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MEDIAÇÃO E CONCILIAÇÃO COMO MECANISMO EFICAZ

NO PROCESSO DE DESJUDICIALIZAÇÃO

Juliana Rodrigues da Silva


Curso de Pós-graduação em Direito Civil pela Anhanguera Uniderp EAD
Polo de Anápolis, GO

RESUMO
O direito de ação, contemplado pela Constituição Federal, permite ao cidadão o
direito de requerer do Poder Judiciário uma solução para um litígio no qual esteja
envolvido. Contudo, este acesso ilimitado traz um acréscimo no número de
demandas judiciais, gerando o congestionamento do sistema jurisdicional e,
consequentemente, a morosidade da Justiça. É inegável que o Poder Judiciário está
sobrecarregado e se mostra ineficaz para atender a todas as demandas de maneira
célere e eficiente, não atendendo a sociedade democrática e pluralista que clama
pela satisfação dos seus interesse em todos os aspectos, não só no âmbito jurídico.
Nesta esteira, o presente trabalho destaca aspectos relevantes acerca das diversas
modalidades alternativas para solução de conflitos, as quais surgiram como
mecanismos aptos à concretização do princípio do acesso à justiça e a
desjudicialização apresenta-se como importante forma de promover este acesso.
Teve por objetivo apresentar pontos relevantes jurisprudenciais e doutrinários para
discutir a eficácia da utilização desses meios alternativos no âmbito jurídico. A
pesquisa foi realizada por meio da compilação de textos através de método
descritivo. O estudo mostrou a importância dos princípios reguladores da mediação
e da conciliação.

Palavras-chave: mediação; conciliação; desjudicialização; acesso à justiça.


1 INTRODUÇÃO

A sociedade, acreditando que o Poder Judiciário é a única fonte de


acesso à justiça, está acostumada a levar seus conflitos para os tribunais em busca
da prestação jurisdicional, uma verdadeira cultura do litígio que resultou na crise do
Judiciário que, carregado de processos, está cada vez mais moroso e ineficiente.

Neste passo, com o crescente número de ações, o Estado não consegue


mais atender a demanda que lhe é exigida com eficácia, obrigando os operadores
do direito a repensarem o atual sistema e buscarem novos mecanismos de solução
de conflitos, que sejam mais céleres, menos formais e menos onerosos.

Diante dessa situação, a desjudicialização surge como um expressivo


instrumento capaz de proporcionar a redução do volume de processos, de modo a
desobstruir o Poder Judiciário e auxiliá-lo, para que preste a tutela jurisdicional
pretendida às demandas que a aguardam.

A pesquisa foi fundamentada na seguinte questão norteadora: A mediação


e a conciliação são realmente meios alternativos eficazes no desafogamento do
Poder Judiciário? Nesse ínterim, exige-se um estudo mais completo acerca da
conciliação e da medição enquanto mecanismo alternativo de solução de conflitos,
verificando, ainda, se este novo modelo conseguirá atingir seus objetivos e diminuir
a morosidade do Judiciário.

Nesse novo modelo de audiências que fora proposto, o restabelecimento


das relações interpessoais e da harmonia social são mais importantes que qualquer
lide comum, razão pela qual busca-se a solução do conflito por meio do diálogo,
tentando reconstituir o bom convívio entre às partes.

O objetivo geral da pesquisa foi analisar as perspectivas acerca desse


novo formato de audiência com enfoque na desjudicialização. Teve por objetivos
específicos, conceituar mediação e conciliação, evidenciando suas principais
diferenças e caracterizar os seus princípios norteadores; identificar como essas
formas alternativas de resolução de conflitos são tratadas pelo ordenamento jurídico
brasileiro; analisar de que maneira o Poder Judiciário tem se preparado para auxiliar
no processo de descongestionamento.

Trata-se de um trabalho descritivo com abordagem qualitativa, o qual


utilizou a metodologia da compilação de textos, por meio da revisão da bibliografia
por meio do ensinamento de autores renomados que trataram a temática, em livros,
artigos de revistas eletrônicas, e na legislação pertinente ao tema.

A pesquisa desenvolvida busca colaborar, mesmo que de forma simples,


para a melhor compreensão da questão suscitada, indicando observações
emergentes de fontes secundárias, tais como posições doutrinárias e
jurisprudenciais relevantes, a fim de serem aplicadas quando do confronto judicial
com o tema em relação ao caso concreto.

2 DA MEDIAÇÃO E DA CONCILIAÇÃO
2.1 CONCEITO DE MEDIAÇÃO

A mediação é uma das modalidades de resolução de conflitos onde há


uma terceira pessoa, imparcial, que presta assistência às partes, atuando como um
facilitador, que leva os envolvidos a encontrarem a solução para as suas questões,
sem que haja qualquer imposição de decisão por parte do mediador.

Esta modalidade se difere das outras formas de resolução de litígios, pois


se constitui de forma independente e o seu propósito é obtido através de um
encontro de interesses, fruto da vontade dos próprios litigantes. Ao contrário do que
acontece com as partes que se submetem a uma decisão judicial, onde haverá uma
decisão heterônoma dada por um juiz de direito.

Acerca deste tema, o ensinador João Roberto da Silva (2008, p. 24)


conceitua a mediação como sendo:

Uma forma pacífica, tendo em vista que a decisão nasce da vontade


das pessoas que vivem o conflito, as quais encontram uma solução
que melhor lhe agrada, mediante o diálogo e de forma harmônica,
com o auxílio do mediador.
Sobre a evolução deste advento teórico a doutrinadora Rosemary
Damaso Padilha (2004, online) explanou, que o processo de mediação tem o
objetivo de promover a conversação entre as partes, facilitando a atenção
diferenciada das razões e do ponto de vista da parte contrária, mantendo-se um
ambiente respeitoso, levando à conscientização da realidade das próprias
exigências.

Na modalidade em estudo é importante destacar que, além de querer


chegar a uma transação, visa-se, também, o restabelecimento ou o fortalecimento
da relação entre os envolvidos. Como exemplo podemos citar uma situação onde
uma das partes poderia se sentir satisfeita com o resultado da sessão e isso
permitiria uma maior compreensão dos pontos a serem resolvidos e,
consequentemente, a reestruturação das relações seria mais fácil.

Vale destacar ainda, que a mediação busca, através da conversação, a


colaboração das pessoas envolvidas para a concretização da solução dos seus
problemas, atentando-se à atuação concreta a favor do reconhecimento das
responsabilidades das partes por suas atitudes e mudanças de comportamento de
forma consciente (SALES, 2009).

No que diz respeito às características do mediador leciona com riqueza


de detalhes o ensinador Buitoni (2007, p. 56): “não se envolve no conflito como se
fosse ele uma das partes, mas sim sente o conflito em todas as suas dimensões,
(...), para que sejam criados os novos caminhos que transcendam o conflito”.

Por fim, de acordo com o doutrinador Cooley (2010, pp. 40 a 43) a


mediação clássica consiste em oito estágios, compreendidos entre: iniciação,
preparação, introdução, declaração do problema, esclarecimento do problema,
geração e avaliação de alternativas, seleção de alternativas e, finalmente, o acordo.

2.2 CONCEITO DE CONCILIAÇÃO

O conceito de conciliação, como resultado das transformações ocorridas


na sociedade, pode ser classificado como uma modalidade de resolução de conflitos
na qual uma terceira pessoa, capacitada e imparcial, conduzirá a sessão de
conciliação e incentivará as partes, objetivando a realização da composição,
podendo, ainda, apresentar propostas e soluções.

Para a doutrinadora Lília Maia de Moraes Sales (2007, p. 42) conciliação


é o “meio de solução de conflitos em que as pessoas buscam sanar as divergências
com o auxílio de um terceiro, o qual recebe a denominação de conciliador”.

Nos ensinamentos de Ada Pellegrini e Cândido Dinamarco a conciliação


pode ocorrer antes do processo se formar, onde é chamada de
extrajudicial/extraprocessual, ou no decorrer do processo, chamada, então, de
conciliação judicial/endoprocessual. Vejamos:

(…) a conciliação pode ser extraprocessual ou endoprocessual. Em


ambos os casos, visa a induzir as pessoas em conflito a ditar a
solução para a sua pendência. (...). Tratando-se de conciliação
endoprocessual, pode-se chegar à mera desistência da ação, ou
seja, revogação da demanda inicial para que o processo se extinga
sem que o conflito receba solução alguma. (2007, p. 34).

A conciliação extrajudicial objetiva resolver os conflitos antes da


intervenção do Poder Judiciário, porém, não havendo acordo, as partes poderão
levar a questão à sub judice da justiça, onde será dado início à conciliação judicial,
momento em que, caso não haja, novamente, a formalização de acordo, o processo
seguirá para a avaliação e julgamento pelo juiz responsável.

Vale ressaltar que antes, durante e depois da instrução processual e até


mesmo após a sentença, em grau de recurso, o juiz relator deve buscar o consenso
entre as partes, e uma vez alcançado, será submetido à homologação pelo
colegiado (BARCELLAR, 1999).

Nos dias atuais, esta nova modalidade vem sendo incitada como uma das
maneiras de resolução dos litígios, constituindo uma fase antecedente à audiência
de instrução e julgamento, de modo que o juiz deve dirigir o processo incumbindo-
lhe promover a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com o auxílio
de conciliadores e mediadores, conforme o disposto no novo Código de Processo
Civil vigente, em seu artigo 139, inciso V.
Já no âmbito dos Juizados Especiais Cíveis, a conciliação ganhou um
novo impulso, uma vez que todas as ações declaratórias e de conhecimento, sem
diferenciação, são submetidas à sessão conciliatória.

In fine, importante mencionar a diferença existente entre as duas


modalidades aqui estudadas (mediação e conciliação), que está na maneira de
conduzir o diálogo entre as partes, sendo que na conciliação há a possibilidade de
apontar possíveis soluções para a resolução do conflito, o que na mediação não é
permitido.

2.3 PRINCÍPIOS NORTEADORES

A mediação e a conciliação como instrumentos fundados num acordo de


vontades entre os envolvidos, possuem apoio em determinados princípios
formadores de suas diretrizes básicas, quais sejam: a confidencialidade, a decisão
informada, a competência, a imparcialidade, a independência e a autonomia, o
respeito à ordem pública e às leis vigentes, o empoderamento e a validação.

De acordo com os ensinamentos de Carlos Eduardo de Vasconcelos


(2008, p. 106), o princípio da confidencialidade limita-se na ideia de que os relatos
das partes ditos numa sessão de conciliação não poderão ser usados em outro
local, judicial ou não, sem o prévio consentimento das demais pessoas envolvidas.

O princípio da decisão informada dispõe que o conciliador ou mediador


deve manter o litigante informado quanto aos seus direitos e aos fatos no qual está
envolvido, mantendo-o informado acerca das consequências da opção escolhida
para a resolução do conflito, para que, posteriormente, não seja surpreendido por
algo que desconhecia.

No que se refere ao princípio da competência, vale ressaltar que o


conciliador deve possuir curso específico para sua formação e qualificação,
habilitando-o à atuação judicial conforme às exigências da Resolução nº 125 do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Já em relação à imparcialidade, este princípio constitui-se como um
atributo essencial da figura do conciliador, dada a importância do seu papel como
reconstrutor da comunicação entre os envolvidos e condutor do processo de
mediação. Ainda, a obrigação de ser imparcial exige do profissional o compromisso
de neutro, mantendo-se em igualdade de distância entre as partes, respeitando suas
opiniões e dando valor a elas igualmente.

Na mesma proporcionalidade de importância do princípio acima citado,


temos o da independência e autonomia dos conciliadores, os quais dispõem que o
conciliador/mediador devem exercer seu papel com liberdade, sendo autorizado
recusar, interromper e até suspender a sessão caso verificada a violação de alguma
norma.

O princípio do respeito à ordem pública e às leis vigentes consistem na


obrigação de cuidar para que casual composição entre as partes não viole a ordem
pública e nem esteja contrário às legislações vigentes.

Não podemos deixar de citar o princípio do empoderamento, que se


baseia no dever de incentivar as pessoas envolvidas a adquirirem conhecimento na
resolução das suas questões para que futuramente consigam resolvê-las da melhor
maneira.

Por fim, o princípio da validação consiste no dever de estimular as partes


visando o respeito recíproco como pessoas merecedoras de atenção e respeito, de
modo que o acordo fixado na sessão deve ser resultado de uma decisão consciente
e voluntária das partes, expressando a vontade dos envolvidos.

3 O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E SUAS PRINCIPAIS


MODIFICAÇÕES

O ordenamento jurídico brasileiro, com a vigência do novo Código de


Processo Civil, em 18 de março de 2016, concedeu grande relevância para a
conciliação e mediação, abarcando dispositivos propensos a organizar os citados
mecanismos em nosso país.

O novo Código traz em seu bojo os chamados CEJUSC – Centros


Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania –, como órgãos responsáveis em
realizar as audiências de conciliação e mediação, bem ainda, em desenvolver
medidas para auxiliar, orientar e incentivar a autocomposição, atentando-se, sempre,
às normas do Conselho Nacional de Justiça.

Nesse ínterim, vale lembrar de outra grande modificação trazida pelo


novo códex, no que se refere às diferenças da função do conciliador e do mediador.
Esta distinção já era prevista no artigo 145 do Código de 1973, a qual dispunha que:

Art. 145. A realização de conciliação ou mediação deverá ser


estimulada por magistrados, advogados, defensores públicos e
membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo
judicial.
§ 1º O conciliador poderá sugerir soluções para o litígio, sendo
vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou
intimidação para que as partes conciliem.
§ 2º O mediador auxiliará as pessoas interessadas a compreenderem
as questões e os interesses envolvidos no conflito e posteriormente
identificarem, por si mesmas, alternativas de benefício mútuo.

Em relação à audiência de conciliação o novo Código Processual Civil


traz em sua seara a criação de uma sessão no início do processo, antes do término
do prazo para apresentação da contestação, devendo a audiência ser dirigida,
prioritariamente, por conciliadores e mediadores.

A mudança do diploma processual vigente trouxe uma alteração


significativa a favor da composição entre as partes, mesmo que não seja obrigatória.
Segundo Andrian de Lucena Galindo (2012, p. 81): “a reforma trouxe a conciliação
para o centro das preocupações no processo. (…). A solução alcançada pelas
partes, mediante concessões recíprocas, tem muito mais chance de se concretizar
(...)”.
Outra mudança relevante trazida foi a da possibilidade do magistrado
impor multa de até 2% (dois por cento) do valor da causa, em desfavor da parte que
deixar de comparecer à audiência de conciliação sem justo motivo, caracterizando,
assim, o ato atentatório à dignidade da justiça.

No que tange à pessoa do conciliador, antigamente este era tratado


apenas como um ajudante do magistrado. Agora o conciliador em conjunto com o
mediador foram elevados à categoria de auxiliares da justiça, detendo, pois,
essencial importância na administração da justiça.

Desta forma, haverá um cadastro dos conciliadores e mediadores judiciais


junto ao CNJ, e, conforme seus trabalhos forem sendo realizados, serão
remunerados em cada processo, mesmo havendo resultado positivo ou não, como o
caso dos peritos por exemplo, e as partes pagarão tal valor que será descontado
das custas finais pelo sucumbente.

4 OS MÉTODOS ALTERNATIVOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS


COMO MEIO DE AUXILIAR O DESCONGESTIONAMENTO
JUDICIÁRIO SEM VIOLAR O PRINCÍPIO DO ACESSO À JUSTIÇA

Inicialmente, é importante destacar que o Judiciário sempre se atentou ao


aperfeiçoamento da prestação jurisdicional, porém, mesmo diante dos estímulos
empreendidos seus órgãos não se mostram bastantes para atender à crescente
necessidade por Justiça, ainda mais nos dias atuais, onde vivemos a Era da
Informação, onde as modificações na sociedade são constantes, de modo que a
população tornou-se mais ciente de seus Direitos.

Diante deste cenário, a necessidade de aprimoramento do Poder


Judiciário tornou-se uma medida de urgência, surgindo, então, os métodos
alternativos aqui estudados, como uma saída para socorrer a população e garantir a
qualidade da atuação jurisdicional.

No Brasil, não possuímos uma cultura de utilização de meios alternativos


de resolução de conflitos, tais como arbitragem, negociação, mediação e
conciliação, mas podemos observar uma grande tendência do crescimento destes
institutos, com o incentivo à sua utilização, propositura de projetos de lei, iniciativa
isolada de Tribunais e Juízes na divulgação e utilização desses institutos (SILVA,
2008).

Desta forma, dada a crise do Poder Judiciário e dos inúmeros obstáculos


preexistentes ao acesso à justiça, os estudiosos começaram a buscar outros meios
alternativos de solução dos litígios, que fossem mais rápidos, menos formais e
menos onerosos.

Este posicionamento é validado pelos ensinadores Ada Grinover e


Cândido Dinamarco, os quais lecionam que:

(…) os meios informais gratuitos são obviamente mais acessíveis a


todos e mais céleres, cumprindo melhor a função pacificadora.
Constitui característica dos meios alternativos de pacificação social
também a de legalização, caracterizada por amplas margens de
liberdade nas soluções não-jurisdicionais (2007, p. 33).

Tomando-se por base os ensinamentos trazidos pelos doutrinadores,


podemos dizer que existem duas modalidades usadas na pacificação de conflitos,
quais sejam: a autocomposição que é onde as partes detêm autonomia para
resolver suas próprias questões e onde se destacam a conciliação, a mediação e a
negociação coletiva; e a heterocomposição, onde o poder de decisão final fica a
carga de um terceiro imparcial, e nesta compreende a arbitragem e a solução
jurisdicional.

Quando se fala em acesso à justiça, sempre vem à mente a noção de


efetividade, celeridade, economia processual, superação de barreiras estruturais,
equidade, enfim, é o sinônimo de democratização da justiça, o que está ocorrendo
por conta dos princípios trazidos pela Constituição Federal de 1988, em seu artigo
5º, inciso XXXV, ao dispor que: “A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito”.
O doutrinador Cappelletti (1988, p. 75) esclarece que as barreiras à
efetividade da prestação jurisdicional é universal, sendo que esse tema engloba um
universo de subtemas, a exemplo da morosidade da justiça, da falta de controle
externo dos magistrados, da distância do Judiciário diante da sociedade devido a
sua linguagem peculiar, e da figura do advogado, que às vezes contribui para a
prolongação de processos.

A partir dessa necessidade de permitir o acesso da população à justiça é


que surgem os meios alternativos de soluções de conflitos, facilitando a estratégia
estatal para diminuir substancialmente o tempo de duração da lide, reduzir o número
de processos que se avolumam no Poder Judiciário, alcançando, pois, as ações em
trâmite nos foros e ocorrências que possam vir a se transformar em futuras
demandas judiciais.

5 CONCLUSÃO

Diante do que fora exposto, observa-se o número desenfreado de


ajuizamento de demandas, o que vem ocasionando a crise pela qual a justiça estatal
vem enfrentando, frente ao monopólio estatal e sua defasada estruturação.

É nessa seara que aparecem as diferentes modalidades estudadas como


propostas para a resolução dos conflitos, com o objetivo de evitar a demora
prolongada e as formalidades exigidas atualmente pelo Judiciário, promovendo a
todos os cidadãos o acesso à justiça.

Dessa forma, conclui-se que a incessante buscar pelas formas


alternativas de resolução dos litígios atende a um preceito igualitário, configurado
pela necessidade de dar efetividade aos direitos fundamentais e de promover à
sociedade um procedimento mais célere e menos exigente, visando satisfazer o
interesse público.

De acordo com o que foi dito, verifica-se que os meios alternativos são
regulamentados pela Resolução n° 125 do CNJ, e, recentemente, pelo novo Código
de Processo Civil, que visam atender aos constantes pedidos dos doutrinadores,
trazendo relevantes mudanças em relação a essa matéria.

Com efeito, o atual diploma destacou a possibilidade das partes


colocarem fim ao conflito através dessas modalidades, como a mediação e a
conciliação, de modo que passaram a ser o primeiro ato de convocação do réu a
juízo.

Finalmente, o novo Código, ao regular os meios alternativos de resolução


de conflitos, está em igualdade pela busca da superação do bloqueio procedimental
para a efetivação do acesso à justiça.

6 BIBLIOGRAFIA

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