficientes ou inexistentes.
A título de ilustração, considerando que o escambo (troca/permuta) é o mais antigo
instrumento de relações contratuais, aquele que não cumprisse referida obrigação já ficava
submetido as vontades do credor, podendo reduzir o devedor à escravidão. Ademais a retirada
de bens do devedor era realizada unilateralmente pelo credor sem respeitar qualquer limite
restritivo.
Posto isso, são traços marcantes da autotutela; a) Ausência de um juiz distinto das
partes; b) imposição de uma decisão de uma parte sobre a outra.
Um exemplo clássico é a Lei das XII Tábuas que esboça uma verídica amostra de que
houve uma intervenção ainda que pequena do estado nas relações conflituosas. A III Tábua
retrata “Os direitos de crédito”, onde permitia ao devedor em se apresentar ao Juiz para que no
prazo de 30 dias justificasse o débito e pagasse a dívida, pelo contrário, ficaria à disposição e
caprichos do credor, podendo ser vendido, escravizado ou até morto.
Assim a sanção (pena) por aquele que descumprisse uma obrigação civil era a
pessoal em virtude do NEXUM – instituto ligado na lei das XII Tábuas que ligava o débito com a
pessoa do devedor – como se fosse um só.