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Disciplina: Mediação Comunitária

Aula 6: Meios de resolução pacífica de conflitos no ambiente


comunitário

Apresentação
A sociedade contemporânea vem passando por grandes mudanças que podem ser
identificadas através da diversidade e da complexidade das relações sociais,
acarretando o surgimento de inúmeros tipos de conflitos. Esse contexto diversificado
possibilita a busca por meios de tratamento e solução de conflitos. A resolução de
conflitos pelo processo judicial contencioso estabelece um padrão de relacionamento
competitivo, acompanhado por uma decisão judicial fundamentada nas normas
legais. Assim, uma das partes será detentora da razão, enquanto a outra será
derrotada e se sentirá injustiçada e insatisfeita com a decisão. Muitas vezes, nem
mesmo a parte vencedora sai satisfeita com a decisão.

A decisão judicial está fundamentada em direitos e não nos interesses relacionados


às necessidades das partes. Pode-se perceber, assim, que o sistema judicial, em
grande proporção, não alcança sucesso na pacificação social que se propõe. O
surgimento de outros meios de resolução de conflitos demonstra uma necessidade de
substituir os processos judiciais punitivos clássicos por outros métodos, voltados para
o senso comum e o diálogo. Os meios consensuais favorecem o tratamento dos
problemas a partir de uma perspectiva que oferece às pessoas em conflito a
oportunidade e a possibilidade de solucionar a questão sentindo-se responsáveis pelo
cumprimento do acordo, realizado por elas próprias.

Os meios de resolução pacífica de conflitos possibilitam a administração responsável


dos conflitos por indivíduos, organizações e comunidades. A mediação e outros
métodos buscam facilitar o diálogo e a utilização de ferramentas próprias para a
solução das questões em conflito. Os indivíduos participantes do processo de
resolução de conflitos têm a possibilidade de aprender as habilidades necessárias
para a solução de diferenças e levar esse modelo para os seus pares, familiares,
amigos ou para a sua comunidade.

Objetivos
Estudar a formação da espiral do conflito na comunidade.
Compreender os diferentes modelos de mediação.
Identificar algumas práticas restaurativas.
Espiral de conflitos com vínculos
comunitários (social, familiar,
vizinhança…)

Na mediação, o conflito é entendido de várias formas.

Segundo Suares (2005), ele pode ser compreendido como o resultado de


interações complexas que ocorrem entre duas ou mais pessoas, e por isso é
considerado construído pelas partes.

Há um predomínio de intenções, a princípio opostas, que envolvem emoções,


pensamentos e ações.

Esse processo compartilhado pode ser conduzido pelas partes ou por um


terceiro, que identificará os vários estágios ou escaladas, para criar diferentes
estratégias para a sua solução.

Outra forma de entender e tratar o conflito é por meio da identificação das


espirais do conflito que Folberg e Taylor (1992) descreveram.

Segundo esses autores, as espirais do conflito envolvem uma escalada


progressiva nas relações conflituosas, provocadas pela contínua ação e reação
que ocorre nessas situações.

A cada ação, a reação torna-se mais intensa e, dessa forma, as pessoas


passam a se tornar mais preocupadas com as respostas que vão dar às ações
do que buscar uma solução consensual para o conflito.

Esse movimento de espiral, gerado pelas mudanças que ocorrem nas relações
1
conflituosas, provocam novos conflitos latentes ou tornam mais severos
2
os conflitos manifestos .
 Espiral do conflito | Shutterstock / Por
casejustin
Conflitos latentes1

Não é declarado e não há, mesmo por parte dos elementos


envolvidos, uma clara consciência de sua existência. Disponível aqui
<https://www.tiespecialistas.com.br/tipos-conflitos-
organizacao-identificar/> . Acesso em: 25 jul.2018
Conflitos manifestos2

Trata-se de conflito que já atingiu ambas as partes, já é percebido


por terceiros e pode interferir na dinâmica da relação. Disponível
aqui <https://www.tiespecialistas.com.br/tipos-conflitos-
organizacao-identificar/> . Acesso em: 25 jul.2018

A resolução do conflito tem o objetivo de


restabelecer a ordem e o convívio entre as
pessoas. Na mediação comunitária, para que se
possa analisar as possíveis estratégias para
compreender e tratar os conflitos, deve-se
iniciar o processo, analisando o nível de
abrangência e os tipos de relações estabelecidas
entre os protagonistas do conflito.


Atenção

O conflito deve ser entendido como parte de qualquer relação. É um


componente dos relacionamentos humanos e, sendo assim, não pode ser
evitado. O importante, nesse caso, é tratá-lo de uma forma adequada
para que possa trazer algo de positivo para a relação e, ao mesmo
tempo, fortalecê-la.
Meios de resolução pacíficas de
conflitos a ser utilizados em
conflitos no ambiente comunitário
Antes de iniciarmos nosso estudo sobre os meios de resolução de conflitos no
ambiente comunitário, é importante analisarmos uma forma, mais geral, de
identificar tais meios. Essa classificação é estabelecida como autotutela,
autocomposição e heterocomposição.

Autotutela

Acontece quando o próprio indivíduo busca confirmar, de forma


unilateral, o seu interesse, impondo-o à outra parte e à própria
comunidade na qual convive. Pode-se entender a autotutela como uma
forma de coerção por um particular, em defesa de seus interesses.
Atualmente, as sociedades ocidentais vêm tornando cada vez mais
restrita a realização da autotutela, delegando ao Estado e suas
instituições esse tipo de prática.

A autotutela pode ser considerada uma forma primitiva de solução de


conflito, onde uma parte impõe sua decisão em relação à outra, sem
qualquer tipo de intervenção de um terceiro. O que é percebida na
autotutela é a utilização da lei do mais forte, seja essa força física, social,
econômica ou política.
Autocomposição

Para Delgado (2002), na autocomposição, o conflito é resolvido pelos


participantes, sem que ocorra a manifestação de outras pessoas nesse
procedimento de resolução de conflitos. Na autocomposição, verifica-se a
renúncia de um dos participantes em favor do outro, seja pela aceitação
de uma das partes em relação ao interesse da outra, seja pela concessão
recíproca realizada pelas partes. Não há, como na autotutela, a coerção
pelos indivíduos envolvidos.

A autocomposição pode ser encontrada nas seguintes formas:


renúncia, aceitação (resignação/submissão) e transação. Na renúncia, a
pessoa abre mão de um direito de que é titular em favor de alguém. No
caso da aceitação, que envolve a resignação/submissão, uma das
partes identifica o direito da outra e passa a se comportar reconhecendo
tal direito. Por fim, na transação, as pessoas titulares do direito
resolvem o conflito por meio de concessões de ambas as partes.

A mediação, apesar de contar com a participação de um terceiro, é


considerada uma autocomposição assistida, na medida em que o
mediador não faz aconselhamentos, induções ou julgamentos. A solução
do conflito é responsabilidade das partes, que têm as suas autonomias
restituídas para decidir da melhor forma possível e consensual a situação
que as envolve.

Heterocomposição

É o conflito é resolvido através de um terceiro, desvinculado da relação


litigiosa. O conflito é submetido a um terceiro, que definirá uma solução
a partir do caso apresentado. É importante lembrar que, para o direito,
essa heterocomposição deve seguir procedimentos específicos
determinados pelas normas legais.
Atividade 1
Considerando o conceito de conflito é possível afirmar que ele é
sempre algo negativo?

a) Sim, visto que o Estado raramente consegue resolver os conflitos da


sociedade.
b) Sim, pois briga e confusão é sempre algo péssimo.
c) Sim, na medida em que pode gerar danos a pessoas e a patrimônio.
d) Não, porque os conflitos não propiciam nenhum ensinamento aos
envolvidos.
e) Não, na medida em que são superados e percebe-se claramente a
evolução que os envolvidos podem alcançar.

Modelos de mediação
transformativa
Uma das principais finalidades, por que não dizer a mais importante, da
mediação transformativa é a modificação das pessoas, não apenas das
situações. Essa é uma das justificativas para que tal modelo de mediação não
esteja tão focado no acordo.
O foco é a comunicação entre as pessoas, suas
relações interpessoais, buscando interesses
compartilhados e a promoção, a valorização e o
reconhecimento de cada participante. A
transformação envolve uma mudança na forma
de ver o outro e também de se ver.

O modelo transformativo é uma oportunidade de crescimento e transformação


moral, além de uma nova orientação em relação ao conflito. Nessa
abordagem, o conflito é trabalhado a partir de duas dimensões: a primeira
envolve o fortalecimento do Eu 3, e a segunda diz respeito a superar os
limites do Eu.
Eu3

Eu (do termo do latim vulgar eo) designa, em psicologia, a instância


interna conhecedora ("eu" como "conhecedor"), portadora de
consciência..., o conhecimento que o indivíduo tem sobre si próprio
("si mesmo" como "conhecido"). Disponível aqui <
https://pt.wikipedia.org/wiki/Eu_(psicologia)> . Acesso em:
25 jul. 2018.

FORTALECIMENTO DO EGO

O fortalecimento do ego é alcançado a partir da compreensão e do


desenvolvimento da capacidade interna de cada pessoa para enfrentar
dificuldades, utilizando a reflexão, a capacidade para tomar decisões e a ação
consciente e intencional.

SUPERAÇÃO DOS LIMITES DO EU

A superação dos limites do Eu está ligada ao relacionamento com os outros.


Essa interação será alcançada com o fortalecimento da capacidade do
indivíduo para expressar interesse e consideração pelos outros.


Atenção

A mediação transformativa não coloca o acordo entre as partes como


primordial para o procedimento. O objetivo da mediação, em geral, é
atingido quando as partes mudam, a partir do reconhecimento e da
revalorização de si mesmas e dos outros.
Para Nató e Rodriguez (2011), esse modelo de mediação é o que se aproxima
mais dos postulados da mediação comunitária. Entretanto, não se deve deixar
os outros procedimentos em segundo plano, visto que o modelo utilizado pode
mudar dependendo de vários fatores analisados na comunidade.

Atividade 2
(TRT – XXIII Região – Analista Judiciário – 2011) Na mediação
transformativa, a atenção do mediador se concentra nas
necessidades dos disputantes e em sua relação. Os mediadores
facilitam um processo pelo qual os próprios disputantes
determinam o rumo e o resultado da:

a) lide e investem em obrigatoriamente obter um acordo, já que é o


objetivo primeiro do processo.
b) mediação, não importando se isso acabará levando a um acordo ou
não.
c) disputa, em que quem tiver a opção mais aplicável ganhará
prioridade no acordo urgente.
d) solução, sendo que não é objetivo, nesse momento, desenvolver a
consciência social de que conflito e resultados precisam ser em consenso.
e) resolução do conflito, sem que se precise considerar que cada um
tem seus motivos, pois o que importa é a assunção de um
encaminhamento transformativo.

Modelos de mediação focada na


relação
Os modelos das mediações focadas na relação conseguem obter resultados
mais satisfatórios naqueles conflitos entre pessoas que vivem relações
permanentes ou continuadas.
Seu objetivo é uma modificação de postura na relação com o conflito. No
lugar de uma atitude acomodada para se chegar a um consenso, busca-se
preparar os mediandos para perceber as expectativas, os interesses e as
necessidades reais, visando, em primeiro lugar, ao restabelecimento da
relação, e depois à criação de algum acordo.

Os conflitos mais adequados à mediação focada na relação seriam: na família,


na comunidade, nas escolas e nas organizações.

São aqueles conflitos que dizem respeito aos indivíduos que moram,
convivem, estudam ou trabalham nas mesmas residências, ruas, praças,
clubes, associações, igrejas, bares, escolas, empresas etc. A mediação focada
na relação também pode ser realizada nos juizados especiais criminais, como
um procedimento de justiça restaurativa.

 Resolução de conflito | Unsplash Por Rawpixel

Conciliação
É o procedimento em que um terceiro, o conciliador, induz as partes a um
entendimento objetivando um acordo. A direção da conciliação é designada a
um terceiro com poderes para sugerir, orientar e aconselhar as partes sobre a
solução mais adequada para o conflito.

Esse processo é, muitas vezes, confundido com a mediação. Apesar de existir


semelhanças entre a mediação e a conciliação, há diferenças importantes que
nem sempre são corretamente estabelecidas e consideradas.
De acordo com Vezzulla (2001), a conciliação é uma

técnica útil para os problemas que não apresentam partes


com relacionamentos de continuidade, porque possibilita

trabalhar com uma apresentação superficial e rápida da

situação, a fim de alcançar uma solução e um

compromisso entre as pessoas sem consequências para o


futuro de suas vidas.


Comentário

Na conciliação, a resolução do conflito ocorre a partir de sua


manifestação mais explícita, não havendo uma avaliação aprofundada
sobre as motivações que levaram ao conflito.

Negociação

A negociação é o processo em que as pessoas com posições não


convergentes procuram um consenso por meio de uma comunicação direta,
com estratégias próprias e buscando soluções para as suas próprias
dificuldades, sem a presença ou intervenção de terceiros. Serpa (1999) afirma
que, na negociação, as partes conseguem chegar à resolução do conflito, de
forma satisfatória, utilizando o método da autocomposição.

Na negociação, não há presença tampouco participação de terceiros. As partes


em conflito constroem, conjuntamente, a solução para a satisfação de seus
interesses. As decisões resultantes da negociação podem ou não ser
cumpridas, mas, em geral, se as partes negociaram de forma consciente, a
consequência natural é o cumprimento da decisão.
 Negociação entre duas partes | Shutterstock /
Por rudall30

Apesar de a negociação ser considerada um meio autocompositivo de solução


de conflitos, sua realização não implica obrigatoriamente em uma solução
cooperativa.

A negociação pode ter diferentes formas,


dependendo da atitude das partes, que podem
ser: competição, evitação, cessão e cooperação.

Resumidamente, segue a explicação dessas formas, de acordo com Duso e


Andreozzi (2013, p. 31):

Negociação como forma de competição — É a negociação em que a


persuasão é utilizada, na maior parte do processo. Os negociadores buscam
fazer com que a outra parte abra mão de seus interesses e suas necessidades.
O importante é garantir o acordo, não focalizar nas necessidades de cada um.

Negociação como forma de evitação — As pessoas que participam da


negociação evitam o confronto ou o diálogo, em geral, a favor da manutenção
da relação. Isso pode ocorrer de três formas: pela renúncia ou desistência;
pela submissão ou reconhecimento; e pela transação, onde se abre mão
de direitos e interesses, de forma total ou parcial.

Negociação como forma de cessão — Nesse caso, a barganha é o modo


como será conduzida a negociação. Na tentativa de acordo, apesar das partes
cederem um pouco, buscam o máximo de ganho individual na situação.

Negociação como forma de cooperação — É também chamada de


negociação integrativa ou integradora. As partes cooperam, entre si,
buscando os melhores resultados para todos na negociação.

Atividade 3
Negociação é um processo interativo, no qual dois ou mais grupos
discutem a alocação dos recursos. O método de negociação
baseado em colaboração, visando à solução de problemas, e que
procura criar resultados bons para as partes, denomina-se:

a) competitiva
b) compreensiva
c) distributiva
d) integradora
e) Coercitiva

Modelo circular-narrativo
Apesar de ser um dos modelos de mediação, pelas suas características
peculiares, resolvemos apresentá-lo de forma destacada.
O modelo circular-narrativo objetiva o seu trabalho nas

narrativas das pessoas, dando ênfase à comunicação e à


interação entre elas. O seu pressuposto é transformar as

histórias dos conflitos, narradas pelas partes na

mediação, em histórias que, mesmo mantendo o tema

principal, possibilitem às partes modificar suas posições.

Para analisar as histórias, o mediador precisa conhecer o significado que as


pessoas atribuem aos fatos, às atitudes dos outros, às relações entre as
pessoas, o contexto cultural, os mitos e os valores envolvidos na relação.

As histórias que as pessoas contam sobre elas e sobre os outros fazem parte
das suas identidades 4. Os conflitos são narrados nas histórias e a sua
análise é fundamental para a transformação da dinâmica do confronto.

Esse modelo, segundo Nató e Rodriguez (2011), não trabalha com a ideia de
transformação do modelo da mediação transformativa, nem com a ideia do
modelo linear ou satisfativo da Escola de Harvard sobre a satisfação de
interesses.

Para o modelo circular-narrativo, o conflito deve ser visto como uma presença
interna e contínua nas pessoas, acreditando que o ser humano vive em
permanente luta entre o desejo e o dever.
Identidades4

A identidade é uma construção dinâmica da unidade da consciência


de si, através das relações subjetivas, das comunicações, da
linguagem e das experiências sociais. É um processo ativo, afetivo e
cognitivo de representação de si no ambiente envolvente, o que
implica a existência de um sentimento subjetivo de permanência e de
continuidade. Disponível aqui <https://www.infopedia.pt/login?
ru=apoio/artigos/$identidade-(psicologia)> . Acesso em: 25
jul. 2018.


Atenção

O papel do mediador é legitimar cada parte, com o objetivo de modificar


a história que trouxeram, individualmente, e que deu origem à disputa. É
fazer com que as partes sejam capazes de construir uma nova história,
alternativa, a partir da reflexão, criando novos contextos possíveis para
uma solução compartilhada.

Círculos de paz

O círculo é uma forma geométrica bastante utilizada, em geral, na solução de


conflitos. Essa formação espacial não só permite uma visão ampla de todos os
participantes em relação à atividade realizada, mas também estabelece uma
conexão entre as pessoas.

De acordo com Nunes (2018), os círculos de paz fazem parte dos costumes
dos povos tradicionais da América e da Nova Zelândia. Existem vários tipos de
círculos de paz, que se diferenciam a partir de seus propósitos e suas
motivações.

Entre as várias qualidades desses círculos, podem ser destacadas, segundo


Nunes (2018, p. 67), a promoção de maior autonomia para os participantes; o
empoderamento das pessoas; a criação de uma relação de horizontalidade; a
melhora da percepção de pertencimento ao grupo e o estímulo ao diálogo.
Além disso, nessas situações, são percebidos os reforços e o fortalecimento
em relação aos vínculos entre as pessoas, ajudando na construção de um
ambiente de paz.

 Círculo de paz entre colegas de escritório |


ShutterStock / Por ASDF_MEDIA

Outras práticas restaurativas


Entre as práticas restaurativas, nesta aula, iremos destacar o círculo
restaurativo.

Essa prática consiste em reuniões envolvendo pessoas


ligadas, diretamente, a um conflito, acompanhadas por

um facilitador e por pessoas que apresentem alguma

ligação com a situação ou possam ajudar na solução

daquele conflito.

Esses círculos são indicados para todos os tipos de conflitos, interpessoais e


intergrupais, desde aqueles considerados de fácil solução até aqueles que
envolvem uma maior complexidade.

Na prática, de acordo com Nunes (2018), esse modelo é utilizado, com mais
frequência, em situações mais complexas, porque insere outras pessoas, além
daquelas envolvidas diretamente na situação.


Atenção

Nesse modelo, não são encontradas estratégias prontas ou padrões para


as reuniões que ocorrem. O que há são algumas orientações e certos
procedimentos que devem ser adaptados de acordo com a especificidade
cultural de cada espaço e de cada comunidade. Por essa razão, antes do
uso dessas reuniões, que formam o círculo de paz, deve ser realizada
uma preparação do espaço e uma orientação a todos os envolvidos.

Outra questão importante a ser lembrada é sobre o facilitador dos círculos.


Essa pessoa deve estar capacitada para empreender a parte preparatória,
promover os encontros de todos os envolvidos no círculo e fazer o
acompanhamento final dos resultados dos encontros. Como práticas
restaurativas, cabem citar, ainda (NUNES, 2018, p. 70-1):

Círculos de apoio — Têm o objetivo de dar suporte às pessoas que devem


realizar mudanças em seu comportamento. Esses círculos podem ajudar no
planejamento de ações e projetos de vida.

Círculos de reintegração — Esses círculos são utilizados, principalmente,


para pessoas que foram excluídas e voltaram para a comunidade. Têm o
objetivo de promover a inclusão, a reconciliação e a aceitação.

Círculos de celebração — São usados para celebrar eventos festivos,


vitórias de grupos e cumprimentos de acordos, entre outras propostas.

Círculos de diálogos — Utilizados para prevenir problemas, estabelecer


regras comuns, promover diálogos e outras finalidades relacionadas ao uso do
diálogo.

Assembleias — São contextos democráticos, que ajudam na formação de


uma convivência de paz.
Atividade 4
As práticas restaurativas são formas de gerenciamento de
conflitos, através das quais um facilitador auxilia as partes direta
e indiretamente envolvidas num conflito, a realizar um processo
dialógico visando transformar uma relação de resistência e de
oposição em relação de cooperação. Hoje, as práticas
restaurativas são recomendadas pela ONU e estão ganhando
reconhecimento e aplicação na área da educação e em outros
campos da vida social. São exemplos destas práticas, EXCETO:

a) A mediação
b) A observação com avaliação
c) Os círculos de paz
d) Os círculos de diálogos
e) Assembleias
Notas
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Referências

ALBUQUERQUE, L. A. Mediação transformativa como solução


autocompositiva. Brasília: Câmara Arbitral do Distrito Federal, 2017.
Disponível aqui <http://cadf.org.br/2017/02/07/mediacao-
transformativa-como-solucao-autocompositiva/> . Acesso em: 26 jul.
2018.

DELGADO, M. G. Arbitragem, mediação e comissão de conciliação prévia no


direito do trabalho brasileiro. Revista Ltr, São Paulo, v. 66, n. 6, jun. 2002.

DUSO, R.; ANDREOZZI, T. Padrão de relacionamentos na abordagem dos


conflitos e meio de resolução. In: Fundamentos da mediação comunitária: o
conflito. Brasília: ENAM, 2013. p. 21-33

FOLBERG, J.; TAYLOR, F. Mediación: resolución de conflictos sin litigio.


Mexico: Limusa, 1992.

NATÓ, A.; RODRIGUEZ, G. Resolução/transformação de conflitos no âmbito


comunitário. Florianópolis: FUNIBER, 2011.

NUNES, A. C. O. Diálogos e práticas restaurativas nas escolas: guia prático


para educadores. São Paulo: Ministério Público do Estado de São Paulo,
2018.

PIEDADE, F. O.; SILVA, Q. da S. Revisitando os círculos restaurativos: da


teoria à prática. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE DEMANDAS SOCIAIS E
POLÍTICAS PÚBLICAS NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA, 12., 2015, Santa
Catarina. Anais... Santa Catarina: Unisc, 2018. Disponível aqui
<https://online.unisc.br/acadnet/anais/index.php/sidspp/article/v
iew/13121/2386> . Acesso em: 26 jul. 2018.

SERPA, M. de N. Teoria e prática da mediação de conflitos. Rio de Janeiro:


Lúmen Júris. 1999.

SUARES, M. Mediación: conducción de disputas, comunicación y técnicas.


Buenos Aires: Paidós, 2005.

VEZZULLA, J. C. Mediação: guia para usuários e profissionais. Florianópolis:


Instituto de Mediação e Arbitragem do Brasil, 2001.
Próximos Passos

As resoluções nacionais e internacionais ligadas à mediação


comunitária.
O programa de justiça restaurativa do Conselho Nacional de Justiça
(CNJ).
A lei nacional da mediação.

Explore mais

Links

Escola Nacional de Socioeducação. Disponível aqui


<http://sinase.ceag.unb.br/moodle/course/index.php?
categoryid=8> .

Instituto Internacional de Práticas Restaurativas. Disponível aqui


<https://la-pt.iirp.edu/praticas-restaurativas/> .

Vídeo

Reconstruir o Viver multiplica práticas restaurativas em Vila Velha. O projeto


é realizado pela 1ª Vara da Infância e Juventude de Vila Velha e dissemina
práticas como a mediação e a construção de círculos de paz. Disponível aqui
<https://www.youtube.com/watch?v=hQ0TAwa7Z0Q> .

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