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FACEMP

SOLUÇÕES
ALTERNATIVAS DE
CONFLITOS

PROFESSORA: ROSY MACHADO MUNIZ


1. PANORAMA HISTÓRICO DOS CONFLITOS
Historicamente, nas sociedades primitivas os conflitos eram resolvidos
por meio de métodos rudimentares e informais, de forma instintiva, com o
uso da força física. Era a justiça “pelas próprias mãos”, chamada
tecnicamente de autodefesa ou autotutela. Outrossim, o desenvolvimento
das sociedades conduziu ao surgimento da autocomposição, sistema em
que as próprias partes decidem o conflito, ou renunciando ao direito
(desistência); ou reconhecendo o pedido do outro (submissão); ou
negociando partes do direito (transação).
Outro passo surgiu com a intervenção de terceiros no conflito, que
poderiam ser eleitos pelas partes, como no caso da arbitragem, ou o próprio
Estado, o que implica a criação do Poder Judiciário. Todas essas formas de
solução de conflitos existem ainda hoje e podem ser nomeadas, como
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos (MARC).
ESTADO

JUSTIÇA
EM CRISE
JAPÃO
ÁFRICA
ARGENTINA
CANADÁ
EUA
2. SOLUÇÕES ADEQUADAS DE CONFLITOS

MEDIAÇÃO: É uma técnica de resolução de conflitos em que a tratativa é


realizada por um terceiro imparcial que busca a aproximação das partes,
propondo alternativas para resolução dos conflitos, mas sem conduzir as partes.

CONCILIAÇÃO: É um meio alternativo de resolução de conflitos em que as


partes confiam a uma terceira pessoa (neutra), o conciliador, a função de
aproximá-las e orientá-las na construção de um acordo.

ARBITRAGEM: É um método alternativo de resolução de conflitos, em que as


partes definem uma entidade privada para solucionar a controvérsia, sem
necessariamente passar pelo poder judiciário. A arbitragem pode ser instituída
de duas maneiras: pela cláusula compromissória ou pelo compromisso arbitral.
2.1 DIFERENÇAS ENTRE A MEDIAÇÃO, CONCILIAÇÃO E
ARBITRAGEM

De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a principal


diferença entre os MASC está no grau de poder decisório do terceiro
interessado. Segundo o CNJ, conciliação e mediação são meios
distintos de solução de conflitos. Na conciliação, o terceiro facilitador da
conversa interfere de forma mais direta no litígio e pode chegar a
sugerir opções de solução para o conflito. Já na mediação, o mediador
facilita o diálogo entre as pessoas para que elas mesmas proponham
soluções.
Por fim, na arbitragem, assim como na jurisdição estatal, as partes
formulam pedidos e adotam previamente uma posição específica.
MEDIAÇÃO

AUTOCOMPOSIÇÃO

CONCILIAÇÃO

ARBITRAGEM

HETEROCOMPOSIÇÃ
O

DECISÃO
JUDICIAL
3. CONTEXTO
A demora na prestação jurisdicional e a ineficiência do Judiciário são

problemas amplamente conhecidos que não colaboram para a solução de

conflitos sociais. O problema da morosidade da justiça deve ser enfrentado

sob vários aspectos. Por outro lado, o custo do Poder Judiciário é

bastante elevado, como se pode observar das várias análises.

2019: R$ 100,2 bilhões


4. LEGISLAÇÃO

A Resolução 125/2010, a Lei de Mediação (Lei n. 13.140/2015) e o


Código de Processo Civil vigente (CPC) foram marcos legais importantes
para os meios consensuais.
5. PRINCÍPIOS ORIENTADORES NA ATUAÇÃO DO
MEDIADOR E DO CONCILIADOR

5.1 INFORMALIDADE:
Há uma flexibilidade procedimental, o que permite que os envolvidos
se sintam mais livres para buscar uma solução conjunta sem se prender a
questões meramente de forma. É nesse sentido que se pode dizer que se
valoriza a informalidade.

5.2 ORALIDADE:
O princípio da oralidade está diretamente relacionado ao da
informalidade. Na conciliação e na mediação, valorizam-se formas simples,
feitas oralmente, e não por escrito, por meio do contato direto entre as
partes.
5.3 CONFIDENCIALIDADE:
Um dos mais lembrados nos textos sobre mediação e conciliação, referindo-se ao

dever de manter sigilo acerca do ocorrido durante a sessão de conciliação ou de

mediação. Não por acaso, o princípio está previsto tanto na Resolução n. 125/2010

(art. 1º, inc. I, do Código de Ética), como no Código de Processo Civil (art. 166) e na

Lei de Mediação (Seção IV, abrangendo os arts. 30 e 31).

5.4 BOA-FÉ:
A boa-fé pode ser subdividida em subjetiva e objetiva. A boa-fé subjetiva “consiste

em uma situação psicológica, um estado de ânimo ou de espírito do agente que

pratica determinado ato ou vivencia dada situação”. Por sua vez, a boa-fé objetiva

“trata-se de uma norma de comportamento, de fundo ético, juridicamente exigível e

independente de qualquer questionamento em torno da presença de boa ou de má

intenção”.
5.5 IMPARCIALIDADE:
A imparcialidade, na ampla definição proposta pelo inc. IV do art. 1º do
Código de Ética da Resolução n. 125/2010, é o “dever de agir com
ausência de favoritismo, preferência ou preconceito, assegurando que
valores e conceitos pessoais não interfiram no resultado do trabalho,
compreendendo a realidade dos envolvidos no conflito e jamais aceitando
qualquer espécie de favor ou presente”. Abrange, nesse sentido, o que
alguns consideram como neutralidade.

5.6 AUTONOMIA DE VONTADES DAS PARTES:


Em mecanismos como a conciliação e a mediação, as partes são
protagonistas de seu destino, participando ativamente da construção da
decisão para o conflito que as envolve. Como se costuma dizer, há maior
satisfação quanto ao resultado quando se participa do procedimento.
6. MEDIAÇÃO

Qual o papel do mediador? Qual a finalidade?


O processo de mediação inicia-se com o mediador realizando uma
reunião com ambas as partes, de modo que possa estabelecer com
ambas as regras que irão vigorar durante o processo. É importante
que as partes concordem em se ouvir e estejam dispostas a chegar à
melhor conclusão por conta própria.
Durante a mediação, o mediador busca ouvir as partes para
entender os problemas colocados por cada uma delas e perceber
interesses, prioridades e desejos, para que possa transformar o
conflito em uma solução colaborativa, levando-as a identificar as
possíveis soluções e chegando a um acordo no final do processo.
6.1 A IMPARCIALIDADE DO MEDIADOR

É imprescindível que o Mediador não tome lado e seja realmente imparcial para que a

mediação tenha sucesso. Essa é uma grande diferença da arbitragem porque o árbitro

decide algo e o mediador ajuda as partes a chegarem a um acordo.

A Mediação extrajudicial ou judicial

A Lei da Mediação define esse processo como atividade técnica exercida por pessoa

imparcial, sem poder de decisão, que auxilia as partes envolvidas na busca de soluções

consensuais. Pode, ainda, ser extrajudicial, judicial ou pública.

Extrajudicial: as partes resolvem o conflito sem recorrer à Justiça, optando por

serviços privados especializados em mediação.


Judicial: as partes passam pela mediação como uma das etapas do processo nas vias

judiciais.
Pública: ocasião em que uma das partes envolvidas no conflito é pessoa jurídica de

direito público.
6.2 O QUE ACONTECE NA MEDIAÇÃO?

Após as partes assinarem um compromisso de mediação, documento que estabelece as regras como

esta será conduzida, a mediação se dá da seguinte maneira:


• Abertura – O mediador inicia o procedimento com uma fase de abertura relembrando os princípios

da mediação, como funcionará e se organizará o procedimento,  para garantir uma igual atenção das

partes, zelar pela isonomia e imparcialidade do procedimento;


• Mapeamento do conflito  – Em seguida convida as partes a exporem o conflito, cuidando para que

cada uma tenha o mesmo tempo e oportunidade para falar, mapeando o conflito para

estabelecimento de uma agenda;


• Verificação dos interesses e necessidades – Depois todos conduzem a um diálogo focado na

agenda acordada, atentando-se para os reais interesses das partes.


• Identificação de Soluções criativas – Identificados interesses de parte à parte, estas são

convidadas a reflexão de soluções criativas que possam atender interesses e necessidades;


• Filtro das opções e propostas  – em seguida para a análise das soluções levantadas são

aplicados filtros objetivos e subjetivos do que é ou não viável, além de testes de realidade para que

as partes vejam a viabilidade das alternativas  encontradas;


• Solução  –  as partes constroem ou não a proposta de acordo, sendo  que as partes são  as

protagonistas da decisão.
7. CONCILIAÇÃO

A conciliação é muito utilizada quando as partes necessitam de


uma terceira pessoa para ajudá-las na tomada de decisão. Nesse
processo, o conciliador, terceiro intermediário, pode intervir de modo
direto na decisão, propondo ideias e pontuando aspectos positivos e
negativos com objetivo de resolver o conflito, ou seja, possui papel
ativo durante o processo. Não é permitido ao conciliador impor
soluções, já que, para que ocorra uma solução efetiva do conflito, é
necessário que as partes acolham as alternativas e opiniões de forma
espontânea.
7.1 PROCESSO DE CONCILIAÇÃO

O processo é flexível, permitindo que as partes definam sua duração, estrutura


e teor. Eles são baseados em interesses, de modo que o conciliador ao propor
um acordo, pode sugerir soluções para o litígio, e não levará em conta somente
as posições jurídicas das partes, mas também seus interesses comerciais,
financeiros e pessoais.

“Art. 73 A conciliação será conduzida pelo juiz ou por conciliador sob sua
orientação.” (Lei 9.099/95)

Não se exige que sejam advogados, nem que tenham bacharelado em direito,
pois não se exigirá do conciliador ou mediador conhecimentos jurídicos. O que
se exige é que tenha capacitação mínima, obtida com um curso ministrado por
entidade credenciada, cujo currículo terá os seus parâmetros definidos pelo
Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça.
7.2 IMPEDIMENTOS DO CONCILIADOR

Não há nenhuma incompatibilidade que impeça o advogado de atuar como conciliador ou

mediador nos centros judiciários de solução de conflitos. No entanto, o profissional estará

impedido de atuar como advogado para qualquer das partes que atendeu como conciliador.

Também está impedido de advogar na vara com a qual colaborou.

Caso o conciliador seja advogado, ele e a sociedade de advogados a que pertence ficarão

impedidos de exercer a advocacia nos juízos em que desempenhem as suas funções. A razão

é impedir que atuem em causas que foram patrocinadas por eles. Mas o impedimento há de se

restringir apenas aos juízos em que eles desempenhem suas funções. Se o conciliador ou

mediador atua no Centro de Solução Consensual de Conflitos, ele ficará impedido de advogar

em todas as Varas da Comarca que enviem processos para o Centro, para a realização das

audiências de tentativa de conciliação. Mas nada impede que atue como advogado em outras

comarcas ou seções judiciárias, ou até mesmo na própria comarca, desde que em juízos em

que não desempenham suas funções. Por exemplo, nada impede que eles atuem como

advogados na área criminal.


7.3 RESPONSABILIZAÇÃO DO CONCILIADOR

Deve o conciliador ou o mediador ser capacitado para o exercício


de tal função, bem como estar devidamente cadastrado no respectivo
Tribunal de Justiça.
Deve, além disso, o conciliador estar de acordo com as regras
procedimentais e efetivarem os princípios supramencionados. Para
concretizar essa responsabilidade, deve o conciliador assinar um termo
de compromisso perante o juiz coordenador do Centro Judiciário de
Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC) de atuação.
8. BENEFÍCIOS DA MEDIAÇÃO E DA CONCILIAÇÃO

Há diversos benefícios que podem ser proporcionados pela mediação e pela conciliação. Entre

eles, destacam-se:

• Redução do desgaste emocional e do custo financeiro envolvido no processo.


• Desenvolvimento de soluções adequadas às reais necessidades e possibilidades das partes.
• Maior satisfação das partes envolvidas com a resolução do problema.
• Mais rapidez e agilidade na resolução de conflitos.
• Desburocratização na resolução de conflitos.
• Possibilidade de solução do litígio por profissional escolhido pelos interessados, de acordo

com a natureza da questão e a garantia de privacidade, confidencialidade e sigilo durante

todo o procedimento.
• Desafogamento do judiciário.
9. ACESSO À JUSTIÇA E ACESSO AO JUDICIÁRIO

O princípio do acesso à justiça é um direito constitucional


expresso, denominado também como princípio da
inafastabilidade do controle jurisdicional ou princípio do direito de
ação, e encontra previsão no art. 5º, XXXV da Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988, que assim dispõe: “a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário, lesão ou ameaça a
direito”.
Não basta que seja garantido ao cidadão o direito ao acesso
à justiça, é necessário que, além disso, seja um acesso efetivo, pois
de nada adianta um ordenamento jurídico repleto de normas
programáticas que exaltam os direitos e garantias fundamentais,
como a nossa Constituição Federal de 1988, se o instrumento que
possibilita o acesso a tais normas é deficiente.
“O desespero é sofrimento sem propósito.”
Victor Frankl

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