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Métodos Adequados de

Solução de Conflitos
AULA 2
O QUE SÃO OS MÉTODOS
ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE
CONFLITOS
 Já sabemos que na sociedade contemporânea o Estado não dá mais
conta de resolver todos os conflitos dos cidadãos através da Jurisdição.

 Um dos pontos de destaque do Neoconstitucionalismo foi o


reconhecimento e aplicabilidade de novas (ou antigas) formas de
resolução dos conflitos sociais.

 Garantir a solução das demandas dos cidadãos equivale a garantir-lhes


o Acesso a Justiça, tão almejado no Estado Constitucional de Direito.
O QUE SÃO OS MÉTODOS ALTERNATIVOS
DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS

 A dificuldade de definição e delimitação do “Acesso à Justiça”


remete à um dos maiores obstáculos à efetivação do acesso: a
abstração do termo.

 Para amenizar esta inexatidão, foram estabelecidas as finalidades


do “acesso”, quais sejam, a possibilidade das pessoas
reivindicarem seus direitos e solucionarem seus litígios sob o
auspício do Estado.

 Entretanto, para que estas finalidades sejam alcançadas, faz-se


necessário a criação de um sistema igualmente acessível à todos,
bem como a persecução de resultados socialmente justos.
O ACESSO À JUSTIÇA COMO
DIREITO FUNDAMENTAL

 Nessa esteira, a doutrina passou a se inclinar para a garantia constitucional


de princípios aptos a ensejarem maior facilidade e instrumentalidade das
demandas judiciais para a efetividade dos direitos.
 O acesso à justiça trata, portanto, de um direito social fundamental, bem
como ponto central da moderna processualística dos ordenamentos
jurídicos.
O QUE SÃO OS MÉTODOS ALTERNATIVOS DE
RESOLUÇÃO DE CONFLITOS
 Marco na análise das agruras do Acesso à Justiça, a obra de Mauro
Capelletti e Bryant Garth, elaborada em 1988, destaca medidas necessárias
para garantir a todo cidadão uma forma efetiva de resolução de conflitos,
seja pelo poder judiciário, seja através de equivalentes jurisdicionais.
 Na esfera judicial, abordam alguns instrumentos a serem aplicados, como
por exemplo a concessão da assistência judiciária gratuita, eliminação de
custas do processo, representação dos interesses difusos e individuais por
entes públicos, atuação do Ministério Público e Defensoria Pública,
ativismo judicial, reformas processuais, especialização por matérias, entre
outras infindáveis possibilidades.
 Outras hipótese foram apontadas onde, destaca-se a criação de alternativas
utilizando procedimentos mais simples e/ou julgadores mais informais,
como ocorre no juízo arbitral e conciliação. Sendo assim, por exigirem
abordagens menos complexas, os chamados “Métodos Alternativos de
Resolução de Conflitos” podem envolver litígios individuais que versam
sobre direitos disponíveis até relacionamentos interpessoais continuados.
O PAPEL DO JUDICIÁRIO: EMENDA
CONSTITUCIONAL 45/2004
 Foram, ainda, criados outros institutos, como a obrigatoriedade de criação da
Justiça Itinerante no âmbito dos Tribunais de Justiça dos Estados (art.125 §7º),
Tribunais Regionais Federais (art.107 §2º) e Tribunais Regionais do Trabalho
(art.115 §1º), bem como a descentralização dos serviços prestados pelos
tribunais com a criação de Câmaras Regionais, especialmente no interior dos
Estados.
 Outro aspecto importante da reforma foi a criação do art. 98 §2º da
Constituição Federal, que prevê vinculação de recursos de custas e
emolumentos exclusivamente para o custeio dos serviços afetos às atividades
específicas da Justiça. Este dispositivo fomentou a noção gerencial do
Judiciário, eis que a sua administração passou a gozar de mais autonomia, na
medida em que os recursos, obrigatoriamente, seriam empregados em sua
própria reestruturação e prestação de serviço.
 Acompanhando o movimento gerencial e administrativo do Judiciário, o art.
103-B da Constituição Federal instituiu a criação do Conselho Nacional de
Justiça que tem por objetivo planejar políticas públicas, modernizar o Poder
Judiciário, ampliar o acesso à justiça e garantir o efetivo respeito às liberdades
públicas e execuções penais.
Quais os métodos adequados
utilizados hoje no Brasil
 Apesar de serem apresentados em diversos contextos como opções subsidiárias e de
menor confiabilidade, os Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos tem
demonstrado, atualmente, grande destaque na resolução de litígios das mais variadas
naturezas.
 Entretanto, cabe salientar que os mesmos podem ou não ser obrigatórios, como
ocorre por exemplo com a Conciliação na Justiça do Trabalho, em que a falta de sua
proposição durante a audiência acarreta em nulidade absoluta do processo.

 Dentre as vias alternativas, os meios com maior destaque no Brasil, são, arbitragem,
conciliação, mediação.
Os métodos adequados no Mundo
 Os métodos alternativos e informais de solução de conflitos, empregados em larga escala nos
Estados Unidos e em vários países da Europa, começaram a ser institucionalizados no Brasil com
a criação dos Juizados de Pequenas Causas com o advento da Lei 7.244/84.

 Na cultura jurídica anglo-saxônica, encontra-se os ADRS, que na tradução são os Sistemas


Alternativos de Solução de Conflitos que busca a resolução longe dos antagonismos clássicos
existentes no poder judiciário.
 A negociação direta ou resolução colaborativa de conflitos, conhecida também como collaborative
law, tem sido nos últimos anos debatida no exterior como um dos mais promissores campos de
estudo dos MASC’s ou ADR’s.
 No sistema francês, existe previsão da “convenção de procedimento participativo”, que consiste
no acordo das partes num processo em que ainda não tenha sido designado juiz ou árbitro, pelo
qual se comprometem a atuar conjuntamente e negociar de boa-fé para chegar a uma solução para
seu litígio
A experiência Norte Americana

 O estudo e a prática desses mecanismos ganharam destaque nos Estados


Unidos, na década de 70, quando o presidente da Suprema Corte dos
Estados Unidos, W. Burger , apontou para a necessidade da utilização dos
processos de negociação e arbitragem.
 No ano de 1976, em conferência realizada em Minnesota nos Estados
Unidos, ressaltou-se a crise na Administração da Justiça e a insatisfação do
povo americano com o Poder Judiciário, apresentando-se assim a
possibilidade de implementação de vários meios (alternativos) de solução
de conflitos, que tinham por base o poder de determinação das partes
envolvidas e o diálogo que ficaram conhecidos como ADR´s – Alternative
Dispute Resolutions (Meios alternativos de resolução de conflitos).
A experiência Norte Americana

 As cortes americanas passaram, então, a utilizar os ADR’s como um meio de


atender à eficiência processual e à qualidade da prática de acordos preventivos
de litígios. Isso foi feito por meio de algumas ações como: encorajamento aos
advogados e partes para a utilização dos ADR’s, aperfeiçoamento do fluxo de
informações de modo prévio, aumento da participação do cliente no litígio,
promoção do realismo (atentar para o fato concreto e para a verdade material) e
aceleração à resolução do processo na resolução dos casos. A meta primordial
nesse caso foi fazer com que as partes envolvidas na “querela” economizassem
tempo e dinheiro.
 Outra razão considerável para a instauração do ADR nas cortes americanas7 foi
expandir as espécies de métodos para equacionar disputas disponíveis aos
litigantes na própria estrutura física das cortes, produzindo, assim, resultados
mais satisfatórios em certos tipos de casos, e aumentando a satisfação do público
com o sistema jurisdicional.
Resolução Alternativa de Litígios na África
 Na África, é comum os queixosos ficarem anos à espera de uma
decisão judicial devido à acumulação de processos pendentes nos
tribunais. O sentimento de que os canais oficiais não conduzem à
justiça, gerado por esta situação, é um catalisador potencial de
violência e de instabilidade política.
 A Resolução Alternativa de Litígios (RAL) é um mecanismo
complementar dos canais legais oficiais, cada vez mais utilizado
para resolver conflitos menos graves, de forma atempada, através
da mediação. Esta, por sua vez, reforça no demandante o
sentimento de que foi feita justiça.
Resolução Alternativa de Litígios na África

 A Resolução Alternativa de Litígios (RAL) abrange uma série de


mecanismos de mediação para resolver conflitos, mecanismos que
embora ligados a processos em tribunal decorrem à margem deste.
Enquanto o processo judicial é uma situação formal que assenta em
regras rígidas, a mediação envolve uma terceira parte, neutra, para
facilitar as negociações entre as partes litigantes . A mediação centra-
se normalmente nos interesses próprios das partes por oposição às
suas posições de negociação. Destina-se a proporcionar aos
demandantes a oportunidade de exprimirem os seus pontos de vista e
levarem a cabo um processo com um desfecho aceitável para todas as
partes, de uma forma que um processo judicial não consegue fazer.
Resolução Alternativa de Litígios na África

 O conceito de RAL insere-se bem nos conceitos tradicionais de justiça


em África, em particular no que respeita ao valor fundamental da
reconciliação. Os resultados positivos dalguns projetos pioneiros de
RAL no Gana, Etiópia e Nigéria ilustram a adequação do mecanismo
de mediação ao contexto africano . No âmbito destes projetos, a RAL
foi utilizada como o método sistemático de resolução de conflitos. O
litígio formal em tribunal, ou em instâncias nas quais o juiz de facto
pronuncia uma sentença, é reservado a casos de interpretação
constitucional ou jurídica em que se coloque a necessidade de abrir um
precedente, em casos com sérias implicações para políticas públicas ou,
por fim, como último recurso após a RAL ter falhado.
Resolução Alternativa de Litígios na Europa

 No endereço eletrônico abaixo você encontrará a aplicação da mediação em vári


os países europeus:
 https://e-justice.europa.eu/content_mediation_in_member_states-64-es-pt.do?
 Nos últimos tempos, o legislador europeu tem mostrado uma tendência ainda
mais forte para os meios alternativos de solução de conflitos. Um dos principais
objetivos da União Europeia é que, entre os Estados-membros, consiga- se
estabelecer um mercado interno transfronteiriço para o livre intercâmbio
econômico de pessoas, mercadorias, serviços e capitais.
Resolução Alternativa de Litígios na Europa

 O direito europeu é dividido em direito europeu primário e


secundário. O direito europeu primário é aquele celebrado entre
os Estados-membros, por meio de tratados internacionais, que
disciplinam a constituição da União Europeia e regulam seus
fundamentos
 Além do direito primário europeu, existe também o direito
europeu secundário, que se refere a todas as leis que as
instituições competentes da União Europeia editaram, baseando-
se nos tratados fundantes, ou seja, no direito europeu primário.
Os tratados fundantes autorizam as instituições da União
Europeia a aprovar legislação, em determinadas áreas, que será
obrigatória para todos os Estados-membros da União Europeia.
Resolução Alternativa de Litígios na Europa
 No campo dos meios alternativos de solução de conflitos, a União
Europeia editou em 2008 a Diretiva da Mediação. Para incorporar a
Diretiva da Mediação para o direito nacional, o legislador alemão
aprovou em 2012 a Lei de Promoção da Mediação e dos Outros Métodos
de Resolução Alternativa de Litígios Extrajudiciais, que eu já mencionei
anteriormente.
 Em 2013, a União Europeia também editou a Diretiva sobre a Resolução
Alternativa de Litígios de Consumo. Esta é abreviada como Diretiva
RAL. A Diretiva RAL está sendo implementada na legislação nacional
pelos Estados-membros da União Europeia, com prazo até 09.07.2015. A
Diretiva estabelece que os litígios decorrentes de vendas ou de prestação
de serviços entre consumidores e comerciantes devem ter uma alternativa
extrajudicial para a sua resolução.

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