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Criminologia e Justiça

Restaurativa

Aula 8 - Mediação e Justiça Restaurativa

INTRODUÇÃO

A mediação é uma forma diferente de analisar o evento crime. Ela traz os implicados para o cerne da discussão a fim de
que participem do processo de justiça e troquem experiências, e com isto auxilia as partes a compreenderem a dimensão
social do crime (conflito).
A mediação na Justiça Criminal não se apresenta como uma prática simples, mas sim como algo que demanda muito dos
que dela participam, porque exige que os indivíduos encarem e reconheçam os interesses dos outros como
condicionantes das suas próprias ações ou omissões.

Assim, ao contrário do procedimento da justiça penal tradicional, que respalda e reproduz os mitos sobre o autor do crime
pela seleção de informações dirigidas à acusação e à sentença, na mediação o enfoque está nas informações que
possam aproximar as partes em conflito a fim de chegarem a um acordo.

Com o uso da mediação, pretende-se desfazer os mitos e estereótipos relacionados tanto à vítima (alguém frágil e sem
poder) quanto ao ofensor (criminoso), o que decorre da participação ativa de ambos no processo restaurador.

Não há dúvida de que, dentre as inúmeras práticas restaurativas existentes, a mediação é a mais utilizada. É também a
que possui mais tempo de aplicação.

OBJETIVOS

Reconhecer a mediação como um procedimento comunicativo relacional.

Analisar a relação entre Mediação e Direito Penal.

Compreender a importância da mediação para a Justiça Restaurativa.


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MEDIAÇÃO
Existem diversas mediações, não admitindo um conceito fechado deste instituto. Vários países desenvolveram diferentes
tipos de mediação.

A expressão mediação vem do latim antigo mediare, que


significa dividir, abrir ao meio. É uma forma dinâmica de
enfrentar uma situação conflituosa e trabalhar os canais de
comunicação que estão bloqueados.

Uma terceira parte, imparcial, ajuda duas ou mais pessoas a compreender o motivo e a origem do problema, a confrontar
seus pontos de vista e encontrar uma solução consensual, muito mais sob a forma de reparação simbólica do que
material.

A mediação tem o objetivo de restabelecer o diálogo entre as partes, realizando a reorganização das relações, visando a
um resultado mais satisfatório possível.

A Recomendação do Conselho da Europa (glossário) número R(99) 19 define a mediação, particularmente, a desenvolvida
na área penal, como todo processo no qual vítima e autor do crime, desde que concordem, podem participar ativamente
da resolução dos conflitos que surgem a partir do cometimento do ato delituoso, por intermédio da ajuda de um terceiro,
o mediador.
A mediação

Baseia-se no consentimento das partes e na confidencialidade das discussões. Os fatos que são trabalhados na
mediação não podem ser usados para outros fins, apenas com a concordância das partes;

Oferece a possibilidade para uma abertura de espaços comunitários, reconstruindo o processo de regulação social por
meio da negociação. Na área criminal, pode ser considerada uma reação penal, cujo desenvolvimento pode afetar a
própria pena;

Considera o conflito como parte integrante da vida do homem. O conflito é um problema a ser resolvido. A mediação
permite que as pessoas adquiram uma compreensão sobre si mesmas e se relacionem com as outras a partir do trabalho
com o conflito.

O conflito

Por provocar sofrimento e ser vivido como uma ameaça, muitas vezes, é evitado. A evitação, em geral, não é possível
porque as consequências do conflito são pesadas na vida das pessoas, outras vezes evitar o conflito significa renunciar
aos próprios direitos e à dignidade.
Desenvolvemos, no decorrer do tempo, várias possibilidades de gestão de conflitos, umas fundamentadas na força,
outras no diálogo. Todas estas formas têm em comum a vontade de resolver um problema. O que as diferencia é a forma
de ação e suas consequências mais ou menos violentas.

A imparcialidade dos mediadores não diz respeito apenas aos interesses das partes, mas também, às relações de poder
entre elas. A mediação, a partir da escuta das emoções, permite que as partes revelem e reconheçam suas necessidades
e valores, aumentando as possibilidades de acordo.

O acordo

Na mediação, é como um pacto fundado na progressiva


reconstrução ou construção de uma relação entre as partes.

A mediação representa uma via de construção de um novo modelo de justiça penal e um elemento importante de
superação do modelo punitivo. Apresenta um objetivo diferenciado do enfoque dos projetos da Justiça que visam a
desafogar o Judiciário, como se esse fosse o seu único problema.

A proposta da mediação, de acordo com Bush; Folger (2006), é a sua capacidade para transformar o comportamento das
partes e da sociedade.

A informalidade e a consensualidade permitem que os participantes tenham mais respeito, reconheçam as suas
autodeterminações e aumentem sua capacidade de lidar com os problemas. O diálogo na mediação possibilita a
capacidade relacional, que não existe na Justiça penal, onde a regra no processo penal é o distanciamento.

Como a mediação vem sendo utilizada em diferentes contextos, é importante criar uma base própria para a mediação
penal. Dentro do Direito, o Direito Penal parece ter criado um mundo próprio, fechado e isolado dos outros saberes.
Transformou-se em mais penal e menos Direito.

A teoria criminal tenta se isolar da realidade social, quando não dá atenção ao intrincado conflito entre a vítima e o
ofensor. A mediação penal deve estar localizada entre a não intervenção e a punição. É claro que o controle estatal do
crime sempre vai ser importante, mas deve ser apenas uma parte do sistema de controle social.
De acordo com Mannozzi (2003), citado por Sica (2007, p. 52-3), a mediação penal pode ser entendida da seguinte forma:

A mediação pode ser considerada, em primeiro lugar, como uma mera técnica de intervenção social, em que
um sujeito terceiro e neutro, tende a promover a superação do conflito existente entre dois indivíduos, por meio do
encontro e do confronto;

Em segundo lugar, a mediação emerge na sua função de modalidade de solução de conflitos que tem
interseção com o processo penal, na perspectiva mais ampla da justiça restaurativa;

Em terceiro lugar, a mediação põe-se como nova abordagem de dinâmicas sociais, que consente em prescindir
da resposta judiciária em relação a alguns conflitos interpessoais ou entre grupos.

ATENÇÃO

, É importante destacar a desvinculação da mediação com o acordo como resultado final. A mediação penal não é um meio e, sim,
um fim, uma atividade que pode ter como resultado uma solução que revele a não necessidade da pena.

REQUISITOS GERAIS
As mediações apresentam características comuns quando aplicadas em seus vários contextos. Podem ser destacados:

A intervenção de terceiros imparciais ou facilitadores;

As partes em conflito;

O consenso em relação à realização da mediação.


O procedimento da mediação mesmo estando relacionado com o sistema de justiça configura-se como outro espaço. A
mediação pode ser considerada um lugar simbólico alternativo em relação à justiça.

Não é uma atividade exercida pelo juiz e acontece fora das salas de audiência, usando instrumentos diferenciados da
Justiça, como:

A escuta das emoções;

O reconhecimento de valores que forma as relações.

SAIBA MAIS

, Não existe a finalidade de identificar a verdade dos fatos ou estabelecer culpa ou inocência, mas sim, construir uma comunicação
entre as pessoas.

Os requisitos para qualificar a mediação penal são, segundo Sica (2007, p.55):

Voluntariedade — a participação livre e consentida das partes caracteriza uma confiança e um reconhecimento
muito maior no ordenamento legal do que a ameaça da pena. No entanto, esta aceitação voluntária não impede a
possibilidade do retorno do caso para o sistema judicial formal;

Confidencialidade — é a garantia de que os fatos relatados na mediação infrutífera possam ser usados em
juízo;

Oralidade;

Informalidade;
Neutralidade;

Envolvimento da comunidade;

Autonomia da vontade.

Tipos e métodos

A mediação atua em vários contextos, com a possibilidade de mediação penal nos seguintes casos:

Violência doméstica;

Conflitos violentos entre inquilinos e proprietários;

Conflitos entre estudantes e professores, entre estudantes, entre professores e corpo administrativo;

Violência, vandalismo, perturbação do sossego na vizinhança e bairros;

Economia — conflitos em postos de trabalho, reivindicações salariais, agitação de trabalhadores;


Ambiental — utilização de áreas e construções não permitidas;

Conflitos em prisões;

Conflitos étnico-raciais.

A mediação penal desenvolve-se em quatro fases:

O envio do caso para mediação;

Fase preparatória para a mediação, na qual os mediadores estabelecem contato com as partes, dão as informações necessárias e
colhem o consentimento para a participação;

Sessões de mediação;

Acompanhamento do resultado e novo envio para a autoridade inicial.

A mediação penal pode ser considerada uma categoria próxima do penal, desenvolvida a partir da necessidade de novas
respostas sociais às infrações.

Sua metodologia de trabalho é a linguagem pela qual as


partes lidam com o conflito, expõem emoções e trocam suas
formas de ver o fato e a sua possível solução.

O acordo restaurativo, construído a partir do consenso das partes, permite o reconhecimento emocional dos valores
envolvidos na situação. Sem este reconhecimento emocional não é possível a norma ser internalizada e sua valorização.

No que diz respeito ao método podem ser identificadas duas metas diferentes:
No campo penal, a mediação pode ser:

Indireta Direta
Em que as partes se encontram,
é preferível, mas nem sempre
possível. Quando ela ocorre,
pode ser articulada em seis
etapas, segundo Sica (2007,
p.59):

As sessões ocorrem 1- Exposição de algumas


separadas. O mediador ouve considerações introdutórias pelo
as partes e leva as mediador;
impressões e propostas para 2- Narrativa da experiência
ambos os lados. A principal vivida pela vítima e reconstrução
diferença entre estes do fato pelo autor;
métodos é a maior ou menor 3- Esclarecimento do
possibilidade de desenvolvimento dos fatos e
comunicação direta entre as encorajamento à compreensão
partes. recíproca das emoções
provocadas pelo crime;
4- Análise do tipo de dano
sofrido pela vítima;
5- Formalização de um acordo
escrito de reparação;
6- Considerações conclusivas do
mediador.
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O ASPECTO COMUNICATIVO-RELACIONAL

Os métodos de mediação, sejam quais forem, indicam o papel primordial do componente comunicacional.

É a partir deste componente que a mediação se diferencia de outros métodos e, além disso, é por meio deste componente
que se pode redefinir o objetivo da justiça penal.

A mediação se funda em uma comunicação diferente da linguagem jurídica, que pela sua formalidade e complexidade, se
torna inatingível ao cidadão leigo. Além disso, a comunicação nas Varas Criminais não aceita a expressão das emoções
das partes.

A linguagem jurídica transforma os problemas das pessoas em acontecimentos jurídicos. O controle do juiz, em relação à
comunicação, faz com que ele escolha as informações conforme a sua necessidade para decidir o processo, afastando-
se da realidade e simplificando temas extremamente complexos.

Essa comunicação unilateral, realizada pela Justiça Penal, faz com que o jurisdicionado tenha pouca oportunidade de
comunicar livremente os fatos.

O que se observa é um prejuízo na comunicação, em dois níveis:

Entre a justiça e os cidadãos;

Entre as partes envolvidas em um conflito penal.

No segundo caso, o diálogo é bloqueado, de um lado pela supressão da vítima, que ganha fala por intermédio do
Promotor Público, e por outro lado, pela opressão sobre o ofensor, que tenta apenas demonstrar que não praticou o ato
ou, se o praticou, foi de forma justificada. E, quanto mais severa a acusação, maior a tendência do ofensor para neutralizar
a situação argumentando que está sofrendo uma injustiça.

É por esta razão que a mediação deve ser considerada como um fim. Deve ser encontrada uma linguagem comum que
leve à resolução do conflito. A vítima e o ofensor devem chegar a uma interpretação comum do crime, sob uma dimensão
humana, podendo levar a um acordo de reparação-conciliação.
A mediação considera o crime como uma ruptura nas relações, mesmo nos casos em que ofensor e vítima não se
conheçam.

O crime não é um ato isolado e abstrato que é praticado por um sujeito alheio às normas. Em uma leitura relacional, o
comportamento criminoso é fruto de um conflito que provoca o rompimento de expectativas sociais compartilhadas.

Por isso, o objetivo da Justiça Penal deveria ser o restabelecimento da harmonia e a estabilização das expectativas
rompidas.

A mediação apresenta um potencial para redefinir a missão da Justiça Penal. Ela oferece a possibilidade de uma solução
negociada para o conflito que contenha a reparação-conciliação, restabelecendo as relações de reconhecimento e
reciprocidade mútuas.

O reconhecimento pode funcionar como um mecanismo preventivo, maior do que a ameaça da pena.

Na Justiça Penal, a mensagem da norma é transmitida pela aplicação da pena. O raciocínio estímulo-resposta não dá
conta na nossa sociedade tão complexa. É inadequado pensar que ao aplicar o estímulo (a pena) teremos uma resposta:
o comportamento conformado à norma.

O encaminhamento de um caso para a mediação penal e o consentimento das partes para participar é um sinal de que a
norma está sendo confirmada.

SAIBA MAIS

, O acordo restaurativo retorna o equilíbrio e estabiliza as expectativas, fazendo com que a pena se torne desnecessária e não
legítima. Por meio de sua gestão comunicativa do conflito a mediação pode agir como fator de estabilização social, veiculando o
consenso., , Esse esforço de interação pode ser considerado como um fator fundamental para a convivência pacífica., , A proposta da
pacificação das relações sociais a partir do Direito, a partir de uma participação social, não pode ser atingida pelo Direito Processual
Penal., , No aspecto relacional, o Direito Penal está limitado à atribuição da pena, manifestada como um ato de autoridade porque
alguém desobedeceu a lei., , Segundo Sica (2007), a mediação penal e outras práticas restaurativas aumentam a sensação de
segurança, isto é, a confiança no ordenamento jurídico e na efetividade da justiça.

O mediador

Em geral, é chamado de facilitador da comunicação e da compreensão entre as partes.

O mediador não exerce poder sobre as partes ou sobre o procedimento. A mediação é um instrumento de
empoderamento das partes, fundamentado em autonomia e participação.

O papel inicial do mediador é:

Encontrar as partes separadamente;


Escutá-las em relação ao fato em questão;

Explicar a mediação como possível via de uma solução.

Após o consentimento das partes, ele decidirá pelo método direto ou indireto. Nas sessões, independente do seu método,
o mediador deverá permanecer neutro.

No início da sessão de mediação, dentro de um enfoque transformativo, o mediador deve deixar claro que as partes não
devem se concentrar na realização de um acordo. Seu papel principal é:

Colocar em evidência os pontos de vista distintos;

Focalizar nas questões que possam levar às razões do conflito;

Definir as regras mínimas da mediação:


- linguagem respeitosa;
- não interromper a fala do outro;
- estabelecer um tempo para as participações, entre outras.

No enfoque transformador, segundo Bush; Folger (2006), o êxito da mediação é determinado quando:

As partes adquirem a consciência de revalorização e reconhecimento conseguidos através da mediação;

As partes estão esclarecidas quanto às metas, alternativas e recursos para tomar uma decisão livre e refletida;

A mediação tenha possibilitado que as partes assumam as suas decisões.

O caráter comunitário da mediação é estabelecido pelo fato de os mediadores não serem, em geral, juízes, promotores ou
defensores, dando um caráter comunitário ao método.

As possibilidades de comunicação entre o mediador e as partes são muito maiores e facilitam o encontro de uma
linguagem comum, compreensível para todos.

Desta forma, o mediador:

1. É um terceiro neutro, facilitador da comunicação, que não impõe ou sugere uma solução;
2. Atua para atingir dois objetivos:
• reconstruir o espaço de comunicação e,
• ajudar réu e vítima a encontrarem uma base comum de interpretação sobre o crime que os levem a superar o
conflito.

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RELAÇÃO ENTRE A MEDIAÇÃO E A JUSTIÇA RESTAURATIVA


A Justiça Restaurativa compreende uma série de práticas. A relação entre a mediação e a Justiça Restaurativa deve ser
estabelecida por questões anteriormente expostas.

A Justiça Restaurativa está fundamentada em princípios que podem ser realizados pela mediação penal, que se torna a
alternativa mais viável e adequada a este novo modelo de justiça.

O conceito de Justiça Restaurativa é mais restrito do que o de mediação, uma vez que este tipo de justiça está delimitado
à área criminal. No entanto, há uma relação estreita entre os dois conceitos.
A mediação penal diminui a estigmatização do ofensor e recupera o papel ativo das partes. Uma questão importante na
relação entre a mediação e a Justiça Restaurativa é a possibilidade da mediação conferir modernidade à Justiça
Restaurativa.

Ellegant / Shutterstock e Chris Bain / Shutterstock

Nos tempos atuais, pós-modernidade (glossário), há um declínio dos valores tradicionais da sociedade e aumentam as
necessidades de autoafirmação das normas.

Essas necessidades estão sendo negociadas, porque na nossa sociedade, o foco do problema tornou-se a comunicação.

Segundo Sica (2007), a mediação penal é mais recomendada para os grandes centros urbanos do que para pequenas
comunidades. A preocupação da mediação é abrir um espaço comum e estabelecer uma linguagem compartilhada, daí a
sua importância nos grandes centros onde as relações são cada vez mais complexas.

RELAÇÃO ENTRE MEDIAÇÃO E DIREITO PENAL


É importante entender que a mediação penal não faz parte do processo penal. Ela não deve se instrumentalizada para
esse processo.

O enfrentamento de um caso com sucesso por meio da mediação penal pode interferir na relevância penal do problema
atenuando-a ou eliminando-a.

Uma confusão é o reconhecimento da mediação penal com as medidas e penas alternativas ou os substitutivos penais.
Diferentemente da mediação penal, estes têm como objetivo uma diminuição da resposta punitiva em favor do réu (que
não é o objetivo da mediação) e não considera a posição da vítima como essencial. Como se percebe, a lógica ainda é
punitiva.

Mosconi (2000), citado por Sica (2007, p. 79-80) estabelece uma sistemática entre a mediação e o Direito Penal:

Relação de total estranheza da esfera de mediação em respeito à esfera penal, verificada em hipóteses onde é possível até o
autoencaminhamento das partes diretamente à mediação, cuja estrutura recebe o caso e não tem qualquer vinculação com o reenvio
ou envio ao sistema de justiça, normalmente, não se tratam de mediação penal propriamente dita, embora possa ocorrer;

Complementariedade estrutural ou alternativa onde há uma divisão de competência definida por matéria jurídica, verificando-se uma
convivência pacífica entre as esferas;

Complementariedade funcional, vale dizer, onde não funciona um instrumento, entra outro e o funcionamento de um é, pelo menos
indiretamente, orientado à boa operatividade do outro; aqui há uma constante tensão entre a mediação e o sistema formal.
Temos uma problemática para esse elo entre a mediação e o Direito Penal.

A mediação pode e deve substituir o processo e a pena?


A maioria dos estudos indica que não.

A Justiça Restaurativa e a mediação penal são formas complementares de reação penal e não substitutos penais. A
mediação penal encontra-se em uma fronteira com o processo penal, apresentando uma perspectiva mais humanista,
centrada na participação da sociedade na administração da justiça.

ATIVIDADE

A partir da charge apresentada faça uma reflexão sobre a eficácia dos pedidos expostos nos televisores.

Resposta Correta

EXERCÍCIOS
Questão 1: Sobre os conceitos gerais de Conciliação, de Mediação de Conflitos e de Justiça Restaurativa, assinale a
alternativa correta.

A Mediação somente pode ser utilizada em processos cíveis e, invariavelmente, deve ocorrer em audiência designada para este
fim.
A Conciliação deve ser feita necessariamente pelo juiz responsável pelo processo, o qual tem o dever de alcançar a composição
entre os litigantes.
A Justiça Restaurativa visa a obter a punição mais severa ao ofensor porque se baseia justamente na necessidade de restaurar a
dignidade do ofendido.

A Mediação é uma forma de solução de conflitos na qual uma terceira pessoa, neutra e imparcial, facilita o diálogo entre as partes,
para que elas construam, com autonomia e solidariedade, a melhor solução para o problema.
A Justiça Restaurativa somente pode ser aplicada em delitos considerados leves.
Justificativa

Questão 2: Para a aplicação do processo de Justiça Restaurativa, é imprescindível que:

O delito tenha consequências exclusivamente patrimoniais.

O infrator e a vítima tenham vínculos afetivos.


O infrator admita sua culpa.
A vítima tenha menos de 16 anos.

A vítima reconheça sua responsabilização parcial sobre o delito.

Justificativa

Questão 3: A Justiça Restaurativa:

Propõe o crime como ato que viola a norma estatal, considerando a pena como reação correta à conduta delitiva.

Centraliza, no Estado, o papel definidor do tipo penal, cabendo a ele a atribuição da sanção segundo a norma instituída.
Pensa o crime pelo viés comutativo na atribuição de pena proporcional ao mal praticado, considerando o processo intimidatório
como primordial no controle da conduta do infrator.
Considera a infração pela lógica distributiva, destinando serviços e benefícios a cada infrator de forma desigual, visando recuperar
o infrator e reintegrá-lo à sociedade.
Concebe o crime como violação à pessoa e às relações interpessoais, valorizando a reparação dos danos causados à vítima, à
sociedade, ao ofensor e às relações interpessoais.

Justificativa

Questão 4: A Justiça Restaurativa é uma corrente surgida há cerca de 40 anos nas áreas de Criminologia e Vitimologia.
Assume-se como um novo paradigma de justiça, caracterizado essencialmente pela:

(Fonte: Tribunal de Justiça — PE (TJPE/PE) 2012)

Dificuldade encontrada pela vítima em se reequilibrar psicossocialmente após o sofrimento de qualquer tipo de crime.
Promoção da efetiva participação dos interessados − vítimas e infratores − na solução de cada caso concreto.

Obrigatoriedade da submissão do criminoso a técnicas psicoterapêuticas em conjunto com a vítima.


Necessidade que a sociedade tem de ver punido criminalmente o criminoso violento.

Retirada da relação vítima-criminoso do protagonismo do processo.

Justificativa
Glossário
CONSELHO DA EUROPA

É a principal organização de defesa dos Direitos Humanos do continente.

PÓS-MODERNIDADE

É o estado ou a condição de ser pós-moderno. Depois ou em reação àquilo que é moderno, como na arte pós-moderna. A
modernidade é definida como um período ou uma condição largamente identificado com a Revolução Industrial, a crença no
progresso e nos ideais do Iluminismo.

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