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RESOLUÇÃO DE DISPUTAS:

MÉTODOS ADEQUADOS

AULA 4
Linha do tempo a passos bem largos
+ Olho por olho, dente por dente

+ A vontade do Imperador/do Rei

+ Jurisdição estatal (o Estado organizado como hoje o conhecemos –


marco: a Proclamação da República, em 1889)
Questionamentos já de algum tempo:
+ O processo judicial é sempre o método mais adequado para se
produzir justiça?

+ Determinadas disputas seriam resolvidas com mais justiça mediante


outros tipos de mecanismos ?
+ A resolução consensual e comunitária de disputas é historicamente
mais antiga do que o processo judicial conduzido pelo Estado

+ Mecanismos privados e informais de justiça já eram praticados


quando o Estado e a jurisdição oficial ainda ganhavam corpo e é
razoável supor que nunca deixaram de ser praticados e sempre
estiveram em desenvolvimento
+ A expressão “meios alternativos de solução de conflitos” (MASC),
correspondente à homônima em língua inglesa alternative dispute
resolution (ADR), representa uma variedade de métodos de resolução de
disputas

+ A expressão é atribuída a Frank Sander em apresentação feita na década


de 1970, em congresso organizado para se discutir as causas da
insatisfação popular com a justiça norte americana

+ Enfrentamento de muita resistência: “justiça de segunda classe”


Ordem mais usual na escrita e na fala
+ Conciliação

+ Mediação

+ Arbitragem

+ Qual a diferença entre um e outro MASC?


No Brasil, começa-se pela
+ Arbitragem

+ Para mais tarde disseminar-se pela conciliação e mediação


ARBITRAGEM
Arbitragem: Lei nº 9.307/1996 – alterada pela 13.129/2015

+ Pendência por 5 anos de impugnação de constitucionalidade junto ao


Supremo Tribunal Federal (CF, art. 5º, XXXV)

+ Em 2001, a constitucionalidade foi confirmada por 7 a 4

+ Desde então, amplo espaço para a solução de disputas comercial,


avançando para as de cunho doméstico. Quebra de um 1º nível da
resistência cultural ao uso de MASC’s
CONCILIAÇÃO e MEDIAÇÃO:

menor resistência em comparação à


Arbitragem
“Justiça consensual”

Expressão cunhada por Ada Grinover contra a morosidade da justiça e a


esperança de que acordos reduzissem o volume de processos nos
tribunais
A conciliação e a mediação
+Ganharam espaço junto aos expedientes forenses mais rapidamente e com
menos resistência do que a arbitragem. Sob a premissa ideológica da “cultura
da pacificação”, diversas iniciativas de promoção da conciliação em juízo
foram implantadas em todo o país, isoladamente ou com amplo apoio
institucional

+Perspicaz análise teórica identificou na formação jurídica brasileira uma


exagerada dependência da resolução de conflitos pela decisão judicial estatal –
o que foi chamado de “cultura da sentença”, em oposição à “cultura da
pacificação” que fomenta os meios de resolução consensual (Kazuo Watanabe)
+ A mediação não foi instituída por lei, mas por política judiciária
administrativa (a lei veio alguns anos depois)

+ O CNJ incluiu o apoio à conciliação como pauta prioritária e, em


2010, firmou as bases para uma política nacional de resolução de
conflitos, centrada na integração entre os mecanismos formais e
decisionais e os mecanismos baseados em consenso
+ Mais do que um marco legal, a Resolução n. 125/2010 do CNJ
inaugurou uma política pública judiciária de instituição da resolução
consensual a partir do Poder Judiciário

+ Depois dela, os tribunais organizaram os seus setores de conciliação


judicial e, em alguns casos, capitanearam a organização de núcleos
comunitários de solução de conflitos

+ Resolução 125/2010: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/156


+Em 2014, o projeto do NCPC, elaborado em 2010, foi retomado e se
transformou na Lei 13.105, de 2015

+Em paralelo, a mediação ganhou um diploma legislativo próprio – a


Le i n. 13.140, de 2015 (Lei de Mediação)

+Juntos esses diplomas oferecem um caminho propício para o


“sistema multiportas” de Sander, ao institucionalizarem dois
sistemas oficiais autônomos de solução de disputas: os métodos
consensuais e os julgamentos, ambos no âmbito do Poder Judiciário
O CPC, logo nas suas “normas fundamentais”, inclui a mediação,
conciliação e a arbitragem como as exceções admitidas à
inafastabilidade da jurisdição (CPC, 3º), evitando o obstáculo que a
arbitragem enfrentou

CPC: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/L13105.htm

Mediação: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13140.htm
(especialmente, art. 2º)
CPC: fim da longa discussão sobre a diferença entre conciliação e mediação

O conciliador atuará preferencialmente nos casos em que não houver


vínculo anterior entre as partes e poderá fazer sugestões de soluções, ao
passo que o mediador atuará preferencialmente nos casos em que
houver vínculo anterior entre as partes e terá por incumbência auxiliar
os interessados a compreender as questões e interesses em conflito de
modo que eles, por si mesmos, identifiquem as soluções mais adequadas
(CPC, 165)
O CPC também ofereceu importante impulso à profissionalização dos
mediadores e conciliadores, e incluiu-os ao lado dos demais órgãos
auxiliares da justiça [o escrivão, o chefe de secretaria, oficial de justiça, o perito
e o intérprete e tradutor] – art. 149
+ Conciliador e mediador: diferença quanto à extensão da atuação
Para reflexão
+ É possível conceber a existência de efetivo interesse de agir em juízo
apenas quando a parte comprovar o esgotamento das possibilidades de
sanar a controvérsia consensualmente (demandar sem existência de
pretensão resistida)?

+ Resultado útil do processo e coibição da judicialização em massa


Leis Trabalhistas
+ Lei 9.958/2000 instituiu na CLT a necessidade de que os contendores fossem
submetidos à tentativa de conciliação prévia antes da instauração judicial do
conflito (CLT, 625-A/625-H)

+ STF reconhecer o caráter facultativo, afastando a inconstitucionalidade da lei

+ CLT, 625-D: “...subsistema administrativo a buscar a pacificação social, cuja


utilização deve ser estimulada.” Min. Cármen Lúcia
FIQUE POR DENTRO
“Acesso à Ordem Jurídica Justa”
+ Durante muitos anos, o acesso à Justiça foi interpretado apenas como
sinônimo de acesso ao Judiciário

+ Tal interpretação, de há muito, não atende mais às necessidades e


direitos envolvidos na sociedade moderna

+ Kazuo Watanabe defendeu que isso fosse revisitado, surgindo, daí, o


conceito por ele defendido de “acesso à ordem jurídica justa”.
Fonte bibliográfica de produção dos slides

Silva, Salles Lorencini. Negociação, mediação, conciliação e


arbitragem. Rio de Janeiro: Forense, 2020.

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